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Aditivo nas Rações

Informações importantes

Informações encontradas no site: http://cavalocompleto.com.sapo.pt/nutri09.htm – Nutrição animal on line

ADITIVOS I

INTRODUÇÃO:

São substâncias adicionadas intencionalmente às rações com o objetivo de conservar, intensificar ou modificar as suas propriedades químicas, sem prejuízo ao seu valor nutritivo (Lei 6198 de 26/12/1974).

TIPOS DE ADITIVOS ÀS RAÇÕES:

a) Aditivos que influenciam a estabilidade do alimento, seu processamento ou propriedades físicas e nutritivas

– Anti-fúngicos

– Anti-oxidantes

– Aglutinantes

b) Aditivos que modificam o crescimento animal, a eficiência alimentar, o metabolismo e seu desempenho

– Flavorizantes e aromatizantes

– Modificadores da digestão:

Enzimas

Tampões

Inibidores da produção de metano

Probióticos

Acidificantes orgânicos

Isoácidos

Compostos ionóforos

Indutores da salivação

Agentes defaunadores

– Modificadores metabólicos

– Hormônios

– Agentes repartidores de nutrientes (compostos b-adrenérgicos)

– Promotores de crescimento

– Antobióticos

– Quimioterápicos

– Saponinas

c) Aditivos que modificam o estado de saúde do animal

– Drogas

– Substâncias ambientalmente ativas

– Imunomoduladores

d) Aditivos que alteram a aceitação do produto pelo consumidor

– Xantofilas

– Saponinas

CONDIÇÕES PARA O USO DOS ADITIVOS:

– Intensidade de produção

– Forma de utilização

– Uso combinado de aditivos

– Período de carência

– Não deixarem resíduos nos produtos animais

– Serem biodegradáveis

– Relação custo: benefício

ANTIBIÓTICOS:

Definição: São princípios ativos derivados de substâncias bacterianas, utilizados em doses bastante reduzidas, que não sejam recomendados para a terapêutica humana ou animal, biodegradáveis, não terem ação mutagênica para bactérias, sem acumular resíduos no organismo animal ou humano.

Modo de ação: inibem ou destroem microorganismos agindo junto às mucosas aumentando a capacidade digestiva e absortiva.

Exemplos: bacitracina de zinco, avoparcina, colistina, flavomicina, virginiamicina, licomicina, tilosina, enramicina, etc.

Tabela: Eficiência dos antibióticos como promotores de crescimento para suínos.

Controle

Antibióticos

Aumento (%)

Fase inicial (7-25 kg)

· Ganho de peso (kg)

0,39

0,45

16,4

· Conversão alimentar

2,28

2,13

6,9

Fase de crescimento (17-49 kg)

· Ganho de peso (kg)

0,59

0,66

10,6

· Conversão alimentar

2,91

2,78

4,5

Fase de crescimento- acabamento

· Ganho de peso (kg)

0,69

0,72

4,2

. Conversão alimentar 3,30

3,23

2,2

Fonte: Miller et al. (1991).

Tabela: Efeito de agentes antimicrobianos na dieta sobre a digestibilidade aparente de energia, do nitrogênio e do fósforo em suínos.

Digestibilidade

aparente (%)

Nº de

experimentos

Agente antimicrobiano1, ppm

Variação

percentual

0

11-50

Energia

4

79,1

84,2

+ 5,1

Nitrogênio

7

81,6

83,4

+ 1,8

Fósforo 2

56,6

60,0

+ 3,4

1Avilamicina-40ppm, Avoparcnia-20ppm, Carbadox-20-50ppm, Tilosina-40ppm, Virginiamicina-11-50ppm.Fonte: Stahly, 1995, citado por Miyada, 1996.

QUIMIOTERÁPICOS, NITROFURANOS E SULFONAMIDAS:

Têm função semelhante aos antibióticos, mas com uso bastante restrito, visto alguns princípios ativos terem sido proibidos para uso em rações.

Exemplos: olaquindox, furazolidona, sulfadimetoxina, carbadox.

ARSENICAIS:

Tem ação inibidora do desenvolvimento dos microorganismos, ou ação sinérgica outros aditivos, como por exemplo os anticoccidianos. O principal é o ácido 3-nitro 4-hidróxi fenil arsônico, e o ácido arsanílico.

COMPOSOTOS CÚPRICOS:

Inibem o crescimento de microorganismos, sendo o sulfato, carbonato e o óxido de cobre os mais utilizados. Exigência para suínos:

50 ppm CuAção aditiva: 100 – 200 ppm

Cu Nível de toxidez: ³ 250 ppm Cu

ANTIFÚNGICOS:

Inibem o desenvolvimento de fungos nas rações e ingredientes de ração.

Exemplos: ácido propiônico, violeta de genciana, thiabendazole

TABELA: Níveis adequados e recomendados de produtos inibidores de fungos a base de ácido propiônico (> 60% de concentração) para milho armazenado em silos.

Umidade média dos grãos armazenados

Quantidade de ácidos orgânicos (%)

Quantidade de ácidos orgânicos (l/ton grãos)

11-12

0,10

1,0

13-14

0,20

2,0

15

0,25

2,5

16

0,30

3,0

17

0,40

4,0

18

0,50

5,0

Fonte: Santurio (1995).

AGENTES SEQUESTRANTES DE MICOTOXINAS:

São substâncias que se ligam às toxinas produzidas por fungos, inativando-as. As micotoxinas são substâncias produzidas por fungos e que são bastante tóxicos para o homem e os animais.

As principais micotoxinas são:

– Aflatoxinas: B1, B2, G1, G2, M1 – produzidas por Aspergillus flavus e Penicillium, sendo bastante comuns.

– Zearalenonas e Tricotecenos: produzidas por fungos do gênero Fusarium

– Ocratoxinas: produzidas por Aspergillus ochraceus

Exemplos: bentonitas,zeolitas, aluminossilicatos de cálcio e sódio hidratados

Tabela: Efeito de aluminossilicato de cálcio e sódio hidratados (HSCAS) e bentonita sódica para frangos que receberam aflatoxina nas rações.

Adsorventes

Aflatoxina – ppm

Peso às 3 semanas (g)

0

0

652a

0

5

438e

HSCAS – 0,5%

0

635ab

HSCAS – 0,5%

5

518d

Bentonita sódica – 0,5%

0

563a

Bentonita sódica – 0,5%

5

575c

Letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (P<0,05)

Fonte: Wyatt (1991).

ANTIOXIDANTES:

Previne a produção de peróxidos e inativação de vitaminas nas rações, além de prejudicar a qualidade dos alimentos, pois farinhas de carne e ossos, de peixe, farelo de arroz integral, soja integral extrusada ou tostada, tem em sua composição lipídios de fácil oxidação.

Exemplos: etoxiquim, BHT (Butil hidróxi tolueno).

AGENTES ANTICOCCIDIANOS:

Previne o desenvolvimento de protozoários do gênero Eimeria (maxima, acervulina, tenella) que parasitam o intestino de aves criadas em condições de piso, tendo seu uso obrigatório nestas condições.

Tabela: Principais anticoccidianos, seus níveis de utilização e toxicidade.

Nome

Nível (ppm)

comercial

Recomendado

Tóxico

Lasalocida

AVATEC

75-125

125-150

Maduramicina

CYGRO

3-6

7,5-10

Monensina

COBAN

85-125

121-150

Narasina

MONTEBAN

60-80

80-100

Salinomicina

COXISTAC

60-75

100

Fonte: Dowling (1992) e Gonzáles (1995).

TRANQUILIZANTES E ANTI-ESTRESSANATES:

Utilizados antes e depois de atividades estressantes (transporte, vacinação, transferência). A vitamina C e a suplementação vitamínica em grandes quantidades funcionam nestes casos.

AGLUTINANTES:

Dão consistência às rações e mantém a qualidade dos pellets

Exemplos: caolim, bentonita de sódio

VERMÍFOGOS:

Exemplos: Levamisol, thiabendazole

ENZIMAS:

Melhoram a digestibilidade de compostos para animais, sendo varios os produtos utilizados em condições de avicultura e suinocultura.

Exemplos: fitases, proteinases, carboidrases, pentosanases, etc.

Tabela: Efeitos esperados da adição de enzimas em dietas de aves e suínos

Enzimas utilizadas (Resultados expressos

Aves

Suínos

pela relação entre o tratamento e o controle).

Ganho de peso

Conversão alimentar

Ganho de peso

Conversão alimentar

Proteases

1,05

0,97

Pequena

Pequena

Amilases

1,12

0,93

1,04

0,96

Pentosanases

1,17

0,93

1,05

0,95

b-Glucanase

1,18

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Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 4/4/2005

Água na Nutrição

Essencial para a vida

BOLETIM DO CRIADOURO CAMPO DAS CAVIÚNAS

Nº 16 MARÇO DE 2005

REDATOR: Dr. JOSÉ CARLOS PEREIRA

RUA JOAQUIM DO PRADO, 49. CRUZEIRO/SP. TELEFAX 0xx12 31443590

drjosecarlos2000@uol.com.br

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

1- PARTE GERAL.

2- PARTE ESPECÍFICA:

21- LIPÍDIOS, PROTÍDIOS E GLICÍDIOS;

22- ÁGUA;

23- VITAMINAS HIDRO E LIPOSSOLÚVEIS;

24- SAIS MINERAIS (MACRO E MICROELEMENTOS).

3- COMENTÁRIOS FINAIS.

2- PARTE ESPECÍFICA

22- ÁGUA

Se Moisés “nasceu” da água, Nicodemos renasceu dela e no Espírito Santo; o diluviano Noé sobreviveu da água e com ela Cristo foi batizado por João Batista no rio Jordão, rio que o próprio Moisés não conseguiu atravessar para chegar à terra prometida de leite e mel depois de vagar 40 anos pelo deserto e atravessar, a pé, o Mar Vermelho; pergaminhos foram encontrados na beira das águas muito salgadas do Mar Morto, descobrindo os essênios para a história e Abraão veio das terras banhadas pelo Tigre e pelo Eufrates; e a pescaria famosa no mar da Galiléia e o Andar milagroso sobre a água do Mar Morto? Remo e Rômulo foram encontrados na água. Na célebre premonição de Ezequiel (Ez 47, 1-9.12), na sua clareza da chegada do Salvador, diz em certo ponto: “Onde o rio chegar, todos os animais que ali se moverem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio”. Bacias petrolíferas nos mares de todo o mundo; salve Campos dos Goytacazes!

A água, o líquido inodoro, incolor e insípido, formado por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio, a famosa H2O, é essencial para a vida. Por isso Deus fez o mundo com dois terços de água e somente um terço de terra. E na sua maioria, amigos, água e sal como nos líquidos orgânicos. Não podemos sobreviver mais do que alguns dias sem o precioso líquido e os pássaros muito menos, a não ser aqueles adaptados às regiões desérticas. É o mais importante solvente dos fluidos de todos os organismos vivos.

Janeiro de 2004: a sonda orbital européia Mars Express encontrou água congelada em Marte, sinal de que existe ou existiu vida no planeta vermelho. Sem medo de errar: a água é essencial para todo o metabolismo do animal e, todos nós amigos, somos simplesmente uma máquina metabólica muito bem azeitada.

Curto e grosso: Água, fonte da vida.

Como para todos os seres vivos, a água é essencial para os pássaros. Sem ela eles morrem em algumas horas, 48 horas segundo algumas observações realizadas com canários. Embora seja comprovado que os periquitos têm maior facilidade em conseguir extrair água dos alimentos, podendo portanto sobreviver por mais tempo, os autores não aconselham ninguém a testar essa observação. O metabolismo basal dos pássaros é bem alto, como já foi comentado, chegando a ultrapassar em mais de 60% aquele das aves não passeriformes;também a temperatura corporal dos passeriformes é, em média, 2 º C acima daquela dos não passeriformes, chegando aos 42ºC (notar que os humanos têm temperatura corporal por volta dos 37ºC). Assim, os pássaros têm exigência diária alta de água entre 250 a 300 ml/kg de peso corporal (proporcionalmente, se o humano tivesse as mesmas exigências, um homem de 60 kg necessitaria o absurdo de 18 litros de água diariamente). Deixando de lado alguns pássaros de regiões desérticas, capazes de permanecerem meses sem tomar água, todos os outros são muito sensíveis à sua falta.

Funções da água no organismo: 1- Importante componente estrutural de todas as células, portanto, com atuação no crescimento; 2- Transporte de várias substâncias, inclusive nutrientes, tendo importante atuação na digestão, absorção, circulação e excreção. Calcula-se que, no homem, uns 50 litros de água atravessam as membranas celulares num dia; 3- Meio no qual ocorrem as inúmeras transformações químicas necessárias à vida; 4- Regulação da temperatura corporal. Os pássaros não possuem glândulas sudoríparas. Livram-se do excesso de calor através dos pulmões e dos sacos aéreos, o que, pode ser notado quando o pássaro fica arquejante ou arfante. De vez em quando dão uma chocalhada nas penas para eliminar o calor retido entre elas e a pele; 5- Atuam em funções mecânicas essenciais como lubrificante de articulações e movimentação das vísceras na cavidade abdominal; 6- Solutos para vitaminas ditas hidrossolúveis como as do complexo B e a vitamina C e 6- Excreção dos restos das degradações teciduais. Esses produtos são transportados em solução contendo 80% de água.

A principal fonte de água para o organismo é a fornecida pela dieta, tanto na forma pura como na composição dos alimentos, sendo o resto fornecido pela oxidação dos alimentos (lembram-se do H2CO3, o ácido carbônico, dando origem a CO2 e H2O?) e, quando a situação aperta, dos próprios tecidos orgânicos. Uma dieta humana variada fornece, em média, 12 a 13g de água por 100 kcal, quantidade semelhante à água originária do metabolismo alimentar (14 ml/100 kcal). Alguns alimentos oferecidos aos pássaros são ricos em água: vegetais frescos (90% de água), frutas frescas(85%), ovos (74%), etc. Sabiamente são esses alimentos que a maioria dos criadores fornece para as fêmeas umedecerem as farinhadas durante os períodos de trato dos filhotes.

Dos constituintes do corpo, a água é o mais abundante. Compreende perto de 60% do corpo do homem e em torno de 50% do corpo da mulher; isto porque as mulheres têm, proporcionalmente, mais gordurinhas do que os homens e gordura e água não se dão muito bem. As crianças menores são constituídas por 70 a 80% de água. As crianças obesas têm, proporcionalmente, menos água no organismo do que uma criança magra. Por correlação, amigos, um filhote obesão tem menor quantidade orgânica de água e é mais sujeito às desidratações quando submetidos a fatores causais como diarréias, temperatura ambiente muito elevada, etc. A água orgânica está distribuída em dois compartimentos: 1- Intracelular, comportando de 55 até 75% do total e 2- Extracelular, comportando de 25 a 75; desses, 1/3 está dentro dos vasos, a chamada água plasmática, e 2/3 no interstício entre as células. Em condições normais de hidratação, o líquido extracelular intercambiável de uma criança maior constitui 20 a 25% do peso corporal e é composto pela água do plasma (5% do peso corporal) e a água intersicial (15% do peso corporal). Numa criança entre 3 e 6 meses de idade, 70% do peso corporal é representado pela água, estando 5% no aparelho circulatório (fluido plasmático), 15% na linfa e fluidos intersticiais, 5% nos tecidos conjuntivos e cartilaginosos, 5% nos ossos e 2% no transcelular. A água extracelular, portanto, chega aos 32%; 38% está contida dentro de todas as células. Há dois compartimentos de água, considerados extracelulares, o transcelular (2% do peso corporal em média), cujos componentes principais são as secreções do trato gastrintestinal, a urina, o líquido cerebroespinhal (liquor), o fluido intraocular, o líquido pleural, o líquido peritônial e os fluidos sinoviais, e o vagarosamente intercambiável (8 a 10% do peso corporal), composto pelo tecido conjuntivo, cartilagem e o osso, menos importante nas condições normais por ser uma água lentamente intercambiável e de pouco acesso aos mecanismos controladores dos líquidos corporais. Em algumas patologias, principalmente do sistema gastrintestinal, o compartimento transcelular torna-se um depósito importante de água para o organismo. No feto humano, o volume de água extracelular é maior do que o intracelular e cai rapidamente após o nascimento principalmente determinado pela diurese. A queda da água extracelular cai progressivamente até a idade de um ano quando atinge a proporcionalidade com a água intracelular encontrada nos adultos; essa queda relativa da água extracelular no período pós-natal é determinada pelo aumento do crescimento celular e pelo decréscimo de crescimento do colágeno muscular.

A água extracelular circula por todo o organismo, cruzando as membranas celulares na dependência da concentração dos solutos (partículas ou osmoles) dentro e fora das células (osmolalidade); os solutos extracelulares são o sódio (Na+), o principal, e o ânions cloro (Cl-) e HC)3- e os intracelulares são o potássio (K+) e os ésteres fosfatos orgânicos (ATP, fosfato de creatina e fosfolipídeos). Esses solutos têm uma grande diferença quanto à disparidade de permeabilidade através das membranas celulares, o que, exige a presença de transportadores ou de bombas ativas como as de sódio. A osmolalidade do plasma varia entre 275 a 290 mosmol/kg, mantendo a tonicidade adequada; essa tonicidade é mantida por mecanismos capazes de detectar 1 a 2% de alteração da tonicidade, iniciando respostas capazes de reequilibrar a osmolalidade. É o que acontece nos casos de grandes perdas hídricas, como acontece nas diarréia e nos vômitos, por exemplo.

Para manter a osmolalidade normal, deve haver equilíbrio entre o volume de água ingerido e o volume das perdas. O principal estímulo para a ingestão de água, todos sabemos, é a sede determinada pelo aumento da osmolalidade (concentração) ou o decréscimo do líquido extracelular ou da pressão sangüínea. Na presença de um ou mais desses estímulos, que causam aumento da tonicidade, osmoreceptores situados no hipotálamo são estimulados e desencadeiam reações que determinam a sede. Osmolalidades de 295 para cima desencadeiam a sede. Por caso do metabolismo muito alto, os pássaros são muito sensíveis às alterações determinadas pelas perdas hídricas. A excreção da água é regulada por mecanismos fisiológicos finamente elaborados. A excreção pelos rins é regulada principalmente pelo polipeptídeo vasospressina arginina, o AVP, antigamente conhecido por hormônio antidiurético, sintetizado nos núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo e secretado pela glândula pituitária posterior. O AVP liga-se a receptores específicos das células dos dutos coletores das vias urinárias e ativa a adenilciclase, dando início a uma série de reações que terminam com a inserção de canais de água (codificados pelo gene aquaporin-2) que permitem a passagem da água, por difusão passiva, através do gradiente osmótico da luz do duto para a medula renal que é hipertônica (pela osmose há a passagem de um solvente através de uma membrana que é impermeável ao soluto. A passagem é no sentido da solução mais para a menos concentrada). O principal estímulo para a secreção do AVP é o aumento da tonicidade do plasma, determinada, principalmente, pelo aumento da concentração do sódio, o soluto maior do líquido extracelular. Normalmente, osmolalidades entre 280 e 290 são capazes de estimular a secreção do AVP pelo sistema que é sensível a alterações osmolares tão pequenas como 1 a 2%. Existem outros fatores que regulam a secreção do AVP, embora menos intensamente, como a dor, os estresses, a hipoglicemia, a gravidez, muitos medicamentos e as náuseas. Para manter o equilíbrio osmótico do organismo, essencial para o seu bom funcionamento e mesmo para a sobrevida, além da concentração normal do sódio plasmático, há a necessidade de ingestão de água livre de solutos na mesma quantidade da perda de água livre de eletrólitos; cabe aos rins essa tarefa, mantendo, através da impermeabilidade dos dutos coletores à água na ausência de AVP, a eliminação de urina diluída pela reabsorção ativa de cloro e sódio, sem água, principalmente na parte ascendente da aça de Henle (uma das regiões dos dutos renais) e pela filtração e distribuição de bastante água para os locais diluidores dos néfrons (acho nefro horrível).

O diabetes insipidus (não confundir com o mais conhecido diabetes, o mellitus, ou melito, ou de mel) tem como base fisiopatológica a inabilidade do organismo conservar a água urinária com o conseqüente aumento da concentração dos solutos orgânicos, principalmente o sódio. Há dois tipos: a- O diabetes insipidus central quando o AVP, apesar de receber os estímulos fisiológicos, não é liberado para o plasma por uma bloqueio do eixo supraóptico-osmorreceptor-hipófise e b- Já o diabetes insipidus nefrogênico carecteriza-se por liberação normal do AVP para o plasma, mas o duto coletor renal não responde a ele, geralmente por deficiência do receptor para o AVP da membrana da célula epitelial.

Num animal adulto, de uns 70 kg, 55% do peso, mais ou menos 40 kg (uns 40 litros), é constituído pela água; desses, 25 litros estão contidos no interior dos 100 bilhões de células corporais e 15 litros compõem o líquido extracelular (intersticial, plasma, líquido cefalorraquidiano, líquido contido no tubo digestivo e os líquidos dos chamados espaços potenciais, como as cavidades pleurais e pericárdicas e os espaços e bolsas articulares). O sexo feminino, com maior proporção de panículo adiposo, possui 50% do seu corpo constituído por água. No recém-nascido a água chega a 80% do peso corporal, sendo a maior parte encontrada fora das células. No filhote lactente a água é responsável por mais de 60% do peso corporal, sendo distribuída igualmente dentro e fora das células. Portanto, o filhote e os recém-nascidos, por terem a maior parte da sua água fora das células, apresentam maior possibilidade de perda de líquidos e dos sais minerais dissolvidos neles e se desidratarem quando acometidos por vômitos e/ou diarréia.

Numa pessoa adulta entram, em média, 9 litros de fluidos no tubo gastrintestinal, sendo dois litros por ingestão direta, 1 L como saliva, 2 litros como suco gástrico e 4 litros como secreções do intestino delgado, do pâncreas e da bile. Desse total, 7 a 9 litros são reabsorvidos pelo intestino delgado (4 a 5 litros pelo jejuno e 3 a 4 pelo íleo); no cólon são reabsorvidos mais 800 ml, restando 200 ml para serem excretados nas fezes. No intestino a absorção da água vai na onda da absorção ativa e passiva do sódio e dos nutrientes. A água cruza a barreira mucosa por duas vias: 1-Paracelular, juntamente com os íons, através das junções existentes no ápice entre duas células. Nas junções existem canais de água ou poros que fecham-se no repouso e abrem-se durante a absorção. Há fortes evidências de que o transporte de água e solutos faz-se usando transportadores e bombas 2- Transcelular, através de duas membranas, a borda celular apical em escova e a basolateral.

Após serem transportados através da borda em escova para o interior da célula, o sódio é bombeado (bomba de sódio) através da membrana celular basolateral e o cloro o segue passivamente, ou também bombeado, para o espaço intercelular. O grande volume de água movimentado pelos compartimentos influência nitidamente o movimento do sódio, do potássio e do cloro. O fenômeno denominado draga de solvente, ou arrastão do solvente, pode ser explicado de duas maneiras: a- Os solutos são lançados na corrente de água e transportados através da membrana e b- O movimento da água gera um aumento de concentração de solutos no lado da membrana de onde a água saiu, o que, por osmose, gera o movimento dos solutos no sentido da corrente líquida. E aí, devem estar pensando, os amigos criadores, o que têm os pobre pássaros com isso? Nas diarréias, há a parada da absorção da água e dos eletrólitos (solutos, compostos químicos que se dissociam na água separando-se em partículas individuais chamadas íons, como o Na+, o K+ e o Ca++, os íons positivos, ou o Cl- e o HCO3-, os íons negativos) pelas células intestinais, aumentando muito as perdas pelas fezes amolecidas ou líquidas. E isso pode ser ocasionado por vírus, bactérias, vermes, protozoários (olha os coccídeos aí pessoal!), fungos, erros alimentares, uso de determinados medicamentos como alguns antibióticos, etc. Não havendo a reposição da água e dos eletrólitos (sódio, potássio, cloro) perdidos, a ave se desidrata e tchau e bênção, como diz a netona filósofa. E pouco adianta fornecer somente água, como fazem muitos, mas água com os eletrólitos e glicose (que, além de fornecer energia, favorece o processo absortivo da água e dos eletrólitos). Os filhotes, por terem uma maior proporção corporal formada por água e por estar essa água principalmente fora das células, portanto, muito lábil, e fácil de ser perdida, são mais sujeitos às desidratações. Outra maneira fácil da ave perder água e eletrólitos é pelo calor ambiental, o qual, aumenta as perdas ditas insensíveis; é o que pode acontecer nas longas viagens com os pássaros contidos num ambiente com pouca ventilação determinado pelo uso da capa e dentro da sauna em que se transforma o carro, desde que não tenha ar condicionado. Cuidado especial deve-se ter com as fêmeas, principalmente de pássaros cujos ninhos são feitos em caixotes, como os canários-da-terra, os quais, nos dias quentes podem se transformar também em verdadeiras saunas; manter água sempre límpida e fria e bacias com água para o banho são medidas salvadoras. E ainda mais, submetidas a uma dieta volumosa para atender os filhotes, as fêmeas evacuam maior quantidade de fezes mais líquidas aumentando as perdas hidroeletrolíticas.

Da mesma maneira que entra água no organismo há a perda por quatro mecanismos: a- Pele, através da transpiração sensível e insensível; b- Pulmões, como vapor d’água no ar expirado; c- Rins, como urina e d- Intestino, como constituinte das fezes.

Quais seriam as necessidades hídricas de um pássaro? Não sei. Sabe-se que o humano(a)necessita, em condições de gasto médio, 1 ml de água por cada quilocaloria de energia gasta; há autores que aconselham 1.5 kcal de energia gasta, já prevendo variações nas atividades físicas, no volume da sudorese e perdas dos solutos.

Num indivíduo em condições normais 50 a 100 ml de água é excretada por dia nas fezes, 500 a 1000 ml são perdidos pela evaporação ou exalação (a evaporação pelos pulmões e pela pele podem representar de 40 a 50% da água ingerida) e 1000 ml para mais eliminados pela urina (a pressão osmótica da urina é muito maior do que a do meio interno, podendo chegar de 300 a 1000 mOsm/L). As perdas fecais de água podem chegar a 5 L por dia nas diarréias graves e, nas febres, para cada grau centígrado de aumento da temperatura corporal perde-se diariamente 200 ml de água. Portanto, uma pessoa com 40o C de temperatura, pode perder uns 600 a 700 ml a mais de água por dia. Para uma criança ou um filhote de pássaro desidratar, amigos, é mais fácil do que tomar pirulito da mão de uma criança.

Um pouco de água, de 0.5 a 3% do aporte, fica retido para ser usado no crescimento corporal. Cuidado com os velhos que, além de possuírem menor volume proporcional de água corporal, têm o sentido da sede mais embotado. Uma mulher grávida necessita um aumento de 30 ml/dia na sua ingestão líquida, quantidade que aumenta muito no período de lactação. Para a criança, como para os filhotes de pássaros, as necessidades estão muito aumentadas pela maior área superficial, a limitada capacidade dos rins no controle das cargas de solutos e a limitada capacidade de demonstrar a sede chegar às fontes de água. Uma criança saudável consome de fluido por dia de 10 a 16% do seu peso corporal, o que, cai para 2 a 4% num adulto. Com os filhotes acontece a mesma coisa, talvez com alguma alteração numérica, sendo, portanto, muito interessante oferecer a ração umedecia para a fêmea tratá-los.

Embora seja essencial para a vida, a água é um dos maiores veículos de doenças para dentro do organismo. Os meios aquosos, principalmente se contiverem uma vitaminazinha, atuam como um ótimo meio de cultura para bactérias, protozoários e mesmo vírus e alguns fungos. Todo cuidado deve ser tomado com a água fornecia para o consumo do pássaro e até para o seu banho. Os biofilmes de água deixados num recipiente mal lavado são suficientes para o desenvolvimento dos parasitas. Portanto, água filtrada e/ou fervida é o básico para a passarinhada. Vasilhame bem lavado e enxugado ao sol e, pelo menos uma vez por semana, deixado numa solução clorada durante horas, pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma criação. Com um misto de incredulidade e raiva ainda visitamos criadouros com recipientes com água esverdeada por algas e sujeira, mostrando uma atitude criminosa do proprietário. Já visitei criadouro em que os bebedouros estavam esverdeados de sujeira e o dono, num misto de ignorância e satisfação, dizia que ali estava contido um antibiótico que era tiro e queda para evitar infecções. Santa ignorância que não passa pelo crivo de S. Francisco.

Além da água pura, cuidados extremos devem ser tomados com os alimentos chamados soft, os quais, por conterem mais de 20% de água devem ser tratados com todo o cuidado antes de ser dados aos pássaros. Olhos abertos com os ovos, as sementes germinadas, os produtos cozidos, papinhas para filhotes, frutas e hortaliças. Os bebedouros devem ser revistados constantemente para evitar que sejam contaminados com as fezes; como o meio líquido é multiplicador de parasitas, uma gota fecal contendo poucos parasitas depositada num bebedouro poderá voltar com os parasitas multiplicados milhares de vezes para o organismo do pássaro. E aí, amigos, Inês é morta e, até, hoje somente Ele ressuscitou. Se a temperatura ambiental for alta os cuidados podem ser redobrados porque a ave consome mais água e os parasitas crescem mais rapidamente.

O uso de alimentos industrializados, que aos poucos vai ganhando campo entre os criadores, determina alguns cuidados. Mais secos, com menores taxas de gorduras e com alto teor nutritivo, exigem um consumo maior de água do que o exigidos por pássaros alimentados com sementes. E isso é uma das explicações para as fezes mais amolecidas eliminadas pelas aves mantidas em regime de alimento industrializado. É bom ficar claro que uma boa parte da umidade notada no fundo da gaiola é determinada por urina e não por fezes.

Um amigo, muito franco e direto, foi curto e grosso numa palestra para cachorreiros: -Se você não tem tempo para cuidar da saúde dos seus animais, e nem dinheiro para pagar quem o faça, vá colecionar cachorrinhos de pelúcia.

Escrito por José Carlos Pereira, em 19/3/2005