Furlan

Prevenção e Profilaxia

Extraído do Livro Criação de Curiós e Bicudos de Aloísio Pacini Tostes.

O melhor tratamento para a coccidiose é o preventivo, já que esta doença é altamente contagiosa e pode causar grandes prejuízos se houver disseminação no criadouro. A higiene é essencial para evitar esse mal. A desinfeção permanente das instalações é fundamental para dificultar a infestação dos protozoários. Umidade e calor até por volta de quarenta graus centígrados fazem parceria para o aparecimento da coccidiose. Nesse tipo de ambiente os parasitas encontram meio adequado para a proliferação.

Uma vez expelidos pelas aves através das fezes contaminadas, se espalham pelas gaiolas ou viveiros e tão logo são ingeridos pelos pássaros no meio da comida, desencadeiam a enfermidade que, na maioria dos casos, leva à morte, porque causa lesões sérias no intestino, mas já foram detectadas em outros órgãos. É praticamente impossível acabar com a doença em criadouros; o que se pode fazer é provocar a imunidade natural nos pássaros através de um trabalho bem cuidadoso.

Em locais propícios, o oocisto (pequenos ovos do protozoário) sobrevive por quase três meses e para cada oocisto ingerido pela ave podemos obter quase um milhão de outros oocistos. Por isso é que sem tratamento e cuidados preventivos é quase impossível se obter sucesso na criação de pássaros. Todo pássaro teve a doença não deve tê-la eliminado totalmente de seu intestino, podendo ter novo surto por um aumento indiscriminado do parasita em virtude de queda de resistência . As coccídias não são da flora microbiana intestinal.

Essa afecção, que é provocada por seres muito pequenos, pode ser de dois grupos: eiméria e isospora, sendo que o primeiro atinge somente o intestino e o segundo, mais específico para passeriformes , inclusive bicudos e curiós, podem atingir outros órgãos. As instalações devem ser mantidas o mais limpas possível. O ideal é um piso telado, onde as fezes caiam para fora do viveiro, impossibilitando a ingestão de oocistos ou também fundos de gaiolas forrados de papel absorvente (tipo jornal), que serão retirados diariamente.

O sintoma mais evidente é o aparecimento da diarréia. As fezes sujam a cloaca, podem ter aspecto gelatinoso ou conter alimentos mal digeridos. Nem sempre são espalhadas ao atingirem o fundo, devido à quantidade de muco que solta o intestino, mantendo o seu formato. Sua coloração vai desde o amarelado até cor de borra de café, quando contém sangue digerido.

A ave fica embolada, podendo se alimentar ou ter um excesso de apetite, na grande maioria, devido à má absorção de nutrientes causada pelo parasita. Fica no cocho quase o dia inteiro e não se nutre, esse é um dos maiores sintomas. Com a ajuda de um veterinário, pode-se confirmar a existência da doença através das fezes examinadas em um microscópio.

Existem vários tipos de coccídias, cerca de trinta espécies somente dos passeriformes. São, na sua maioria, espécies de isospora. As espécies que atacam de galinha não acometem os pássaros, por isso vacinas desenvolvidas para elas não dão resultado para bicudos e curiós.

Os criadores de pássaros devem ter sempre em mente a prevenção, quando ainda não tiver sido detectada doença em sua criação, pois , quando ocorre o mal é muito difícil determinar a causa. O controle, quando já tiver tido surto de coccidiose, é fundamental para o sucesso da empreita. A eliminação total é impossível, devido à resistência do protozoário a todos os tipos de desinfetantes, exceto calor contínuo (água fervente, vassoura de fogo ou estufas de esterilização ). Se mantivermos baixa a infestação de nossas aves, elas se tornarão imunes e transmitirão tal imunidade para os filhotes.

Algumas medicações devem ser usadas para emergências e outras para prevenção. O jeito é prevenir para não precisar remediar. Primeiro com a higiene e desinfeção periódica das instalações e depois com doses preventivas de medicamentos coccidiostáticos. Devem ser ministradas doses precisas, de forma que os pássaros vão aos poucos adquirindo imunidade contra a doença. Doses erradas de medicação causarão toxicidade (doses altas) e resistência da coccídia ao medicamento (doses baixas). Logo a seguir , é importante que se ministre polivitamínico rico em vitamina A.

A transmissão é sempre através da ingestão de fezes contaminadas, depositadas no fundo da instalação, nos poleiros sujos, nas paredes onde a gaiola está encostada etc. Gaiolas e viveiros com os fundos telados muito contribuem na profilaxia. A contaminação também é provocada por moscas que transportam os oocistos de um lugar infectado para outro.

O bom seria a desinfeção com cal virgem, lança chamas ou estufa de calor a 150 graus Celsius para as gaiolas e apetrechos , tomando-se as devidas precauções na adoção desses procedimentos.

O tratamento curativo é feito com remédios à base de sulfa, nitrofuranos, ionóforos e outros. Está se usando ultimamente um produto muito eficaz contendo metilclorpindolo e vitaminas. A medicação é sempre repetida após 15 a 20 dias da primeira, contudo o tratamento costuma resolver bem quando se percebe a doença em sua fase inicial. Para se obter sucesso, tem-se também que desinfetar a gaiola contaminada a cada 3 dias, se possível com fogo, e desencostá-la da parede para evitar nova infestação.

Escrito por Stella Maris Benez, em 2/9/2003