Alerta, criador de pássaros
A preocupação com a preservação
Aderbal Jurema
Os primeiros criadores de aves canoras no Brasil foram os índios. Eles domesticavam os papagaios, os tucanos, os pássaros pretos, carregando-os como enfeites sobre os ombros. Gostavam de ouvir o canto da araponga e fizeram as primeiras gaiolas para criar curiós. Alias, a palavra curió, na língua tupy, quer dizer \”Amigo do homem\”.
Passaram-se os anos e chegamos ao Império, quando na veste real sobressaia o peito de tucano. Nas casas grandes do Nordeste, quem não tinha um curió cantador nos seus alpendres não era um fazendeiro de bom gosto. Isso acontecia também com os senhores de engenho. Joaquim Nabuco, no seu livro tão decantado \”Minha Formação\”, assim descreveu a sala de visitas do Engenho Massangana, hoje patrimônio nacional, em Pernambuco:
“Nas paredes algumas gravuras coloridas representando o episódio de Inês de Castro, entre as gaiolas dos curiós afamados, pelos quais seu marido costumava dar o preço que lhe pedissem…\” (Liv.cit.pg.184-Inst.de Progresso Editorial S.A.-São Paulo, 1949).
Agora, na República, o flagelo do desmatamento e da pulverização com inseticidas vem dizimando, sem dó nem piedade, as nossas aves silvestres. Aqui, no Centro-Oeste e no Sul elas só estão sobrevivendo graças aos criadores abnegados que as reproduzem em cativeiro.
O IBDF, inteligentemente, entrou em contato com asses criadores, hoje agrupados em Associações e Clubes devidamente registrados, e regulamentou o assunto de forma prática, conseguindo o controle da criação de bicudos e curiós através de registro, relacionamento e anilhos.
Tudo isso, pois, vai muito bem orientado no sentido de preservar a fauna. Cumpre, assim, ficarmos alertas e prevenidos contra os inimigos dos pássaros.
Escrito por Aderbal Jurema, em 29/3/2004