As Trombetas
Porque será que será
José Filho escreveu em 27/2/2006 02:26
Disse o Chico: – O que será que será?
Digo Eu: – Porque será que será?
Que quando saio para passear com meus curiós só sinto-me à vontade no meio dos passarinheiros, quando estou fora deles sinto os olhares de curiosos e transeuntes queimando minha alma como se dissessem, olha um vagabundo com uma gaiola na mão, olha um criminoso destruindo a natureza, olha um marmanjo dessa idade brincando com passarinho como se fosse criança, coitadinho do bichinho preso na gaiola e volta e meia para confirmar minhas suspeitas, ouço alguem falar: – Cuidado olha que o IBAMA te pega !!!
Porque será que será?
Que o próprio IBAMA órgão responsável pelo controle da criação de passariformes, não cumpre as leis vigentes, não fazem suas obrigações de funcionários públicos, não procuram fazer valer efetivamente os direitos dos criadores regularizados nos tratam como marginais e infratores, nos atendem mal, nos jogam piadinhas fazem comentários indiscretos e ameaças deixando os menos letrados em sobressalto, eles próprios incompetentes e seus sistemas inoperantes nos impedem de manter nosso plantel atualizado coforme prevê a IN 01 e depois nós é que somos tratados com desconfiança, nós é que temos que dar o ônus da prova em função dos seus próprios erros, fazer requerimentos e mais requerimentos, reclamar, pedir implorar e ver que a coisa não anda por pura má vontade de quem de direito ou melhor de quem de dever.
Porque será que será?
Que uns criam gatos, cachorros, pombos, coelhos, papagaios, periquitos, peixes, galinhas, marrecos, etc; outros cultivam flores, samambaias, gramas, trepadeiras, cáquitos, oriza sativa, etc; alguns colecionam selos, botões, carros, tampinhas, óculos, calçados, amantes, etc; muitos jogam dama, xadrez, sinuca, biribol, jogo da velha, praga nos outros, etc; outros tantos gostam de dar dinheiro para pastores, padres, políticos, prostitutas, mendingos, menores abandonados, pro leão, etc; vários vivem de falar da vida alheia, falar de futebol, economia, política, saúde, etc; e nós somente nós passarinheiros somos tão mal vistos assim?
Porque será que será?
Que dizem que na prisão o filho chora e a mãe não vê,
que dizem que criamos passarinhos presos
que nos pedem para que soltemos nossas aves
seria porque não sabem que um condenado depois de muitos anos sem conseguir fugir resigna-se e aceita o presídio como seu habitat ou não sabem que quem nasce em cativeiro não consegue fácil adaptação à liberdade, a diferença é evidente e inconteste que gaiola não é prisão, na prisão o filho chora e a mãe não vê mesmo, na gaiola o filho chora e a mãe escuta, vê, alimenta, limpa suas fezes, aquece, ensina, cria. A prisão é um mundo infernal totalmente diferente da gaiola que é quase sempre um mundo sofisticado, civilizado, higiênico, com muito mais conforto, alimentação e saúde do que uma ave caipira solta consegue na natureza.
Porque será que será?
Que a nação brasileira até hoje não respeita um criador de passarinhos, que gera emprego, riquezas, traz divisas para o país com a produção de utensílios, medicamentos, alimentos, e que poderia gerar muito mais com a exportação da produção dos nossos criadouros comerciais e de quebra preserva da extinção as espécies nativas.
Aposto que todo bom passarinheiro compartilha desse mesmo pensamento, até quando? Até quando vamos aceitar passiva e pacíficamente este rótulo negro que nos é imposto por pura ignorância da população brasileira, temos que popularizar a criação de aves nacionais em cativeiro, desmistifica, desrotular, elevar, sublimar a criação de passarinhos, fazer o povo nos ver com outros olhos e só conseguiremos isso com muita união da classe e voz ativa em todos os setores do país, no congresso em palestras, fóruns e principalmente com muita força na mídia em geral, televisão , rádio, revistas, jornais, temos que estimular os estudantes de veterinária das faculdades brasileiras a aprofundarem-se mais no campo das aves de pequeno porte, só assim lutando em todas as frontes de batalhas, conseguiremos vercer essa guerra e fixar nossa bandeira orgulhosa e imponente no ponto mais alto do conceito social que é o nosso merecido lugar como verdadeiros ecologistas que somos com o sentimento de apego e preservação da avifauna brasileira que carregamos abafado no peito porque somos mal interpretados por falta de divulgação adquada das nossas atividades e objetivos.
Porque será que será que esse nosso grito de liberdade ainda está abafado e nossa bandeira mofando pelos cantos? Até quando essa situação vai perdurar? Avante companheiros vamos à luta!!!
Até quando? Até quando vamos
Escrito por José Filho, em 2/3/2006