Pássaros Invadem Taguatinga
O Primeiro Grande Evento
Ocorreu ontem, em Taguatinga, no colégio Marista,. A paixão por pássaros trouxe ao Distrito Federal cerca de 800 criadores de todos os estados do país. Enquanto bicudos, curiós, canários da terra, coleiros e trinca-ferros cantavam insistentemente, muitos negócios eram realizados. A organização do evento estima que a competição movimentará aproximadamente R$ 500 mil, sem contar com os recursos provenientes dos gastos com hospedagem e alimentação, por parte dos competidores.
Os passarinheiros, como são conhecidos os criadores, ocuparam cerca de 200 quartos de hotéis em Taguatinga. As confraternizações, realizadas desde quinta-feira, em restaurantes e churrascarias também renderam um extra à economia da cidade. A compra e venda de animais, gaiolas, rações, recursos suplementares e outros a apetrechos, usados na criação de aves, colaboraram para aumentar a circulação de dinheiro no DF durante o fim de semana.
O campeonato foi organizado pela Confederação Brasileira dos Criadores de Pássaros Nativos (Cobrap). O concurso é autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para competir, todos os criadores precisam possuir certificado emitido pelo órgão. Só aves nascidas em cativeiro podem participar da disputa. “Nenhum pássaro capturado na natureza é inscrito nas associações de criadores. Nós rechaçamos os traficantes de animais”, disse Pedro Alves Monteiro, presidente da Sociedade Ornitóloga do DF (SODF), que é ligada a Cobrap.
O superintendente do Ibama, Francisco Palhares, acredita que as associações têm grande importância no combate ao tráfico de animais silvestres. “Elas acatam as exigências que a lei estabelece. Assim funcionam como agentes multiplicadores da legalidade”, afirmou o representante do Ibama, que compareceu ao campeonato.
O presidente da Cobrap, Aloísio Tostes, disse que os pássaros que participaram da competição são os melhores do Brasil. “Aqui está a elite. O preço de um pássaro considerado bom varia entre R$ 5 mil e R$ 10 mil”, disse. “Um filhote custa entre R$ 200 e R$ 500”, acrescentou. Aloísio destacou ainda a interação social promovida pelo hobby. “Para se ter uma idéia, o número de médicos é igual ao de pedreiros. Temos pessoas de todas as profissões participando do evento”.
Marcelo Pereira Rezende, 46 anos, também aprendeu a gostar de pássaros com o pai. Ele enfrentou, de ônibus 1.200 quilômetros, que separa Niterói (RJ) de Taguatinga, para participar da competição. “É tudo por paixão. Tive que gastar mais de mil reais. Se eu for o vencedor levarei um troféu que custa no máximo R$ 30. Mas vale a pena. A confraternização com outros criadores compensa”, disse o fluminense auxiliar de contabilidade, que cria aves há 10 anos.
Escrito por Leandro Bisa, em 2/9/2003