Micotoxinas um inimigo silencioso

O que mata filhotes

Os problemas causados pelo desenvolvimento de fungos nos alimentos e suas matérias-primas são motivo de preocupação para a maioria dos criadores não apenas pelo fato de reduzir consideravelmente os valores nutritivos da ração ou farinhada nas quais se utilizaram grãos contaminados, mas também pelas micotoxinas que resultam da presença de fungos no alimento.

O presente informativo tenta de maneira breve demonstrar as razões pelas quais pesquisadores, fabricantes de alimentos e demais envolvidos na cadeia da produção animal E CRIADORES buscam alternativas capazes de minimizar as perdas causadas tanto por fungos como por seus metabólitos tóxicos, as “Micotoxinas”.

AS PERDAS DE NUTRIENTES

Existindo o desenvolvimento de fungos nos grãos e subprodutos, matérias primas básicas de rações para pássaros; seu valor nutritivo cai drasticamente, porque seus nutrientes são utilizados pelos fungos em seu metabolismo.

Em especial nos países tropicais, as perdas causadas por fungos são em torno de 4%, podendo chegar até 30% em alguns países principalmente devido a temperaturas e umidades relativas altas, onde as chuvas possam evitar uma secagem adequada dos grãos e, serviços de transporte e armazenagem inadequados que podem propiciar a quebra dos grãos e ataque de insetos, respectivamente.

O desenvolvimento de fungos pode acontecer sem haver sinais visíveis ao olho humano, assim podem invadir os grãos destruindo o embrião e rompendo os grânulos de amido no endosperma.

Os fungos também apresentam atividade lipásica elevada, determinando mudanças que deterioram os grãos de oleaginosas, demonstrado pelo aumento do conteúdo de ácidos graxos livres dos grãos. Porém, talvez um efeito ainda de maior impacto seja a presença de micotoxinas, produtos do metabolismo fúngico que se desenvolvem nos cereais, oleaginosas e seus subprodutos.

MICOTOXINAS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Vários trabalhos relatam os efeitos danosos das micotoxinas sobre as espécies domésticas. Contudo, os grandes surtos de micotoxicoses não ocorrem com muita freqüência. Quase sempre, os fatores de predisposição podem alertar para uma maior possibilidade de risco, dando tempo para implementar rigorosas medidas de segurança. Mas o tipo mais comum de infecções por micotoxinas sofrido na criação de pequenos animais é de forma discreta. Por exemplo, muitas micotoxinas prejudicam o sistema imunológico causando reações específicas a antibióticos, levando a uma diminuição da resistência, aumento da morbidez e mortalidade, que é caracterizado por moléstias infecciosas de origem bacteriana, ou virótica.

Desta forma, as micotoxicoses crônicas, na maioria das vezes passam desapercebidas ou confundidas com outras doenças, levando a perdas irreparaveis no criatório.

De um modo geral, as micotoxinas são capazes de causar stress nas células imunológicas tornando-as inabilitadas para combater agentes infecciosos como bactérias que possam invadir o organismo dos animais.

Quando ingeridas em doses baixas, as micotoxinas levam a uma morte prematura de tais células, processo este denominado “Apoptosis” que tem como resultado um aumento da susceptibilidade às infecções por microrganismos patogênicos. Em dosagens maiores chegam a causar lesões hepáticas que interferem nas funções normais do fígado, afetando a produção de bile como é o caso da Aflatoxina que somada a outras micotoxinas como Ocratoxina, Toxina T-2 e Rubratoxina aumentam a fragilidade capilar, provocando hemorragias e hematomas principalmente em aves, conseqüentemente na condenação de carcaças nos abatedouros por hematomas.

OCORRÊNCIAS DAS MICOTOXINAS

Entre 1986 e 1997 no sul do Brasil, foram avaliadas mais de 5.000 amostras de grãos produzidos para produção de alimentos. Destas, 42,6% eram positivas para Aflatoxina com uma média de concentração da toxina em 34,5 ppb e um máximo de 14,2 ppm ou mg/kg sendo o milho responsável por mais de 50% das amostras positivas para Aflatoxinas, 2,9% das amostras positivas para Zearalenona e 0,4% das amostras positivas para Ocratoxina A. Neste estudo também foram incluídas amostras de rações para animais, as quais apresentaram positividade de 44,7% para Aflatoxina com níveis médios de concentração em 35,6 ppb e máximo de 5,1ppm, 2,62% para Zearalenona com níveis médios de 15,07 ppb e 1,07% para Ocratoxina A com níveis médios de 0,14 ppb. Em outro estudo, 47,1% das amostras de milho testadas estavam contaminadas com Fumonisina B1 com níveis médios de 8,4 ppm e 26,6% das amostras de ração contaminadas com níveis médios de 13,1 ppm.

Internacionalmente, já tem sido identificadas mais de 200 Micotoxinas (Toxinas causadas pelos fungos), cada uma delas produzindo sintomas específicos nos animais que consomem alimentos contaminados. A Aflatoxina foi a primeira Micotoxina descoberta, e conseqüentemente a mais estudada.

CONHEÇA ALGUNS DOS POSSÍVEIS EFEITOS NOCIVOS CAUSADOS PELA AFLATOXINA NAS AVES

Queda da produção de Ovos

Reduçao do crescimento

Aumento da mortalidade

Queda da eficiência alimentar

Intoxicação hepática

Aumento do tempo de coagulação do sangue

Redução da Imunidade

Aumento da gravidade de infecções

Anemia

Queda da capacidade de metaboliza gorduras, amidos e proteínas

Problemas nas pernas

Redução da pigmentação da pele

Aumento da sensibilidade para mudanças climáticas

Queda do apetite

Queda da fertilidade

Redução da eficácia dos antibióticos

Nos referimos a AFLATOXINA devido a ser o tipo de micotoxina que mais se destaca no Brasil devido ao clima e consequentemente sendo a que mais causa danos a nossas criações.

COMO PODEMOS MINIMIZAR OS EFEITOS DESSES VERDADEIROS INIMIGOS INVISÍVEIS

A adsorção de Aflatoxinas através da adição de aluminosilicatos às rações para o consumo animal é um método cada vez mais empregado e eficiente no controle de Aflatoxinas. Constituindo-se o método bastante eficaz para a destoxificação do alimento para o consumo animal a um custo bastante atraente.

Vale salientar ainda que boas práticas de manejo, onde o controle sanitário é de extrema importância para prevenir doenças e o cuidado ao adquirir sementes, farelos e matérias-primas que compões a ração ou farinhada, ou mesmo rações já prontas, observando o aspecto destas, cheiro, cor, etc… considerando sempre a origem dos mesmo a fim de minimizar a incidência de micotoxinas.

Escrito por Eduardo C. Rosatti, em 8/10/2003