FUNAI proíbe artesanato vindo de animais silvestres

Alega que está associada ao tráfico e matança

A Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu a venda de artesanato produzido pelos índios a partir de animais silvestres. A lista dos objetos proibidos inclui penas de araras, couro de jacaré, cascos de tartaruga e dentes de macaco, entre outros, até mesmo partes de animais que não estão em extinção. Ao assinar a portaria que restringe o comércio deste tipo de artesanato, o presidente da Funai, Mércio Gomes, alega que esta atividade está associada ao tráfico e matança de animais silvestres na Amazônia. As novas regras valem também para as peças aprovadas pelo Programa Artíndia, da Funai, que eram vendidas na loja de artesanato da instituição e que já foram recolhidas dos estoques.

A Divisão de Repressão aos Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Polícia Federal, já começou a reprimir a venda de artesanato indígena ilegal. Os agentes estão promovendo batidas policiais nos principais lojas. Em maio, as ações policiais em cidades da Amazônia, no Distrito Federal, na Bahia e em São Paulo prenderam 11 pessoas. Mais de mil peças foram apreendidas e estão em análise. Plumas, penas, ossos, dentes e garras de inúmeros animais despertam interesse de comerciantes no Brasil e no exterior. Muitas vezes dezenas de animais são mortos para a confecção de uma única peça.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) reclama que a proibição do artesanato deveria ser melhor discutida antes de ser decretada. O coordenador da entidade, Jecinaldo Sateré-Maué, concorda com a importância de proteger a vida silvestre, mas explica que o artesanato indígena está ligado a tradições culturais que passam de geração a geração e precisam ser respeitadas.

Revista Horizonte Geográfico

Escrito por Revista Horizonte Geográfico, em 24/6/2004