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Gripe Asiática

A ação dos vírus

BOLETIM DO CRIADOURO CAMPO DAS CAVIÚNAS

Nº 12 JANEIRO DE 2004

REDATOR: Dr. JOSÉ CARLOS PEREIRA

RUA JOAQUIM DO PRADO, 49. CRUZEIRO/SP. TELEFAX 0xx12 31443590

Drjosecarlos2000@aol.com

OS VÍRUS

Meu filho está com virose. Sem dúvidas, é a frase mais ouvida nos consultórios de pediatras nos dias de hoje. Afinal, o que são os vírus?

As doenças infecciosas são determinadas por elementos vivos como as bactérias, os fungos, os parasitas, englobando os protozoários e os vermes, e, mais freqüentemente, os vírus.

Embora os vírus da varíola e do herpes fossem conhecidos já na Antigüidade, o campo da virologia data de cem anos. Os vírus são formados por molécula de ácido nucleico (ADN, ácido desoxirribonucleico, ou ARN, ácido ribonucleico) envolvida por uma ou mais proteínas que formam uma concha conhecida por capsídeo e, alguns deles, ainda possuem uma membrana externa como se fosse um envelope. O capsídeo é formado por capsômeros compostos por uma ou mais proteínas. O capsídeo e o envelope protegem o genoma (número total de cromossomas de cada célula, ou seja, é o patrimônio hereditário recebido do pai e da mãe) da degradação, favorecendo a sua difusão célula a célula e a disseminação entre humanos ou de outros animais, inclusive insetos e pássaros, para os humanos. Cada vírus pode ter de poucos até 200 genes contidos no genoma de dupla fita de ADN ou de fita única de ARN. Portanto, o vírus tem uma complexidade genética muito limitada.

Diferentemente de outros organismos, os vírus não possuem estruturas capazes de metabolizar os açúcares, os lipídios e as proteínas ou a geração de fosfatos de alto teor de energia; assim, necessitam usar as estruturas das células para a sobrevivência e a replicação, o que, explica serem eles parasitas intracelulares obrigatórios.

Existem algumas estruturas capazes de provocar doenças que, apesar de muito semelhantes, não são classificadas como vírus: os virusóides, compostos somente de ácido nucleico e dependem dos vírus salvadores para serem envelopados; os viróides, formações com pequenas moléculas desnudas de ARN e são restritos às plantas e os prions, proteínas celulares anormais capazes de romper o funcionamento normal das células e provocar doenças como a encefalopatia esponjosa bovina, a doença da vaca louca.

Os vírus fixam-se às células através de receptores existentes nas superfícies das mesmas; alguns têm grande especificidade por algumas células como os vírus das hepatites para as células do fígado e outros, como os vírus das gripes, fixam-se a receptores de diversos órgãos. Após penetrarem nas células, os vírus mantêm uma grande interação com elas e usam as suas estruturas para replicar os seus genomas e sintetizar as suas proteínas. Muitos vírus ADN e ARN possuem genes que codificam proteínas não diretamente envolvidas no envelopamento e na replicação, mas que têm muita importância pelas alterações que provocam na biologia celular: proteínas que, direta ou indiretamente, alteram o crescimento celular, proteínas que inibem a síntese do ADN/ARN e das proteínas celulares favorecendo a transcrição das mensagens genéticas para a replicação viral, proteínas que prolongam a vida da célula possibilitando o amadurecimento dos vírus e proteínas que atrapalham as respostas inflamatória e imunológica do organismo facilitando a manutenção da ação dos vírus. A grosso modo, podemos afirmar que os vírus são verdadeiros chupins das células.

Os vírus ARN são replicados no citoplasma das células enquanto os vírus ADN, exceto os vírus da varíola e do molusco contagioso, são replicados nos núcleos celulares. Cada família de vírus tem o seu próprio e único mecanismo de replicação. A velocidade de replicação viral é fantástica: enquanto as células multiplicam-se dobrando e dividindo o seu genoma, cada replicação viral resulta na produção de 10 até 1000 progênies. Estando formados e encapsulados, os vírus deixam as células para continuarem as suas vidas de infectantes.

A síntese dos ácidos nucleicos (ADN ou ARN) virais está mais sujeita a erros do que a síntese dos ácidos nucleicos celulares; por isso as mutações são mais comuns entre os vírus, o que, dificulta a ação dos sistemas de defesa do organismo e dos medicamentos.

Os vírus são responsáveis por um sem número de doenças, tanto nos animais como nas plantas, e distribuem-se por todo o planeta. As famílias mais importantes para o homem são: a- Vírus ARN, com as famílias picornaviridae ( vírus da paralisia infantil, dos resfriados e da hepatite A), caliciviridae ( vírus da hepatite E), togaviridae ( vírus da rubéola), flaviviridae ( vírus da febre amarela, da dengue e das hepatites C e G), coronaviridae (vírus da coronavirose), rhabdoviridae (vírus da raiva), filoviridae (vírus Ebola), paramyxoviridae (vírus da parainfluenza, da bronquiolite, do sarampo e da caxumba), orthomyxoviridae (vírus da influenza A, B e C), bunyaviridae (hantavírus), arenaviridae (vírus da coriomeningite linfocítica), reoviridae (rotavírus, causador de diarréias) e retroviridae (como o vírus da AIDS) e b- Vírus DNA, com as famílias hepadnaviridae (vírus da hepatite B), parvoviridae (vírus do eritema infeccioso e da papilomatose humana), adenoviridae (vírus das adenoviroses humanas), herpesviridae (vírus do herpes simples, Epstein-Barr, da catapora e da citomegalia) e poxviridae (vírus da varíola e do molusco contagioso). Na verdade, os retrovírus, os lentivírus e o vírus da hepatite B não são puros vírus ADN ou ARN.

Alguns vírus, como o da papilomatose, o vírus Epstein-Barr e o vírus da hepatite C podem ser agentes importantes no surgimento de lesões cancerígenas. Acredita-se que 10 a 20% dos cânceres originam-se de infecções virais.

De prático sobre os vírus temos:

1- São os agentes infecciosos mais comuns, podendo ser responsáveis por mais de 80% das infecções encontradas nos consultórios e hospitais; 2- Não sofrem a ação dos antibióticos como acontece com as bactérias, alguns fungos e alguns protozoários. Por isso, é muito importante distinguir as infecções virais das bacterianas, evitando o uso abusivo de antibióticos, os problemas ocasionados por eles e os gastos desnecessários; 3- Não usar medicamentos contendo aspirina para baixar a febre provocada por vírus, pois, a associação da aspirina com alguns vírus pode desenvolver reações (síndrome de Reye) até mortais; 4- Os medicamentos antivirais somente são usados nos casos mais graves e sob estrita orientação médica; 5- Os melhores resultados contra os vírus são as vacinas já existentes e os métodos de profilaxia indicados para cada um deles. Os cuidados maiores devem ser com as crianças pequenas e os bebês, os idosos e pessoas com a imunidade comprometida por outras doenças ou medicamentos. Mais comumente a transmissão dos vírus acontece através de partículas aerossolizadas, como acontece com as gotículas eliminadas pela boca ou nariz, pela ingestão de água ou alimentos contaminados ou pelo contato direto. Para todas essas condições, a infecção começa pela pele ou mucosa e dissemina-se pelo sangue, pela linfa ou pelos circuitos nervosos. A inoculação parenteral, como acontece com picadas de insetos ou agulhas de injeções, é outra via importante de transmissão de alguns vírus. Há vírus que podem ser transmitidos pelo ato sexual. Os ajuntamentos de pessoas favorecem muito a transmissão dos vírus respiratórios.

Escrito por José Carlos Pereira, em 26/1/2004

A Arte da Criação

O criador é um artista

Criar passarinhos é antes de tudo uma arte. Começa sempre com o amor pelo belo; a paixão pela Música. Sendo uma arte, o criador é um artista. Dessa forma, antes de se comentar ou dialogar com quem apresenta alguma proposta, alguma crítica, alguma posição, é necessário, por respeito \’a arte e ao interlocutor, ao crítico, quando ele também se insere naquele meio artístico sobre o qual se manifesta, saber o que ele cria, quais são as suas obras, para que ele possa exteriorizar a sua arte e, a partir de então, você compreendê-la. É necessário também que o crítico esclareça a modalidade que escolheu para desenvolver seu trabalho artístico. Finalmente, onde obtém recursos e como faz para repassar suas obras aos admiradores da sua arte. Sim, porque o artista não se pertence. Nem sua obra lhe pertence. O trabalho artístico é patrimônio da Humanidade. Somente a sua criação lhe pertence. Somente sua criatividade não pode ser repassada. Mas o artista vive da sua obra, quando profissional, e arrecada recursos com a comercialização do seu trabalho. Todo artista ama sua própria arte, mas não pode guardar para si, ocultar aos olhos do mundo toda extensão da sua obra. Pode reservar para si aquelas que mais lhe inspiram, que lhe proporciona a capacidade de continuar criando, pois não tem o direito de reserva-se tudo, sacrificando o seu talento e sua produção artística, de modo a privar ao público o acesso a suas obras. Quando se trata de um artista amador, que não comercializa suas obras, haverá de ter necessariamente uma fonte de captação de recursos e pode reservar para si maior parte do que produz, porque o faz somente para satisfação do próprio ego, não encontrando interesse do público admirador do trabalho artístico. Desse modo poderá sobreviver com renda própria e desenvolver sua arte com captação externa de recursos, para que possa desenvolver seu trabalho artístico e distribuir parte de seus trabalhos entre seus amigos, destiná-lo a causas beneficentes, oferecer a quem queira, tudo gratuitamente, posto que seu amor por sua própria arte se sobrepõe ao interesse econômico e ele não detém necessidade financeira. Tem de ser uma doação de si para o mundo, porque se assim não for, mesmo sendo um artista amador está se utilizando profissionalmente na sua arte. Mas, mesmo os amadores, que assim se declaram e se comportam, não poderão guardar para si todo o seu acervo, pois o egoísmo não cabe na alma do artista. Em assim se considerando, é necessário que o crítico, integrado \’a modalidade artística que comenta, pertencendo ao meio, produzindo também suas obras tanto quanto os demais artistas, coloque gratuitamente \’a disposição do público o seu trabalho. Se assim não for, nada o impede que seja apenas um interprete dos trabalhos apresentados, sem, contudo poder julgá-los, eis que não pode compreender a técnica, o sentido, a mensagem, o conteúdo do trabalho artístico. Dessa forma, verifique a produção do crítico e procure saber quantas e quais peças do seu trabalho artístico ele possa te oferecer, graciosamente, não para que você as comercialize, mas que possam enriquecer o seu acervo.

Escrito por Valdemir Roberto Barros, em 23/1/2004