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ONGs ambientais crescem 61%

Reflexo da preocupação com o tema

ONGs ambientais crescem 61% no País em três anos, diz IBGE

O número de organizações não-governamentais em defesa do meio ambiente e dos direitos dos animais cresceu 61% entre 2002 e 2005, quase três vezes a média nacional, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Isso pode estar refletindo a preocupação mundial com este tema”, afirmaram os técnicos da pesquisa.

De acordo com os dados, as Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (Fasfil) no País cresceram 22,6% no período, uma desaceleração no ritmo de expansão na comparação com o intervalo anterior – de 1996 a 2002 – quando houve alta de 157%. “Esses resultados sinalizam uma desaceleração no crescimento dessas instituições em todo o País”, comentam os técnicos.

Ainda segundo o documento de divulgação do estudo, embora o crescimento porcentual das entidades do grupo de religião (18,9%) tenha sido menor do que a média nacional (22,6%), em números absolutos elas estão entre as que mais cresceram. No período de 2002 a 2005, foram criadas 13,3 mil entidades que se dedicam a atividades confessionais (religiosas).

As instituições que prestam serviços de saúde, educação e pesquisa e de assistência social, com crescimentos mais modestos perderam, gradativamente, peso no conjunto das Fasfil. Em 1996, essas instituições representavam 22,9% do total e, em 2005, a sua participação caiu para 18,9%.

Distribuição – Em 2005, existiam 338 mil entidades sem fins lucrativos em todo o País. Segundo o estudo, a distribuição das Fasfil no território nacional tende a acompanhar a distribuição da população. Contudo, na Região Norte foram encontradas 4,8% das organizações contra 8% da população.

O tempo médio de existência dessas instituições era de 12,3 anos e o Sudeste abrigava 42,4% delas. Essas instituições são, em geral, de pequeno porte, e 79,5% (268,9 mil) delas “não possuem sequer um empregado formalizado”, segundo o documento de divulgação do IBGE.

Emprego – Em relação ao emprego, o levantamento revela que essas entidades empregavam, em 2005, 1,7 milhão de pessoas em todo o País, com salários médios mensais de R$ 1.094,44. Mais da metade deste pessoal ocupado assalariado das instituições (57,1%, ou quase um milhão), estava em instituições do Sudeste e, em especial, em São Paulo, que reunia 553,7 mil desses trabalhadores (32,4%).

A distribuição do pessoal ocupado assalariado “refletiu as diferenças na abrangência do atendimento e na complexidade dos serviços prestados”, segundo os técnicos do IBGE.

O grupo de entidades de educação e pesquisa, que representou apenas 5,9% total das instituições, concentrou 29,8% do total de trabalhadores. Esse fenômeno se repetiu na área de saúde, com 4.464 entidades em todo o País e 415 mil pessoas (24,3% do total desses trabalhadores).

Ainda segundo afirmam os técnicos do IBGE no documento de divulgação do estudo, “a forte presença de trabalho voluntário e informal pode explicar parcialmente porque 79,5% das instituições (268,9 mil) não possuem sequer um empregado formalizado”.

Em 2005, cada instituição tinha em média 5,1 trabalhadores. A média de trabalhadores assalariados nas instituições do Sudeste (6,8) é o dobro da média do Nordeste (2,9).

O estudo foi feito pelo IBGE em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), feito a partir do Cadastro Central de Empresas (Cempre). (Fonte: Jacqueline Farid/ Estadão Online)

Escrito por Estadão Online, em 8/8/2008

Obras na Amazônia põem espécies de aves em perigo

Avassaladora extinção

Mais oito espécies de aves da Amazônia poderão entrar para a lista de ameaçadas de extinção até 2020, caso as obras de infra-estrutura planejadas pelo governo federal sejam de fato implementadas na região. Outras oito serão severamente afetadas, com redução de pelos menos 50% na sua área de ocorrência, segundo um estudo publicado na revista internacional Conservation Biology.

O trabalho busca avaliar o impacto da construção de estradas, hidrovias, hidrelétricas, gasodutos, ferrovias e outras grandes obras de infra-estrutura sobre a biodiversidade de aves da Amazônia – o que serviria, também, como uma demonstração do impacto sobre a biodiversidade total da floresta.

As previsões são baseadas em um modelo de 2001, produzido pelo cientista William Laurance, do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais, que prevê um desmatamento anual adicional na Amazônia de 2.690 km2 (cenário otimista) a 5.060 km2 (cenário pessimista) em decorrência das obras.

Desde 2001, governos e políticas mudaram, mas os projetos continuam basicamente os mesmos. “Nenhum foi descontinuado”, diz a bióloga Mariana Vale, autora principal do estudo. “Os projetos vão e voltam, mas continuam na pauta do governo. Se forem implementados, o cenário continua válido.” Ela explica que os cálculos são baseados em taxas históricas, associadas ao impacto de obras passadas. “Quando uma estrada é construída, sabemos que o desmatamento aumenta. O que tentamos mostrar no estudo é quem vai sair prejudicado nessa história”, afirma Mariana.

As duas vítimas mais graves serão a choca-de-garganta-preta (Clytoctantes atrogularis) e o dançador-de-coroa-dourada (Lepidothrix vilasboasi), que se tornarão “criticamente em perigo” de extinção em 2020. Das outras seis espécies identificadas no estudo, uma seria classificada como “em perigo”, duas como “vulneráveis” e três como “quase ameaçadas” – segundo as classificações de ameaça definidas pela União Mundial para a Natureza (IUCN). Nenhuma dessas aves está (por enquanto) na lista atual de espécies ameaçadas do Ibama.

Os cientistas ressaltam que as previsões são todas conservadoras, pois consideram apenas o cenário otimista de desmatamento e incluem apenas espécies com área de ocorrência (hábitat) igual ou menor a 500 mil km2, além de outras limitações metodológicas.

Surpresa – A maior surpresa para os pesquisadores não foi o número de espécies potencialmente ameaçadas, mas o local onde elas ocorrem. Metade são espécies de várzea, que vivem exclusivamente em regiões periodicamente alagadas da floresta – e não em qualquer várzea, mas em trechos específicos de certos rios.

Segundo o especialista Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, os resultados refutam a idéia de que espécies da várzea seriam menos vulneráveis a alterações ambientais por viverem em regiões onde o regime dos rios já causa uma perturbação constante do hábitat. Além disso, mostram que há endemismo (restrição geográfica) de espécies na várzea – outro tema controverso entre os cientistas.

“Como as margens dos rios formam uma zona contínua, seria tentador imaginar que os bichos da várzea ocorrem em qualquer lugar, mas não é assim”, explica Cohn-Haft, que assina o estudo ao lado de Mariana e outros dois pesquisadores dos Estados Unidos. Dentre as oito espécies que perderiam mais de 50% do hábitat, seis também são endêmicas de regiões de várzea.

Outra novidade do estudo é a identificação de ecorregiões de avifauna – áreas situadas entre rios, que limitam a dispersão geográfica de espécies, inclusive de aves. Mesmo sem um conhecimento completo da biodiversidade amazônica, os pesquisadores conseguiram calcular que qualquer espécie que seja endêmica de algumas dessas regiões estará automaticamente ameaçada em 2020 caso os projetos de infra-estrutura sejam colocados em prática.

Eles já sabem que muitas aves que vivem nessas ecorregiões e hoje são classificadas como “subespécies” serão reclassificadas como “espécies” nos próximos anos, o que poderá aumentar ainda mais a lista de ameaça.

“Torço para que nossas previsões não se concretizem”, afirma Mariana, que fez o trabalho para seu doutorado na Universidade Duke, nos EUA. Ela agora é pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. (Fonte: Herton Escobar/ Estadão Online.

Escrito por Herton Escobar, em 14/7/2008