Projeto Banco Genético

Manejo de Fauna em Cativeiro

Situação atual manejo fauna nativa em cativeiro:

Centro de Triagens:

Análise:

a) não há acomodações adequadas para as aves;

b) quantidade excessiva de aves em cada viveiro, e/ou falta de tratamento individualizado;

c) mistura de espécies de diferentes tamanhos provocandogrande estresse nas aves;

d) grande risco de contaminação por doenças infecto-contagiosas;

e) manejo inadequado de acordo com o comparado às técnicas mais avançadas;

f) grande desperdício, pois essas aves poderiam ser melhor aproveitadas, seja para a soltura, ou mesmo para a criação em domesticidade;

g) não se sabe ao certo a origem e a procedência dessas aves que não passam por nenhum tipo de catalogação;

h) há nos locais referidos muitas aves anilhadas, que na maioria das vezes, acabam morrendo. Estima-se que falta bom senso. As respectivas aves deveria ficar o- obrigatoriamente como depositários e responsável até regularização do problema ou se dar uma destinação adequada às aves;

i) quando da apreensão, o transporte e meios de contenção sã o inadequados , havendo demora na liberação das aves pelas autoridades policiais.

Em resumo, pode-se afirmar que os Centros de Triagem que existem hoje funcionam como verdadeiros “Centro de Torturas”, é altíssimo o índice de contaminação e mortandade, um prejuízo irrecuperável para a nossa avifauna, com a agravante de ser praticado por entidades públicas que tem a obrigação e a responsabilidade de bem cuidar das aves nesta situação.

2 – Não há controle sobre a aves criadas em domesticidade, e se há é muito empírico. Os Clubes e as Federações não tem como informar com efetiva clareza quando solicitados; a dispersão é grande pois eles são muitos e de todas as partes do Brasil e falta uma organização nesse sentido.

3 – Na criação em domesticidade os criadores muitas vezes não tem a preocupação em manter as espécies e subespécies “em pureza”, fundamental para a preservação ou futuro repovoamento, principalmente daquelas que correm maiores riscos de extinção. A preocupação maior e agregar ao pássaro criado valores relacionados a canto ou mesmo mutações e hibridismo, pois há um maior interesse, como é normal, na comercialização.

4 – Tem-se uma deficiência de capacitação profissional nesse setor, são poucas as pessoas realmente em condições em desempenhar um manejo adequado para as espécies em criação. Os Criatórios Comerciais, por necessitarem de uma manejo de permita alta produtividade de filhotes, estão desenvolvendo técnicas das mais avançadas, se comparadas aos outros criadores que muitas vezes não tem compromisso com a reprodução. Possuem tratadores que são treinados, assistência veterinária sistemática e tudo o mais que se exigir. Todavia, a maioria dos que praticam a criação se vale do empirismo e da experiência dos mais antigos. Quanto os ditos preservacionistas, o processo é o mesmo. Na realidade por não terem compromisso com a reprodução funcionam com depositários ou mantenedores das aves.

5 – A Polícia Florestal está mal treinada e totalmente desequipada no que se refere aos meios de contenção, transporte e manejo inicial da fauna apreendida. O transporte inadequado e o manejo deficiente acabam acelerando o processo de estresse; sendo esse um dos fatores responsáveis pelo aumento da mortandade.

6 – Há pouca divulgação de dados referentes às características e técnicas de manejo e suas respectivas técnicas de manejo. As publicações existentes, normalmente restritas aos órgãos de pesquisa, não chegam aos interessados.

PROVIDÊNCIAS A SEREM TOMADAS

a) necessidade de treinamento dos componentes do policiamento florestal;

b) aquisição de VTR; adaptando-a como carro resgate, contendo todos os materiais destinados ao transporte adequado aos primeiros socorros e maior rapidez e eficiência do atendimento;

c) entendimentos com os órgãos policiais para liberação das aves com a maior rapidez;

d) quando da apreensão, quem a efetue deverá levantar dados importantes, como segue:

1) espécie e idade das aves:

2) origem das aves;

3) região de sua procedência;

4) qual o tempo de cativeiro; e

5) situação de saúde, fome e sede.

e) melhoria das instalações dos centros existentes;

f) estudo visando uma melhor utilização desses locais que poderão ser transformados em centros regionais de pesquisa e subordinados e supervisionados por um controle externo mais efetivo no que diz respeito a uma melhor acomodação e saúde das aves apreendidas.

 

PROPOSTAS

 

1 – Criação de um Banco Nacional de Dados com o seguinte conteúdo:

a) Cadastramento de todos os criatórios da fauna nativa existente

País; conservacionistas, comerciais, associados a Clubes;

b) Controle efetivo das espécies e subespécies criadas em domesticidade;

c) Manejo utilizado para cada espécie;

d) Controle de todos os espécimens apreendidos e respectiva destinação;

e) Soltura das aves em sua região de origem, o mais rápido possível e de forma monitorada;

f) Levantamento periódicos para verificação das espécies que venham sofrendo maior pressão e quais as razões (caça predatória, degradação do meio ambiente ou uso de agrotóxicos);

g) Reprodução do maior número possível de espécies em domesticidade visando a formação de um Banco Genético;

h) Incentivo a criação diversificada de espécies;

i) Orientação aos Clubes no sentido da incrementação de publicações relativas a técnicas de manejo e melhoramento genético.

 

Criatórios Conservacionistas:

Esse modalidade de criação e a legislação pertinente que regula suas atividades devem ser revistas, pois a sua grande maioria, na realidade, não tem nenhum compromisso com a reprodução e estão funcionando como mero depositários de animais. Como eles não podem comercializar os bichos, não tem meios para manter e custear todos os animais de forma adequada.

Todos criatórios exigem um custo muito elevado na sua manutenção e a sobrevivência de qualquer organização ao longo do tempo está muito ligada a auto-sustentação. A transformação desses criatórios em comerciais tornaria a atividade mais transparente, além de promover a arrecadação de dividendos para sustentáculo desses criatórios, além de gerar empregos, riquezas e divisas.

Evidentemente, caberá ao IBAMA determinar as espécies destinadas a comercialização e as que deverão ser destinadas à criação em cativeiro, objetivando a formação de um Banco Genético para preservação (CITES 1 e 2). Essas aves somente poderão ser repassadas para criatórios que façam parte do Banco Genético.

 

Central Nacional de Estudos e Pesquisas sobre Aves Nativas do Brasil

 

Atribuições:

 

a) Desenvolver de técnicas de manejo em domesticidade;

b) Desenvolver técnicas de reprodução;

c) Aprimorar geneticamente as espécies;

d) Promover suporte par Cursos de Especialização, mestrado e pós-graduação através de convênios com Universidades;

e) Promover cursos técnicos de manejo de fauna – nível médio;

f) Promover cursos de capacitação de tratadores e criadores;

g) Criação e manutenção de um Banco Genético de espécies “em pureza”;

h) Publicações de caráter técnico científico destinadas a especialistas e criadores;

i) Assessorar os criadores sobre técnicas de manejo;

j) Repassar aos criadores matrizes devidamente cadastradas no Banco Genético;

k) Controle das aves criadas em domesticidade a nível nacional;

l) Sexar todas a aves relacionadas;

m) Efetuar exame de DNA das aves;

n) Coletar informações técnicas de manejo desenvolvidas e praticadas por criadores

o) Manter biblioteca especializada;

p) Utilizar métodos adequados destinados a criação de aves para introdução/repovoamento na natureza;

q) Controlar todas as atividades desenvolvidas pela Central; e

r) Elaborar relatório anual sobre a criação de aves nativas em domesticidade em todo o País.

PROCEDÊNCIA DAS AVES DESTINADAS À PESQUISA E CRIAÇÃO
1 – Utilizar aves anilhadas e legalizadas provenientes de criadores cadastrados e que participem do Banco Genético;

2 – Selecionar aves apreendidas provenientes de Centro de Triagem; e

3 – Coletar na natureza mediante autorização do IBAMA e quando se fizer imperiosamente necessário para a montagem do Banco Genético.

 

BANCO GENÉTICO – razões

1 – fundamental para que se possa preservar as espécies e subespécies de aves existentes à fauna brasileira;

2 – permitirá um estudo mais apurado de nossas aves, em especial no que se refere a seus hábitos, desenvolvimento de técnicas de manejo que poderão ser empregadas na criação em domesticidade e mesmo na natureza;

3 – possibilitará a introdução na natureza de exemplares que correm riscos de extinção;

4 – os criatórios que farão parte de Banco Genético, deverão ser cadastrados e aprovados após vistoria da Central e do IBAMA, de acordo com a legislação vigente, devendo o criador ser submetido a estágio ou curso referente à espécie a ser criada;

5 – as aves que farão parte desse Banco Genético deverão ser devidamente sexadas, identificadas através de anilhas/microchip e submetida a exame de DNA;

6 – os participantes deverão assinar um Termo de Responsabilidade , onde constará o número mínimo de exemplares de cada espécie a ser mantida pelo respectivo criador;

7 – os demais exemplares (excedentes) deverão ser colocados em disponibilidade ou comercializados, exceto aqueles mencionados na item 3 acima;

8 – dar-se-á, em princípio, preferência as aves de estejam correndo alto risco de extinção, para em seguida em escala gradativa atingir todas as demais espécies;

9 – as aves ameaçadas de extinção somente poderão ser repassadas ou vendidas a criadores que se proponham a aderir à filosofia do Banco Genético até que se atinja o mínimo de 500 casais, podendo os exemplares excedentes serem vendidos a outros criadores após parecer do Centro de Pesquisa e autorização do IBAMA, em cada caso, devendo constar da ficha individual das referidas aves;

10 – O Centro, de acordo com solicitação dos órgãos governamentais poderá fazer uso desse Banco Genético para introdução/repovoamento de espécimens na natureza. Em caso de real necessidade os exemplares a serem soltos serão requisitados dos criadores, sendo que o montante dessas aves não poderão exceder 10% das aves criadas por eles na temporada;

11 – Os criatórios pertencentes ao Banco Genético terão assistência técnica e veterinária que serão prestadas pela Central, gozando um desconto de 50% referentes a taxa cobrada, de acordo com tabela a ser elaborada; e

12 – A desistência do criador em participar do Banco Genético implicará na indisponibilidade das aves até que o IBAMA cadastre e credencie outro criador.

Obs.: Apesar da existência de medidas governamentais visando o combate à caça predatória, nota-se que a fauna brasileira continua a sofrer grandes baixas no número de exemplares existente na natureza, agravado pela ocorrência de fatores com a destruição de habitat natural e uso indiscriminado de agrotóxicos, incêndios criminosos, etc….

A publicação do PROBIO, recentemente pela Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, comprova essa afirmação em relação ao Estado de São Paulo onde verifica-se uma grande população de muitas espécies de aves praticamente extintas e outras correndo grande risco de extinção. Esse fato, provavelmente está acontecendo e todo o País.

No caso de as atuais práticas insustentáveis de uso da terra continuarem, não é difícil prever que dentro de poucos anos, no máximo nos próximos 50/100 anos mais da metade de todas as espécies que vivem atualmente serão perdidas (Myers, 1981, Simboloff, 1986, May 1988/90 e Wilson, 1988). Essas afirmações, por sí só, justificariam a criação dessa Central e do Banco Genético, extremamente necessários à preservação das espécies das aves brasileiras.

 

PROJETO DA CENTRAL

Deverá ser elaborado dentro da legislação vigente em parceria com os órgãos governamentais envolvidos no contexto do meio ambiente, especialmente o Ministério do Meio Ambiente, representado no caso pelo IBAMA.

Criação de um grupo de trabalho para elaboraçao do Projeto:

Componentes

1- Representante do IBAMA;

2- Representante do Entidade financiadora;

3- Representante dos criadores – passeriformes;

4- Representante dos criadores – não passeriformes;

5- Representante dos Clubes;

6- Veterinário especializado em fauna nativa;

7- Biólogo geneticista;

8- Jurista especializado em meio ambiente;

9- Zootecnista especializado em fauna nativa;

10- Representante de Centro de Triagem;

11- Representante de Zoológico;

12- Representante da Polícia Ambiental;

13- Outros, caso necessário.

Setores da Central –

a – Conselho Técnico – para apreciação, deliberação e aprovação das atividades desenvolvidas a nível de pesquisa e manejo das aves.

b – Conselho Administrativo – para apreciaçào e aprovação de todos os atos administativos ocorridos, bem como aprovação de verbas destinadas a execução de projetos a serem desenvolvidos pela Central;

c – Departamento Jurídico;

d- Departamento Educacional;

e – Departamento de Publicações Técnico-Científica;

f – Departamento de Informática;

g – Departamento de Triagem e Quarentena; e

h) Departamento de Marcacão e DNA.

Plano Nacional de Manejo Sustentável

A ser desenvolvido pela Central e pelo IBAMA, visando dar condições de auto-gestão à fauna brasileira , através do incentivo a implantação de criadores comerciais , permitindo a respectiva comercialização legal de aves nativas.

Criação Comercial – vantagens

a) Diminuição da pressão a que estão sujeitas as aves silvestres em razão da caça predatória;

b) Condição de geração de centenas de milhares de emprego diretos e indiretos;

c) Domínio do manejo em domesticidade e de sua aplicação na natureza, quando necessário;

d) Possibilidade da manutenção de espécies e subespécies, mesmo aquelas praticamente extintas na natureza; e

e) Geração de tributos para o erário.

 

Desvantagens;

a) Preço elevado por falta de concorrência.

TOPICOS A SEREM DESENVOLVIDOS:

 

a) Estrutura necessária ;

b) Equipamentos;

c) Tipo de parceria com orgãos governamentais e Universidades;

d) Mão de obra;

e) Custo de Implantação;

f) Custo de Manutenção;

g) Recursos para Manutenção e Subsídios.

 

Escrito por Dércio Fernandes, em 2/9/2003