Dimensões de Gaiolas

Sugestão COBRAP

Ribeirão Preto (SP), 06 de Outubro de 2006

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA

Coordenação de Gestão do Uso de Espécies da Fauna – COEFA

BRASÍLIA – DISTRITO FEDERAL

À Atenção do Dr. João Pessoa Moreira Riograndense Júnior

NOVA IN – Reunião 14/15.09.06 – Recinto – Conforme compromisso que assumimos em reunião realizada nas dependências desse IBAMA, aí em Brasília nos dias 14/15.09.06, vimos a trazer, consoante disposto abaixo, a nossa posição a respeito da questão. Solicitamos, outrossim, o obséquio dessa COEFA, no sentido de que o assunto seja, também, encaminhado ao CONAMA para subsidiar proposta em Grupo de Trabalho, lá existente, que trata deste mesmo tema.

De início, gostaríamos de tecer comentários que julgamos da suma importância, uma vez que, os maiores problemas na contenção de animais estão ligados ao manejo, tais como: ambiente adequado (temperatura e ventilação), nutrição e principalmente a higiene, sem desprezar a importância do tamanho do recinto.

Para definirmos as dimensões “mínimas” de gaiolas para passeriformes, teríamos que observar se as medidas utilizadas, tem trazido ou não, algum problema de sanidade como atrofiamento de músculos, mudanças comportamentais ou genéticas, estresse e etc…. . Observamos que até hoje, para os padrões que temos adotado, não encontramos nenhum tipo de anomalia nos indivíduos nascidos em criadouros de pássaros nativos. Notamos, sim, que a maioria dos criadores procuram otimizar o máximo de espaço possível sem que isso prejudique a saúde e a produção das aves.

Importante dizer que, não podemos desvincular, nesse caso, a criação amadorista da comercial, isto porque o investimento feito por criadores, alguns de grande vulto, está direcionado para adoção de gaiolas com hastes perpendiculares de bambu, arame ou fibra de vidro resinada, tanto para criação como para permanência e também no caso de torneios, estas últimas ficam como de permanência para os pássaros de competição durante algum tempo. A criação realizada nesses criatórios são eficientes e não denotam algum tipo de “maus tratos” aos respectivos pássaros.

Além do mais, o que fizemos, no caso dos nativos, foi adaptar o modelo dos criadores de passeriformes exóticos (canários roller, diamante gold, manons) que exercem a atividade de intensa reprodução há mais de 500 anos, sem que isso tenha trazido alguma alteração negativa para a saúde dos indivíduos, muito pelo contrário. Dessa forma, a nosso ver, precisaríamos da opinião da FOB – Federação Ornitológica do Brasil – www.fob.org.br – R, Francisco Matarazzo, 455 – São Paulo SP – cep 05001-970 – e solicitar suas sugestões, baseada na grande experiência na criação que tem, independentemente da origem estrangeira de suas aves.

Assim sendo, na nossa sugestão, o primeiro padrão mínimo destinado à reprodução, poderia considerar o tamanho de um grupo de pássaros, p. ex., média de comprimento de até 15 cm (coleiro – Sporophila caerulenses e Sporophila nigricollis , tiziu – Volatina jacarina , curió – Oryzoborus angolensis, canário-da-terra – Sicalis flaveola) seriam abrigados em gaiolas com as seguintes dimensões mínimas: 45cx35ax25l; média de comprimento de 15 a 20 cm (bicudo – Oryzoborus maximiliani, azulão – gênero Passerina etc) em gaiolas com 55cx35ax25l; média de comprimento de 20 a 30 cm (Sabiá – gênero Turdus, Trinca Ferro – Saltator similis) em gaiolas de 65cx40ax30l. Estas gaiolas poderiam abrigar, inclusive, o macho na época da reprodução e os filhotes enquanto dependentes de maiores cuidados.

O segundo padrão, poderia considerar as medidas estabelecidas pela COBRAP para torneios, permitindo-se a permanência para torneios, exposições e passeios de treinamento, como segue: Bicudos – Oryzoborus maximiliani: 51cx51ax22l; Canário da Terra – Sicalis flaveola: 47cx47ax21l ; Coleiro – Sporophila caerulenses: 37cX27ax19l; Curió – Oryzoborus angolensis: 47cx47ax21l e Trinca-ferro – Saltator similis: 46cx44ax24l.

Importante dizer que, muitos criadores com o objetivo de um bom desenvolvimento dos filhotes e reciclagem das fêmeas em fase de muda de penas, utilizam o método de juntá-los em torno de dez indivíduos, num gaiolão entre 100 a 120 cm de comprimento, fato esse que simula o comportamento grupal ocorrente em ambientes naturais.

Ademais, muitos criadores adotam o sistema de estabelecer um processo de rodízio com os pássaros, em especial com os machos, ao colocá-los em voadores de 80 a 120 cm de comprimento. Essa prática é adotada em especial após muda de penas, época onde eles podem voar à vontade. Quando estão já em fase de acasalamento ou torneios da temporada, a gaiola muito grande tende, pelo excesso de exercício, levá-los ao perigoso estado de estresse e emagrecimento.

Pela experiência que temos, quando for o caso de transporte, por um curto período de tempo, de filhotes ou mesmo de adultos, se adotaria o padrão, que leva em conta o fato de quanto menos espaço mais adequado ao pássaro, inclusive, para evitar que ele se debata e se estresse desnecessariamente. Poderia se considerar as transportadoras a serem utilizadas para os pássaros até 15cm 15cx12ax11l, de 15 a 20cm de 19cx14ax16l e acima de 20cm 25cx15ax16l. Obrigatório, também, que haja espaço para oferecimento permanente de água e comida.

Trazemos, também, conforme abaixo, o aval alguns dos médicos veterinários e zootecnistas que nos prestam assistência e que tecnicamente, com muita propriedade, corroboram nossas afirmações acima descritas, como segue:

Angélika Sharon – CRMV-RS 6647

Ana Roberta de Almeida Coutinho Azevedo – CRMV-RJ 6954

Carlos Alberto de Carvalho Pinto – CRMV-RJ 3793

Claudiney Daniel dos Reis – CRMV-MG 5174

Fabrício Chaude – CRMV-SP 15725

Guido Pires de Oliveira – CRMV-GO 0355

Jorge Luis Belut – CRMV-SP 3541

Kelly R. Crivellari – CRMV-SP 21108

Kleber Felizola – CRMV-DF 0475

Luiz Alberto Shimaoka – CRMV-SP 6003

Matheus Torres Marinheiro – CRMV-SP 17495

Milton Nacagami – CRMV-SP 2123

Raimundo Souza Lopes – CRMV-SP 4959

Rob de Wit – CRMV- SP 2714/Z

Wilian Pires de Oliveira – CRMV-GO 1065

Isto posto, cientes da realidade e da exeqüibilidade de nossas sugestões, aproveitamos a oportunidade para renovar nossos protestos de muita estima e consideração.

Muito atenciosamente

Aloísio Pacini Tostes Rogério Fujiura

Presidente Diretor

Escrito por Aloisio Pacini Tostes, em 9/10/2006