Passarinheiro e Paixão

Pelo menos um pouco de tranquilidade

Cada normativa que o IBAMA publica, é como um balde de água fria nos passarinheiros honestos nesse Brasil. Antes da publicação, então, é um grande sufoco, pois tudo mundo fica esperando o pior pra classe tão sofrida. Aí, surge o terrorista, em especial na internet, dizendo mil coisas pra atormentar um monte de velhinhos que desde criança se dedicam a esses seres maravilhosos que são: as aves (como disse Johan Dallas Frisch, em sua obra Aves Brasileiras, minha paixão) que também é a nossa paixão e de milhares de brasileiros honestos e que são muitas vezes, tratados com discriminação e até mesmo, como se fossem traficantes de pássaros.

Somos brasileiros que nunca cometemos crimes contra a natureza, pelo contrário, sempre trabalhamos para contribuir com ela; criando as aves em ambientes domésticos, que sem isso entrariam em extinção; Damos a elas todo o conforto, ótima alimentação balanceada, muito carinho, levando-as para passear; procurando sempre melhorar a genética fazendo o acasalamento com o par certo e no tempo certo. Enfim dando-lhes todas as condições de se procriarem e evoluírem, tornando-as, cada vez mais dóceis e mais amigas, fieis companheiras, nos agradando e nos fazendo felizes com suas melodias e nos encantando com o seu comportamento no dia a dia na sua inteiração com as pessoas.

Eu diria mais: muitas vezes, essas criaturinhas são um remédio, uma terapia, uma válvula de escape, até mesmo uma forma de exorcizar os fantasmas da vida nesse mundo de gente estressada, pessoas angustiadas, deprimidas, cheias de fantasmas lhes perturbando. Somos aposentados, pertencemos a terceira idade, viemos de famílias humildes. Durante a vida produtiva, fomos profissionais, chefes de família exemplares, sempre cumprimos com as nossas obrigações, inclusive como cidadãos, recolhendo até hoje, os devidos impostos. Por isso, temos o direito de uma vida digna na velhice, ao lado de praticar a conservação, podermos dedicar com tranqüilidade e sem terrorismo a esse sublime hobby, que é ser PASSARINHEIRO.

Set/2011 Aldo de Paula Orlândia SP

Aldo de Paula

Preservacionismo/Conservacionismo

A busca da sustentabilidade

O Preservacionismo e o Conservacionismo são correntes ideológicas que surgiram no fim do século XIX, nos Estados Unidos. Com posicionamento contra o desenvolvimentismo – uma concepção na qual defende o crescimento econômico a qualquer custo, desconsiderando os impactos ao ambiente natural e o esgotamento de recursos naturais – estas duas se contrapõem no que se diz respeito à relação entre o meio ambiente e a nossa espécie.

O primeiro, o Preservacionismo, aborda a proteção da natureza independentemente de seu valor econômico e/ou utilitário, apontando o homem como o causador da quebra deste “equilíbrio”. De caráter explicitamente protetor, propõe a criação de santuários, intocáveis, sem sofrer interferências relativas aos avanços do progresso e sua consequente degradação. Em outras palavras, “tocar”, “explorar”, “consumir” e, muitas vezes até “pesquisar”, torna-se, então, uma atitude que fere tais princípios. De posição considerada mais radical, este movimento foi responsável pela criação de parques nacionais, como o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos.

Já a segunda corrente, a conservacionista, contempla o amor à natureza, mas aliado ao seu uso racional e manejo criterioso pela nossa espécie, executando um papel de gestor e parte integrante do processo. Podendo ser identificado como o meio-termo entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, o pensamento conservacionista caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas, e é alicerce de políticas de desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras. Redução do uso de matérias-primas, uso de energias renováveis, redução do crescimento populacional, combate à fome, mudanças nos padrões de consumo, equidade social, respeito à biodiversidade e inclusão de políticas ambientais no processo de tomada de decisões econômicas são alguns de seus princípios. Inclusive, este propõe que se destinem áreas de preservação, por exemplo, em ecossistemas frágeis, com um grande número de espécies endêmicas e/ou em extinção, dentre outros.

Tais discussões começaram a ter espaço em nosso país apenas em meados da década de setenta, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA, quase vinte anos depois. Em razão de a temática ambiental ter sido incorporada em nosso dia a dia apenas nas últimas décadas, tais termos relativamente novos acabam sendo empregados sem muitos critérios – mesmo por profissionais como biólogos, pedagogos, jornalistas e políticos. Prova disso é que a própria legislação brasileira, que nem sempre considera uso correto destes termos, atribui a proteção integral e “intocabilidade” à preservação; e conservação dos recursos naturais, com a utilização racional, garantindo sua sustentabilidade e existência para as futuras gerações, à conservação.

Por Mariana Araguaia Graduada em Biologia

Escrito por Mariana Araguaia, em 16/1/2011