Rotina do acasalamento

Práticas de manejo

Texto retirado do livro Criação de Curiós e Bicudos

A rotina mais usada na forma de trabalhar o pássaro com a sua fêmea, notadamente no período dos torneios, obedece aos seguintes procedimentos:

– só sair de casa para passeio com pássaros em grupos, se cada um estiver junto com sua respectiva fêmea;

– não usar a fêmea para dois machos diferentes, e vice-versa;

– não deixar a fêmea botar ovo na época em que o macho esteja participando de torneios. Pode fazê-lo ficar choco e inutilizá-lo para a temporada. Evite colocar ninho na gaiola;

– colocar os dois (macho e fêmea), para dormir se vendo, na quarta-feira, a uma distância de 20 centímetros uma gaiola da outra. De manhã cedo, na quinta-feira, afastar as gaiolas, o mais possível; e

– na véspera do torneio, além de viajarem juntos, cada um em sua gaiola, devem assim ficar até o início da disputa. Procure deixá-los sempre encapados com capa dupla, não desgasta, não deixa os machos passarem fêmea e possibilita manusear muitos casais, depois de colocados lado a lado na véspera do torneio só devem ser abertos por poucos momentos antes do início do torneio;

– depois do torneio, deixar os dois se vendo até o dia seguinte de manhã, para evitar que o macho fique rouco de tanto cantar;

– nos outros dias, afastar a fêmea, para conseguir-se que o macho não fique super excitado ou passado de fêmea; é necessário também que a fêmea não entre em processo de nidificação, o que é um desastre para um pássaro em regime de disputa de campeonato;

– se a fêmea estiver abaixando, pedindo gala, não deixe que o macho a veja na véspera do torneio. Pode-se usar uma outra fêmea estepe, de preferência fria, para substituir a titular provisoriamente e por muito pouco tempo;

– alguns criadores criam vícios nas aves e utilizam na véspera do torneio a técnica de substituir a fêmea por outra. Nesses casos, usam duas fêmeas para um só macho, uma para viajar e acompanhar os machos nos torneios e outra para acasalar normalmente em casa;

– alguns curiós, na véspera dos torneios, gostam de ficar juntos com fêmeas estando as duas gaiolas com os passadores abertos;

– para mostrar a fêmea para o macho, existem muitas maneiras: ver por cima, ver por um buraco bem pequeno, ver de longe, ver de perto. Cada pássaro gosta de um jeito. Descubra qual, baseado no desempenho dele nos torneios;

– feito o acasalamento procure nunca mais trocar a fêmea, principalmente se os resultados forem positivos, isso porque eles são muito fiéis e, à medida que o tempo passa, vão se entendendo cada vez mais.

Há, todavia, casos em que o macho que enjoa de sua fêmea depois de uma ou mais temporada; se isso for percebido, pelo baixo rendimento, deve-se trocar a companheira.

Pelo que vimos acima, dá para se perceber como é complicado fazer acasalamento. Não há uma regra geral precisa. O sucesso permanente de uma ave vai depender muito da forma utilizada pelo criador. Convém agir com simplicidade, não criando manias exageradas que podem habituar o pássaro a modos esdrúxulos de acasalamento.

Por isso é que um pássaro pode se sair muito bem na mão de um criador e na de outro ser um fracasso, justamente por não se conseguir saber como agia o proprietário anterior ou não se ambientar com a nova mão.

11.10 – Manejo para torneio de fibra

Pássaro de torneio, especialmente, de fibra, como já foi dito, tem que ser tratado com muito cuidado. Todos os anos a rotina deve ser repetida. Quando saem da muda, estão frios e fechados. No início da temporada deve-se trabalhar muito mais do que no final, levando em conta que depois que o bicudo ou curió adquirirem fogo, isto é, estiverem abertos, o trabalho é manter a forma com menos intensidade no manuseio.

Começa-se passeando bastante com cada um, isoladamente. Enquanto o pássaro não estiver totalmente aberto, carregue-o somente com a sua fêmea para passear. Quando perceber que ele está cantando forte e de fogo, aí sim, pode-se levá-lo acasalado junto com outro casal. Também é salutar que escutem de longe o canto de outro bicudo ou o canto de outro curió, estranhos para eles, estimula e serve para irritá-los.

Não se deve nunca ficar trocando de lugar na casa o pássaro de torneio. Depois que voltar do passeio, trocar a água da banheira e colocá-lo, de imediato, no prego. Lembrar que a ave de torneio é como um cavalo de corrida, terá que ficar sempre recolhida obrigatoriamente no seu prego, à exceção dos momentos de passeio e exposição ao sol.

Quando o passarinheiro entender que pendurar a ave para cantar do lado de fora da casa melhora o desempenho, deve procurar não exceder o prazo de trinta minutos por dia. Se passar disso seu desempenho no torneio ficará prejudicado, principalmente para o de fibra.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003