Evitando os antibióticos

Prevenção

O uso indiscriminado de antibióticos na cria de pássaros e principalmente na época de cria é algo quase que alarmante. Muitos os criadores os utilizam de forma sistemática e rotineira, com o objetivo de “bloquear” a entrada de germes patogênicos que possa causar baixas principalmente nos filhotes. Outros, quando aparece alguma mortandade, recorrem imediatamente a um antibiótico para tentar erradicar o mal. Recorre-se portanto ao último recurso, sem o auxílio de algum profissional da área, sem antes Ter se tentado exaustivamente outros métodos preventivos de significativa importância.

A intenção é das melhores. Evitar a mortandade , proteger a saúde dos plantéis e, desta forma aumentar a produção. A grande pergunta quando chegamos a este ponto, e: será que quando lançamos mão do último recurso (o uso de antibióticos) já fizemos efetivamente tudo que estava a nosso alcance para evitar que a doença se instalasse ? Será que o simples fornecimento de antibióticos via oral poderá definitivamente “varrer” o germe instalado ? Desejo antes de mais nada, esclarecer que estas reflexões não tem o menor intuito de invadir o campo veterinário, mas simplesmente analisar do ponto de vista do nosso manejo qual seria o melhor caminho para que nós criadores pudéssemos atingir um nível mais elevado de sanidade e produtividade.

A nossa proposta consiste em utilizar todos o meios possíveis ao nosso alcance para prevenir a entrada de germes patogênicos na criação deixar o uso de antibióticos como sendo o último recursos a ser utilizado dentro do possível, com a ajuda de um médico veterinário especializado que possa nos orientará sobre a forma do princípio ativo mais adequado para cada situação. As infectações podem vir por bactérias, fungos, vírus, ou parasitas. Todas elas se transmitem das mais diversas formas e cabe a nós bloquearmos a entrada destes seres aos nossos plantéis.

Medidas preventivas – existem inúmeros aliados na prevenção de doenças infecto-contagiosas para tentarmos evitar “surpresas desagradáveis” . Alguns extremamente simples, outros de alta tecnologia. Vejamos algumas delas que consideramos interessantes:

1. Renovação do ar – O simples fato de renovarmos o ar de nosso canaril, será de por si só, um grande aliado. Onde existe uma superpopulação de indivíduos, também existirá uma superpopulação de microorganismos por eles gerados. Se deixarmos ar confinado, esses microorganismos aumentarão a sua concentração de forma perigosa e preocupante. A renovação do ar é uma forma simples de “varremos” o ar contaminado do interior das instalações permitindo a entrada do ar puro isento de microorganismos indesejáveis.

2. Entrada do sol – O sol é um germicida eficaz e reconhecido, além de ser fundamental fonte de energia favorecimento da absorção da vitamina D, etc.

3. Higiene – De fundamental importância, este tema é extremamente complexo e de larga abrangência. A eliminação dos germes de forma direta, eliminando sujeiras, materiais orgânicos, etc. Esta prática pode ser feita com inúmeros produtos desinfetantes existentes na praça, mas deve se tomar extremo cuidado no sentido de que muitos deles apresentam toxicidade para as aves. Existe um produto novo e verdadeiramente revolucionário de fabricação inglesa chamado Vircon que elimina vírus, bactérias, fungos e esporas, permite a fumigação diretas nos animais, filhotes, ovos , etc. que ajuda sensivelmente neste sentido.

4. Vestuário – O nosso vestuário, mãos cabelos, etc., são verdadeiros portadores de microorganismos. Resulta para nós criadores, muito difícil a realização de uma assepsia completa antes de entrar no canaril. De todas formas resulta fundamenta a utilização de pedilúvio para desinfeção da sola dos sapatos, e a desinfeção das mãos antes da entrada no criatório.

5. Vacinação – Existe uma doença especificamente transmitida por vírus (canari pox) chamada popularmente de bouba que pode ser prevenida vacinando todos os animais anualmente. Considerando que é contra indicada a sua aplicação em filhotes com menos de 60 dias, geralmente é aplicada quando os últimos chegam a essa idade.

6. Quarentena – Quando ingressamos reprodutores trazidos de fora, além de novas características genéticas, podemos estar trazendo novos germes que possam afetar nossos plantéis, de forma que resulta recomendável uma fumigação, e colocá-los numa instalação separada que nos permita observar seu estado de saúde por aproximadamente 30 dias e tomar as devidas medidas caso verifiquemos alguma anormalidade na saúde deles. Esta quarentena também pode ser utilizada para isolar exemplares do nosso plantel com problemas de saúde.

Estas são apenas algumas das medidas que poderão evitar dores de cabeça, despesas desnecessárias, uso incorreto de medicamentos, e finalmente, a morte dos nossos pássaros que tanto nos desanima. O uso de antibióticos, antimicóticos, etc. nunca está descartado, mas sempre sendo o último recurso e com o acompanhamento de pessoas profissionalmente capacitadas para indicar o produto certo, dosagem, etc. Boa sorte !!!

Publicado na Revista Pássaros – Ano 4 – n. 17 / 1999

Escrito por Álvaro Blasina, em 2/9/2003