O mudo da muda

Não escuto nada

José Filho escreveu em 7/2/200654

O MUDO NA MUDA

Hoje acordei mais triste

Levantei com a pulga atrás da orelha

Andei pela casa procurei pelos cantos

No entanto nada encontrei

Procurei pelos cantos

No entanto nada vi

Procurei pelos cantos

No entanto nada escutei

 

Hoje me peguei mais só

Procurei companhia pra desabafar

Andei pelos cantos que não encontrei

Olhei pelos cantos que nada vi

Solitário e triste o silêncio bateu

Bateu em silêncio que nem enxerguei

Cantei pelo bico num assovio

Assoviei um canto de curió

 

Hoje a brisa é mais fria

Sombria e nebulosa é a nuvem que paira

São só penas que voam

Flutuam porta a fora invadem a casa

Farinhadas broas suspensas engordam

Unhas enrolam bicos descascam

Bichos se isolam aos bandos se calam

Não se falam nem se olham na cara

 

Hoje acordei mais triste

Hoje me peguei mais só

Hoje a brisa é mais fria

Inbernação tristeza silêncio

Hoje é o primeiro dia

Do início da muda do meu curió

 

Autor: José Filho A Lima

Escrito por José Filho, em 7/2/2006