O Canto da Primavera
Ó sabiá, companheiro
O CANTO
DA PRIMAVERA
——-
Na Primavera paulistana, segundo minha percepção,
Nada mais marcante, no cenário seco ou chuvoso,
Do que o enigmático cantar, nostálgico e harmonioso,
Do sabiá-laranjeira, que toca a minha alma e o coração.
Ó sabiá, dono desse gorjeio que acorda a madrugada,
Que adentra o meu recinto, porta aberta ou fechada,
Tome assento, pegue carona nas pautas ainda vazias,
Plante claves e notas, revele o segredo de suas magias.
Ó sabiá, companheiro das insones noites primaveris,
O sol já vai alto, fogem na terra as sombras hostis,
A Cidade acordada recebe passiva a louca correria,
Que oculta seu canto, ora revelado em minha poesia.
Gorjeia, gorjeia, ó pássaro abençoado pelo Criador,
Seu canto é de Paz, apesar dos acordes cheios de dor,
Pequenos defeitos diante da grandeza da nossa missão:
Armados de partituras e rimas, calar a voz do canhão.
Alceu Sebastião Costa
28 de`outubro de 2007