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Canto de Bicudo

Um Breve Relato

Gostaria de fazer um relato e expor minha opinião em relação ao canto de bicudo e ao mesmo tempo fazer uma sugestão aos ilustres diretores de canto. Já há alguns anos venho criando este belo pássaro que para mim foi amor à primeira vista, e tive a feliz oportunidade de ter criado várias linhas de canto ao longo destes anos. Hoje tenho catalogado em gravações mais de 140 cantos, entre eles os flautas cassilândia, araguarí, tulin-tulin etc… muitos regionais de várias partes do paí­s, alguns alta mogianas/goianos como Uberaba, Ribeirão, etc…pois sou um garimpeiro curioso quando se trata de cantos de bicudos que existem por aí­, isso me fascina de tal maneira que ao ficar sabendo de um bom canto de bicudo, dou um jeito de ir escutá-lo.

Há uns bons anos atrás pensei em abandonar os bicudos ao ver “juízes” ou melhor, pessoas que se intitulavam como tal, julgarem e classificarem os pássaros que se apresentavam pelo número de pialadas ou chamadas digamos assim. Isso aconteceu aqui no RS muitas vezes. Todos eram classificados e premiados do 1º ao último lugar, havia troféus para todos. O pior era ver as pessoas que estavam iniciando na criação de bicudos saindo felizes com seus pássaros do torneio e levando seu troféu de 1º ou 2º lugar na categoria flauta ou alta mogiana. Mal sabia ele o que estava levando para casa. A minha decepção foi tão grande naquela época que resolvi diminuir meu plantel consideravelmente e ficar no anonimato. Até que um dia, na década de 80, fui convidado pelo amigo Barrinhos de Icaraí, Niterói/RJ, a assistir um torneio de canto e fibra na cidade de São Gonçalo/RJ. Foi quando tive a oportunidade de conhecer o Namir, Dr. Drumont, Daniel, Hélio e muitos outros com seus belos bicudos como Piolim, Sobe Desce, Shaulim, Combate, Dolar, Napoleão entre outros. Ali vi que a coisa não estava totalmente perdida, me recomendaram que procurasse um tal de Aloísio de Brasília/DF, já que o meu interesse era o canto de bicudo. Após alguns telefonemas para o tal Sr. Aloí­sio, que por sinal sempre me atendeu muito bem, ele só achava um pouco estranho manter bicudo em Porto Alegre, em virtude da temperatura ser muito baixa. O tempo passou e comecei ver outros horizontes. A partir daí comecei a frequentar, na medida do possível, alguns torneios de bicudos em algumas cidades como Baurú/SP, Campinas/SP, Sorocaba/SP, Franca/SP, Ribeirão/SP etc…

Notei que as dificuldades que eu enfrentava no RS em relação ao comportamento dos juízes da Federação, ali também existiam, com uma pequena diferença e que os bicudos que se apresentavam ali, cantavam. Tive a oportunidade de ver bicudos que se classificaram como flauta em um outro torneio, classificar em alta mogiana, muito estranho. Notei que se tratava de cartas marcadas para incrementar alguns bons negócios que talvez mais tarde seriam realizados.

Em cima deste breve relato e entendendo que o momento é este pois estamos nos organizando a partir da nossa convenção do canto flauta realizada em Franca SP, a qual foi um sucesso e a do alta mogiano/gioano em São José do Rio Preto SP .

Sugiro aos meus amigos diretores após regulamentados as categorias de canto de bicudo, uma reciclagem total no quadro de árbritos onde todos pudessem falar a mesma linguagem e que essa fosse uma só.

Para que as pessoas que pretendem iniciar com a criação de bicudos não enfrentem as dificuldades que eu enfrentei diante de juízes não qualificados como no passado.

Escrito por Eduardo Trigo Alvares Dornelles, em 2/9/2003

Canto Alta Mogiana/Goiano

Canto Alta Mogiana/Goiano (AM/G) para Iniciantes.

INTRODUÇÃO

Para os iniciantes o entendimento do canto AM/G Clássico parece difícil, porém muitos aficionados compreendem muito bem em pouco tempo. Será necessário ao iniciante dedicação e empenho para interpretar o canto.

DEFINIÇÃO

O canto AM/G Clássico, assim como outros cantos, é composto por uma sequência de notas que formam uma frase musical. Como o próprio nome diz é oriundo da região compreendida da Alta Mogiana passando por Uberaba, Goiânia até chegar a Brasília.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CANTO

O canto perfeito é constituído de:

– Duas notas de entrada;

– Duas ou mais notas da gargalhada ou risada;

– Duas notas de passagem da risada para preparação da alteada;

– Duas notas de preparação da alteada;

– Duas notas (agudas) da alteada;

– Duas notas (graves) que harmonizam a alteada;

– Duas notas de preparação para a batida;

– Duas notas da batida;

– Três notas de fechamento ou de preparação para o módulo de repetição;

O canto mínimo aceitável deve ter pelo menos 14 notas, que são:

– Duas notas da gargalhada ou risada;

– Duas notas de passagem da risada para preparação da alteada;

– Duas notas de preparação da alteada;

– Duas notas (agudas) da alteada;

– Duas notas (graves) que harmonizam a alteada;

– Duas notas de preparação para a batida;

– Duas notas da batida;

Note que neste caso não temos: as duas notas de entrada; as três notas de fechamento; e consideramos apenas duas notas para a risada.

Minha opinião de bom canto para encarte são dos bicudos: Brotero, Brilhante, Batuque, Topázio entre outros também de canto excelente.

Os métodos de encarte variam de criador para criador, para o iniciante é praticamente impossível ter um mestre, o que é o ideal, portanto abordaremos outros métodos:

– Utilização de toca-fitas: tem a desvantagem do desgaste da fita, perdendo qualidade;

– Utilização de cd player;

– Utilização de pássaro eletrônico;

Todas as opiniões acima devem utilizar um timer para programar o tempo de execução do canto e o tempo de descanso, bem como a quantidade de vezes que o canto será executado. O tempo e quantidade irá variar de acordo com cada criador, na minha opinião o meio em que o pássaro está, irá influenciar bastante, vejamos:

– Um pássaro em ambiente calmo, tranquilo, sem interferência externa – principalmente de outros pássaros – poderá ter o tempo e a quantidade de audição bem reduzido;

– Um pássaro em ambiente que sofra interferência externa deverá ter o seu tempo e quantidade de audição prolongado, devendo ainda ter os períodos de descanso preenchidos com música, rádio, etc. para que não ouça cantos/sons que possam comprometer o aprendizado.

Uma técnica que vem obtendo sucesso entre criadores de diversos pássaros é a de utilização de cabine de vetorização de canto, desenvolvida e apresentada pelo Sr. Gilson Ferreira Barbosa, com informações disponí­veis no site:

http://www.curioonline.hpg.ig.com.br.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O BOM PÁSSARO

A busca pelo canto perfeito é eterna, haverão muitas decepções, mas também alegrias no trabalho de encartar o AM/G Clássico, o que irá trazer um prazer tão grande que irá apagar os entraves e percalços passados. O trabalho dependerá em muito da carga genética que o pássaro carregue, entenda-se por carga genética não só a descendência de linhagem de repetidores, de bom canto, ter fibra/ordem, mas também aquele “cromossomo” que vai fazê-lo um ícone na referência de canto.

Hoje existem criadores com uma linhagem voltada totalmente para canto, o que facilita bastante a probabilidade de sucesso. Outro ponto importante é a sexagem do filhote para que não haja trabalho perdido.

Pontos a serem observados no bom pássaro:

– Alegria – disposição do pássaro ao executar o canto;

– Integridade – repetição da mesma frase musical sempre;

– Moderação – cadência do canto;

– Harmonia – disposição bem ordenada do canto;

– Melodia – sucessão rí­tmica das notas;

– Voz – boa tonalidade da voz do pássaro;

– Repetição – deve emitir no mí­nimo dois cantos (para que se possa analisar a virada do canto).

CUIDADOS

O meio em que o pássaro ficará influenciará muito na sua formação, portanto deve-se tomar cuidado com ambiente, evitar outros bicudos no mesmo ambiente, a não ser que sejam mestres. Pássaros de outra espécie também podem influenciar na formação do canto do bicudo.

O pássaro aprende e fixa o canto no seu primeiro ano de vida, porém já vi casos em que pássaros levaram dois anos até firmar um bom canto, nunca force a abertura de canto do pássaro que está em aprendizado, isto poderá ocasionar defeitos irreparáveis no canto.

É necessária a retroalientação de canto para o pássaro jovem ou que não tenha firmado o canto, afim de que ele não

perca nota, ou mesmo adquira notas que ainda faltam ao canto, apesar desta última etapa ser um pouco mais difícil.

CONCLUSÃO

Bem, como se pode ver a tarefa não é fácil, porém não é imposs­vel, com dedicação será possível alcançar os objetivos, sugiro a consulta aos criadores mais experientes, a vídeo-aula da Tecnopas, que está em fase de lançamento, bem como a assinatura do grupo de discussão dos criadores de bicudos e curiás em http://www.grupos.com.br/grupos/bicudo_curio.

Wellington Jesuíno

Escrito por Wellington Jesuino, em 2/9/2003