Reunião em Ribeirão 04.05.08
Um recado aos passarinheiros
Companheiros
Como sei que muitos esperam ansiosamente o resultado da reunião da COBRAP em Ribeirão Preto SP, da qual participei, passo a relatar minha impressão sobre a mesma, e aquilo que como passarinheiro, tenho o direito de colocar, sendo que não posso falar pela COBRAP e das decisões lá tomadas, por não pertencer à diretoria da mesma.
1° Tive a convicção de que existe uma grande diferença entre os criadores de Bicudos e Curiós, e o dos Cacotri, (canários, coleiros, trincas, etc.) expressão esta que aprendi com o Vilmar, que no centro do Pais parece ser bastante usada, porem aqui no sul, ainda não tinha ouvido. Nada de pejorativo nesta diferença, mas na minha visão, nós amantes dos Cacotri, temos muito, a aprender com eles, e passo a citar porque.
Existe um percentual muito elevado entre estes criadores com o verdadeiro espírito da preservação. A criação domestica destas espécies, é sem duvida nenhuma a mais adiantada de todas. O trafico destas espécies é quase zero, pois em todas as apreensões que leio e vejo na mídia, não lembro de ter sido citadas estas duas espécies, e é simples entender o porquê, pois a criação atingiu tamanha qualidade que, pássaros nativos não têm valor algum para os criadores.
Obviamente também entendo que por serem aves que passaram a ser criadas há muito mais tempo, atingiram uma maturidade de criação mais cedo, exemplo disto, é que temos registros de que em 1952 já se realizavam torneios de curiós, ao passo que os de trinca, por exemplo, os primeiros registros datam de 1987, portanto, 35 anos separam estas espécies, em torneios e criação domestica.
Os trinca-ferro, em especial, são pássaros apaixonantes, pela sua bravura, desenvoltura, enfim, por todas as suas qualidades, e é um pássaro que nos seus 18 anos de criação doméstica, vem evoluindo até mais rápido que os curiós e bicudos. São pássaros de fácil criação, e uma ave de uma abundancia excepcional na fauna nacional, pois em qualquer capão de mato neste Brasilzão a fora, você encontra trincas na natureza, facilitando assim aos maus criadores e aos traficantes de aves agirem e deteriorando assim a imagem dos bons criadores desta espécie.
Passei, a partir desta reunião a ter certeza que nosso problema não é o IBAMA, que a cada normativa penaliza os bons criadores e que talvez inconscientemente empurre alguns para a clandestinidade, mas sim a OPINIÃO PUBLICA, que por não ter conhecimento da verdade, do espírito da grande maioria de preservação, nos marginalizam.
Quantas vezes ouvimos leigos tecerem o seguinte comentário “QUE PENA DO BICHINHO PRESO”, sem terem o mínimo conhecimento de que por terem sido criado em regime doméstico, se forem soltos, fatalmente morrerão. Mas nunca ouvimos o comentário do cachorro do vizinho que fica preso no canil muitas vezes sem água e comida uma vez por dia.
Portando, fiquei convicto e tenho certeza que todos que participaram desta reunião, também de que devemos, fazer uma cruzada em prol da divulgação da criação domestica de pássaros nativos legais. Pois nos foi apresentado um dado de que 19% da população brasileira, têm uma espécie de pássaro como animal de estimação, e somente com o apoio da opinião publica, e entre eles eu coloco, Promotores, Juizes, políticos, etc. é que poderemos num futuro próximo, discutir nossas propostas com o poder publico de igual para igual.
Criei em mim, uma certeza muito grande de que este desconhecimento da opinião publica é nossa maior inimiga e parceira das pessoas que radicalmente criam novas normas, dificultando cada dia mais nossa criação, pois mesmo que quiséssemos discutir na justiça algumas aberrações tidas por muitos juristas como inconstitucionais, correríamos o riscos de sermos julgados por pessoas que por desconhecerem a criação de pássaros e que movidas por um sentimento de dó, poderiam inconscientemente não julgar com a razão mas sim com a emoção uma suposta ação.
Portanto, é imprescindível que a partir deste momento, cada um de nós passe a assumir esta cruzada de, CONQUISTA DA OPINIÃO PUBLICA, conquistando, vizinhos, parentes, amigos, enfim, o maior numera de pessoas, para que num futuro próximo, todos entendam que criar é preservar e não um ato criminoso.
De resto, quero agradecer a pessoa do Aloísio pela dedicação que empenha a frente da COBRAP, pela forma incansável como se dedica, ao Rogério Fuji, um japa paraguaio brigão como eu, pela postura que vem assumindo ao longo do tempo, ao Allan Helber, mineirim quietim, inteligentíssimo, e grande parceiro, ao Miguel Tanamati que magistralmente conduziu a reunião na sexta à noite, ao Vilmar Fernandes da Febraps que tive o prazer de conhecer pessoalmente, e me encantou com suas brincadeiras e seriedade em relação aos passeriformes, ao Dr. Luis Antônio Brito pelas colocações feitas, enfim a todos que lá estiveram e afiançar de que esta reunião foi um marco histórico em prol dos criadores.
Abração
Joivile M. da Silva
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