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Inseminação artificial

Inseminação em pássaros

Há muito tempo que eu venho lendo, em revistas especializadas, sobre inseminação artificial em periquitos, praticada por criadores americanos e australianos. Trata-se de um assunto extremamente polêmico e que me causou, a princípio, incredibilidade.

A alguns meses atrás eu li um artigo, que não só abordava os aspectos positivos e negativos da inseminação artificial, mas também ensinava passo a passo, as técnicas para a realização da mesma.

Desde então, venho praticando tais métodos em meu criadouro, obtendo resultados positivos. É bem verdade que ainda não atingi o nível de perfeição obtido pelos criadores citados anteriormente, mas acredito que seja apenas uma questão de experiência.

Conforme relatos de criadores experientes nesta prática, a inseminação artificial permite um incremento significativo na fertilidade do plantel, principalmente se levarmos em consideração aquelas fêmeas que não se abaixam corretamente para os machos ou que por algum motivo não permitem a cópula, cujos ovos quase sempre são vazios. Há também os machos que por estarem muito gordos, ou por qualquer outro tipo de problema, não conseguem galar a fêmea corretamente. Estes pássaros são excelentes para a prática da inseminação, principalmente se os mesmos forem de ótima qualidade.

Um aspecto que deve ser abordado, é quanto ao momento da inseminação artificial. Não só as fêmeas devem estar “prontas”, mas os machos também, já que é comum na hora da colheita do semem, os machos apresentarem-se estéreis. Pelo que pude observar neste curto espaço de tempo, há machos que não produzem esperma, provavelmente por problemas em seus testículos, sendo impossível o seu uso tanto nas gaiolas de criação, como na inseminação artificial. Eu particularmente possuo alguns destes. Por outro lado, há machos que produzem esperma durante um certo período do ano, ficando algum tempo sem produzi-lo (normalmente não há produção de esperma em época de muda e quando os machos estão alimentando os filhotes). A verdade é que para uma colheita perfeita, o macho deve estar bem “quente”, de preferência acasalado.

Já as fêmeas para serem inseminadas devem ter botado seu 1º ovo, dando a certeza que sua postura teve início. A inseminação deve ser feita na noite do dia em que ocorreu a postura do 1º ovo, já que, para que o próximo ovo seja fertilizado, é necessário a presença de esperma no organismo da fêmea, 36 horas antes de sua próxima postura. No relato dos criadores mais experientes, uma única inseminação é suficiente para galar alguns ovos, já que a fêmea possui em seu organismo um orgão que armazena o esperma, mantendo-os vivos por praticamente 11 dias.

Nas inseminações artificiais que pratiquei em meu criadouro, em apenas uma fêmea foi obtida a fertilização de 3 ovos posteriores a introdução do esperma, nas demais apenas 1 ovo foi fertilizado. Aqui, talvez esteja a falta de experiência que eu me referi anteriormente, faltando quem sabe um pouco mais de prática para que realmente se consiga uma fertilização mais efetiva dos ovos. Acredito que para a fertilização de vários ovos, seja necessário mais de uma inseminação artificial, principalmente se levarmos em consideração que o macho gala a fêmea diversas vezes.

Posso afirmar com clareza que tal método de forma alguma prejudica fisicamente, tanto machos como fêmeas, porém observei em 2 fêmeas que foram inseminadas, que a quantidade de ovos colocados após a realização da técnica, foram inferiores aos normalmente colocados por elas. Acredito que tal fato tenha ocorrido devido a falta de prática no manuseio das fêmeas, provocando quem sabe distúrbios em seu ciclo reprodutivo. Saliento que este tipo de problema nunca foi abordado por nenhum artigo que eu tenha lido.

Para a realização da inseminação propriamente dita, tudo que se precisa é um tubo capilar e alguns pedaços de papel absorvente ou pano. A colheita do sêmem é feita através da pressão dos dedos na cloaca do macho. Anatomicamente os machos dos periquitos possuem uma bolsa próximo a região da cloaca, cuja finalidade é o armazenamento do esperma produzido nos testículos. Como se sabe, os testículos nos periquitos são orgãos internos, localizados na região abdominal mais precisamente perto dos rins. O que se precisa então é apenas saber “espremer” corretamente a bolsa citada anteriormente. Com a pressão o esperma é expelido para o exterior, devendo ser colhido com o tubo capilar. Para uma melhor colheita é aconselhável que as penas em volta da cloaca sejam retiradas.

Nas fêmeas, a primeira providência é fazer uma limpeza de seus intestinos e uretra, eliminando assim, as fezes e a urina. Caso não seja realizada esta limpeza, é normal após a inseminação, quando se retorna a fêmea a sua gaiola que a mesma vá ao poleiro e elimine as fezes, eliminando juntamente o esperma anteriormente introduzido. Além disto, as fezes e principalmente a urina são extremamente prejudiciais ao esperma, impedindo a sua sobrevivência e consequentemente a sua caminhada até onde se encontram os óvulos a serem fecundados.

Esta limpeza é feita através de uma leve pressão na região da cloaca, realizando-se movimentos que assemelham-se com uma massagem. Expelida as fezes e a urina, pega-se o papel absorvente ou o pano e passa-se em volta da cloaca, retirando-se qualquer resíduo que por ventura tenha permanecido. Após este procedimento, aplique nova pressão na cloaca da fêmea até que se consiga visualizar a parte interna da mesma ( de cor rosada) e então assopre o esperma neste região. Deixe a cloaca se fechar normalmente e está terminada a inseminação. Retorne a fêmea a gaiola e observe se a mesma não expele novas fezes, caso afirmativo a inseminação artificial não logrará êxito. Esta operação não deve exceder o tempo máximo de 5 minutos, que corresponde ao tempo de sobrevivência do sêmem fora do organismo. Com prática você consegue fazer todas as operações citadas em menos de 2 minutos.

Concluindo, vejo na prática da inseminação artificial alguns pontos positivos e outros negativos. Na Inglaterra tais métodos são proibidos, porém, acho muito vago a proibição de certos atos que não podem ser fiscalizados com rigor, já que como dito anteriormente, com prática você consegue em poucos minutos e no interior de seu criadouro realizar a inseminação. De positivo fica a possibilidade de utilizar um macho de ótimas qualidades e que seja um forte transmissor destas características, em várias fêmeas ao mesmo tempo. De negativo, posso afirmar que nem sempre o macho que se quer utilizar para inseminação, possui esperma no dia desejado, além de como já salientado anteriormente, não ter conseguido fertilizar mais do que 1 ovo por inseminação.

Finalizando, para ter certeza de que realmente a inseminação funciona, de um casal de celeste, inseminado com sêmem de um normal verde escuro, nasceu um filhote macho normal verde escuro.

Escrito por Marcelo Miroski Dutra, em 2/9/2003

Início do Acasalamento

Procedimentos

Texto retirado do livro Criação de Curiós e Bicudos de Aloísio Pacini Tostes

Após escolhida a fêmea exclusiva, obedecendo à regra “para macho novo, fêmea nova”, podemos iniciar a fase do acasalamento, lembrando que cada um terá que ficar em sua gaiola. O processo deve ser gradativo. Os dois devem primeiro se habituar com o som e reconhecer de forma recíproca o canto do parceiro. O que implica em dizer que não se deve nunca mostrar a fêmea abruptamente, é preciso ir devagar. O ideal é colocá-la, de início, a uns dois metros de distância do prego do macho com um separador de tábua, evitando-se que se vejam durante dois dias. Depois se aproxima a gaiola da fêmea para a distância de um metro, pelo período de mais um dia. Em seguida, através de um buraco de 5 cm no centro do separador, deixe que eles se vejam pela primeira vez, sempre cada um em sua gaiola. Se a reação do macho for estourar, galanteando a fêmea, é um bom sinal; demonstra que, à primeira vista, ele gostou dela. Mas só isso não é suficiente.

É preciso muito mais. Ela também tem que gostar dele. O macho sente quando a fêmea não gosta dele, isso muito acontece quando o criador utiliza uma fêmea para dois machos ou mais, não faça isso, jamais. Os dois terão que se amar, e assim irão, daí para a frente, iniciar a troca de sinais de carinho que vão se intensificando com o passar do tempo. As demonstrações mais importantes de que o casal está se entrosando é um responder o quem-quem do outro e também o chiado de rato, emitido principalmente pelo macho. Se o criador perceber que um não gostou do outro, terá que repetir todo o processo com outra fêmea, até conseguir a formação do casal.

Depois de tudo isso ainda tem muita coisa a considerar na parte de acasalamento. Às vezes estão bem acasalados, mas o desempenho do macho deixa a desejar. Assim, é preciso tentar trocar a fêmea ou mudar o jeito de acasalar. Na verdade, a tarefa mais difícil em toda a preparação para torneio é formar o casal. Pássaro bom e valente, satisfeito com sua fêmea, é a segurança de bons resultados sempre.

Logicamente, estamos falando de regras gerais. Cada ornitófilo, pela sua experiência, deve agir como achar melhor, ainda mais se tudo estiver dando certo.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003