Paradoxo Aves Nacionais/Estrangeiras
O medo da população
Quando se adquire animal silvestre de criadouro comercial, recebemos um manual de criação e orientações para não soltar o animal em razão de riscos ecológicos… enfim, tratando da posse responsável.
Para criar, por exemplo, canário da terra legalmente, é uma burocracia infernal. Mas para criar periquito australiano, canário doméstico, loris, cacatua é super fácil, sem burocracia.
Lembrem-se que até recentemente diziam neste forum virtual que É IMPOSSÍVEL A CRUZA DE TERRA COM BELGA. Vê-se pois, que o risco ambiental com a soltura e fuga de canários belga não é pequeno. Outro exemplo, o pintassilgo português já foi avistado no Uruguai e Rio Grande do Sul (e não estavam em gaiolas).
Ora, são estes estrangeiros mencionados, teoricamente, o risco maior ao meio ambiente e não as aves endêmicas do Brasil. São as monoculturas, a criação de gado as atividades que mais colocam em risco a diversidade biológica no Brasil e no mundo.
A impressão que dá é que no exterior seria mais fácil a criação de animais de nossa fauna. Veja-se que o PIB da Belgica é reforcado com a criação de canários (originários das américas).
Particularmente, duvido que quem tenha ave em situação irregular/ilegal vá de livre e espontanea vontade entregar o animal ao IBAMA. As apreensões são motivas por denuncias anonimas, muitas vezes, fruto da raiva, da briga em família ou entre vizinhos.
Creio que a regularização das aves em posse de particulares seria a maneira mais eficaz de combate ao tráfico, desde que iniciado um programa de divulgação e incentivo da criação em cativeiro.
Sei de pessoas que não levam suas aves ao veterinário pois morrem de medo de uma denúncia anonima, apreensão da ave, multa, processo criminal.
Falar para adquirir ave de criador legalizado, para a grande maioria das pessoas é inviável pelo dispendio financeiro, sem contar que poucos são os que dominam a internet/site do Ibama.
E é certo afirmar que a criação de aves em gaiola no Brasil e no mundo é tradição muito antiga que não é a Lei Ambiental rigorosa que fará cessar o gosto por criar ave canora em cativeiro, ainda que de forma ilegal.
A lei deve estar de acordo com os usos e costumes do povo, sob pena de ser mais uma que “não pega”.
E para aqueles que acham incorreto “aprisionar aves em gaiola”, alerto que a criação de animais em cativeiro já salvou milhares de espécies da extinção.
Se o Ibama é tão rigoroso com a criação de aves nacionais, muito mais deveria se preocupar em relação aos estrangeiros.
Cesar Kato
Escrito por Rafael Kato, em 16/2/2005