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E se não houvesse o tráfico

Uma análise geral

Pelo menos uma ONG, algumas pessoas, matérias diversas, etc, que se dizem de combate ao tráfico de animais silvestres, dizem que no Brasil movimenta-se milhões ou bilhões de dólares, que o movimento de dinheiro só perde para o tráfico de drogas e de armas, que os centros consumidores, no país, são São Paulo e Rio, que os Estados do Norte e Nordeste são os fornecedores, que cada 10 animais, 9 morrem antes de chegar ao destino, que são vendidos a preços irrisórios…

São afirmações, que estamos exaustos de ler, há anos, repetidamente. Nunca muda nada, o que nos permite pensar que esses fatos e números se repetem todos os anos – se é que dá para medir por anos.

Não são suspeitas ou suposições. Não se pode dizer que se sabe por ouvir dizer, pois são afirmações conclusivas e categóricas. Tudo isso está escrito.

Pergunto:

1) Como o tráfico movimenta tanto dinheiro, através da venda que pequena quantidade a preço vil, já que 90% morre durante o trajeto e os preços são aqueles informados, que dizem ser anunciados nas feiras?

– Digamos que a resposta a esta questão é de que isso refere-se somente ao tráfico interno, de animais de pequeno valor, e que o grosso está no tráfico internacional, com animais valiosos. Deixemos isso para o final…

2) Como se faz para comparar o movimento financeiro do tráfico animais com aqueles de armas e drogas?

3) Seria possível a comparação, sem se conhecer o movimento financeiro das armas e das drogas?

4) Se sim, como se os conhece?

5) Se não, como se obtém os números do tráfico de armas e drogas para comparação?

6) Seria possível, sem conhecer de perto, acompanhar, passo-a -passo, as três modalidades de tráfico ilegal?

7) Como se sabe onde os animais são capturados e onde são vendidos?

Aqui, pode-se dizer que se sabe através das notícias obtidas nas apreensões.

8) Mas se essas apreensões não representam os mi ou bi de dólares movimentados, como se sabe tudo sobre o tráfico internacional?

9) Seria possível, sem conhecer de perto, acompanhar, passo-a -passo, os tráficos interno e internacional?

10) como se sabe que de cada 10 animais capturados, 9 morrem antes de chegar ao destino?

11) Seria possível, sem conhecer de perto, acompanhar, passo-a -passo, os tráficos interno e internacional?

– Talvez as respostas a essas questões sejam bem simples. \”Sabe-se tudo, através da somatória de informações colhidas nas apreensões, nos processos, nas entrevistas com câmeras escondidas, por informações…\”, poder-se-ia dizer.

12) Se por esses meios se sabe de tudo, porque não se toma uma atitude contra os traficantes que movimentam tanto dinheiro?

13) Por que somente são surpreendidos traficantes que movimentam poucos reais?

Há pessoas, também, que pregam a proibição da criação doméstica, alegando incentivo ao tráfico. Mas o tráfico só passou a ser tráfico ilegal, quando a primeira lei o definiu como tal.

14) Antes de existir o tráfico ilegal, o tráfico não existia?

15) Antes de existir o criador, não existiam o caçador e o traficante?

Há quem diga que a criação doméstica e o comércio legal, agora falando de pássaros, não diminuem a pressão do tráfico.

16) Se a cada 10 capturados, 9 morrem, um pássaro criado não representaria a redução de 10 capturas?

17) Cada pássaro criado, sendo colocado também para criar, não representa uma enorme progressão no combate \’a caça?

18) Não fosse o grande número de pássaros criados, não seria bem maior o número de pássaros caçados?

Não precisa ser muito inteligente para saber que a criação doméstica de pássaros, além de não prejudicar, e , ao contrário, ajudar, no mínimo não interfere na Natureza. Se as matrizes são criadas, não foram retiradas da natureza, e se foram, já o foram há muito tempo, tanto que estão completamente adaptadas e reproduzindo. Se estão reproduzindo, não há mais a necessidade de se capturar, e se é assim, a criação não interfere na Natureza, repito.

Mas tem gente também afirmando que isso não ajuda em nada, que é apenas uma cultura dispensável…

E o pior: que não serve para evitar a extinção das espécies e que não podem ser reintroduzidas…

Alega-se que os animais criados podem ser portadores de zoonoses que poderiam contaminar a fauna silvestre.

Sabemos que as zoonoses mais perigosas são aquelas trazidas de outros continentes, contra as quais a fauna nativa não desenvolveu resistência.

19) Se são zoonoses originárias daqui, não são próprias dos nossos animais?

20) Se são zoonoses originárias de outros países ou de outros continentes, porque se permite a introdução de animais alienígenas no país?

21) Não obteriam, as ONGs e os defensores do fim da criação doméstica, melhor proveito, trabalhando para evitar o ingresso de animais alienígenas doentes no Brasil?

Há séculos, pássaros, outras aves e outros animais, estrangeiros e nacionais, são criados ou mantidos nas residências, em lojas, nas fazendas de criação etc.

Os animais nativos em liberdade vivem em constante contato com esses animais. Muitas vezes convivem como eles, comem no mesmo cocho, compartilham o mesmo ambiente. No entanto, o que vimos acontecer, algumas vezes, é o animal cativo ser contaminado por zoonoses daqueles em liberdade.

Desde a introdução do canário doméstico no Brasil, os restos de alimentos e fezes não jogados ao relento, em qualquer lugar, sem tratamento sanitário, donde os pássaros silvestres se alimentam. No entanto, são os canários domésticos que adoecem ao contato do pássaro em liberdade.

22) Como se explica isso, em relação ao perigo na introdução de pássaros criados, na Natureza?

23) Por que esse contato com animais domésticos, restos de alimentos, água e fezes, em todo o país, não contaminaram os nativos, levando-os ao extermínio?

Alega-se, ainda, que a reintrodução de pássaros criados na Natureza poderia causar o desequilíbrio do ecossistema.

24) A migração não tem o mesmo efeito?

25) Como evitar a migração, com a destruição do ambiente natural, que ocorre com as queimadas, incêndios, desmatamentos, grandes monoculturas, represas, pastagens etc?

26) Por que não há pressão de ONGs e outras pessoas contra tudo isso?

O fim da criação doméstica resultaria, sem dúvida, no aumento da quantidade e na valorização de animais tráficados.

Repetindo, ONGs, órgãos, pessoas ou sei lá o que.

27) Por que algumas pessoas pregam o fim da criação doméstica?

28) Com o fim da criação doméstica, alguém se benificiaria com o tráfico?

Então, temos:

1 – Quem sabe tudo sobre o tráfico, mas não aponta os culpados.

29) Benefício ou conivência?

2 – Os que combatem a criação doméstica, que se contrapõe ao tráfico, em vez de combatê-lo, quando o fim da criação doméstica só representa um favorecimento ao tráfico.

30) Benefício com o tráfico?

Certas instituições, que degradam o ambiente, patrocinam algumas ONGs.

A devastação pode levar muitas espécies \’a condição de raridade, valorizando o animal e incentivando o tráfico.

31) Por que as ONGs preservacionistas aceitam esses patrocínios?

32) Essas ONGs não estariam, no mínimo, indiferentes com a questão ambiental?

33) Se são indiferentes \’a questão ambiental, e ao mesmo tempo recebe patrocínios para o combate ao tráfico, não se beneficiam elas, direta ou indiretamente, com o tráfico?

Os mesmos números são divulgados há anos. Se é assim, o tráfico não diminuiu com a intervenção das ONGs.

34) Por que elas continuam com a mesma política, as mesmas atitudes, os mesmos procedimentos?

35) Que importância essas ONGs representam?

36) Há necessidade delas?

Chicó diria: \”Porque não sei; só sei que é assim\”.

Mas Chicó não cria teorias, não defende teses, nem dirige ONG.

E nós, na nossa santa ignorância, ficamos sem entender nada.

Não sei se alguém, além do traficante, se beneficia com o tráfico, mas por essas razões, nós, simples mortais do povo, ficamos com essa dúvida e indagamos:

37) Será que alguém mais, além do traficante, se beneficia com o tráfico?

Escrito por Valdemir Roberto Barros, em 9/10/2003

Dia da Defesa da Fauna

Entre mentiras e verdades

No dia 22 de setembro é comemorado o Dia da Defesa da Fauna

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades em fauna e flora do planeta. Nos últimos anos, devido aos grandes impactos ambientais e a desenfreada ocupação humana, vêm ocorrendo uma grande degradação de hábitats naturais e o desaparecimento de espécies e formas genéticas. Um dos mais atingidos é a fauna, e com isto, a cada dia que passa o número de espécies ameaçadas aumenta.

A fauna apresenta números relevantes em relação a biodiversidade no mundo. Entre os vertebrados, o Brasil abriga cerca de 517 espécies de anfíbios (das quais 294 são endêmicas), 468 de répteis (172 endêmicos), 524 de mamíferos (com 131 endêmicas), 1.622 de aves (191 endêmicas), cerca de 3 mil peixes de água doce e uma fantástica diversidade de artrópodos: só de insetos, são cerca de 15 milhões de espécies. (Ministério do Meio Ambiente, Relatório nacional sobre a biodiversidade, 1998).

A preservação de espécies da natureza é uma grande batalha. A baleia jubarte, o peixe-boi, a tartaruga-verde,papagaio-de-cara-roxa,mico-leão-da-cara-preta entre muitos outros animais possuem programas que estudam sua biologia e conservação.

O homem é a maior ameaça da floresta. Caça e pesca predatórias, construção de hidrelétricas, instalação de indústrias, garimpo e projetos agropecuários são algumas das atividades que fazem parte de uma longa lista de fatores que provocam prejuízos incalculáveis e irreparáveis para a manutenção da biodiversidade.

O tráfico de animais silvestres é um das maiores atividades predatórias. Das florestas brasileiras são retirados em média 12 milhões de animais a cada ano. Dentro desta estatítisca, para cada animal vendido nove morrem. O tráfico de animais só perde para o tráfico de drogas e de armas na escala dos mais rentáveis. Este tráfico tem sobrevivido da miséria humana, explorando pessoas simples que fazem da venda de animais um meio trágico de se obter dinheiro, causando assim enormes e irreparáveis danos na natureza.

Para uma maior conservação da fauna, flora, ecossistemas e demais recursos naturais, foram criadas as Unidades de Conservação. Elas abrangem várias áreas de todo o território brasileiro.

Escrito por Ambiente Brasil, em 23/9/2003