Ana Maria Braga

Pássaros na mídia

A finalidade desta é cumprimentá-la pela iniciativa que teve em seu programa do dia 02/07/2003 de fazer uma apresentação do segmento ornitófilo, o qual, de fato, há muito vem necessitando de divulgação para esclarecimento ao público quanto às reais atividades dos passarinheiros autorizados no Brasil e a colaboração que prestam na preservação da avifauna.

Sou um telespectador assíduo do seu programa e sempre muito interessado, especialmente nas receitas culinárias. Sendo aposentado adotei a culinária como hobby, o que me diverte e agrada a amigos e familiares.

Por outro lado, sou também, alguém que desde à infância devotei aos pássaros um carinho especial, um verdadeiro amor, inclusive sou, atualmente, um passarinheiro autorizado pelo IBAMA.

Os passarinheiros entrevistados em seu programa, sem dúvida, representaram, de maneira clara e objetiva, o perfil dos muitos Josés, Raimundos e Joãos que se dedicam, por vocação, à preservação da nossa avifauna através do lema – “Preservar, criando”.

O seu programa, inegavelmente em muito contribuirá para o início e desenvolvimento de uma campanha séria sobre a criação de passarinhos, de forma consciente, autorizada e fiscalizada por órgãos públicos, tais como o IBAMA.

Digo isto, porque existe um equívoco quanto a nossas atividades: – muitas pessoas vêem com maus olhos os passarinheiros, comparando-os com outros que invadem o ambiente, retirando dele, criminosamente, animais para simples comércio, sem tomar os devidos cuidados quanto à saúde e ambientação dos pássaros. Aquele que arranca das matas o pássaro selvagem e o vende sem tomar as devidas precauções, este sim, deve ser considerado um elemento pernicioso, que presta um desserviço à nação e à fauna.

Entretanto, o verdadeiro passarinheiro não pode ser equiparado a tais pessoas; ao reverso, é autorizado e fiscalizado nas suas atividades: – presta um serviço de valor à nação, criando, reproduzindo dentro das regras exigidas, prevenindo doenças transmissíveis, não só entre aves, como entre aves/ambiente/seres humanos e, principalmente, conseguindo preservar as diversas espécies já em extinção contra a ação, não só predatória, como também pelas adversidades da natureza e pela poluição das águas e das matas.

Portanto, é importante levar ao conhecimento do público que, graças aos abnegados criadores, os quais devotam um verdadeiro amor aos pássaros, podemos garantir que as futuras gerações, tais como a de nossos filhos e netos, terão ainda o prazer e embevecimento de ouvir o mavioso canto dos nossos pássaros nativos, bem como apreciar seu porte, graça e beleza, inclusive os estardalhaços dos nossos louros, não em pelúcia, mas ao vivo e em cores.

Sem o esforço e dedicação dos passarinheiros, somados à colaboração e estudo científico de biólogos, que possibilitam a aplicação de cuidados preventivos de doenças e métodos inovadores de criação planejada e orientada para o desenvolvimento de pássaros sadios, com certeza, sem este conjunto de atos positivos, teríamos no futuro uma nação que, tendo sido outrora, rica em pássaros exóticos e belos, acabaria se tornando completamente desfalcada, e assim, empobrecida a sua avifauna.

E, destes muitos ou poucos pássaros, que hoje são reproduzidos e mantidos em cativeiro, teríamos deles, apenas anotações em livros de História e Geografia. Isto, se sobrasse ao menos a História, pois sem a espécie viva para ser estudada, a História muitas vezes não pode ser escrita e a ciência passa a ser mera pesquisa, teoria e tentativas de acerto. Esta é a importância de se manter amostras da espécie vivas.

É bom observar que muitos destes criadores de pássaros estão também contribuindo com a ciência, oferecendo possibilidades de estudo de DNA para identificação de linhagem, sexo e distorções na reprodução, evitando cruzamentos inadequados, tendo em vista, não só o aprimoramento, como a conservação ao longo do tempo, dos genes originais.

Estas pessoas, no anonimato de vários Raimundos, Joãos e Josés, sentem-se agora mais fortalecidos para o desenvolvimento de suas atividades, estudos e pesquisas, e mais esperançosos do que ontem, simplesmente por terem adotado como madrinha a bióloga e jornalista Ana Maria Braga.

Com respeito de um admirador:

Jorge Guerreiro Heusi

Florianópolis, 04 de julho de 2003

Escrito por Jorge Guerreiro Heusi, em 2/9/2003