A Integração Aconteceu em Cuiabá

Encontro em Cuiabá

Combater o tráfico ilegal de aves com atitudes é tarefa de toda a sociedade e uma obrigação dos criadores legalizados e de suas organizações, visto que são os maiores prejudicados na sua imagem, com a ação desse tipo de aproveitadores e que tanto mal causam ao meio ambiente. Além disso, tem que haver uma sistemática troca de informações e de atitudes entre os interessados e os representantes do Poder Público para que haja algum tipo de trabalho efetivo e que surta efeito na realidade. Partindo dessa premissa, os segmentos envolvidos da sociedade organizada no Estado do Mato Grosso, projetaram e realizaram um acordo que visa em primeiro lugar combater o tráfico ilegal de aves, com atitudes . Assim é que, em 31MAI02 na cidade de Cuiabá MT, foi assinado um termo de compromisso entre a FECRIPAMAT (Federação dos Criadores de Pássaros do Mato Grosso) e seus vinte e dois Clubes Filiados, o IBAMA, a Polícia Ambiental Estadual, a Polícia Rodoviária Federal, a ONG JIVAM, Representante da Câmara Federal de Deputados, Representante da Câmara Estadual de Deputados, entre outros. Estavam presentes ao ato criadores e representantes de entidades de várias partes do Brasil: Pará, Goiás, Paraná, São Paulo, Brasília, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais;

O fundamento do acordo foi o entendimento em busca da sobrevivência do segmento e dentro da conjuntura atual, lógico que o relacionamento entre os envolvidos só se completa e só é viável se houver interesses comuns realizados; mas como se concretizou a idéia? se analisarmos então a questão dos Clubes e das Federações Ornitofílicas, veremos que as entidades sobreviverão cuidando efetivamente do hoby dos associados e incorporando com ênfase a ação de preservação – e que seja evidente e real – que tenha uma visão madura de todo contexto para executar aquilo que a sociedade espera e deseja do segmento. De outro lado, está o Poder Público que tem inúmeras dificuldades de recursos de todo o tipo; em especial os financeiros e de suporte para suas atitudes de fiscalização, apreensões de aves e de encaminhamentos dos indivíduos. Um problemão, um enrosco danado: apreender indivíduos em diversas situações e dar um tratamento e um encaminhamento adequado a eles, uma responsabilidade grande e que em inúmeras vezes não se faz o melhor, e quem mais sofre com isso são as respectivas aves, famintas, mal tratadas, febris, carentes, feridas, agredidas e que precisam ser acudidas imediatamente; o patrimônio genético está à beira de ser perdido. São importantes vidas de inocentes que estão sendo ameaçadas; em suma ou se cuida disso efetivamente ou todos nós estamos brincando de combater o tráfico ilegal. A consciência de que isso acontece todos os dias em todos os lugares do Brasil e as soluções adequadas não são encontradas, incomoda a muita gente e preocupa a todos e nos induz a muitas reflexões a respeito. Vejamos um exemplo: a Polícia Rodoviária Federal lá em Juina MT localiza e apreende em um caminhão inúmeras aves, mal acondicionadas que precisam ser imediatamente atendidas, o que fazer ??? a vida delas está em jogo – se houver alguém próximo, quem sabe poder-se-ia salva-las primeiramente e posteriormente dar o melhor destino; outro exemplo: em atividade de rotina o Polícia Ambiental, depois de uma denúncia exerce sua função de fiscalização e apreende em uma residência na cidade de Cuiabá MT, apreende 200 pássaros , curiós, canários da terra, azulões, trincas, entre outros, os depósitos dos centros de triagem??? estão abarrotados, para onde levar as aves, como salvá-las, estão morrendo muitas, o que fazer…..O pior, isso acontece de verdade e a todo momento no Brasil inteiro, já vimos mais de mil aves apreendidas morrerem em instalações oficiais mal engendradas, sem recursos e sem pessoal habilitado e interessado. Sem falar das solturas efetuadas em locais impróprios na base do oba,oba, realizadas por irresponsáveis, sem monitoramento e tudo o mais. E o pior, muitas vezes nada é feito porque a autoridade não sabe para onde encaminhar os bichos apreendidos, mais um absurdo. A transparência dessas ocorrências nos leva e nos obriga a descobrir novos caminhos para resolver a questão , resolver mesmo. É isso que foi feito, a FECRIPAMAT, debaixo de uma nova ótica, não quer e foi liberada da tarefa de m distribuir anilhas e CTPs, está buscando, como dissemos, sua sobrevivência em novos objetivos e nova missão; entendeu que atuando nesse contexto poderia acionar os seus Clubes Filiados que através de seus presidentes seriam organismos que poderiam receber aves apreendidas responsabilizar-se-iam por elas; Isso tudo seria uma forma da sociedade organizada participar e ficar inteirada da questão, a cooperação e a parceria entre as pessoas que lidam na mesma área de interesse estará celebrada. Parece um sonho, mas conseguimos, a FECRIPAMAT conseguiu tornar realidade essa pretensão de todos os amantes de aves que sabem da judiação a que não raras vezes são submetidas desde o seu aprisionamento na natureza e depois na ação dos traficantes ilegais até serem eventualmente apreendidas e ficarem sem pai e sem mãe por falta dos devidos cuidados. Está dada a lição de civilidade, de cidadania, agora é esperar que todo o acordado seja cumprido com seriedade por todas as partes; a confiança foi depositada, o exemplo para o Brasil foi dado bem ali; parabéns aos passarinheiros do Mato Grosso, parabéns às autoridades, parabéns ao IBAMA, precisamos todos integrados combater o tráfico ilegal de aves com atitudes e a integração aconteceu em Cuiabá.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003