Penas

Conhecendo mais sobre as penas

Todas as aves têm penas?

Sim, todas as aves têm penas. Aliás, as penas são uma característica específica do grupo das aves. No entanto, já houve dinossauros com penas, como o Archaeopterix que viveu durante o Jurássico, há 190-136 milhões de anos. Possuía também uma estrutura óssea com algumas características das aves e media 40 cm. Por estas razões, alguns cientistas pensam que este seja um antepassado das aves.

Porque é que as aves têm penas?

As penas têm várias funções. Permitem o vôo, são uma proteção contra a dissecação e outras agressões, protegem do frio e do calor excessivo e baixam o centro de gravidade das aves. Algumas aves, como a narceja, produzem sons com as penas e os cortiçois carregam água para as crias nas penas.

Que tipos de penas existem?

Existem quatro tipos de penas:

1. Penas – São as penas típicas usadas para voar e dão cobertura ao corpo.

2. Plúmulas – São as penas que fornecem insulação ao corpo da ave. São as penas que as crias possuem quando nascem. Os edredons e casacos de penas são feitos com estas penas porque protegem eficazmente do frio.

3. Filopluma – São penas sensoriais que desempenham um papel fundamental no vôo das aves, pois permitem às aves sentir as variações nas correntes de vento.

4. Penas especializadas – Algumas aves têm penas especializadas ao pé do bico que funcionam como órgãos tácteis, da mesma maneira que os bigodes dos gatos. Outras aves, como as garças, têm penas que se desintegram em pó ao passar com o bico e esse pó, quando distribuído pelo corpo, aumenta a repelência à água.

Quantas partes têm uma pena?

Uma pena típica é constituída pela quilha e a bandeira. A quilha divide-se no canhão (parte oca que prende a pena à pele) e o raquis no meio da bandeira. A bandeira compôe-se de muitas barbas que saem da raquis. Por sua vez, de cada barba saem pequenas bárbulas que estão fixas às bárbulas da barba adjacente por pequenos ganchos.

Quantas penas existem numa ave?

Embora este número possa variar, um pássaro normal pode ter entre 1500 a 3000 penas (7% do peso total). Os cisnes podem ter até 25216 (40% no pescoço e cabeça). Algumas aves de climas mais frios têm mais penas no Inverno e no Verão perdem penas.

O que é que dá a cor às penas?

Existem penas de muitas cores e padrões. Estas são usadas, entre outras funções, para a côrte das fêmeas, camuflagem ou para repelir inimigos.

As cores das penas são formadas por duas maneiras:

1. Pigmentos coloridos – as melaninas e os lipocromos. As melaninas produzem o preto, castanho e amarelo. Os lipocromos produzem o amarelo, laranja, vermelho, azuis e verdes. Estes são menos resistentes que as melaninas, gastando-se mais depressa. Os pigmentos protegem as penas dos raios ultravioletas e aumentam a resistência das penas. Por isso é que somente as penas expostas ao sol têm pigmentos.

2. Fenômenos estruturais especiais – estes podem ser classificados em iridescentes e não iridescentes. Os patos e alguns colibris têm zonas do corpo, que vistas de um certo ângulo, revelam cores iridescentes resultado da reflexão da luz. As cores não iridescentes podem ser vistas de qualquer ângulo e são atribuídas à reflexão da luz pelo ar existente nas penas. É o mesmo processo que faz com que o céu seja azul.

Que casos anormais existem?

Em alguns casos, existem plumagens diferentes do normal que podem ter origem genética. Geralmente isso se traduz em diferenças na quantidade e localização dos pigmentos.

O melanismo acontece quando há excesso de pigmentos pretos ou castanhos, tornando espécies de plumagem clara em aves pretas. O flavismo acontece com excesso de pigmentos amarelos. A ausência de pigmentos dá o albinismo, podendo haver casos de melros completamente brancos. Outro caso chamado ginandromorfismo acontece quando uma ave tem metade da plumagem característica de macho e metade da plumagem característica de fêmea.

Alguns casos anormais são resultado de má alimentação. Os flamingos, quando não comem crustáceos, perdem a cor rosa. Quando as penas estão a mudar, se houver variações na dieta, pode haver barras de crescimento nas penas de muitos pássaros.

Dr. Ricardo Lopes

Instituto do Mar

Departamento de Zoologia

Universidade de Coimbra

Escrito por Dr. Ricardo Lopes, em 17/5/2004