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O Paracambi Merece Respeito

A unanimidade é burra

Comentários sobre o Canto Paracambi

Oscar Maia Forte

Rio Bonito RJ

Gostaria de externar minha satisfação, ao ler o a narrativa sobre o curió Paracambi, feita pelo Sr.José Carlos Ramos, que com muita propriedade lembrou deste magnífico canto de nosso Estado do Rio de Janeiro.O que muito me alegrou em sua narrativa não foram as qualidades desse canto o qual nem todos do Brasil tem o prazer de conhecer ! Canto este de diversidade natural, com andamentos diferenciados pela própria natureza, que vão desde as pialadas, número de repetições, tom de voz,maviosidade ou agressividade e velocidade de acordo com as regiões onde estes pássaros se apresentavam na mãe natureza.E graças ao esforço de poucos, em preservar aquilo que de mais sublime DEUS nos deu, que foi a diversidade biológica deste Planeta, conseguiram eternizar através de gravações aquilo que de melhor possuíamos em cativeiro naquela época.E aqui presto meus tributos ao amigo Aloisio que como bom companheiro da mãe natureza, nunca se deixou levar pela mesmice e sempre soube apreciar aquilo que cada pássaro tem de melhor.

Ao amigo desconhecido, Sr. José Carlos Ramos, gostaria de parabenizá-lo e ao mesmo tempo me solidarizar com algumas de suas observações simples mais imutáveis. Quais sejam: a serra e o purru, são parte do canto do curió, quer queiram ou não os aficionados do canto praia grande clássico, que sem dúvida, é um dos mais belos cantos que já pudemos ouvir. Inclusive os originais ainda em disco de vinil sem a interferência dos computadores e mesas de som.Mas infelizmente a mesmice, e um poderoso jogo de interesses e de marketing, nos ladeia a cada dia com noticias que criadores de todos os Estados do Brasil estão partindo para o mono canto ( Praia Grande clássico), estão deixando de lado cantos extraordinários de suas regiões, como o Vivi-Teu -Teu, Vovoviu,Viteu, Sorocaba, Sorocabão,Regional Goiás, Timbira Virado,o Regional de Belém do Pará,Mateiro de Mato Grosso,Paranaguá,Mateiro do Sul da Bahia, o Regional de Rondônia, Florianópolis, Maceió,Itajaí, Central e tantos outros que desapareceram, e tantos outros que irão desaparecer daqui para o futuro, os quais nossos filhos e netos só ouvirão em gravações de rara beleza.

Estamos perto de ser lançado o cd com o canto ARCO ÍRIS, POIS AS CORES CONHECIDAS JÁ ESTÃO ACABANDO!!!!!.

Viva a diversidade e parabéns a todos aqueles que lutam pela preservação das suas regionalidades! Termino dizendo, que se Deus desejasse que tudo fosse igual de Norte a Sul, de Leste a Oeste, se desejasse que tudo fosse perfeito, começaria pelo homem.Que certamente nasceria em um novo Paraíso, com centenas de cantos diferentes dos nossos amigos de penas, que tanto nos fazem felizes.

Um forte abraço do amigo Oscar Maia Forte.

PS> Não sou contra o canto Praia Clássico, muito pelo contrario, sou um de seus admiradores, mas apenas como mais um canto de Curió.

E aqui expresso tão somente a minha humilde opinião, que como diversas, não terá consenço entre todos, e muito menos é sinonimo de perfeição, como descrito acima!!!

Escrito por Oscar Maia Forte, em 1/6/2004

Um abnegado criador

Criação

DE UM CRIADOR OBSTINADO – UMA LIÇÃO DE VIDA – (10/04/2003).

Estive em Itajubá e vi uma coisa maravilhosa.

Fui com um amigo visitar um curiozeiro na estrada entre Itajubá e Piranguçu. Pessoa muito humilde, ganhando pouco mais que um salário mínimo. Foi aposentado por invalidez por ter uma degeneração progressiva da retina, atualmente tendo somente visão de 2% num olho e uns 3 ou 4% no outro.

O criadouro é surpreendente, com três cômodos, simples mas bem confortáveis: um para as fêmeas criadeiras, outro para vetorização de canto e outro para os machos e as fêmeas que não estão criando. Uns 40 m2 de construção. Telhas de barro e caiado, pois, segundo ele, dando uma caiação duas vezes por ano acaba com os parasitas.

Encontramos ele dormindo no criadouro. Recepção carinhosa, bem mineira.

Ele fez o criadouro e cuida sozinho dos pássaros. Tem até uma aparelhagem de som para tocar o CD do Ana Dias.

Filosofando disse que o criador de canto clássico perde a liberdade porque vive em função da procura obstinada de um pássaro bom de canto. E esquece do resto.

A higiene estava dentro do possível para o seu grau de cegueira. Alimentação de mistura de sementes e broa com ovo, receita, segundo afirmou, do Picinini. E água.

Tem um macho, o Itamonte, que estava com a gaiola com capa no cômodo dos filhotes porque quer que ele corrija algumas notas do canto.

Informa tudo sobre os filhotes apontando com o dedo para as gaiolas e pedindo para lermos o escrito em pequenos papéis colados nelas.

Tem também 4 fêmeas, a Irene, a mãe da Irene, a Rosinha e a Nariguda.

Conhece a genética dos seus pássaros.

A broa do Picinini deve ser boa porque criou 17 filhotes, muito uniformes em tipo e com ótima saúde.

Não falou em medicamentos, mas também não foi perguntado.

Havia duas fêmeas chocando dois ovos cada uma. Como o assunto foi para o como fazia as galas, pegou o Itamonte e levou para perto de uma das fêmas que chocavam. A fêmea “pediu gala” e ele, somente usando o tato, abriu os passadores e o macho galou “numa tacada” e voltou para a sua gaiola. Disse saber que tudo foi bem vendo a sombra do Itamonte voltar para a sua gaiola ou contava até cinco ou seis, tempo suficiente para o macho entrar, galar e voltar.

Portanto, manejo todo no escuro e com muita habilidade.

E olhe que o Itamonte está numa muda danada!

Disse-lhe que tinha muito material sobre curiós e ficou “aceso” para mandar-lhe porque uma neta poderia ler para ele.

Emocionou-se às lágrimas quando nos prontificamos a levá-lo até Matias Barbosa para conhecer o Picinini, o seu ídolo.

Voltei do céu quando afirmou que é cadastrado no IBAMA, mas não havia recebido todas as anilhas pedidas.

* * *

(José Carlos Pereira é paulista, médico pediatra na cidade de Cruzeiro e criador de canários-da-terra).

Escrito por José Carlos Pereira, em 2/9/2003