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Feitiço contra o feiticeiro

Eles me deixam louco

Postado por: José Filho (jose.araujo@dprf.gov.br)

Quando eu era pequeno, molequinho mesmo nem usava estilingue ainda, talvez com cinco ou seis anos, estava retornando da casa da minha quando vi algumas aves pousadas numa cerca de arame, com muita sagacidade pé-ante-pé aproximei-me sorrateiramente, peguei um caco de telha e atirei com toda força, o caco girando no ar tomou um efeito inverteu a direção e acabou pegando uma das aves de surpresa que com o impácto foi lançada ao chão, corri e peguei a ave enquanto estava atordoada, levei-a para minha casa, quando o passarinho já estava sóbrio, amarrei um barbante no seu pé e fiquei bricando com ele durante toda a manhã, botava para voar e puxava pelo barbante, quase todos os meninos da vizinhança tiveram com ele pelas mãos, o pobrezinho ficou todo esse tempo sem comer nada e os adultos falavam menino solta esse pardal, deixa o coitado ir embora, por volta do meio dia após uma forte chuva fiquei arrastando ele pela enchorrada até o mesmo morrer afogado, em seguida joguei-o no lixo. Hoje após tantos anos, todo dia vejo pardais no meu quintal, mexendo no lixo, comendo o sorgo que planto, não posso botar uma gaiola para fora que logo um pardal vem e pousa encima, os bichichos faltam me deixar louco, chocam e tiram em progressão geométrica, eles estão em todo lugar, no telhado, na garagem, no pomar, na vizinhança e comem de tudo, não incomodam-se com nada e adoram incomodar meus curiós, Não sei porque isso está acontecendo comigo, será que fiz alguma coisa para merecer essa tortura?! Será que estou pagando algum pecado?! Seria uma vingança?! Acho que o feitiço virou contra o feiticeiro.

Escrito por José Filho, em 7/2/2006

Há um céu para Formoso?

Vazio no Coração

Era o ano de 1979. No dia 14 de outubro daquele ano estava eu em Formosa(GO), a uns 80 kms. de Brasília e soube de um caboclo que tinha um bicudo para vender. Lá apresentou-me um bicudo ainda pardo, em uma gaiola sem a mínima condiçao de higiene, sem sequer se poder observar melhor o pássaro.Já em casa pude verificar que estava com problemas respiratórios. Retornei ao cidadão para devolvê-lo mas ele disse-me já haver passado o cheque.Foi quando então deparei-me com um pássaro bem diferente. Propus compra´-lo, mas tive que dar mais dinheiro pois ele já sabia tratar-se de um raro híbrido.Levando-o coloquei a anilha aberta do IBDF 1977/7578 e o batizei com o nome de Formoso. Vi desde logo ser um híbrido de curió ainda não virado. Não sabia ainda se seria hibrido com coleiro do brejo, patativa chorona ou boiadeiro. Depois da primeira muda tive a certeza de tratar-se de um acasalamento de curió com boiadeiro (chorão), feito no mato.Ficou com a “roupagem” definitiva mais parecido com o boiadeiro, embora no peito levemente pardo. Com relação a estrutura tinha bico e porte de curió. Inicialmente sem canto definido, mas com os meus professores paracambi encartou muito bem. Só cantava como chorão quando disparava para uma fêma de curió o que muito lhe encantava. Quanto a um curió macho não gostava de ver nem de longe.Fiel a crença de que os híbrido não são fertéis nunca tentei criar com ele , do que me arrependo.Formoso era muito valente, cantador e de muita raça fazendo um sucesso no clube de passarinheiros de Brasília.Todos o admiravam e me deu muitas alegrias durante os 26 anos que viveu comigo, cantando até as vésperas de morrer.No dia 9 de julho de 2005 ele não voou mais, não cantou mais estava inerte no fundo da gaiola. Foi um dia muito triste. Havia um silêncio e um vazio em nossos corações. Viveu conosco mais que nosso filho que Deus levou com 22 anos. Quem sabe foram se encontrar…

José Carlos Ramos

Escrito por José Carlos Ramos, em 6/2/2006