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Meu Amigo Zé da Argila

João-de-Barro competente

MEU AMIGO ZÉ DA ARGILA

Zé da Argila nasceu abençoado,

Melhor profissão não poderia ter herdado,

Pois foi ela que lhe rendeu esse nome tão simpático,

Construtor de primeira, pelo trabalho tão fanático.

Mal o dia amanhece, lá está ele no posto,

Não sabe ficar parado, vê-lo ativo me faz gosto;

Trabalhador dedicado, sabe dosar a rotina,

Todo final de tarde, leva a passear a ”menina”.

Zé da argila, ao que parece, está prestes a se casar,

Nada mais natural, é justo que tenha seu par;

Mesmo se fazendo presente no perímetro da cidade,

Morar e viver na mata é a sua felicidade.

Amigo Zé da Argila, joão-de-barro competente,

Por favor, tenha cuidado, não confie na minha gente;

Como eu, muitos se encantam com o pedreiro da floresta,

Mas, isso não evita o risco da bala perdida no trabalho ou na seresta.

Poeta Alceu Sebastião Costa

 

Membro da Ordem da Confraria dos Poetas do Brasil

 

A Fábula de “Mary – Taka”

Aos pés do meu portão, solitária, triste,

A pobre “Mary-Taka” não se entrega, resiste,

Quase sem forças, exposta à própria sorte,

Com sede, com fome, é o pasto para a morte.

Eu, passando, por acaso, dela me avizinho,

Com cuidado, apanho-a com amor e carinho,

Faço-lhe um afago, estimulo os seus movimentos,

Quero tirá-la dali, aliviar os seus tormentos.

Horas se passam e o pássaro toma prumo,

Alimentada, o corpo quente, busca o seu rumo,

As asas fortes só querem retornar à liberdade,

Mas, antes, vai me dizer toda a Verdade.

“Mary”, por favor, antes de ir, me conte,

O que houve? Para um amigo nada se esconde,

Vejo seu bando toda tarde passar em algazarra,

Parecem unidos, fazem da vida verdadeira farra.

E de repente, você sozinha, abandonada,

Contrariando o que aprendi, quase nada,

A respeito do bem-querer na natureza,

O seu destino me traz grande surpresa.

“Mon`ami”, primeiro quero lhe agradecer,

Pois estava a um fio de minha vida perder,

Quando você apareceu e tão logo me socorreu,

Por muito pouco esta pobre ave não morreu.

Agora, a sua pergunta com pesar eu respondo,

Existe um culpado, que não é ave, não escondo,

O bicho homem transformou o planeta Terra

Num deserto sem fim, parece até praça de guerra.

Falo da guerra surda, suja, devastadora,

Da moto-serra impune e cruel agressora,

Que sem piedade e sem avaliar o perigo,

Destrói a flora e põe a fauna ao desabrigo.

O meu bando enfrenta o sufoco dessa agressão,

Resultado de tal loucura, sem freio, sem direção,

Você chama de algazarra, de farra, a nossa falsa alegria,

Esses gritos são de revolta diante de tanta patifaria.

Não temos mais uma árvore segura para dormir,

Voar, voar… sem ter para onde ir,

Vem o cansaço, a fome, a sede, a queda,

A solidariedade, por tudo isso, deixou de ser regra.

Assim, como eu, muitos ficam pelos caminhos,

Não há mais rosas, predominam os espinhos,

Como podem as maritacas os seus pares socorrer,

Se mal sabem por quanto tempo, ainda, irão sobreviver?

Talvez, este fato venha a ficar na história,

Sirva de alerta para quem, como você, tem memória,

Não foi simples acaso que nos colocou frente a frente,

A sintonia com Deus tem efeito permanente.

Poeta Alceu Sebastião Costa

Membro da Ordem da Confraria dos Poetas do Brasil.