Manifesto de esperança

Legalidade transparente

Mesmo diante da bestialidade na política internacional (com o risco de uma guerra iminente), vejo em nosso cotidiano o melhor momento já vivido por todos nós.

Lembro-me de uma fase anterior onde tínhamos enorme dificuldade para dar a devida transparência e legalidade à nossa atividade, pois, por maior que fosse o nosso desejo, e por mais correta que fossem as nossas ações, tínhamos um entrave, na figura de maus dirigentes que insistiam que boicotássemos as regras definidas pela legislação, e, quantos de nós sentia-se desconfortável diante de tudo isto. Bons e maus passarinheiros eram permanentemente confundidos, como se jogássemos no mesmo time, compartilhássemos dos mesmos princípios e agíssemos com os propósitos mais nefastos. Desta forma a sociedade não poderia ver-nos de forma diferente.

Mesmo sabendo que a transição que vivenciamos nos últimos 2 anos tenha sido tumultuada, o que mais importa na minha opinião, é que estamos diante da nova Instrução Normativa (nº 01 de 24/01/03), que, uniformiza os critérios em todo o território, harmoniza a relação entre Amadores e Comerciais, e com a tutela e controle do IBAMA, poderemos ver-nos livres de Blocos de CTPs impressos no fundo do quintal, produção aleatória de anilhas e anilhamento irregular de pássaros. Ironicamente não soubemos encontrar alternativas de reorganização, sem que ocorresse a intervenção do IBAMA e submetendo-nos à tutela de um órgão público. Aguardamos que esta nova portaria torne-se lei, dando um caráter definitivo das regras que teremos a partir de agora.

Sabemos que ainda existem ajustes a serem feitos, no entanto, não deixo de ver tudo o que está ocorrendo sob uma nova perspectiva. A partir de agora novos Clubes surgirão, com uma nova forma organizativa, atuando sob um novo prisma que não seja o de “meros despachantes”, algo que era-nos imposto para permanecermos na atividade. Aliado a isto, os dirigentes que não mostrarem disposição de livrarem-se do velhos vícios, desaparecerão do nosso segmento, dada a dificuldade que encontrarão, e particularmente torço por isto.

Com regras claras e critérios uniformes, finalmente conseguiremos estabelecer a atividade do Criador Profissional de Passaros, um potencial de atividade econômica que esteve latente por tantos anos, com know how dominado por muitos, mas que por falta de uma legislação adequada, deixou de gerar empregos e riqueza para o nosso país. Acreditamos que num futuro não muito distante, teremos Criatórios com produção de pássaros em escala, abastecendo as Pet Shops, exportando para América do Norte, Europa e Ásia, estimulando os centros de pesquisas em desenvolver novos produtos, incrementando a atividade dos laboratórios e fábricas de acessórios, redundando em melhores produtos que beneficiarão principalmente a nossa atividade amadora.

Neste cenário de mudanças, temos a COBRAP – Confederação Brasileira dos Criadores de Pássaros Nativos, representando o marco da reconstrução do cenário ornitolófico, contribuindo para que nossa atividade caminhe sob uma nova ordem, integralizando toda a atividade do nosso segmento, assegurando o entendimento permanente com os órgãos públicos e representando-nos como o principal interlocutor nas distintas formas de divulgação da nossa atividade.

Diante de tudo isto, vale lembrar o slogan da COBRAP “Paz, União e Seriedade”, que acredito que deva prevalecer nas nossas mentes, como um objetivo permanente a ser buscado, deixando-nos cada vez mais a vontade para focar nossas atenções, na reprodução e manutenção dos nossos pássaros.

Escrito por Ivan de Sousa Neto, em 2/9/2003