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Como acasalar?

O Azulão é maravilhoso

Autor: Rob de Wit

Zootecnista

Diretor de Criação de Azulão – COBRAP

Finda a muda de penas, o frio diminui, os dias ficam longos e quentes. Nesse cenário nossas aves nativas costumam iniciar o processo reprodutivo. Com as condições acima descritas favoráveis, geralmente, temos o início pleno da reprodução logo após o início das chuvas na região do Brasil Central.

Porém não são de fatores ambientais que o sucesso da reprodução depende. É fundamental que o criador tenha feito um bom trabalho de preparação. Esse trabalho inclui ter proporcionado adequado descanso para os pássaros durante a muda de penas, além de ter proporcionado excelentes condições nutricionais até então e também estar certo de que as condições sanitárias estão ótimas.

Antes de nos focarmos sobre as fêmeas, temos de nos atentar aos machos. Pois bem, é muito comum termos problemas com as penas em azulões. Durante minha caminhada junto à  esse maravilhoso pássaro, notei que na grande maioria das vezes, o problema de penas se dá nos machos. Acho que é o momento de refletirmos, porque o problema ocorre preferencialmente em machos? Se o ambiente e a alimentação das fêmeas são semelhantes ao dos reprodutores, porque estes sofrem mais? A resposta está, basicamente no fator manejo. Pois bem, todos sabemos que azulões são extremamente territorialistas, talvez até mesmo o mais territorialista de todos os nativos. Aí é que entra a importância extrema do manejo do criadouro. Temos de ter uma série de cuidados com os machos, em especial na época da muda. Nessa fase, o que os azulões precisam é de tranquilidade. Promover disputas nessa fase pode inviabilizar toda a temporada reprodutiva. Não tenho a menor dúvida de que em 99% dos casos de problemas de penas em azulões, o culpado é o proprietário. Erra principalmente ao submeter o pássaro à  condições de estresse. Erro comum é ver criadores forçando o azulão a cantar o mais rápido possí­vel ao final da muda. Vale a dica:

Mantenha o azulão acomodado até que por si mesmo ele reinicie a cantoria. Esse processo tem que ser natural, não pode ser forçado. Azulão bem manejado, sem ser exposto ao estresse, além de bem nutrido, não tem problemas de penas.

O canto do macho no ambiente de criação pode ser fundamental para que as fêmeas iniciem a postura. Isso, na zootecnia, É chamado de fator macho. Ele libera feromônios e estimula a produção de hormônios nas fêmeas.

A criação pode ser feita em viveiros, mas nada impede que seja feita em gaiolas. As de metal são as mais indicadas, são de fácil manejo e limpeza. Importante frisar que cada fêmea fica numa gaiola, sem contato visual com outra fêmea.

Nesse momento, é importante oferecer uma alimentação que estimule a postura. Essa alimentação, basicamente deve ser composta de um nível maior de proteí­na, feito através do oferecimento de farinhadas e rações extrusadas ricas nesse nutriente. Isso pode ser visto também em ambiente natural. Com a chegada do verão, o número de insetos (ricos em proteína) aumenta muito, e azulões ingerem muitos insetos. Há criadores que fazem essa suplementação com o oferecimento de farinhada de filhotes, larvas de tenébrio ou mesmo de ovo cozido.

O ninho mais adequado para os azulões é o ninho feito de bucha vegetal, o mesmo utilizado para bicudos, facilmente encontrado no mercado. Para a construção do ninho, as fêmeas aceitam bem sisal desfiado e raí­zes.

A partir desse momento, muita atenção para não perder o momento da gala. É muito comum a fêmea pedir “falsa gala”, mas nesse momento o macho não costuma galar, parece saber que é falsa. Quando é pra valer ele não perde tempo.

Podemos notar, a partir de agora, certas diferenças com relação à curiós e bicudos. Ao contrario dos anteriores, onde é comum vermos agressíveis se o momento não for o correto para a gala, os azulões se demonstram muito amorosos. Pode-se tentar deixar o casal junto, raramente acontece desentendimento. Isso pode ser prático para quem não tem tempo para ficar observando a gala. Deixe o casal junto e separe o macho quando a os ovos estiverem entre o 8º e 10º dia de incubação. Nota-se que a fêmea não pede gala “em silêncio” como curiolas. Elas costumam emitir um ruí­do tipo “pi-pi-pi-pi-pi-pi” contí­nuo. Depois de serem galadas ficam com as penas arrepiadas, como se tivessem tomado banho.

O comportamento do macho também é diferente de curiós e bicudos, que em geral “batem fogo”, ficam arrepiados e cantam. O azulão não costuma cantar nem se arrepiar. Ele muda a posição das asas, que ficam semi-levantadas, como se ficasse com ombros levantados. É uma postura muito elegante e que o deixa com ares de valentia.

São postos de 2 a 3 ovos. Os dias seguintes ao nascimento são muito semelhantes ao de outras espécies de nativos. Os filhotes devem receber ótima alimentação, tomando-se o cuidado para não deixar a farinhada azedar, o que acarreta a morte de filhotes. Atenção especial ao momento de anilhar: as anilhas para azulões são de 2.8mm, o que significa que devem ser anilhados bem novos, entre o 6° e 7º dia de vida.

O “desmame” é feito depois dos 35 dias. É comum ver fêmea alimentando filhotes por mais tempo, da mesma forma que é comum ver filhotes alimentando uns aos outros. As azulonas fazem jus à fama de excelentes mães, tratam com facilidade da sua prole e ainda podem ser usadas para alimentar filhotes de outras espécies.

Os filhotes podem ser separados imediatamente ou mantidos em gaiolões comunitários nos primeiros meses. Gosto da segunda opção, pois noto que o comportamento social é de extrema importância.

É comum ver azulões adultos extremamente mansos, e filhotes bastante arredios. Isso não é motivo de preocupação, pois com o passar do tempo esses filhotes se tornam mansos. Também é comum ver machos ficando pintados já na muda de ninho, com poucos meses de vida. E ficam totalmente azuis já na muda seguinte.

Podemos ver que a reprodução de azulões não é difí­cil. Diria, pelo contrário, que se a criação for bem manejada, podemos criar vários filhotes sem dificuldade. Vale também salientar que uma eventual dificuldade no manuseio de vários machos num único ambiente é comum. Porém, posso afirmar que, o criador que domina esse manejo com azulões, está apto a lidar com qualquer outro nativo, com facilidade.

Por fim gostaria de desejar sucesso as criadores. O mercado procura muito e paga bem por filhotes devidamente registrados. O azulão é maravilhoso.

Rob de Wit – 08/10/07

Escrito por Rob de Wit , em 9/10/2007

Criando Azulões

Como fiz?

NÃO SOU ESPECIALISTA MAS… pode ser grande a dificuldade inicial de reproduzir esta AVE LINDÍSSIMA. A fêmea quase sempre abaixa quando vê o macho, confundindo os menos experientes mas, o macho sabe o momento exato e nem sempre vai… quando conseguimos ajustar um casal e tudo parece ir dando certo, ela não carrega palha e não desencadeia o choco, ao que chamamos “AUSÊNCIA DE CHOCO” alem do que algumas fêmeas colocam o ovo no ninho e simplesmente o ignoram. As vezes da tudo certo e parece ir tudo muito bem,nascem os filhotes e ela não os trata ou os joga do ninho num impulso fatal, sem contar com trovoadoas que algumas vezes goram os ovos e inumeros outros problemas. Mas contudo vale a pena pelo que consegui até hoje…

COMO FIZ? Fui aprendendo com meus erros até que resolvi ir ao encontro deles na natureza,mais precisamente no seu habitat e ver como e o que faziam, quais os seus costumes e confesso que fiquei surpreso com o que vi.

O Azulão é o pássaro mais dócil de todos , aos poucos consegui tratá-los com a mão e fazer ficar junto a mim, descobri que são os maiores amantes fêmea e macho e embora truculento é muito carinhoso. É belí­ssimo e resolvi adquirir o meu primeiro casal mas passei por vários até chegar nos exemplares que tenho hoje.. É brigão e como a maioria dos pássaros não admitem invasões e por aí a fora.

Hoje posso garantir que o ideal para sua reprodução é usar de muita técnica e lugar apropriado.. Uma gaiola criadeira 30x40x60m encostada a uma gaiola onde estará o macho que eu retiro frequentemente deixando ele cantar bastante e trago de volta mostrando sempre a ela mas cuidado ela poderá botar sem gala, uso no máximo dois machos por vez, deixo um encostado na gaiola da fêmea sem abrir o passador por algumas horas no outro dia abro passador para que fique um pouco com a fêmea e se familiarize com o ambiente e não venha a oerder o momento da cópula olhando para algum utensilho diferente que possa disperssá-lo, tiro e coloco novamente, será cada vez mais frequente o choco despertado até que fique muito quente e ele comece a galar uma ou duas vezes no máximo. Aí é só esperar de dois a dez dias, não nos desesperemos, isto vai acontecer, o ovo ela vai botar e estará galado e vai botar no ninho invariavelmente, daí é só torcer pelo resto.

Devo lembrar que é importante que possam receber luz do sol pelo menos no horário da manhã, isso ajuda muito. Além do más, o ambiente deve ser claro e sossegado.

Já consegui azulões de excelente linhagem, canto perfeito, surdina, com boa postura, já que ele é um dos maiores cantores e não desafina nem destoa. É um cantor firme com excelente padrão, ao contrário do curiá e o bicudo, que podem pegar outros cantos, mas este é outro tema pois também os crio e aprecio muito.

Já sofri muitas decepções e tive muitas alegrias mas tem de haver comprometimento…

Espero ter ajudado principalmente aos que tanto me procuram.

LEMBRETE:

“Jamais permita que um macho na mesma GAIOLA DA FÊMEA ENXERGUE O OUTRO POIS, ele vai atacá-la e poderá até matá-la no impeto de avançar sobre o outro. Ele ficará absolutamente violento e a fêmea completamente desesperada…”

Abraços JF Santa Maria RS E-mail jf-dornelles@bol.com.br (55)30256351 (55)91263339

Escrito por João Fileto, em 14/11/2005