Viagem a Florianópolis

Comboio das Muambas

Escrita em 28/10/2003 às 23:53

Bem amigos, partimos de Brasília eu e o Jair Bonfim na quata-feira, 10/12, com destino a Florianópolis/SC, mas antes tive que passar em Ribeirão Preto para pegar um “mala”, quer dizer o nosso Mestre Aloísio que já nos esperava com a sua mala pronta, então partimos para São Paulo (capital) indo direto para o Viveiro do Magela, lá pude apreciar a diversidade de pássaros que ele cria, inclusive vi o filhote de Rouxinol do Rio Negro, um espetáculo a parte, além de uma infinidade de caboclinhos. Logo juntou-se a nós o “meio-japonês”, vulgarmente conhecido como Fuji, seguimos então para o Criatório Sol Nascente, nossa pousada em SP (mas deixei o “mala” no Magela), após uma rápida olhadela no criatório, pois já estava noite, seguimos para um tradicional restaurante onde são levados todos os visitantes do Sol Nascente, a churrascaria do Extra, após farto jantar voltamos a nossa pousada para uma noite de muito papo e troca de informações sobre nossos pássaros. Ao amanhecer conhecemos o fiel escudeiro (na verdade quem sabe tudo é ele) do Fuji, o Fleury, que cuida com muito esmero do criatório, conhecendo todos os pássaros nos seus mínimos detalhes. Ainda pela manhã seguimos, juntamente com Vilmar, Fuji, Magela e Aloísio para o criatório do Ceará (Jader Amorim) em Santo André, onde pude literalmente babar com um quinteto de bicudos pardos cantando Goiano com perfeição e repetindo um absurdo, destaques para Kaká, Espanto e Sem Jeito, além do Mestre Fantasia, todos com o canto do Batuque, está mais que de parabéns o Ceará e o João Preá que cuida do criatório.

Aloísio fez o registro em gravação de alguns dos pássaros e eu aprendi alguns novos conceitos p/ criar bicudos com este canto. Depois ainda juntou-se a nós o Edílson da Revista Passarinheiros. O Vilmar finalmente “pagou” o almoço de campeão do Rio Branco na casa do Ceará (ou Ceariba como ele mesmo fala). De lá partimos para o criatório do Firmino em Taboão da Serra, podendo apreciar os flautas Dunga, Dunguinha, Zangado e Presente, passando pela caso do Mário que era o aniversariante do dia.

À noite fomos jantar em um restaurante Chinês onde estavam: Stênio, Paulo Rui, Firmino, Mário, Fuji, Magela, Aloísio (uma roda de bamba), eu e Jair, conversamos muito e Aloísio contou a história do pai do Rio Branco, hoje com nome de Pirulito, mas conhecido em Brasília como Ping, esta história encantou Paulo Rui e Stênio. Retornamos para o criatório Sol Nascente onde o Fuji reservou um “maravilhoso” sofá para o Mestre Aloísio dormir, ao amanhecer já tinha fisioterapeuta p/ fazer a “recuperação” no nosso Mestre. Logo chegou o Alemão, Hans e seu filho Eric, formando o COMBOIO DAS MUAMBAS, eu não escapei como o carro estava meio vazio o proprietário da Kangoo das muambas entupiu o meu carro com algumas mercadorias.

Fim da nossa primeira escala em SP, seguimos p/ Floripa com muita animação. Há uns 160 km de Florianópolis o carro do Hans queimou a junta do cabeçote, rapidamente o Fuji arrumou um mecânico enquanto eu segui levando o Alemão e o Eric, umas duas horas depois chegaram Fuji e Hans que teve que deixar o carro arrumando, buscando-o no sábado pela manhã. No Hotel já estavam muitos companheiros como: Catarino de Belém, Thales e Lobo do RJ, Waldir, Flávio e Guiomar de GO, além de uma turma grande do RS.

Após o jantar conversamos muito com nossos companheiros Dirço Amaral e Diego. Na manhã de sábado seguimos, juntamente com Cláudio Steenhagen e sua esposa, para o Criatório Biguaçu onde encontramos o General dos Pampas, Ramatis, fazendo um delicioso churrasco, lá apreciamos os curiós de Canto Florianópolis, bicudos flauta e canários, onde o Dirço fez questão de nos mostrar todo o seu zelo na arte de criar pássaros.

A noite houve uma maravilhosa recepção na sede da SAC com muito arroz carreteiro, mas o principal foi encontrar e conhecer amigos, como o Frigo – ao lado do Dirço Amaral e Diego – que batalhou e sustentou o grande evento de encerramento dos Torneios da COBRAP. Presentes Clair (RJ), Marlon, Jorge Guerreiro, Wagner Trignelli e Heldemar (BH), Batista e Rafael (R.Preto), o Primeiro Comando do Curió – PCC, Joaquim e Romualdo Picinini, Marcelo, João Maia, Waldecy, Sr. Francisco Leão e agregado a eles o Júlio de Porto Alegre, e muitos outros companheiros que peco agora por não lembrar o nome. Amanhece um domingo chuvoso, mas calor da disputa aumenta a temperatura, nos curiós DANIEL, BARRACO, FIDEL, PANTANAL e ZICO estão na disputa do título. Nos trincas ANIMAL e ZANDONAIDE também brigam, mas foi na roda de bicudo que houve um verdadeiro ritual antes de irem para estaca JEQUITIBA, TORNADO e ARAGUARI, seus donos traçavam a estratégia que poderia lhes dar o título, mas pareciam galos se preparando para a briga fazendo voltas em torno da roda, no minuto final os três ficam quase que emparelhados e a disputa foi bonita até o final, um verdadeiro duelo de titãs. Parabéns aos legítimos campeões: Trinca-Ferro Animal; Curió Daniel, Bicudo Tornado. Mestre Aloísio foi nomeado Sargento (deixando de ser “mala”) especialista em gerência de crises pelo General dos Pampas, isto após conter alguns concorrentes mais exaltados na roda de trincas. Encerramos em Floripa o maior e legítimo Campeonato Brasileiro, o que nunca acontecera antes com nossos pássaros nativos, aqueles que se sagraram campeões detém um real título Brasileiro.

Chegada a hora de ir embora, a vontade de ficarmos juntos conversando sobre nossos pássaros era tanta que o Ramatis perdeu (de propósito) o ônibus, partindo somente na manhã de segunda juntamente com todos os outros companheiros. O comboio das muambas tinha que parar de 100 em 100 km, pois o carro do Hans apresentou um vazamento de óleo em um retentor, mas chegamos bem a São Paulo, lá pernoitamos no Criatório Sol Nascente onde o “maravilhoso sofá” esperava o nosso Mestre. Manhã seguinte descobrimos que criatório estava com uma reprodução enorme de um outro bicho que só o proprietário poderá falar, bem hora de arrumar o carro com toda muamba que comprei do Fuji, o carro veio literalmente lotado até o teto, quando pensávamos que não cabia mais nada, o Fuji dava um jeitinho e comprovamos mais uma coisinha, ainda almoçamos juntos Fuji, Aloísio, Jair e eu, fim do almoço o Fuji nos escoltou até a saída da Bandeirantes para ter certeza que estávamos indo embora, quanto teve esta certeza agradeceu aos céus com muito fervor. Seguimos p/ R, Preto onde pernoitamos no Criatório Lagopas, Muito bem recebidos pela Marcilene, esposa de nosso Mestre. Ao amanhecer peguei o Mestre meio “dormindo” e consegui fazer um “rolinho” com ele pegando duas filhotas de excelente linhagem para compor o meu plantel e espero na próxima temporada passar de mantenedor a criador de bicudos. Bem finalmente rumamos a Brasília chegando com satisfação de dever cumprido para a COBRAP.

Esta história daria um livro, faltaram muitos detalhes, mas não dá para escrever tudo aqui.

Parabéns ao nosso Mestre Aloísio que teve o carisma e o poder de unir os passarinheiros do Brasil neste campeonato, parabéns a todos os participantes e parabéns principalmente aos criadores que viram seu trabalho reconhecido.

Agora nos encontraremos em Ribeirão Preto no dia 01/02/04 para um grande torneio de comemoração, até lá e preparem-se para o campeonato de 2004, porque “o bicho vai pegar”.

Wellington Jesuino – Brasilia DF

Escrito por Wellington Jesuíno, em 20/4/2004