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Necessidade de se proceder a avaliações genéticas

Animais mais produtivos

A seleção de animais feita pelos critérios tradicionais, através da escolha direta de animais mais produtivos, leva a ganhos genéticos muito aquém dos ganhos que seriam obtidos caso os animais fossem selecionados com base nos seus valores genéticos. Infelizmente não é possível conhecer com precisão o valor genético dos animais (Ferraz, 1996). O problema é muito simples: o desempenho dos animais, também denominado de fenótipo é resultado do patrimônio genético que o animal possui, o chamado genótipo e dos efeitos de meio ambiente, existindo ainda uma interação entre os efeitos de genótipo e de meio ambiente, já que alguns animais são superiores a outros em alguns ambientes, mas se tornam inferiores àqueles em ambientes diferentes. Para facilitar o entendimento, podemos simbolizar o fenótipo com a letra F, o genótipo com a letra G, o meio ambiente com a letra A e a interação entre o genótipo e o ambiente com as letras GA, o desempenho dos nossos animais, seja qual for a característica estudada (peso à desmama, peso a 1 ano, produção de leite, circunferência escrotal etc.) poderá ser colocado numa equação muito simples:

P = G + A + GA

Essa equação nos mostra que, infelizmente, o fenótipo que medimos nos animais não demonstra diretamente sua qualidade ou potencialidade genética. Essa produção ou medida F estará sempre influenciada pelo meio ambiente A e pela interação genótipo-ambiente GA.

Avaliar a qualidade genética de um animal nada mais é do que estimar o seu valor genético aditivo. Jamais conheceremos com precisão o valor que um animal tem como reprodutor, mas, através de metodologias diversas, é possível estimar esse valor. É, entretanto, necessário que a estimativa seja livre dos efeitos de meio ambiente e da interação genótipo-ambiente. O valor genético dos animais depende da herdabilidade do caráter (quando maior a herdabilidade maior a concordância entre o genótipo e o fenótipo), do número de informações (quanto maior este número, melhor a estimativa do valor genético), do parentesco entre o animal avaliado e as fontes de informação (quanto mais próximo o parentesco, maior a ênfase que a informação deve ter), além dos chamados efeitos permanentes de ambiente.

As metodologias de estimação de valores genéticos dos animais vêm se aperfeiçoando desde as primeiras décadas deste século, mas apenas a partir dos anos 80 houve um avanço muito grande nas mesmas e criaram-se ferramentas muito poderosas para a avaliação dos animais, principalmente após o advento dos chamados \”modelos animais\”, a mais moderna metodologia para avaliação genética existente. Nestas metodologias utilizam-se os registros de produção do animal que está sendo avaliado, mas também de todos os seus parentes, não importa o grau de parentesco existente. Assim, dados de desempenho de primos distantes, avós, filhos, filhas, irmãos e irmãs de um reprodutor ou matriz são avaliados segundo complexos modelos matemáticos o que resulta na estimação de seu valor genético, o G de nossa equação.

Os modelos animais consideram simultaneamente efeitos fixos (sexo, idade da vaca, fazenda, grupo de contemporâneos etc.) e efeitos aleatórios (como os efeitos diretos dos genes dos animais, os efeitos dos genes de sua mãe, os efeitos permanentes de ambiente que uma vaca fornece à sua progênie etc.). Os efeitos aleatórios dos genes dos animais (direto e materno) são estimados com base nas informações fornecidas pelos registros de produção de todo e qualquer parente do animal, \”ligados\” através da inversa da matriz de parentesco é adicionada. Assim, o valor genético estimado de cada animal é obtido considerando-se as contribuições de cada parente.

Os valores reprodutivos, ou valores genéticos aditivos são expressos de diferentes maneiras, dependendo da espécie animal. Em suínos esses valores são expressos como EBV (estimated breeding values), em bovinos de corte como Diferenças Esperadas de Progênie (DEP ou EPD, correspondente à metade do EBV) e em gado leiteiro como Predicted Transmiting Ability (PTA ou TA).

Utilizando-se da metodologia adequada, todos os animais de determinada população podem ser devidamente avaliados, estimando-se, com maior ou menor precisão (dependendo das fontes de informação) o valor genético aditivo de cada reprodutor e matriz, facilitando a escolha daqueles que passarão pelas biotécnicas que intensificam a reprodução. Segunda Penna et al. (1998), em interessante trabalho sobre núcleo MOET na raça Guzerá, \”é necessário intensificar o escrutínio genético na raça para identificação de animais superiores.

Rob de Wit

Escrito por Rob de Wit, em 8/9/2005

A Busca da Alta Linhagem

Temos que saber trabalhar essa questão

Embora pareça óbvio, é mais ou menos por aí.

Realmente o indivíduo não precisa dominar toda a genética, mas precisa saber o mínimo dos mínimos, como diz a netona filósofa (agora está deixando de ser filósofa e se tornando monetarista. Eheheheheh): que os filhotes recebem patrimônio genético do pai e da mãe, que esse patrimônio é transmitido pelos gens, que para determinada característica física ou psicológica recebe gens do pai e da mãe, que esses gens da mãe para determinada característica podem dominar os dos pais para essa mesma característica e vice-versa, etc.

Cabe ao criador selecionar o que pretende na criação, usando não só o seu olho clínico como outras qualidades exigidas:

-Não ter a cegueira do canaril, vendo nos seus pássaros qualidades que eles não têm;

-Objetivos bem definidos do que quer;

-Metodologia para alcançar os objetivos;

-Perseverança e paciência porque nada acontece em pouco tempo;

-Ouvir, ouvir, ouvir e pouco falar; ou ler, ler, ler…;

-Humildade para aceitar conselhos e corrigir erros;

-Não ter preconceitos;

-Coragem para voltar atrás e começar tudo de novo;

-Planejamento e não esperar pela sorte ou que tudo caia do céu;

-Gostar do que faz para não deixar tudo nas mãos de terceiros. Em cinofilia dizem que é gostar de sentir o cheiro da boca do filhote;

-Ter algum money, bons amigos, prestígio ou bom papo para conseguir bons pássaros;

-Saber que, nem sempre, o pássaro caro e ganhador de troféus é o ideal para o seu plantel;

-Ter frieza para não se envolver emocionalmente com alguns pássaros que jamais terão alguma utilidade na seleção, etc,etc,etc.

Portanto, fifty to fifty entre genética e selecionador.

Abraço.

José Carlos.

Escrito por José Carlos Pereira, em 14/12/2004