Antibióticos
Uso indiscriminado é um dos maiores causadores de mortes nos criadouros.
Acompanhando os aficionados por pássaros nativos, sempre nos deparamos com um ato inadmissível, porém muito freqüente, o uso indiscriminado de Antibióticos. No passado já fomos alertados algumas vezes pelo Dr. José Carlos Luz Martins (Zeca – BH), e agora novamente pelo Dr. José Carlos Pereira, sobre os perigos desse ato. Retiramos partes de seu boletim sobre Cândida, para elaborar o texto abaixo:
Gostaria de fazer um adendozinho. Falei de passagem (“Numa boa parte das vezes a candidíase foi determinada pelo próprio criador pelo uso intempestivo de antibióticos. Diante da diarréia e do emagrecimento da ave o criador continua com o uso do antibiótico ou o troca por outro fechando o ciclo mortal: antibiótico-Candida-antibiótico”), mas gostaria de aprofundar um pouco. É muito comum entre os passarinheiros o uso de antibióticos, muitos deles de largo espectro, para “evitar”doenças. Inventam moda porque são raríssimos os casos na medicina em que há esta indicação para os antibióticos. Ainda por cima é comum o uso de antibióticos formulados para humanos e em doses e espaçamentos aleatórios. Além dos casos de intoxicações e reações alérgicas, os pretensos casos de sucesso serão pagos lá na frente, com juros e altíssima correção monetária, com duas moedas:
1- Aumento no criadouro das infecções por parasitas oportunistas, caso da Cândida;
2- Seleção na criação de bactérias resistentes aos antibióticos.
Daí, amigos, essa alta mortalidade e morbilidade encontrada na criação de pássaros. Dizem que de médico, no nosso caso, de veterinário, e de louco todo mundo tem um pouco. Só que esse pouco tem um alto preço. Numa criação mantida com rígidas normas de higiene ambiental, nutricional e psicológica, com os pássaros em perfeitas condições de saúde (e um pássaro vindo de uso de antibióticos em longo prazo jamais poderá ser considerado como saudável), o uso de antibióticos e/quimioterápicos será muito raro e, quando necessário, os resultados serão colhidos com poucos dias de uso.
Voltamos a afirmar que todo tratamento deve ser feito com a orientação do veterinário após o diagnóstico correto. Assim não sendo, irá se submeter o pássaro a medicamentos que apresentam, como todo medicamento, reações colaterais e toxicidades. Uma informação: a nistatina é antibiótico específico para infecções por Candida. É comum nos depararmos com informações do seu uso pelos passarinheiros em infecções nas quais nem ela mesma sabe que age. Jogar dinheiro fora e atanazar a pássaro.
-Usar os antibióticos, principalmente os de largo espectro, somente com a indicação de profissional habilitado após o diagnóstico correto e a indicação precisa. Esse negócio de ficar atirando a torto e a direito, tentando cercar os parasitas por adivinhação, jamais foi boa prática médica. Creio ser esse o maior erro cometido pelos passarinheiros com as suas aves. O desequilíbrio da flora e a criação de bactérias resistentes, com toda certeza, são as principais causas das altas mortalidades encontradas nos criadouros, principalmente entre os filhotes. Isso, aliado à desnutrição, torna inviável qualquer projeto de boa criação de pássaros. Hoje já são muitas as Candidas resistentes ao cetoconazol, um dos fungicidas mais usados pelos passarinheiros atualmente. Um patógeno resistente segue com o pássaro de um criadouro a outro, podendo se disseminar por todo o plantel. Isso mostra o quanto a ação de um único criador pode atrapalhar o trabalho de vários outros.
Vale ressaltar que, no próprio site da COBRAP, no link Documentos/VETERINÁRIOS há uma série de profissionais habilitados a prescrever o medicamento correto, em caso de necessidade. Pedir a ajuda a pessoas desabilitadas jamais é uma boa opção, pois uma pequena economia imediatista traz, posteriormente, enormes prejuízos.
Ainda: Oriente seus amigos e conhecidos a fazerem o mesmo. Essa ação deve ser conjunta.
Escrito por Rob de Wit – Zootecnista, em 14/4/2008