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Reproduzir para sustentar

O Azulão é um pássaro belíssimo e de um canto maravilhoso, deveríamos dar a ele um lugar de destaque que merece; são pouco os criadores que reproduzem porque até há pouco ficava fácil “legalizar” um sem ter que ter o trabalho – sempre difícil – de reprodução doméstica; a situação está mudando e esperamos que doravante tenhamos inúmeros criatórios deles; não há nenhuma dificuldade em reproduzi-los, pelo contrário, comem de tudo e as fêmeas são extraordinárias mães, tem até servido para tratar filhotes de outros pássaros com excelência – as fêmeas abaixam falso, só se deve por o macho junto quando os ninhos estão prontos; ter-se cuidado com piolhos – são muito susceptíveis – ; pouquíssima verdura para não provocar diarréia, uma farinhada bem balanceada facilita o processo; no mais as técnicas são as mesmas empregadas para o bicudo e o curió.

Escrito por Aloisio Pacini Tostesl, em 13/2/2004

 

Criação

Iremos falar agora sobre a crição do “Azulão”, compreendendo as três formas diversas ocorrentes no Brasil. Como sempre, vamos adotar a classificação de Sybley, que cita quatro subespécies: Cyanocompsa cyanoides, C. brissonii, C. parellina e C. glaucocaerulea. Eles existem em quase todos os países da América.

Consideramos como o C.brissonii, o existente de Goiás em direção ao Sul do Brasil até a Argentina, 16 a 17 cm – mais longí­neo, o macho adulto possui penas azul escuro e fêmea de penas marrom cor de terra; o C.cyanoides o do Nordeste brasileiro até a América Central, 16,5 a 17,5 cm – mais corpulento, o macho adulto possui penas azul claro e a cabeça bem esbranquiçada; a fêmea de penas marrom claro; o C. glaucocaerulea, é o AZULINHO, menorzinho de 13 a 14 cm, e população bem mais restrita, ocorre no Sul do Brasil de Santa Catarina até a Argentina.

O C. parrellina existe na América Central e não no Brasil. Estão, como não podia deixar de ser, também ameaçados de extinção, especialmente pela caça predatória e pela degradação do meio-ambiente. No Centro Sul do Brasil, procriam na natureza, do iní­cio da primavera até o iní­cio do outono, ou seja; de setembro a março. A partir desta época, param de cantar, fazem a muda anual e juntam-se em bandos, os adultos e os jovens. Este procedimento os ajuda na tarefa de alimentação nos meses de escassez.        Seu ambinte natural preferido são as grotas, os brejo, as bordas de matas e as florestas ralas, sempre por perto de muita água.

A verdade é que eles não são exigentes com o habitat, adaptam-se bem em variados tipos de locais. Quando no processo de reprodução, torna-se um pássaro extremamente territorialista, cada casal demarca a sua área e não permite a presença de outros adultos da mesma espécie; o macho canta intermitentemente a todo volume para delimitar o seu espaço.

O AZULÃO, além de ser um pássaro belíssimo, é também muito apreciado pelo seu canto maravilhoso. De modo recente, tem despertado interesse para a criação doméstica. Daí­, como se faz com os outros passeriformes é preciso a intensificação da reprodução para suprir a demanda.

A Lei 5.197, está em vigor e ela diz que o animal silvestre é propriedade do estado e é proibida a sua captura. Contudo, notadamente com objetivos de preservação, a sociedade permite que se conviva com eles desde que sejam nascidos em criatórios domésticos, e os que estão já cativos são plenamente suficientes para o incremento da reprodução.

As Portarias do IBAMA, a 118 (para profissionais) e a 057 (para hobistas), estabelecem condições para a procriação. Só falta, então, entrarmos em ação e mãos à  obra, para reproduzir o AZULÃO.

Quem sabe, no futuro, poderemos efetuar os necessários repovoamento; com este pássaro é muito fácil fazê-lo. Tem-se tido notícias de vários criadores, embora de criação ainda um tanto esparsada; o certo é que ele procria com muita facilidade, é de fácil manejo, muito dócil e manso; dos passeriformes, é o mais manso de todos, muitas vezes, aceita ser pego pela mão de determinada pessoa e não demonstra nenhum medo. Dificilmente suas unhas crescem. Na natureza, a alimentação é muito variada, consomem semente de capim de preferência, ainda verdes; pequenas frutas silvestres e adoram todo tipo de insetos, o bico é forte mas aprecia muito as comidas macias. Seu canto é muito mavioso e pode ser dividido em dois tipos: a) o canto normal “compõe-se de uma frase de cerca de 10 notas repetindo um som tipo tifliu’’- em variados tons, este é o canto usual e corriqueiro; são inúmeros dialetos, cada região tem um, ou mais longo ou mais melodioso que o outro; b) a surdina, mata-virgem ou alvorada que querem dizer a mesma coisa – neste caso ele chega a cantar certa de 2 minutos sem parar repetindo um módulo de mais ou menos 6 notas “ti-é-té-é-tuééé”, como exemplo.

A surdina é, sem dúvida, um dos sons mais bonitos que se pode ouvir de um pássaro cantando. O AZULÃO, consegue ir alternando o tom e o volume das notas à medida que vai cantando, dando a impressão a quem escuta que está longe e depois mais próximo. Ele não aprende o canto de outro pássaros, pelo contrário, o curiá principalmente é que assimila muito bem o seu canto.

Nos pequenos anúncios deste AO, está lá a gravação de “Carbó”, que apresenta os dois tipos de cantos mencionados acima. Considera-se que o melhor canto é o oriundo do Estado do Paraná. No Rio Grande do Sul, há torneios de qualidade de canto e de fibra, sob os auspácios da FOG. Vive, se bem tratado em ambientes domésticos por volta de 20 anos.

A alimentação básica de grãos deve ser: alpiste 50%, painão 20%, aveia 10%, arroz em casca 10% e niger 10%. Dois dias por semana administrar polivitamí­nico tipo Orosol, Rovisol ou Protovit, este é  base de 2 gotas para 50ml d’àgua. Não recomendamos a utilização de verduras de espécie alguma, provoca diarréia e o AZULÃO é muito susceptí­vel a este mal.

Para suprir suas necessidades nutricionais o mais importante é fazer a farinhada e ali se ministrar grande parte dos ingredientes necessários à  saúde da ave. Pode ser elaborada da seguinte forma: 5 partes de milharina, 1 parte de germe de trigo; 1 parte de farelo de proteína de soja texturizada; 4 colheres de sopa de suplemento F1 da Nutrivet para um quilo; 1 gr de Mold-Zap para um quilo da mistura; 1 gr. de sal por 1 quilo da mistura; 2 gr. de Mycosorb por quilo, e 2 gr de Lactosac (probiótico). Após tudo isso estar bem misturado, coloque na hora de servir, duas colheres de sopa cheias dessa farinhada uma colher de sopa cheia de Aminosol. Importante também, ferver durante 20 minutos os grãos alpiste, painço, arroz em casca, lavar bem e misturar à farinhada.

Quando houver filhotes no ninho adicione o ovo cozido. Outra mistura importante deve ser feita com farinha de ostra 20%, Aminopan 30% e areia 50%. É preciso, também ministrar inseto vivo, tipo larvas de tenébrio, à  base de 5 de manhã e 5 à  tarde, por filhote. Em suma, o AZULÃO consome quase de tudo, é muito fácil alimentá-lo adequadamente. Os grandes problemas deles são: a diarréia inespecí­fica e a muda encruada decorrentes, quase sempre da alimentação inadequada, é só corrigir, conforme discriminado acima. Além disso, são muito propensos a serem afligidos por ácaros especialmente de penas, utilize Permozim para combater. Só falta, então a escolha do local apropriado, ele deve ser o mais claro possí­vel, arejado e sem correntes de vento.

A temperatura deve ficar na faixa de 20 a 30 graus Celsius e a umidade relativa na faixa de 40 a 60%. A época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de setembro a fevereiro, coincidente com o perí­odo chuvoso e com a choca na natureza. Pode-se criá-los em viveiros, grandes ou pequenos, todavia não o aconselhamos. Em viveiro, o manejo é difí­cil e controle do ambiente impossível, ali os filhotes costumam cair do ninho e morrem. Para quem optar por utilizar gaiolas – que têm a relação custo/benefí­cio menor – elas devem ser de puro arame, com medida de 60cm comprimento x 40cm largura x 35 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora para dentro da gaiola, e com um passador lateral. A do macho pode ser a metade disso. No fundo, ou bandeja da gaiola, colocar grade que terá que ser lavada e desinfetada uma vez por semana, no mí­nimo.

Utilizar ninhos, de preferência de bucha, de diâmetro 7 cm e 5 cm de profundidade no centro. Não esqueça de pendurar bastante raiz de capim e pedaços de corda de sisal para estimular a fêmea.

Sabe-se que uma fêmea está pronta quando ela começa a voar muito, a arrancar papel do fundo, carregar capim no bico e levá-lo para o ninho. No manuseio do macho, o melhor é colocá-lo para galar e imediatamente afastá-lo para outra gaiola, assim pode-se utilizar um macho para até 6 fêmeas. Elas podem ficar bem próximas umas das outras em prateleiras, separadas por uma divisão de tábua ou plástico, mas não podem se ver, de forma alguma. Senão, matam os filhotes ou interrompem o processo do choco, se isto acontecer.

O número de ovos de cada postura é quase sempre 2, às vezes 3. O filhote nasce aos treze dias depois de a fêmea deitar e sai do ninho aos dezesseis dias de idade podendo ser separado da mãe com 35 dias.

Importante a administração de Energette, através de uma seringa graduada, no bico dos filhotes enquanto eles estão no ninho para ajudar a fêmea no tratamento. Pode-se trocar os ovos e os filhotes de mãe quando estão no ninho. As anilhas serão colocadas do 7º ao 10º dia de vida, com diâmetro de 3,0 mm – bitola 4, a ser adquirida no Clube onde seja sócio.

Cada fêmea choca 4 vezes por ano, podendo tirar até 8 filhotes por temporada. Quase todas as AZULONAS são excelentes mães, cuidam muito bem dos filhotes, por isso, muitos criadores as utilizam como babás para criar filhotes de bicudos. Fundamental, porém, é que se tenha todo o cuidado com a higiene. Lembremos que os fungos, a coccidiose e as bactérias são os maiores inimigos da criação, e têm as suas ocorrências inversamente relacionadas com a higiene dispensada ao criadouro. Armazenar os alimentos fora da umidade e não levar aves estranhas para o criadouro antes de se fazer a quarentena, são cuidados indispensáveis.

Como recado final, confiamos que todos aqueles criadores que apreciam este maravilhoso pássaro, passem efetivamente a se preocupar com a reprodução deles e que com o respectivo aprimoramento genético buscando conseguir exemplares de alta qualidade e que assim se possa combater o tráfico ilegal, como também o respeito da sociedade pelo real trabalho de preservação executado.

Agradecemos pelas informações recebidas dos criadores Claro Santos (0XX55) 5121177 e Antonio de Moraes Neto (0XX12) 3512429, bem como do Diretor da FOG, Fábio Souza Jr (0XX51) 3214326.

Escrito por Aloí­sio Pacini Tostes, em 2/9/2003