Há um céu para Formoso?

Vazio no Coração

Era o ano de 1979. No dia 14 de outubro daquele ano estava eu em Formosa(GO), a uns 80 kms. de Brasília e soube de um caboclo que tinha um bicudo para vender. Lá apresentou-me um bicudo ainda pardo, em uma gaiola sem a mínima condiçao de higiene, sem sequer se poder observar melhor o pássaro.Já em casa pude verificar que estava com problemas respiratórios. Retornei ao cidadão para devolvê-lo mas ele disse-me já haver passado o cheque.Foi quando então deparei-me com um pássaro bem diferente. Propus compra´-lo, mas tive que dar mais dinheiro pois ele já sabia tratar-se de um raro híbrido.Levando-o coloquei a anilha aberta do IBDF 1977/7578 e o batizei com o nome de Formoso. Vi desde logo ser um híbrido de curió ainda não virado. Não sabia ainda se seria hibrido com coleiro do brejo, patativa chorona ou boiadeiro. Depois da primeira muda tive a certeza de tratar-se de um acasalamento de curió com boiadeiro (chorão), feito no mato.Ficou com a “roupagem” definitiva mais parecido com o boiadeiro, embora no peito levemente pardo. Com relação a estrutura tinha bico e porte de curió. Inicialmente sem canto definido, mas com os meus professores paracambi encartou muito bem. Só cantava como chorão quando disparava para uma fêma de curió o que muito lhe encantava. Quanto a um curió macho não gostava de ver nem de longe.Fiel a crença de que os híbrido não são fertéis nunca tentei criar com ele , do que me arrependo.Formoso era muito valente, cantador e de muita raça fazendo um sucesso no clube de passarinheiros de Brasília.Todos o admiravam e me deu muitas alegrias durante os 26 anos que viveu comigo, cantando até as vésperas de morrer.No dia 9 de julho de 2005 ele não voou mais, não cantou mais estava inerte no fundo da gaiola. Foi um dia muito triste. Havia um silêncio e um vazio em nossos corações. Viveu conosco mais que nosso filho que Deus levou com 22 anos. Quem sabe foram se encontrar…

José Carlos Ramos

Escrito por José Carlos Ramos, em 6/2/2006