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Asas para Voar

Certo dia, numa das tantas cidades do Mundo, um senhor de classe média está no seu apartamento. Acaba de chegar uma suculenta pizza, senta no sofá da sala, liga a televisão para ver o tão esperado jogo de futebol e quando vai tomar o primeiro gole de cerveja que acaba de pegar na geladeira, toca a campainha. Trata-se de uma comitiva. Estranhando o número de pessoas que se fazem presentes pergunta o que elas desejam e começa assim o seguinte diálogo: – Comitiva: Estimado cavalheiro…vimos aqui porque desejamos o seu bem……. -Senhor: Muito obrigado, mas… do que se trata? -Comitiva: Viemos para lhe devolver a liberdade… -Senhor: Como? -Comitiva: Chegamos à conclusão de que o Senhor está privado da sua liberdade aqui neste apartamento. O Senhor tem suas pernas para correr livremente pelos campos e não está podendo correr…

Nós vamos levá-lo até o coração da Amazônia, onde seus ancestrais vivem livremente e ali vamos solta-lo. Desta forma estará no meio da Natureza e poderá correr livremente o quanto quiser. -Senhor: Vocês devem ter pirado. Em primeiro lugar se sentem donos e senhores da verdade ao manifestarem tanta certeza sobre os meus desejos. Eu não quero sair deste conforto. Tenho água limpa na torneira, comida na geladeira, ar condicionado para o verão e aquecimento para o inverno, a minha cama arrumadinha, médico, nutricionista, etc. etc. -Comitiva: O Senhor não entende. Nós chegamos à conclusão de que o Senhor está passando por um estado de stress e deve recuperar a sua liberdade. Correr, correr e correr porque para isso tem as suas pernas. -Senhor: Por favor, vocês não entendem. Eu sou um homem civilizado. Se vocês me levam para aquele meio não serei capaz de sobreviver. Terei que usar as minhas pernas para fugir dos predadores, para buscar esconderijos, para conseguir água e comida, etc. Não terei resistência física para tanto e será muito provável que morra rapidamente.

Eu já não consigo viver onde meus ancestrais viviam. Prefiro o conforto da cidade, tudo ao meu alcance, proteção dos predadores, do frio, do calor, da fome e das doenças. Respeito profundamente toda a vida nativa mas eles lá e eu aqui. -Comitiva: Ainda assim senhor, como nós sabemos exatamente o que é melhor para o senhor, vamos levá-lo para o meio da Natureza, pois é certo que é tudo que o senhor deseja. Viver a sensação de “liberdade”. Esta estória pretende ser reflexo da “evolução” pela qual tem passado a humanidade, buscando a praticidade e assim se concentrando em grandes metrópoles, querendo a comodidade de ter ao seu alcance alimentos, saúde, educação, água para beber, para o banho, proteção contra as inclemências do tempo, segurança, etc. Ainda que morando em verdadeiras “selvas de pedra” a chamada “sociedade civilizada” em sua esmagadora maioria traz uma profunda necessidade de manter contato com a Natureza. Não imaginamos assim um ambiente sem a presença de plantas, animais de estimação, um aquário, ou qualquer outro integrante do reino animal. Desta forma, acompanhando o “homem civilizado” vieram algumas espécies “domesticadas” que se adaptaram perfeitamente à vida em cativeiro ao ponto de (assim como o homem),hoje não suportarem mais a sobrevida nos seus habitats naturais.

O homem passou assim de “selvagem” para “civilizado” e os animais que o acompanharam passaram de “silvestres” para “domésticos”. Cães, cavalos, gatos, pássaros, roedores e tantos animais de estimação se adaptaram perfeitamente aos ambientes mais reduzidos, porém com o conforto do alimento selecionado, o bom trato na higiene, na proteção das inclemências do tempo, dos predadores, dos parasitas e doenças em geral, assim como tantos outros problemas próprios do meio selvagem. As asas que nós seres humanos tanto vemos como sinal de liberdade, do direito de voar e desfrutar, no habitat natural precisam ser usadas para fugir, para se proteger, para buscar alimento, para brigar. O presente artigo não tem como objetivo a busca de explicações filosóficas para essa transformação e muito menos ainda fazer juízo de valor sobre as vantagens ou desvantagens da existência de cidades como México, São Paulo, Nova York ou Tóquio. Buscamos, no entanto, refletir sobre o fato irrefutável delas existirem irreversivelmente e das formas de convivermos com tudo que isso representa. Do nosso ponto de vista, a preservação das espécies depende das seguintes ações:

1. Reduzir drasticamente ou ainda parar com a destruição dos habitats naturais.

2. Minimizar ou acabar com o tráfego de animais.

3. Reduzir drasticamente ou suspender o uso de agrotóxicos.

4. Estimular a reprodução responsável em cativeiro tanto das espécies ameaçadas de extinção como daquelas que atendam o mercado pet. No mundo acelerado e carente de sensibilidade que hoje nos toca viver, a reprodução de pássaros em cativeiro é inegavelmente uma atividade que traz inúmeros benefícios para a saúde mental das pessoas. Ela pode ser praticada de forma totalmente responsável e respeitosa para com o meio ambiente, as espécies e a Natureza. Multiplicar a vida com respeito, dedicando todos os esforços na busca do maior bem estar animal é uma atitude concreta que traz como conseqüência a preservação das espécies, minimiza o tráfego e enriquece a vida. A reprodução é uma ação direta. Multiplicar a vida é cuidar dela com todo esmero jamais poderia ser visto como algo condenável.

É um ato concreto de amor e respeito. Certamente várias espécies estão totalmente livres da ameaça de extinção pelo esforço de milhares de abnegados que se dispuseram a dedicar seu tempo, seu esforço e seus estudos para oferecer o que tem de melhor às suas aves cuidando delas com mais esmero do que a si próprios. As espécies domésticas de hoje não existiriam se eles não tivessem dedicado suas vidas na busca das melhores condições para a sua multiplicação em cativeiro. Não se tratava de pessoas perversas que adoravam ver o sofrimento dos animais, mas de seres sensíveis, responsáveis e dispostos a dar todo o seu empenho pela multiplicação da vida. Embora pessoalmente dedicado à cria de pássaros domésticos vejo com estupor o sofrimento de pessoas sérias, honestas e do bem simplesmente por se prontificarem a multiplicar a vida nativa e assim preservar o nosso patrimônio.

A falta de estrutura e meios para fiscalizar não deveria ser motivo criar indiscriminadamente tantas e tão pesadas barreiras que na prática consigam desestimular e empurrar para a ilegalidade aqueles abnegados criadores. O que deveria ser aplauso virou perseguição. O que deveria ser total estímulo em nome da preservação se transforma e barreiras, e dificuldades. Como em todos os segmentos da sociedade, existem elementos execráveis que se camuflam de criadores para praticar os mais condenáveis atos de depredação das espécies. O desvio de comportamento não estão só no meio dos passarinheiros. Os vemos a diário no Congresso, nas polícias e nos mais diversos órgãos públicos. Jamais deveria ser motivo para massificar as barreiras. Vai aqui o meu reconhecimento, admiração e profundo respeito por aqueles que de forma responsável, respeitosa e sensível buscam fazer o seu papel multiplicando a vida enquanto outros a bloqueiam.

ÁLVARO BLASINA

 

SOS Fauna Brasileira

O uso sustentado

S.O.S. Fauna Brasileira Ter em casa um pássaro na gaiola, aos olhos de algumas pessoas, é um ato de crueldade. Dizem até: “solte esse pássaro”, “não o deixe preso”, “deixe-o voar livremente”!

-Quando escuto essas palavras sempre respondo: “sou também um grande defensor do pássaro voando livre pelos campos e florestas, que são seu hábitat natural”. Porém, ao conversar por 15 minutos com essas pessoas, 9 em 10 mudam de idéia, pois as levo a refletir sobre a necessidade que existe de reproduzi-los também em gaiolas.

-Sabemos que, diariamente, nossas florestas estão sendo reduzidas, pois quando as autoridades descobrem que estão devastando uma área, derrubando árvores centenárias, outras 10 já foram destruídas, sem que ninguém veja. -Outros inimigos mortais dos pássaros soltos, que ninguém fala, são as áreas agrícolas que, com seus pesticidas, além das pragas, matam os pássaros que, bem cedinho, se aproximam em busca de saciar sua sede e bebem as gotículas de orvalho, que durante a noite se formam sobre as folhas e outras superfícies, infelizmente cheias de veneno. Tragédia presenciada por mim em Minas Gerais, quando visitei um cafezal e vi, antes do meio-dia, 2 funcionários, cada um com um carrinho de mão e uma pá, colhendo pássaros mortos e enterrando-os para que não provocassem mau cheiro na região. E o mais triste ainda foi ouvir que isso é trabalho diário. Entre os pássaros mortos, muitos canários-da-terra, coleiros, tizis, tico-ticos, rolinhas, bem-te-vis, bicos-de-lacre, melros e etc. Além disso, temos na natureza, a lei da sobrevivência chamada “cadeia alimentar.” A qual afirma que: para cada 10 pássaros que nascem, somente 1 chega a idade adulta. Em contra partida, em nosso criadouro, de cada 20 que nascem perdemos de 1 a 2 filhotes no máximo.

-Isso tudo nos faz ver a necessidade que existe de reproduzirmos, ao máximo, os que já existem nas residências anilhados e documentados pelo IBAMA. -E com muito orgulho afirmo que nosso criadouro já possui pássaros que estão na 5ª e 6ª geração, sempre lapidando e melhorando a genética de cada espécie, procurando reproduzir as melhores matrizes em canto, fibra e instinto materno. E, devido à evolução da medicina veterinária, somada ao avanço dos centros de pesquisa de rações e sementes e medicamentos, já foi provado que um pássaro bem alimentado na gaiola tem mais saúde, fato confirmado por viverem mais do que o dobro da idade dos que vivem soltos na natureza.

-Há alguns meses atrás estava numa reunião de ambientalistas na cidade de Niterói, onde resido, participando como presidente de uma associação de moradores, quando fui abordado por um repórter. Ele disse ser contra pássaro em gaiola, e perguntou: “como pode o senhor, um ambientalista, um professor universitário, cirurgião-dentista de respeito, ser dono de um criadouro comercial de pássaros da fauna silvestre brasileira”? Expliquei que tudo é devido à grande paixão que tenho pelos pássaros brasileiros. Depois de ver, na prática, que a não extinção de uma espécie só está assegurada quando reproduzida em gaiolas, comecei a colecionar espécies diferentes, todas, é claro, com origem comprovada, independente de cor e valor. Meu pai um dia chegou a dizer que minha casa parecia até a Arca de Noé. E hoje o Criadouro Ninho dos Colibris é uma pequena empresa com a maior variedade de espécies de passeriformes já autorizada no Brasil pelo IBAMA. Empregando 6 funcionários com carteira assinada, gerando renda para os cofres do Estado, através dos impostos recolhidos pelas notas fiscais emitidas, ajudando a preservar o emprego de funcionários das fábricas de anilhas, rações, sementes, gaiolas e medicamentos, consumindo bastante seus produtos. -Depois dessas explicações perguntei ao repórter: “por que você diz que é cruel reproduzir pássaros em gaiolas, mas não fala nada contra a criação de galinhas, faisões, perus, avestruzes, codornas, jacarés, tartarugas, coelhos, rãs, peixes, carneiros, cabritos, porcos, bois e etc? A maioria está sendo criada para o triste fim que é o ABATE. Já reparou o espaço onde moram as galinhas nas granjas que produzem ovos? Não conseguem dar uma volta, sequer, no espaço em que vivem”.

-Pare para pensar, nós não reproduzimos pássaros para serem assassinados. E um fato muito importante é que um casal de pássaros só reproduz na gaiola se está bem de saúde, não estressado, bem protegido, bem alimentado e feliz. -E falando de felicidade, vamos jogar por terra uma lenda que diz: “na gaiola o pássaro canta de tristeza”. Isso não é verdade, pois em toda minha vida nunca vi um pássaro triste cantando. Em nosso criadouro quando a fêmea está chocando, o macho canta muito, porém quando nascem os filhotes ele voa de um lado para outro cantando mais ainda, chamando a atenção dos tratadores e dos outros pássaros, para que saibamos que aquele dia é o dia mais feliz para eles, pois acabou de nascer sua prole.

-Proporcionamos momentos de alegria para muita gente e diminuímos a solidão de muitos que moram sozinhos, quando lhes vendemos um pássaro pet. -Colaboramos com o desenvolvimento afetivo de muitas crianças, que por orientação de seus psicólogos, os pais adquirem pássaros domésticos conosco. -Um fato que nos marcou muito foi quando uma senhora comprou 2 pássaros a pedido de seu marido, que, com 50 anos de idade, devido a sérios problemas de saúde, não saía mais de cima de uma cama, num quarto de um apartamento. Depois de alguns dias nos telefonou, agradecendo, em nome de seu esposo, dizendo que, quando eles são colocados em sua janela, começam a cantar, proporcionando-lhe os momentos mais felizes do dia, e que, há muito tempo, desejava possuí-los, mas por ser um homem que sempre teve tudo dentro da lei, nunca permitiu que os comprasse nas feiras livres. Porém, depois que descobriu nosso criadouro pôde realizar seu sonho.

-Provamos para quem quiser conferir que nosso criadouro é um verdadeiro banco genético da fauna brasileira, pois durante os cinco anos que temos licença do IBAMA, reproduzimos mais de mil filhotes, entre mais de 50 espécies diferentes, muitas já na lista de extinção. Quem nos visita no mês de novembro ou dezembro, surpreende-se e diz: “é uma verdadeira fábrica de passarinhos”. -Uma realidade que descobri numa viagem ao exterior foi conhecer um criador nos Estado Unidos, especializado na fauna brasileira, com mais do dobro das espécies que possuo, e que recebe subsídio do governo para manter o criadouro. Ele contou-me que tem um amigo no México que também cria e possui quase todas as espécies brasileiras, e que também recebe ajuda de seu governo. Uma prova disso ocorreu há alguns anos atrás quando nossos biólogos constataram que, em todo o Brasil, só existia um exemplar da ararinha azul e foi preciso buscar no exterior uma fêmea nascida em criadouro para que a espécie não fosse extinta de nossa fauna. Outro caso ocorrido, também há alguns anos, foi com o mico-leão-dourado, que só existe hoje em nossa mata, graças a uma importação feita de alguns exemplares do zoológico de Washington.

-É triste ver que aqui no Brasil além de não termos ajuda do governo, temos grupos desejando acabar com a criação doméstica de pássaros, fato que somente fará crescer mais ainda o tráfico. Prova disso são os inúmeros e-mails ameaçadores que já recebemos de traficantes, vindos de vários lugares do Brasil, que estão se sentindo prejudicados devido o sucesso de nosso criadouro. É importante lembrarmos que o tráfico de animais silvestres é no Brasil a 3ª maior fonte de renda da criminalidade, só perdendo para o tráfico de drogas e armas. O que nos alegra é ouvir de pessoas que compraram conosco: “agora não preciso mais comprar nas feiras livres e viver escondendo da polícia o meu passarinho”.

-Na esperança de que esse e-mail será lido pelas autoridades, seguem 3 sugestões :

1ª)Para acabar com o tráfico nas feiras livres basta colocar 2 policiais permanentemente em cada uma, pois se o traficante não consegue vender, não compra do caçador, que por sua vez não tendo seu comprador, pára de caçar pássaros na natureza.

2ª)Para preservar o hábitat natural de nossos pássaros, vamos realmente usar os poderosos satélites que hoje focam qualquer recanto, em toda parte de nosso país, para localizarmos as clareiras sendo abertas em nossas florestas.

3ª)Vamos ter bastante cuidado, pois existem algumas ONGs (ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS) por trás dessa idéia de acabar com pássaros nativos vivendo em gaiolas. -Sabemos que existem muitas ONGs bem organizadas, com bons propósitos e criadas por pessoas sérias e de respeito, porém não podemos esquecer que já existiram algumas, principalmente atuando em nossas florestas, que, depois de investigadas, ficaram proibidas de atuarem em nosso território. Pois não eram apenas organizações não governamentais, eram também organizações que trabalhavam contra o nosso governo e contra o nosso povo.

-Para o IBAMA queremos pedir que reabra as inscrições para novos criadouros e estimule a criação do maior número possível de espécies, em todo o território brasileiro. Pois se existisse um criadouro em cada cidade, vendendo com nota fiscal os pássaros nascidos em gaiolas, usando anilhas com diâmetro que só permite ser colocada com 3 dias de vida. Além de gerar empregos e arrecadação para os cofres públicos, ofereceria aos compradores um preço final mais popular. Pois não teria a despesa de envio, que dependendo do estado que reside, na compra de um pássaro de R$140, 00, chega a pagar R$ 160,00 de frete na soma de GTA, atestado de saúde e taxa da transportadora aérea.

-Isto acontecendo, certamente acabaria com o comércio ilegal de pássaros pelo Brasil. -Para finalizar, peço a você, cidadão brasileiro, que ama e defende nossa fauna e flora, que abrace essa causa e passe esse e-mail para muitos, principalmente para quem tem nas mãos o poder para fazer alguma coisa. Para que no futuro os bancos genéticos de nossa fauna, uma das maiores riquezas que possuímos, não estejam apenas em mãos estrangeiras.

Isaias Costa

Proprietário do Criadouro Ninho dos Colibris.