Desenvolvimento de Criações de Canários da Terra – 1ª Parte
Um Trabalho Técnico
DESENVOLVIMENTO DE CRIAÇÕES
A CRIAÇÃO DE CANÁRIOS DA TERRA
ANIMAL A SER ESTUDADO: CANÁRIO DA TERRA
DATA: NOVEMBRO/2003
MICHELLE DA CUNHA P. H. RODRIGUES
SUMÁRIO:
PÁGINA 1 – CAPAPÁGINA 2 – CONTRA CAPA- TÍTULO E PARTICIPANTES DO GRUPOPÁGINA 3 – SUMÁRIOPÁGINA 4- INTRODUÇÃO- IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA CRIAÇÃO.PÁGINA 5- APRESENTAÇÃO DO CANÁRIO DA TERRAPÁGINA 6 – COMO SURGIRAM AS LEIS PARA CRIAÇÃO EM CATIVEIRO DO CANÁRIO DA TERRAPÁGINA 7- COMO SURGIRAM AS LEIS PARA CRIAÇÃO EM CATIVEIRO DO CANÁRIO DA TERRA (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 8 – COMO SURGIRAM AS LEIS PARA CRIAÇÃO EM CATIVEIRO DO CANÁRIO DA TERRA (CONTINUAÇÃO)- INSTALAÇÕES E ACESSÓRIOS- AMBIENTEPÁGINA 9 – ALIMENTAÇÃOPÁGINA 10 – ALIMENTAÇÃO (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 11- ALIMENTAÇÃO (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 12- ALIMENTAÇÃO (CONTINUAÇÃO)- TERRITORIALISMO- MACHO- MATURIDADE SEXUAL- REPRODUÇAO- GENÉTICAPÁGINA 13- GENÉTICA (CONTINUAÇAO)PÁGINA 14- GENÉTICA (CONTINUAÇAO)PÁGINA 15- GENÉTICA (CONTINUAÇAO)PÁGINA 16- GENÉTICA (CONTINUAÇAO)- ACASALAMENTO- POSTURAPÁGINA 17- POSTURA (CONTINUAÇAO)PÁGINA 18- POSTURA (CONTINUAÇAO)PÁGINA 19- POSTURA (CONTINUAÇAO)- OVOS E CHOCAPÁGINA 20- OVOS E CHOCA (CONTINUAÇÃO)- NASCIMENTOPÁGINA 21- NASCIMENTO (CONTINUAÇÃO)- FILHOTESPÁGINA 22- FILHOTES (CONTINUAÇÃO)- ANILHAS PÁGINA 23- ANILHAS (CONTINUAÇÃO)- SINAIS DE DOENÇAS- PRINCIPAIS DOENÇASPÁGINA 24- PRINCIPAIS DOENÇAS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 25- PRINCIPAIS DOENÇAS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 26- PRINCIPAIS DOENÇAS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 27 (TEXTOS INTERESSANTES)- LIXO OU FOGUEIRAPÁGINA 28 (TEXTOS INTERESSANTES)- LIXO OU FOGUEIRA (CONTINUAÇÃO)- OS PÁSSAROS FAZEM PARTE DA MINHA VIDA- SAEM NOVAS REGRAS PARA QUEM VAI COMEÇAR A CRIAR PÁSSAROSPÁGINA 29 (TEXTOS INTERESSANTES)- SAEM NOVAS REGRAS PARA QUEM VAI COMEÇAR A CRIAR PÁSSAROS (CONTINUAÇÃO)- CRIADORES AMADORISTAS DE PÁSSAROSPÁGINA 30 (TEXTOS INTERESSANTES)- CRIADORES AMADORISTAS DE PÁSSAROS- POSTURAS DE COMPORTAMENTO NO CANÁRIO DA TERRAPÁGINA 31 (TEXTOS INTERESSANTES)- POSTURAS DE COMPORTAMENTO NO CANÁRIO DA TERRA (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 32 (TEXTOS INTERESSANTES)- CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAS BRASILEIRAS DO GÊNERO SICALIS PÁGINA 33 (TEXTOS INTERESSANTES)- CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAS BRASILEIRAS DO GÊNERO SICALIS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 34 (TEXTOS INTERESSANTES)- CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAS BRASILEIRAS DO GÊNERO SICALIS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 35 (TEXTOS INTERESSANTES)- CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAS BRASILEIRAS DO GÊNERO SICALIS (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 36 (TEXTOS INTERESSANTES)- AS MUTAÇÕES DO CANÁRIO DA TERRS – Sicalis flaveola.PÁGINA 37 (TEXTOS INTERESSANTES)- AS MUTAÇÕES DO CANÁRIO DA TERRS – Sicalis flaveola. (CONTINUAÇÃO)PÁGINA 38 – A SOLUÇÃO PARA O TRÁFICO DE AVES BRASILEIRAS? PÁGINA 39 – A SOLUÇÃO PARA O TRÁFICO DE AVES BRASILEIRAS? (CONTINUAÇÃO)- A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE PASSAROS NATIVOS , – COBRAPPÁGINA 40- A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE PASSAROS NATIVOS , – COBRAP (CONTINUAÇÃO- BIBLIOGRAFIAPÁGINA 41- BIBLIOGRAFIA (CONTINUAÇÃO)- AGRADECIMENTOSANEXOS NOS DISQUETES:- FOTOS COLORIDAS
1. INTRODUÇÃO
IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA CRIAÇÃO
O canário-da-terra está classificado cientificamente como Sicalis flaveola. A sub-espécie brasiliensis é popularmente conhecida como canário-da-terra verdadeiro, chapinha, canário da telha, canário de briga, cabecinha-de-fogo, canário de bulha e outras denominações vulgares regionais. Esta subespécie tem extensa área de distribuição e habitat no território brasileiro. Abrange os estados do Norte-Nordeste, iniciando no Maranhão até a região sudeste, atingindo Minas Gerais até o sul do Estado de São Paulo e algumas localidades do norte do Estado do Paraná. Daí para baixo, até o Rio Grande do Sul, incluindo o Estado do Mato Grosso do sul, existe a subespécie pelzelni, conhecida pelos nomes populares de canário-da-terra do Sul, canário do Oeste, canário do Mato Grosso, canário da horta, canário-da-terra cinzento, canário do campo, e outros nomes regionais. Ele tem coloração cinza-amarelada, não tão intensa como a primeira subespécie aqui citada.
As duas sub-espécies, segundo consta de dados oficiais (extraídos de relações de aves registradas em associações e clubes ornitológicos, bem como no IBAMA), o de canário-da-terra é a ave canora que possui, em nosso País, o maior número de exemplares cadastrados e mantidos em cativeiro.
O canário-da-terra (CT) é muito conhecido e estimado pela maioria dos passarinheiros de quase todo o Brasil. A sua popularidade advém não só pelo seu canto, sua agilidade, elegância, fogosidade, índole belicosa, vivacidade, boa saúde, mas também por outros predicados, como, por exemplo, a facilidade de criação em gaiolas criadeiras.
Nestes últimos dez anos, houve enorme incremento de sua criação em domesticidade, com muito sucesso, já que ornitófilos conscientes verificaram que, este pássaro tão espetacular, já estava extinto em várias localidades, onde, outrora, era abundante e encontradiço em bandos numerosos. Assim, o lema que adotei há vários anos atrás é, criar para não extinguir. Devemos, pois, criá-lo em nossas casas para que as gerações futuras tenham ainda o privilégio de tê-lo como animal de estimação, usufruindo suas cantorias, tão apreciadas.
Um canário-da-terra (CT), desde que bem tratado, pode viver em cativeiro por cerca de 12 anos ou um pouco mais. Na natureza eles têm vida mais curta, talvez em torno de 5/6 anos, em função de maior desgaste de energia na procura, obtenção e disputa por alimento, ataque de predadores, competição para acasalamento, brigas entre indivíduos da mesma espécie e/ou com aves de outros gêneros, doenças sem tratamento, inclemência das condições atmosféricas, caça, intoxicações por agrotóxicos, alimentação deficiente e outros.
A chave no sucesso da criação doméstica baseia-se na higiene e na profilaxia de enfermidades, parasitas e/ou microrganismos nocivos. Por isso a limpeza deve ser realizada com regularidade, com faxinas rotineiras de todos os componentes do criadouro para eliminação de focos de matéria orgânica, bactérias, germes e insetos. Toda sujeira precisa ser eliminada, combatendo-se, também, piolhos, ratos, formigas, baratas e lagartixas, que podem invadir os ninhos e gaiolas.
Paulo Rui de Camargo agosto de 1993
2. APRESENTAÇÃO
· Nome cientifico: Sicalis Flaveola
· Nome Comum: Chapinha, Cabeça-de-fogo.
· Distribuição: Praticamente em todo Brasil, com exceção da Região Amazônica.
· Habitat: Bordas de matas, áreas de cerrado, campos naturais e pastagens, além de áreas cultivadas.
· Características: 13,5cm de comprimento, peso de 20g.
· Alimentação: É um pássaro granívoro.
· Reprodução: O período de reprodução é na primavera e verão.
3. COMO SURGIRAM AS LEIS PARA CRIAÇÃO EM CATIVEIRO
DINÂMICA DA REGULAMENTAÇÃO – LEGISLAÇÃO
Não levando em conta toda a regulamentação anterior aos anos 60, vamos tecer comentários, que interessam ao nosso segmento, a partir de Janeiro de 1967 – quando foi publicada a Lei 5.197, a Lei de Proteção à Fauna que diz em sua ementa: “Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como os seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”. A mesma Lei diz em seu Artigo 6-b, que o Estado deverá incentivar o estabelecimento de “Criadouros” com o objetivo industrial e financeiro, o que quer dizer que, independente da espécie, o Poder Público deveria estimular, desburocratizar e facilitar a prática da criação doméstica. Nessa mesma época foi criado o antigo IBDF – para atuar em questões do meio ambiente e cuidar de nossa fauna e flora. Nada obstante, os passarinheiros já possuíam pássaros e participavam de torneios – da forma que existem hoje – deste 1950 e, portanto foram atingidos pela nova regulamentação e o que era pior não havia na época qualquer interesse e nem se falava em reprodução doméstica de pássaros canoros, até porque era muito fácil obter-se aves capturadas e em abundância; em suma, não havia qualquer preocupação, na cabeça das pessoas, com questões relacionadas ao meio ambiente. Surgiu então o impasse: – “Torneios X O disposto na Lei” -, daí criou-se a Federação Nacional dos Criadores de Bicudos e Curiós, em Ribeirão Preto SP; Tendo como seu primeiro Presidente o saudoso Dr. Antônio Virgílio Mantovani. Ela seria durante algum tempo o interlocutora entre o segmento e o Poder Público. A FOB (Federação Ornitológica Brasileira) ficaria encarregada de todas as outras aves que não bicudos e curiós. Em 1976 – após intensa negociação com o IBDF – através dos Diretores da Federação Nacional: Aristides Teodoro Mendes, Paulo Belotti e Roberto Benedetti – conseguiu-se a publicação da Portaria 031 que assegurava o anilhamento com anel aberto sigla “IBDF/1977” para participação dos torneios os bicudos e curiós (somente esses pássaros) que fossem cadastrados na época. Isto resolveu, em parte a situação momentânea; mas para o futuro acabou gerando um impasse porque estava, por Lei, proibida a caça de novos exemplares na natureza; e não havia, naquele momento, nenhuma perspectiva para uma criação doméstica. Os próprios passarinheiros não acreditavam muito nisso; “bicho nascido em gaiola não presta”, essa era a crença. À medida que o tempo foi passando começou-se a constatar que a realização de torneios estava à beira da extinção, embora a reprodução de aves em domesticidade havia surgido de maneira promissora, especialmente no Estado de São Paulo – saudoso Ernesto Scatena – bicudos – e junto ao Mestre Marcílio Piccinini em Matias Barbosa MG, que pelos idos dos anos 80, já produzia centenas de curiós por temporada. Então, a partir de 1982 até 1988, por iniciativa exclusiva do segmento de criadores de bicudos e curiós, estabeleceu-se as tratativas com o IBDF que veio a publicar a Portaria 131/88 – que aí sim atendeu aos reclamos – confiou às Federações a distribuição de anilhas e a Carteirinha de Identificação, autorizou a criação doméstica e participação aos torneios de todos os pássaros canoros nativos que fossem criados domesticamente. Havia, ainda, aqueles que estavam em poder dos sócios de clubes para os quais foi autorizado o respectivo registro. Uma falha da Portaria 131 e que persiste até hoje é não ter separado entre os criadores sócios, os que reproduzem, os que são “marchant” e os que mantêm. Esses três segmentos são ativos e existem em grande quantidade; para haver transparência é preciso que a regulamentação contemple claramente as atividades de cada um. Na mesma ocasião, foram publicadas as Portarias 132 – Criadouro Comercial – Portaria 139 – Criadouro Conservacionista, essas duas para tentar atender os criadores de todas as aves, os profissionais e aqueles que tinham a intenção de manter aves, criá-las e pesquisá-las. Em 1988, também foi promulgada a Lei 7653 que estabeleceu normas para os crimes praticados contra a natureza, capturar pássaros, por exemplo, era “inafiançável”, isto é, o indivíduo seria detido, como aconteceu com muita gente, às vezes até de forma exagerada ou injusta. Basta lembrar do sujeito que detinha um “pássaro preto” em Brasília e que ficou preso 30 dias por isso e o outro que arrancou a casca de uma árvore e foi preso também; e pensar em inúmeras pessoas que dão milhões e milhões de dólares de prejuízo ao patrimônio público e estão soltos aí a tripudiar da sociedade; isto tudo nos faz sentir o despropósito daquela Lei. A Portaria 131 teve o seu lado muito positivo e funcionou; ainda mais se recordando que partimos do nada, em matéria de reprodução nos anos 70 para hoje; dispomos agora de centenas de criadores de aves espalhados pelo Brasil, são milhares de aves produzidas. Como é natural, porém, precisou sofrer alterações de alguns de seus itens o que acabou acontecendo com a vigência da Portaria 631/92 – que tentou restringir a atividade do criador produtor mais de 50 pássaros e determinou que deveria haver apenas uma Federação por Estado. Houve até argüição sobre a constitucionalidade do capítulo que obrigava as Sociedades a se filiarem a uma Federação, o que foi atendido com a respectiva Portaria, que desobrigava os clubes a se filiarem obrigatoriamente. Mas na prática isso nunca funcionou. Continuando as gestões com o IBAMA em 1996, após negociação com os presidentes das Federações publicou-se a portaria 057 – que pouco mudou em relação à anterior (631) apenas no que dizia respeito à restrição de se poder criar mais 50 pássaros, o que foi liberado. A questão da obrigatoriedade de filiação foi omitida para dizer que os clubes serão agregados a Federações e que serão representados junto ao IBAMA por elas. Com as publicações das Portarias 117 e 118, o segmento que visa obter lucro com a atividade pode ter situações mais condizentes com suas pretensões. Em 1998 – surgiu a Lei chamada de Crimes Ambientais que diz: em seu Art.29. “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, em desacordo com a obtida: Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa.” Essa Lei, mais exeqüível não é perfeita mas bem melhor do que a anterior que prendia, sem direito a fiança, o suposto infrator para depois fazer o inquérito judicial e proporcionar o amplo direito de defesa que todos devem ter. O grande problema da regulamentação é a teoria versus a prática, visto que, embora haja boas intenções na elaboração delas, a realidade do dia a dia é outra. Nem sempre são chamados para dar opinião quem está na ponta, quem executa e quem deve por direito opinar. Entretanto, nos dias de hoje, há algumas realidades que não podem deixar de ser lembradas quando das elaborações das Leis e Portarias, tais como:
1. Separar os que reproduzem dos que mantém e tem a prática de comerciar.
2. Assegurar a prática do “hobby” dos que exercem legalmente a realização dos torneios de canto e exposições.
3. Obrigar, quando possível, aos infratores a ficar como fiéis depositários e responsáveis pelas aves apreendidas até que se dê um destino adequado do tipo soltura no seu local de origem ou um tratamento individualizado que vise a proteger vida delas.
4. Estabelecer, no caso de apreensões, normas de procedimentos em todos os tipos de “depósitos de aves” de modo a assegurar tratamento adequado e individualizado às aves.
5. Ajuntar, quando possível, em um só documento a regulamentação que diz respeito a toda a avifauna brasileira.
6. Exigir que os estatutos das entidades, os contratos e acordos realizados com o setor privado sejam os mais transparentes e adequados possíveis, uma vez que envolve a concessão de manejo de um bem público.
7. Exigir que todo e qualquer sistema de marcação das aves seja controlado “via eletrônica”, inclusive com a utilização da Internet, através de Banco de Dados, única forma de se ter um nível de controle “à distância” e confiável.
8. Estabelecer condições para desburocratizar e facilitar a tramitação dos papéis a fim de que os interessados possam obter a documentação necessária, o mais rápido possível.
9. Estabelecer política regionalizada e estadual para as questões das aves em domesticidade em face da grande diferença no tratamento que há entre uma região e outra.
10. Ter sempre em conta que as atividades dos criadores que reproduzem e transacionam as suas produções irão gerar empregos e criar riquezas para o País de acordo o disposto na Agenda 21 – utilização de um recurso natural sustentável.
11. Impedir, quem quer que seja, a titulo de proteger a natureza, que o produtor nacional de aves nativas seja prejudicado, ao se fazer à apologia do animal exótico; como se a criação dele fosse o único exemplo e forma séria de preservar a avifauna brasileira. Isto posto, confiamos que as pessoas que querem a proteção e a conservação de nossas aves nativas brasileiras devem participar e dar sempre a sua opinião para que possamos, num futuro próximo, no século 21, realmente assegurar a sobrevivência delas; propugnando no sentido de que as espécies que vivem na natureza lá estão e lá devem ficar; e as que ora estão em domesticidade, aqui estão e que assim podem ficar para, inclusive, assegurar a conservação delas.
(Escrito por Aloísio Pacini tostes, em 2/9/2003).
4. INSTALAÇÕES E ACESSÓRIOS
Decida bem, na hora da compra, para garantir o bem-estar dos pássaros.
– Gaiola: A gaiola de arame previne a multiplicação de piolhos, ácaros e coccídios. Devem ter medida mínima de 60cm de comprimento x 30 cm de largura x 35 cm de altura, quatro portas na frente e comedouros externos. O vão das grades deve permitir a passagem das cabeças. As gaiolas podem ficar bem próximas umas das outras, mas separadas por divisões de tábuas ou plásticos, pois as canárias não podem se ver de forma alguma. Podem matar seus filhotes ou interromperem o processo do choco.
– Comedouros e bebedouros: De preferência externos, pois evitam a queda de fezes e sua a manipulação agita menos as aves.
– Poleiros: dois bem afastados entre si e sem deixar as caudas rasparem na grade. Devem ser sem farpas e podem ser feitos de galhos irregulares. Os galhos irregulares ajudam na musculatura dos pés dos pássaros, evitando uma série de problemas.
– Banheira: com água na medida da metade da altura da ave. Encher só 2/3.
– Bandeja: de chapa galvanizada.
– Ninho: O ninho (caixa, tipo ninheira, feito de madeira) deve ter: 25cm comprimento x 14 cm largura x 12 cm. altura, e tem que ser colocado pelo lado de fora da gaiola para não ocupar espaço. Terá uma tampa móvel e outra gradeada para o manuseio de filhotes e de ovos.
– Forração: oferecê-la estimula a reprodução. A forração – material para o canário confeccionar o ninho – pode ser, raízes, capim, palha, gravetos, saco de batata não alvejado, desfiado ou em pedaços de 10 cm, saco de estopa (usado para ensacar café) e cabelo de cavalo cortado a 15 cm. Colocar o material perto de um poleiro, entre os arames ou no fundo da gaiola, que a fêmea, quando estiver na hora, carrega sozinha para a caixinha do ninho.
5. AMBIENTE
Controlá-lo ajuda a procriação.
– Temperatura: de 22ºC a 28ºC: é ideal. Muito frio (menos de 15ºC) e calor exagerado (acima de 38ºC) podem bloquear a reprodução.
– Umidade: de 38% a 68%: se o ar for mais seco, os ovos não eclodem e há mais poeira, ruim para o sistema respiratório. Umedeça o ambiente com baldes com água. Por outro lado, o ar mais úmido traz germes, bactérias e fungos – seque o ambiente com um desumidificador.
– Luminosidade: natural ou artificial estimula o cérebro a produzir hormônios reprodutivos. À noite, deixe os pássaros no escuro por 10 a 12 horas, para não estressá-los.
– Correntes de ar: evite submete-las ao vento sul e suas frentes frias. Correntes de ar podem causar males respiratórios fatais.
– Estresse: ocorrências como barulho, movimentos bruscos, presença de outros animais, mudança de tratador, perturbam as aves e podem torná-las mais vulneráveis a doenças. Se objetos e roupas vermelhas e de cores fortes as agitarem, evite usá-los.
– Higiene: Não adianta, porém, ter todo cuidado com as instalações e ambiente se não tivermos atenção especial com a higiene, tem-se que ter toda a precaução, principalmente com os fungos, o maior inimigo da criação. Cuidar bem dos poleiros, dos bebedouros, dos ninhos e de todos os utensílios utilizados. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer uma quarentena.
6. ALIMENTAÇÃO
Existe uma preocupação muito grande na criação de pássaros que é, a dificuldade de padronização da alimentação. Devemos levar em consideração as bases da nutrição que regem as necessidades mínimas de qualquer espécie de ave. Realizar experimentações com este tipo específico de ave, nem sempre é possível. Através da observação e da análise de algumas espécies, já existem algumas informações de alimentação mais indicada.
Os nutrientes básicos de uma alimentação completa e bem balanceada são, água, proteínas, carboidratos (glicídios), gorduras (lipídios), minerais e vitaminas. Uma análise bromatológica, ou seja, uma análise laboratorial da formulação de uma ração nos fornece dados como umidade, extrato etéreo, fibra, compostos nitrogenados, etc. Os nutrientes que compõe uma ração podem ser essenciais ou não. Dos nutrientes essenciais, sendo o único que deve ser ministrado separadamente e a água, de forma contínua e de fácil acesso. Uma desidratação pode levar a ave a quadros neurológicos e renais geralmente irreversíveis. Hoje já podemos encontrar no mercado farinhadas, vitaminas, misturas de sementes e minerais prontas para canários, mas a partir da necessidade nutricional do seu organismo, temos a opção de escolher e avaliar a alimentação que julgarmos mais correta.
Observamos que uma variedade boa de verduras e sementes de qualidade é fundamental para o bom desenvolvimento do pássaro. A princípio, administração de vitaminas suplementares é inútil, salvo em circunstâncias especiais. No inverno a falta de verdura poderá ser compensada por outros produtos naturais contendo estas mesmas vitaminas.
· PRINCIPAIS SEMENTES
– Alpiste: Rico em proteína e aminoácidos
– Milheto: Nutritiva fonte de carboidratos
– Painço: Rico em ácidos graxos
· PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS
O corpo é essencialmente constituído de proteínas, principalmente os músculos, o coração, os rins, as penas, a pele, as patas e o bico. As proteínas são quebradas durante o processo de digestão em aminoácidos. Os aminoácidos são indispensáveis ao bom crescimento da plumagem. Quando a plumagem se apresentar desarranjada, freqüentemente indica uma carência de leucina. Poderemos fornecer na alimentação os aminoácidos essenciais livres. Estes aminoácidos apos serem absorvidos, serão metabolizados pelo fígado para formação de proteínas próprias das aves. Como as proteínas são uma das fontes nutritivas, e por sinal cara, deve ser de muito boa procedência, pois algumas vezes são de origem animal, podendo carrear agentes infecciosos para as aves que a consomem. Uma fonte protéica boa deve ter uma composição de aminoácidos adequada e serem disponíveis após o processo de digestão. As aves requerem 19 aminoácidos para formação de suas proteínas, mas somente 13 são considerados aminoácidos essenciais, pois são aqueles não sintetizados pelas aves, que devem recebê-los na alimentação diária. As matérias primas são diferentes em termos de qualidade e quantidade tanto nas fontes vegetais como animais. Na alimentação das aves usamos mais as fontes vegetais de proteínas, mas as animais são um reforço para aminoácidos não encontrados nas fontes vegetais. Metionina e Lisina (não usar mais que 3% e 5% respectivamente) são aminoácidos essenciais, que podem ser adicionados em doses adequadas e são encontrados em fontes animais ou de forma sintética. O milho, apesar de ser fonte de energia, contém muita Lisina. Farinha de soja torrada (a soja tem sojina destruída pelo calor na tostagem, pois causa lesões renais severas e morte das aves) é outra fonte protética. Fontes de proteína são: carne, farinha de peixe, subprodutos de aves, farinha de sangue, farinha de fígado, farinha de penas, produtos lácteos, farinha de algodão, farinha de amendoim, farinha de soja, farinha de glúten de milho, farinha de cânhamo, farinha de semente de girassol.
Os aminoácidos essenciais são: Arginina, Cistina, Glicina, Histidina, Isoteucina. Leucina, lisina Metionina, Fenilananina, treonina Triptofano, Tirosina e Valina. Os aminoácidos não essenciais são: Alanina Ácido Aspártico, Ácido glutâmico hidroxiprolina, Prolina e Serina.
· CARBOIDRATOS
A mistura de sementes normalmente é suficiente para supri-los. O maior volume das rações e farinhadas é dado por fontes de carboidratos que são fontes primárias de energia.
As fontes mais comuns são milho, sorgo, cevada, trigo aveia, quirera de trigo, farelo de trigo (dose máxima 15%). As gorduras e os óleos têm elevado valor energético, e são restritos em quantidade no uso (o uso de 5% de gordura na ração, esta começa a perder as características ideais de densidade). Quando adicionados à ração, as gorduras e os óleos, diminuem a poeira fina e melhoram a palatabilidade, além de auxiliarem no transporte de vitaminas lipossolúveis e das çantaxantinas, mas sempre com moderação.
· LIPÍDEOS
As substâncias graxas constituem uma fonte de energia complementar muito útil quando não administradas em excesso. No inverno as aves apreciarão um pequeno suplemento de gorduras para melhorar suas proteções contra o frio. Podemos então administrar regularmente cinco gotas de óleo de fígado de bacalhau para cada quilo de ração. Entretanto não se deve exagerar, pois as aves muito gordas têm dificuldade na procriação, ou antecipam a época da muda das penas.
· VITAMINAS
as vitaminas são separadas em dois grupos:
– Lipossolúveis, ou seja, solúveis e gorduras (vitaminas A, D, E e K)
– Hidrossolúveis ou solúveis em água (complexo B).
As principais fontes naturais de vitaminas são leveduras, solubilizado de peixe, solubilizado de destilaria, farinha de fígado, farinha de alfafa, subprodutos lácteos, frutas, legumes e verduras.
– Vitamina A:
Esta vitamina cuida do funcionamento eficiente das células epiteliais, das mucosas, da visão e da respiração. A melhor fonte é o óleo de fígado de bacalhau, assim como o leite, as gemas dos ovos e os legumes verdes (ex., espinafre, acelga, salsa, etc.).
As aves em crescimento têm necessidade de um fornecimento duplo de vitamina A. Esta vitamina é muito encontrada no milho amarelo, e não no branco, nem no sorgo; ela está relacionada com carotenos (o milho amarelo deixa as penas vermelhas de cor alaranjada). Esta vitamina tem atuação importante no epitélio de revestimento dos tecidos, principalmente o respiratório. Ela é armazenada e metabolizada no fígado. Podemos ter problemas de deficiência de vitamina A, que se caracterizam por cegueira noturna e crostas sobre os olhos; secreção nasal, lacrimejamento com secreção de aspecto transparente até o purulento, colamento das pálpebras. Os canários freqüentemente têm perda de penas ao redor dos olhos e do bico, com coceira e sangramento principalmente na comissura do bico. Ocorre também em outras aves lesões ulcerativas da boca, esôfago a papo, até mesmo em pulmões. As glândulas apresentam-se com uma queratinização do epitélio dos ductos excretores. O excesso desta vitamina pode causar sintomas muito semelhantes.
– Vitamina D
A vitamina D é formada na pele da ave, sendo ativada pela luz do sol. O sol filtrado pelo vidro não sofre ativação. Existem dois tipos de vitaminas D: vitamina D2: esta vitamina não tem valor nutricional para aves e a vitamina D3; importantíssima para nutrição das aves. A vitamina D está relacionada com metabolismo de cálcio e fósforo e conseqüentemente na formação do tecido ósseo, e da casca dos ovos. A vitamina D3 é metabolizada no fígado e rins, sendo que quaisquer patologias nestes órgãos interferem na metabolização de cálcio e fósforo. As lesões de deficiência de vitamina D3 são: crescimento retardado, fraqueza, osso esterno em forma de “S”, ovos finos e sem casca, dificuldade em caminhar, tetania, fraturas patológicas, queda na eclosão dos ovos e mau empenamento.
É necessária ao bom desenvolvimento e à formação dos ossos, unhas e bico. Uma carência leva a uma debilidade e a uma deformação das patas ou malformação articular. As fêmeas botam ovos sem casca ou de casca muito fina. A melhor fonte é o sol. Deixar os pássaros aproveitar ao máximo os raios solares, principalmente com sol direto. Se isto não for possível, poderá ser substituído por radiação ultravioleta obtida através de lâmpadas especiais. Encontra-se no comércio as vitaminas A e D em gotas, porém o óleo de fígado de bacalhau, as gemas e o leite são igualmente importantes como fonte desta vitamina.
– Vitamina E
É essencial para a fecundidade, crescimento e desenvolvimento normais. A vitamina E também chamada de tocoferol, tem importância na reprodução, na resistência a doenças, e produção de anticorpos, atua como antioxidante de gorduras. Sua deficiência pode causar morte embrionária, baixa eclosão dos ovos, degeneração testicular. Pode ser encontrada em grãos íntegros. Sua deficiência nem sempre esta relacionada à deficiência de fornecimento de vitamina. Aves obesas, ou que recebem um alimento muito oleoso, estão sujeitas a terem a vitamina E deslocada como agente natural antioxidante de gordura. Aves que tem deficiência de vitamina E no alimento, ou excesso de energia e gordura nas rações, ou recebe ração oleosa, tem maior pré-disposição a doenças. Quanto antes se puder suprir com vitamina E mais rápida será a recuperação, sem seqüelas para a ave. Aconselha-se administrar sementes germinadas, óleo de germe de trigo, milho, gema e verdura fresca.
– Vitamina K
A vitamina K é geralmente sintetizada por microorganismos intestinais, da flora saudável e normal das aves. Esta vitamina atua controlando hemorragias, mantendo o equilíbrio das células e suas funções. O uso excessivo de antibióticos e sulfas podem causar avitaminoses, com sintomas de hemorragias, porque destroem a flora intestinal. Nestes casos apenas aplicações de vitamina K podem suprir rapidamente esta deficiência. Encontra-se em legumes, como a cenoura, couve, etc, e em algumas sementes, como o cânhamo.
– Tiamina ou Aneurina – (B1)
A vitamina B1, chamada também de tiamina, pode causar sintomas de deficiência relacionados com metabolismo de carboidratos, e que são: perda de apetite, perda de peso, penas arrepiadas, dificuldade de locomoção, paralisia de musculatura de pernas, asas e pescoço. Ocorre muito em aves jovens e de preferência insetívoras: sabiá, sanhaço, corrupião etc. Ela exerce importante função na metabolização dos hidratos de carbono. É encontrada, sobretudo nas sementes germinadas e no levedo de cerveja. Em menores quantidades na gema, no leite em pó, nas frutas e legumes frescos.
– Riboflavina – (B2)
A vitamina B2 possui outra denominação que e a riboflavina, sua deficiência leva a ave ao crescimento retardado, dedos dos pés curvados, atrofia muscular e asas caídas. Mortalidade de embrião também ocorre. Em sementes de boa qualidade, as quantidades de vitamina B2 são suficientes. Um suplemento poderá ser oferecido através do levedo, das verduras, ovos e leite em pó.
– Piridoxina – (B6)
a vitamina B6 possui a denominação de piridoxina, está relacionada com o metabolismo dos aminoácidos e sua carência pode causar sintomas neurológicos, até mesmo convulsões.
– Cobalamina – (B12)
Ou melhor, vitamina B12, atua na síntese de ácidos nucléicos (DNA e RNA), no metabolismo de carboidratos e lipídeos, induzem na carência crescimento retardado, anemia, anomalias congênitas e baixa eclosão. Ela contém cobalto e ferro e estimula o crescimento e metabolização do sangue. Encontra-se em produtos de origem animal.
– Colina
A carência de colina e de manganês poderá determinar colestase hepática. Fontes: levedo de cerveja, leite em pó e sementes.
– Biotina – (H)
A vitamina H atua no metabolismo de protemas, lipídios e carboidratos. Sua carência gera problemas inúmeros, mas os sintomas característicos são dermatites dos pés e bico, e ao redor dos olhos, deformação óssea, morte embrionária, formação de bicos tortos etc. Atua na muda e na formação das penas, diretamente nos folículos. A baixa absorção desta vitamina predispõe à formação de cistos de penas nos canários. As sementes frescas complementadas por tomate e espinafre dão biotina suficiente.
– Vitamina C
Esta vitamina deverá ser ministrada unicamente em casos especiais, como doenças, envenenamento ou constantes estresses. Os legumes (cítricos) são os mais indicados para isto.
· Ácido Pantotenico
ua na síntese de colesterol, fosfolipídios de membrana celular, ácidos graxos e outras funções no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Sua carência determina dermatites, lesões com crostas na comissura bucal, pró-ventrículo aumento de fígado, e atrofia do baço, dificuldade de se alimentar e deficiência visual. Fissuras nos pés.
· ÁCIDO FÓLICO
O ácido fólico é importante na síntese de ácidos nucléicos e demais proteínas nucleares: pode alterar o empenamento. Na sua carência podemos observar anemia, pernas tortas, falta de pigmentação das penas, deformidade de bico e pernas de embriões, prejudicando a eclosão.
· NIACINA
O ácido nicotínico, causa nas aves doentes por deficiência: mau empenamento, penas quebradiças, diarréia acentuada, inflamação na língua, papo e esôfago.
· MINERAIS
Dentro de uma boa alimentação são igualmente necessários os minerais. Eles ajudam na boa alimentação dos músculos, das glândulas, dos nervos e do cérebro. Os minerais estão presentes nos ingredientes da ração, casca de ostra, fosfato bicalcico, farinha de osso, sal, sulfato e óxido de manganês, carbonato e óxido de zinco, fosfato de rocha, produtos lácteos, farinha de peixe, pedra calcária bruta e retalhos de carne. A grande necessidade das aves é do cálcio e fósforo na relação de 2:1, para formação dos ossos e da casca do ovo. Como boa fonte de cálcio temos a pedra calcária e a casca de ostra, já com fonte de fósforo tem a farinha de osso e o fosfato de rocha, ou o fosfato bicalcico que tem os dois cálcio e fósforo (3 colheres de sopa ou 45g por kg de alimento). Outros minerais importantes e colocados em doses mínimas são o cobre, zinco, manganês e ferro, assim como outros minerais. Uma deficiência mineral pode interferir nas reações de metabolização de outros nutrientes, mas o excesso também. O sal é essencial em níveis adequados e pode ser altamente tóxico em excesso (máxime 0,5%).
O cálcio é o mineral de maior importância para a formação dos ovos, desenvolvimento do esqueleto, coagulação sanguínea e funcionamento do sistema nervoso e dos órgãos. O fósforo é importante para a construção dos ossos, no metabolismo das proteínas e dos lipídeos. O magnésio mantém o equilíbrio entre o cálcio, o fósforo e a vitamina D. A maior parte dos minerais se encontra dentro de uma boa alimentação. As cascas das ostras (85%), ossos (80%), as cascas dos ovos e o calcário são ricos em cálcio.O iodo se encontra nos ossos, cascas de ostras, ovos, leite e óleo de fígado de bacalhau. O cobre é importante para a boa composição do sangue. Percebe-se que muitos dos produtos provenientes do mar são ideais para manter a taxa de minerais. Cascas de ostras trituradas, ossos e eventualmente algas são excelentes complementos. É muito aconselhável colocar-se dentro das gaiolas recipientes com alimentos que contenham essas substâncias: as aves escolherão e complementarão, elas mesmas, suas necessidades.
· VERDURAS
Na maior parte dos legumes e verduras encontramos ferro, cobre, zinco, manganês, iodo, cálcio, magnésio, potássio, sódio, fósforo e cloro. Eles possuem igualmente um alto teor em proteínas e caroteno na sua fase de crescimento. É melhor distribuir os legumes tenros. Os legumes deverão ser os mais escuros possíveis para estarem em seu pleno valor nutritivo. Fornece-los sempre que possível preferentemente pela manhã ou ao meio dia, em quantidade tal que em duas horas tenham sido consumidos. Hoje é mais fácil do que antigamente, porque encontramos os legumes em todas as estações. É preferível procurar o verdureiro do que o farmacêutico; naquele podemos escolher: acelga, espinafre, folhas de cenouras, couves, aipo, salsa, agrião, dente-de-leão (inteiro), repolho, folhas de algumas árvores frutíferas, etc. Muito importante (principalmente antes da estação de criação) é a distribuição de sementes germinadas. Estas, além de serem muito nutritivas para os filhotes, são igualmente ricas em vitamina E, indispensável à fecundidade.
· ÁGUA
Todas as aves devem receber água fresca diariamente, é um meio de ajuda-las na sua regulação de temperatura corporal. A água da chuva é muito saudável, porém não pense que a água da torneira é boa, esta contém cloro, que combate às bactérias nocivas. Fique também atento para que as aves tenham à disposição água fresca para banho. A ave é um animal limpo!
7. TERRITORIALISMO
Disputas de território prejudicam a reprodução. A recomendação é só reproduzir em gaiola, contendo um casal. Em geral, o mais territorialista é o macho. Se a fêmea e o macho não se conhecerem, colocar a fêmea um dia antes do macho, para ele não impedi-la de entrar no ninho. Se a gaiola for com divisória, pôr a fêmea do lado onde está o ninho e se em dois dias não houver sinais de agressividade, retirar a divisória. Se a corte começar, o casal está formado. Em caso de briga, retire o macho e a fêmea e coloque-os em lugares diferentes. Dois ou três dias depois, aproxime-os da mesma maneira antenor. Se a briga persistir, separe-os e reinicie os procedimentos, na ordem inversa.
8. MACHO
Utilizar um macho para 5 fêmeas. Não deixá-lo junto, pois ele quase sempre prejudica o processo de reprodução. O melhor é colocá-lo para galar e imediatamente afasta-lo da fêmea.
9. MATURIDADE SEXUAL
Ocorrem a partir dos 12 meses, em ambos sexos. Em geral, depois dos seis anos, a postura e a fertilização dos ovos diminuem e os filhotes tendem a ser menos saudáveis.
10. REPRODUÇÃO
A melhor época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de novembro a maio, coincidente com o período chuvoso.
11. GENÉTICA E SELEÇÃO
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA:
“A hereditariedade é um fenômeno biológico que permite aos reprodutores passarem para os seus descendentes as boas ou más qualidades de que são dotados; assim, a seleção dos reprodutores deve receber nossa atenção inicial. Cada célula fecundada contém qualidades hereditárias dos dois reprodutores, macho e fêmea. Alguns estudiosos acreditam que a fêmea é o alicerce da criação, exercendo grande influência em sua descendência, quer mental quer fisicamente, uma vez que deu origem ao novo ser com material segregado de seu próprio organismo. Outros atribuem dualidade a esta questão admitindo que tanto os machos como as fêmeas influenciam em igualdade de condições na formação no novo ser. Alguns indivíduos, porém, possuem maior poder de transmissão, passando com constância suas qualidades individuais. A primeira avaliação dos reprodutores seria comparar se no plantel existem semelhanças notórias entre os diversos filhos da mesma canária em posturas com machos diferentes e igualmente observar o mesmo do macho em relação a seus diversos filhos com diferentes canárias. Predominaram as qualidades do reprodutor? Todas as características típicas de uma espécie são suscetíveis de serem transmitidas e fixadas por herança. Com isso compreendemos que tanto as qualidades boas como as más, estão diretamente ligadas nos genes dominantes ou recessivos, que de acordo com o grau de predominância nos cromossomos, estarão expressas nas suas qualidades físicas e morais. Com os Canários da Terra, de seleção tão recente e falta de dados oficiais ou de criadores com bancos de dados, devemos aumentar nossos cuidados na avaliação, a saber, se os dois reprodutores a acasalar possuem pelo menos alguma das qualidades que buscamos. O ideal seria possuir dados confiáveis que informem que os pássaros selecionados para serem acasalados realmente possuem aquelas características e conveniente força de transmissão para brindar seus descendentes.
É conclusivo: A transmissão de um determinado gene é tanto mais segura quanto mais antiga seja a seleção. Na falta de dados oficiais, devemos então, consultar todas as informações possíveis para evitar o insucesso.
TIPOS DE HERANÇA GENÉTICA:
Na obra “Las aves y sus Productos” (Santos Arán), encontram-se enumeradas as seguintes formas de herança:
1. Herança Preponderante: Ao reproduzir-se o indivíduo, os filhos se parecem somente com um dos pais, de tal modo, que a intervenção do outro quase não é notada. Um reprodutor nessas condições possui um extraordinário valor.
2. Herança Bilateral: Nesta os caracteres aparecem de tal forma que se aprecia por igual à influência do pai e da mãe.
3. Herança Latente: Consiste na transmissão por intermédio do macho de uma particularidade exclusiva do sexo oposto.
4. Herança Atávica: Ou salto para trás, é uma manifestação nos filhos de caracteres que não correspondem aos pais e sim a ascendentes remotos.
SELEÇÃO DOS REPRODUTORES
A atenção que será dada na aquisição e cuidados com o macho deverá ser igual para as fêmeas que comporão o plantel. Pensar que qualquer macho ou fêmea serve, será o primeiro e crucial erro que incorrerá o criador. Ambos transmitem seus genes. Não acredite que qualquer macho, mesmo de excelentes qualidades, fará milagres se utilizado em fêmeas de procedência duvidosa ou de qualidade inferior.
Os reprodutores devem ser escolhidos por suas qualidades:
– Qualidades Físicas (Fenótipo): Conformação Física, Porte, Tipo, Cor da Plumagem, etc.
– Qualidades Morais (Genótipo): Canto, Freqüência de Canto, Disposição ou Constância do Canto, Tom de Voz, Altura da Voz, Valentia, Fibra, Assiduidade, Alegria no Cantar, Vivacidade, etc.
O ideal é adquirirmos os melhores reprodutores possíveis.
Com certeza encontraremos muitos fatores limitantes: Conhecimento, Disponibilidade, Preço, Informações de Procedência, etc. A quantidade de obstáculos e entraves para a aquisição desses bons exemplares apenas aumentará o caminho do bom selecionador, e com certeza não o impedirá de alcançar seu objetivo final. Será um desafio maior, mas são exatamente esses desafios que nos dão a motivação para avançar em busca da perfeição e do horizonte almejado.
Devemos ter com as fêmeas os mesmos critérios de seleção que se tem com os machos.
– Mas como? Se a fêmea não canta!
Pela avaliação de seus irmãos, pai e filhos. Uma canária filha de um bom canário, que tem um irmão que passe numa primeira avaliação e principalmente se já criou e produziu filhos de boa média de qualidades. Reservando para o criatório essas filhotas. Essas novas “F-1”, filha de canários que demonstram excelentes qualidades serão, a base de nosso criatório. Com elas daremos o verdadeiro início. Essas canárias filhas desses canários reprodutores, serão no mínimo “Meio Sangue” (como dizem os criadores), ou seja, terão no mínimo 50% dos genes que resultam no bom canário. Estamos criando nossas matrizes. Estamos formando uma “raça”. E essas canárias não terão preço. Não podem ser simplesmente vendidas. Não podemos nos desfazer delas sob pena de voltarmos a estaca zero. Ou partimos decididos para a seleção ou nos dediquemos a ser mais um Multiplicador de Canários. O selecionador precisa ser imparcial e seu julgamento de avaliação de seus próprios pássaros deve-se ater a critérios rígidos quanto aos objetivos traçados. Os Canários que não se enquadrarem nessas avaliações podem ser vendidos a passarinheiros não criadores ou com outros critérios de avaliação. O que não pode, de maneira nenhuma é levar à criação Canários “de Segunda” ou com falta de caracteres desejáveis só porque são “bonitinhos” ou foram presentes de amigos. O desafio é conseguir pássaros com mais qualidades que a geração anterior. E é por isso que o homem evolui: Desafios.
– Mas, quais os principais obstáculos? O que fazer para acelerar essa seleção?
Pelo aprimoramento da alimentação dos canários. Pássaros mais saudáveis, com certeza, terão a disposição necessária para exteriorizar todo seu potencial genético.
Pela dedicação de maior “carga horária” ao pássaro, verificando sua aparência, disposição e condições gerais de saúde.
Uma constante vigilância na reprodução, rejeitando e impedindo a utilização de medicamentos inadequados ou “receitados” por quem não detém os predicados nem o conhecimento para tanto, não criando assim problemas para nossas fêmeas, esgotando-as ou levando-as a condições anormais e filhotes que apresentarão em pouco tempo quadros negativos de saúde ou comportamentos inadequados por causa de algum desequilíbrio hormonal.
– Uma vez selecionados os Machos e as Fêmeas, qual linha de cruzamentos seguir?
Inicialmente veja esta recomendação do selecionador Gilson Barbosa:
“Um plantel bem diversificado quanto a linhagens tem muitas vantagens para quem inicia, garantindo uma maior possibilidade de sucesso em curto prazo. As definições para fixação de caracteres desejáveis devem ficar para mais tarde quando a criação já estiver em pleno estabelecimento e você já conhecer o potencial genético de cada fêmea e a linhagem a qual ela pertence. Ao passar do tempo, você irá adquirindo o conhecimento do seu plantel e ai sim, poderá efetuar novas seleções em cima desta ou daquela linhagem com muito mais segurança, buscando o aprimoramento genético”.
TIPOS DE SELEÇÃO
– Inbreeding: definido como um caminho fechado num reprodutor. Inicia-se cruzando irmão com irmã e permanece-se assim nas gerações que se sucedem. É um processo que tem críticos e admiradores. Tudo irá depender das altas qualidades dos reprodutores iniciais. Cruzando irmão com irmã em todas as gerações que se sucedem sem o devido conhecimento da bagagem genética dos reprodutores iniciais, é caminho certo ao fracasso.
– Linebreeding: Só um dos reprodutores aparece constante. Assim cruza-se o pai com as filhas, netas, bisnetas etc. Ou a mãe com o filho, neto, etc…
– Crossbreeding: Para obtenção de resultados na primeira geração. É o cruzamento de duas linhagens fechadas de Inbreeding. Não se deve ir além do primeiro cruzamento, salvo se for para iniciar um novo trabalho de seleção.
– Outbreeding: É geralmente usado para introduzir um novo sangue à linhagem selecionada. Se o plantel já é bem selecionado, essa prática deve ser feita com cuidado, pois se podem perder qualidades duramente fixadas. A introdução de um sangue “estranho” tem a tendência a aumentar a performance dos indivíduos na geração seguinte. Teoricamente também não deve ir além do primeiro cruzamento.
A título de exemplo, poderiam nos perguntar: E a galinha poedeira? Não é uma raça antiga? Como se mantém com altos índices?
Não existem raças de galinhas poedeiras (para os produtores de ovos), mas sim de famílias possuidoras dessa qualidade. A galinha poedeira de alta produção que conhecemos hoje é produto de cruzamento Outbreeding. Daí, ao findar seu período de produção, onde todos os ovos produzidos foram destinados ao consumo, seu fim será o mesmo: Panela. Desta ave poedeira comercial não se tiram filhotes. Não se presta à reprodução.
Explica também porque determinados acasalamentos produzem canários que se destacam em torneios, mas não conseguem formar descendência. Citamos duas “máximas” de seleção animal:
“O BOM FRUTO SEMPRE PROVÉM DE BOA SEMENTE” e “NINGUÉM TRANSMITE O QUE NÃO HERDOU”.
Ignorando as leis da genética, fazem-se os mais diversos cruzamentos. Decorre que, de uma mesma ninhada, nascem, um indivíduo de qualidades ao lado de dois irmãos sem nenhuma aptidão. Aí o criador cria mil sofismas. Se não considerarmos as linhagens, pode ser que ambos reprodutores possuem qualidades advindas por simples atavismo sem quaisquer caracteres fixos de famílias de linhagens apuradas.
Atenção inicial à formação do plantel. Este é o ponto de partida para o sucesso.
A seleção inteligente e rigorosa feita com apurada e consciente execução é outro fator que concorrerá para um final compensador.” (Genética e Seleção – Texto escrito por Luiz Antonio Taddei, para a Revista Passarinheiros).
12.ACASALAMENTO
Na corte, o macho canta, dança, alimenta a fêmea e a ajuda a construir o ninho. Esse comportamento leva a fêmea até mesmo a iniciar a ovulação e ajuda também na identificação do sexo da ave. Para acasalar, a fêmea fica em posição horizontal no poleiro mais alto, raras vezes no chão, abaixa as asas, levanta a cabeça e a cauda e as cloacas dos dois entram em contato.
O esperma penetra no organismo da fêmea e fica no oviduto até fecundar os ovos. Uma gala, no momento certo, fertiliza de três a seis ovos. Por segurança, o casal fica junto por dois ou três dias. A cópula pode se repetir antes e durante a postura. Casal bem adaptado reproduz melhor que o recém formado. Mais de quatro crias anuais podem gerar filhotes fracos e prejudicar a reprodução seguinte.
RESTRIÇÕES DE ACASALAMENTOS
Como já foi citado na parte de genética, alguns acasalamentos devem evitados, por motivos de estética ou saúde. Não acasale pais com filhos, irmãos com irmãos e avós com netos, sem orientação — há risco de nascer filhotes deformados e/ou com doenças.
13.POSTURA
As aves põem ovos, normalmente, de manhã. A postura, em geral, se inicia dois a três dias depois do ato sexual, mas pode atrasar até 15 dias. Os canários costumam por um ovo ao dia, mas pode acontecer de botar dia sim, dia não.
PROBLEMAS QUE PODEM OCORRER NA POSTURA:
– Ovo preso ou atravessado: percebe-se quando a fêmea fica ofegante no fundo da gaiola, arrepiada e de olhos fechados – sinais de sofrimento – e a postura dos ovos atrasa. Tome providência urgente: há risco de vida. Ponha a ave sobre uma bolsa de água quente (com 25 a 28 graus), por duas horas, e pingue uma gota de glicerina na cloaca. A cada 15 minutos, dê soro caseiro com um cotonete próximo ao bico, para ela sugar. O soro é feito com 200 ml de água, duas colheres rasas de açúcar (das de chá) e uma colher do sal (das de café). Se o ovo não sair, leve logo a ave ao veterinário.
Outras alternativas para este problema seriam seguir algum dos dois passos abaixo, que desmontarei através de textos de dois criadores:
1º) Escrito pelo criador Álvaro Blasina em 06/10/2003
O tema é muito interessante, pois a cria está começando e os casos de ovos presos acontecem com relativa freqüência. Me permito emitir a minha opinião sobre o procedimento nesses casos. O ovo preso se deve a uma interrupção no normal fluxo do mesmo pelo oviduto. Assim sendo, por alguma causa fisiológica, a casca fica colada na parede do oviduto, de tal forma que não consegue fluir normalmente, a canária não consegue botar e acaba sucumbindo. O uso de vapor de água é inócuo, pois não se trata de aumentar a dilatação. O uso de óleo lubrificante pode até ajudar, mas na maioria das vezes não consegue o objetivo. Quebrar o ovo então em 90% dos casos é fatal. Se a casca trincar, ou vazar o conteúdo para dentro do oviduto, é infecção na certa e a morte é segura. O método que mais funciona por incrível que pareça, é o de tentar mecanicamente desprender a casca do ovo preso, da parede do oviduto. O sistema que irei descrever parece inacreditável, mas foi me passado muitos anos atrás, e pude comprovar a sua eficácia na minha criação e com inúmeros amigos que me pediram ajuda em circunstâncias similares. Coloque a canária dentro de uma lata ou vidro, tampe e ponha no chão para girar, de um lado para o outro, várias vezes. Isto fará com que a canária girando, e a clara se deslocando, faça a força necessária para que mecanicamente o ovo se desprenda. Retire a canária da lata, e coloque no ninho. Como por arte de mágica, em poucos minutos irá botar e ficará como se nada tivesse acontecido. O processo da cria continuará normalmente, isto é, botará os outros ovos, chocará, etc. etc.
Alguns ficarão céticos quanto a este procedimento, como eu fiquei quando me foi indicado, mas ele tem um altíssimo grau de sucesso.
2º) Escrito pelo criador Gilson Ferreira Barbosa
CÓPULA E PROSTRAÇÃO
De alguma forma todos os criadores um dia enfrentarão problemas relacionados à postura de ovos por parte de suas matrizes. Em última estância, enfrentarão situações de dúvida em relação à cronologia que envolve o período que vai desde a cópula até a postura. Via de regra este período varia provocando incertezas quanto ao momento da postura, quando devemos interferir e como fazer esta interferência. O criador precisa a princípio adquirir conhecimentos mínimos do que está acontecendo no interior do sistema reprodutor enquanto observa externamente o comportamento e sintomas apresentados pela fêmea. O relacionamento entre o observado externamente (sintomas) com o interno oculto é fundamental para uma tomada de posição frente a uma retenção de ovo por parte da fêmea.
Antes de descrever o método pelo qual o criador fará a intervenção, julgo indispensável à obtenção de um diagnóstico do problema com extrema precisão, para tanto, o criador em espacial os principiantes, precisam adquirir os conhecimentos necessários à produção do “Diagnóstico Diferencial” e comparativo com situações de normalidade.
– INDUÇÃO DA POSTURA (MÉTODO DA IMPULSÃO EXTERNA)
Decorridas 24 horas da cópula ou 72 horas como limite máximo, cabe-nos observar se a fêmea apresenta tristeza acentuada, geralmente acompanhada de respiração ofegante, plumagem grossa (embolada), e se estiver sobre o fundo da gaiola não reagindo a ser colhida com a mão, em caso afirmativo, trata-se de caso clássico de Retenção de Ovo. Este diagnóstico não falha. Os sintomas poderão ocorrer na postura do primeiro ovo, no entanto temos verificado o problema também na postura do segundo, (Caso da casca mole é mais freqüente no segundo ovo). Ocorre ainda na postura de um só ovo que pode ser mole, ou, duro avantajado.
Constatado o quadro descrito a cima colocamos imediatamente em prática o método da Impulsão Externa que consiste no seguinte.
1°) Passo: Colhemos a fêmea cuidadosamente com a mão direita (devemo-nos acercar de todos os cuidados para que a enferma não se debata nem alce vôo de nossas mãos) colocamos de costas sobre a palma da nossa mão esquerda de forma que o dedo médio faça o apoio nas costas e com o dedo indicador e anular da mesma mão prendam suas asas garantindo-nos uma boa contenção. (se não dispor desta habilidade manual solicite ajuda a terceiros). Ver fotografias abaixo.
2°) Passo: Com a mão direita livre, utilize as extremidades dos dedos indicadores e anular para localizar o osso externo do peito “Quilha” e, deslocando-o em direção ao anus encontramos a cavidade abdominal logo abaixo das costelas, esta parte da ave é desprovida de ossos e suavemente deslocamos os dedos ligeiramente abertos sobre os intestinos buscando manter sempre a simetria do abdômen em relação a linha definida pelo osso externo, ai aplicamos nesta área leve pressão em direção ao orifício anal, podemos mediante a sensibilidade das extremidades do dedo localizar o ovo por apalpação e determinar quantos são e a condição de casca se mole ou dura.
Efetuamos mediante a constatação por apalpação com as extremidades dos dedos movimentos lineares dotados de leve pressão que vão do osso externo até o local aonde se encontra alojado o ovo. Ao sentirmos o ovo sob os dedos saberemos o grau de dificuldade para expulsá-los, pois, se a casca for mole a dificuldade esta na constrição dos músculos do oviduto que deformando-o impedem-no de sair. Se a casca for dura a dificuldade será pela pressão bipolar exercida pelos músculos constritores, logo que tenhamos conhecimento da situação quanto ao tipo de casca procederemos de maneira diferenciada.
3°) Passo: Se o ovo possui casca mole (caso documentado com fotografias e anexado) podemos efetuar uma pressão maior com as pontas dos dedos indicador e anular até encontrarmos a extremidade vértice do ovo, (procedendo desta forma não corremos o risco de exercermos pressão sobre o ovo o que fatalmente o romperia) neste ponto efetuamos movimentos delicados de pressão que irão estimular, ou mesmo substituir as contrações e ajudar a impelir o ovo através do oviduto até o orifício anal. Como podemos verificar o processo é demorado, então precisamos intercalo-lo com instantes de descanso o que provoca muitas das vezes uma retomada das contrações por parte da fêmea e geralmente a postura ocorre durante o período de descanso. Caso contrário, retomaremos as pressões anteriormente descritas, intercalando-as com períodos de descanso até que se verifique o surgimento de um ponto branco que crescerá à medida que o método se desenvolve até o surgimento de boa parte da coroa do ovo, neste momento mediante o uso de uma seringa dotada de agulha grossa e sem ponta (agulha de uso bovino) efetuamos uma punção de todo o conteúdo do ovo e em seguida puxamos a sua casca membranosa e vazia com a ajuda de uma pinça finalizando desta forma todo o processo, a fêmea em dois dias estará totalmente recuperada, no entanto é recomendável coloca-la por algumas horas em local aquecido para recuperar-se.
Se o ovo possui casca dura o processo é o mesmo, devemos apenas tomar o cuidado de não efetuar pressão sobre o ovo e sim sobre a sua extremidade vértice em direção a sua saída, é necessária tranqüilidade e concentração durante todo o processo que deve ser intercalado por descanso até atingirmos o objetivo. A segurança do executor do método é fundamental, deve repousar no fato de ter adquirido todos os conhecimentos necessários à prática do mesmo, pois não há lugar para insegurança ou vacilo, iniciado o processo devemos ir até o fim. Em alguns casos a postura pode ocorrer logo após a massagem, para tanto o ovo deve deslocar-se até a cloaca.
Acreditamos que a divulgação do método descrito não se constitui novidade entre os criadores de pássaros que já os praticam há décadas, no entanto o criador iniciante encontrará ao seu dispor as informações necessárias e capazes de salvar a vida de várias fêmeas em reprodução. Observar conjunto de fotografias abaixo.
Autor Gilson Ferreira Barbosa gilsonferreirabarbosa@hotmail.com
– Postura fora do ninho: a ave inexperiente ou intranqüila pode pôr ovos dentro do comedouro ou botá-los do poleiro. Ponha embaixo algo para amortecer (um saco plástico recheado com papel, por exemplo). Retire o ovo posto errado e introduza um ovo artificial no ninho para ver se a ave aprende qual á o lugar certo da postura. Guarde os ovos verdadeiros até ela adotar corretamente o ninho ou passe-os a uma ama-seca.
14.OVOS E CHOCA
O número de ovos de cada postura varia entre quatro e seis, e cada canária choca quatro vezes por ano, podendo tirar até 20 filhotes por temporada. Mas antes de o pássaro chegar a ser adulto, o ovo precisa ser fecundado, botado e chocado. O embrião, por sua vez, deverá se desenvolver bem e sair do ovo, quando o momento chegar. Além disso, os primeiros dez dias do filhote são críticos, devido à fragilidade dele.
VERIFICAÇÃO DOS OVOS:
Passada a metade do período da incubação, examine os ovos para saber se estão fertilizados. O ovo com embrião perde o brilho e, na frente de uma lâmpada (ovoscopia), é opaco em sua maior parte. Mesmo que apenas um ovo esteja fertilizado, mantenha pelo menos três no ninho. Se nenhum ovo tiver condição de procriação, retire todos e poupe a fêmea do choco inútil. Ovos não Fertilizados são brilhantes e, contra a luz, ficam amarelados transparentes. Se o ovo for posto contra a luz e ficar cinza-escuro é porque o embrião está deteriorado.
PROBLEMAS COM OS OVOS:
– Ovo não fertilizado: mais comum na primeira postura do ano. Ocorre também quando os reprodutores são jovens ou velhos demais, se o casal não se der bem e se fizer frio demais (menos de 15 graus). Falta de vitamina A, D e E, principalmente E, e doenças como a mycoplasmose,reduzem a produção de espermatozóides e a fertilidade do macho.
– Ovo sem casca ou com casca fina demais: a causa costuma ser deficiência de cálcio. Corrige-se misturando farinha de ostra na areia, meio a meio, ou oferecendo osso de siba ou pedra de cálcio.
– Ovo comido: havendo deficiência nutricional (de proteína ou de minerais – cálcio e Fósforo), corrija-o. Se for o macho quem bica os ovos, retire-o. Quando é a Fêmea a responsável pelas bicados, substitua os ovos por artificiais. Se ela persistir, afaste-a da criação ou faça um buraco no fundo do ninho (diâmetro de dois a três centímetros), costure um saquinho (quatro a cinco centímetros de profundidade), recolha os ovos e os dê para chocar a uma ama-seca.
– Excesso de ovos: há um limite na quantidade de ovos que a ave consegue chocar com sucesso. Se ela botar mais que isso, convêm passar o excesso a uma ama-seca. As identificações dos ovos distribuídos podem ser feitas com uma caneta hidrográfica, de ponta macia. Ao eclodir, marque com ela o dorso do filhote e quando emplumar tinja as penas dorsais com ácido pícrico.
– Ovo deformado, pequeno ou grande demais: típico da última postura do ano e do final da vida reprodutiva da fêmea.
PROBLEMAS COM O CHOCO:
– Falta de instinto materno: Pode ocorrer que alguma fêmea não seja boa mãe, mas a espécie em geral o seja. Nesse caso, o ideal é o uso de uma ama-seca da mesma espécie.
– Falta do choco por susto: evite espantar a fêmea. Controle o barulho perto dela (de cães, crianças etc.) e evite manejo excessivo bem como mudanças de tratador. Apagar a luz com a ave fora do ninho dificulta a sua volta, no escuro.
– Só um ovo para chocar: favorece acidentes. Para evitá-los, adicione dois ovos artificiais. O ovo verdadeiro ficará mais aquecido quando a fêmea sair do ninho. O filhote terá pontos de apoio para se proteger do peso da mãe, que pode asfixiá-lo e deformar as pernas dele.
– Remanejamento de ovos: para que não haja disputa de alimentos entre diferentes tamanhos de filhotes, o ideal é que na medida que os ovos forem postos, retire-os quando a fêmea sair do ninho. Pegue-os com uma colherinha limpa – nunca com a mão para não contaminá-los – e substitua-os, no ato, por ovos artificiais. Ponha-os deitados em um vasilhame aberto, forrado com algodão ou lenço de papel, em local fresco e arejado. Para a gema não colar na casca, gire os ovos com a colherinha invertendo a posição duas vezes ao dia. Na época de clima muito seco, umedeça o ninho. Assim que terminar a postura, para a choca n
Escrito por Michele da Cunha P. H. Rodrigues, em 29/11/2003
Parabéns! sem sobra de dúvidas otimo artigo muito bem detalhado e esclarecedor, lí ja por tres vezes e cada vez aprendo mais sou louco pelo nosso Canario da Terra, e aproveitar e pedir aos criadores mais experientes para tambem se integrarem a esse modelo informativo que com ceeteza vai nos ajudar muito, falo por mim que sou iniciante, mais uma vez parabéns nota 10.