Classificação do Azulão

Tentando esclarecer

O azulão é um pássaro que ocorre em todo o território brasileiro, além de países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Argentina, além do norte da Venezuela e Colômbia. De grande beleza física e com muitos atributos canoros, acabou se tornando um pássaro muito frequentemente encontrado nos lares pelo Brasil afora.

Talvez pela vasta distribuição territorial, o azulão possui também algumas diferenças de uma região para outra, de forma que cada uma dessas variações foi classificada de forma distinta por diferentes autores. Essas variações serão abordadas neste artigo.

Ao contrário do que muita gente pensa, apesar da leve semelhança fí­sica com bicudos e curiás, o azulão está classificado na famí­lia CARDINALIDAE, juntamente com o trinca ferro, e não na famí­lia EMBEREZIDAE, onde estão os curiás e bicudos.

Classe Aves

Ordem Passeriformes

Sub Ordem Passeres (Oscines)

Famí­lia Cardinalidae

O “problema” começa justamente nesse ponto, com a classificação em espécie e subespécie. O que viemos a fazer nesse trabalho, é justamente abordar as variações existentes e a classificação feita por diferentes autores para cada uma dessas variações.

Abaixo, foram divididos os grupos, utilizando como critério para essa divisão a região de ocorrência e caracterí­stica fenotí­picas. Abaixo da descrição do grupo, está a classificação feita por cada um dos autores para a mesma.

Azulão do Norte

Também conhecido por azulão-da-amazônia, é um azulão de grande porte, cerca de 16 cm. Possui o bico mais fino e intumescido. Seu maior diferencial em relação aos demais, além do porte, é a coloração bastante escura, inclusive nas fêmeas, que possuem nas partes inferiores um tom pardo bem escuro. Segundo alguns autores, possui o canto menos pronunciado e com menos notas.

Classificação:

Cyanocompsa cyanoides rothschildii , segundo Eurico Santos, na quinta edição do “Pássaros do Brasil”, 1985.

Cyanocompsa cyanoides , segundo John S. Dunning, em “South American Land Birds”, 1982.

Passerina cyanoides, segundo Deodato Souza, em “Todas as Aves do Brasil”, 1998.

Passerina cyanoides, segundo Omena Júnior, no “Aves da Amazônia: Guia do observador”, 1999.

Passerina cyanoides, segundo Helmut Sick, em “Ornitologia Brasileira”, 1997.

Azulão do Nordeste

Possui voz mais aguda e canto ainda mais rápido que os demais, o porte é praticamente o mesmo do azulão do centro-sul, talvez ligeiramente mais compacto. A cor é um azul claro pálido, com aparência de cinza em algumas partes. As manchas da cabeça e da asa são um azul céu brilhante, e o bico parece ser maior e mais cônico que nos outros dois tipos.

Classificação:

Cyanocompsa cyanea cyanea, segundo Eurico Santos, na quinta edição do “Pássaros do Brasil”, 1985.

Passerina brissonii, segundo Deodato Souza, em “Todas as Aves do Brasil┝, 1998.

Passerina brissonii, segundo Helmut Sick, em “Ornitologia Brasileira”, 1997.

Azulão do Centro-Sul

Suposta ocorrência: estados das regiões centro oeste e sudeste.

Porte ligeiramente menor que o do sul, seria um porte “mediano” entre o do sul e o do nordeste, além de apresentar um tipo mais esguio. Apresenta coloração azul turquesa intensa e brilhante no corpo todo, e as manchas da cabeça e da asa são de um azul mais claro, o que seria um “azul ciano”, ainda mais intenso e brilhante que o corpo.

No canto, difere do azulão do sul notadamente pela voz, um pouco mais média e geralmente em volume agradável, enquanto o do sul consegue cantar num volume impressionantemente alto. O andamento também varia: o do centro sul é ligeiramente mais rápido que o do sul.

Classificação:

Cyanocompsa cyanea steres, segundo Eurico Santos, na quinta edição do “Pássaros do Brasil”, 1985.

Cyanocompsa cyanea , segundo John S. Dunning, em South American Land Birds, 1982.

Passerina brissonii, segundo Deodato Souza, em “Todas as Aves do Brasil”, 1998.

Passerina brissonii, segundo Helmut Sick, em “Ornitologia Brasileira”, 1997.

Azulão do Sul

De porte bem avantajado, voz grave, azul numa tonalidade marinha bem acentuada, um azul quase imperceptí­vel de tão escuro, parecendo até mesmo ser negro, à s vezes. As manchas da “testa” e da asa são de um azul um pouco mais claro, contudo, sem brilho, seriam de um “azul marinho opaco”.

O canto tende a ser um pouco mais lento e mais alto que o do centro-sul.

Classificação:

Apesar das diferenças descritas, o pássaro é classificado por todos os autores da mesma maneira que o azulão do centro-sul. Algumas pessoas sugerem ainda um azulão de ocorrência Argentina, classificado como Passerina brissonii argentina.

Como podemos ver, existem varições conforme a região de ocorrência. Podemos dizer também que existem as áreas de transição, no limite da área de ocorrência de uma subespécie e inicio de outra. Naturalmente podem ocorrer cruzamentos entre elas em ambiente natural. Em cativeiro, muitos criadores cruzam as diferentes variedades consciente ou, na maioria das vezes, inconscientemente.

Concluindo, notamos que existe a necessidade de se estudar o azulão num todo, para que se chegue a um consenso de quais são e como serão definitivamente classificadas cada uma das espécies e subespécies. Notamos também, que enquanto não se alcança a desejada uniformidade, o Ibama tem classificado todos os azulões constantes no SISPASS como “Azulão-Verdadeiro”, Passerina Brissonii.

Escrito em 11/08/2005

Autores:

Marco Antônio Guimarães – Consultor Estratégia COBRAP

Augusto Florisvaldo Batisteli Consultor Técnico COBRAP

Rob de Wit – Zootecnista – Diretor de Criação de Azulão COBRAP

Escrito por Rob de Wit, em 22/8/2005