Cruzamento entre primos ameaça a extinção
Cuidado com a consanguinidade
Cruzamento entre primos ameaça de extinção espécies amazônicas
A construção de estradas, barragens e pastos, dividindo a floresta em ilhas, está ameaçando de extinção espécies amazônicas. Isolados, animais e plantas de um mesmo grupo cruzam entre si, trazendo problemas genéticos. O aviso parte da pesquisadora Vera Almeida Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Assim como ocorre com seres humanos, a reprodução entre parentes próximos pode causar doenças genéticas. Além disso, o cruzamento entre primos faz com que as espécies fiquem muito parecidas, perdendo a variedade. O perigo desse fenômeno, segundo Val, é que deixam de existir indivíduos fortes e fracos, altos e baixos etc.
Como os animais e plantas ficam todos iguais, uma mínima alteração no ambiente pode matar todos eles, pois não haverá indivíduos mais resistentes. A extinção é causada porque se chega a um grau de especialização tão grande que qualquer alteração mata, diz a pesquisadora.
Erosão genética – Entre os cientistas, o fenômeno é conhecido como erosão genética ou perda da variabilidade genética. Val explica que o problema ocorre principalmente com espécies que correm risco de extinção, quando há poucos indivíduos na natureza. Na Amazônia, um dos animais expostos a esse risco é o peixe-boi. Entre as plantas, o mogno é um dos candidatos a desaparecer. Ambas as espécies foram exploradas além do limite, e hoje têm uma população pequena.
Segundo a pesquisadora, quando a separação de espécies se faz por barreiras naturais, como o surgimento de montanhas ou a separação de continentes, ela pode ser positiva, pois com o tempo acabam surgindo espécies diferentes. “Mas no caso de populações naturais onde o homem está impondo barreiras, estamos provocando perdas da variabilidade genética”, explica.
As pesquisas de Vera Val serão apresentadas durante o encontro regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), que começa em 17 de março, em Tabatinga (AM). (Fonte: Iberê Thenório/ Globo Amazônia)
Escrito por Iberê Thenório , em 12/3/2009