Biossegurança

Biossegurança em plantéis de matrizes de corte

(Por: Fátima Regina Ferreira Jaenisch)*

Através de programas de biossegurança, objetiva-se reduzir os riscos de infecções em uma população específica, aumentar o controle sanitário dos plantéis, minimizar a contaminação do ecossistema e resguardar a saúde do consumidor. Para tal, faz-se necessário desenvolver e implementar normas e procedimentos rígidos em todos os segmentos da produção.

Na avicultura, o controle das enfermidades é feito através do uso correto de medidas sanitárias e programas de imunoprofilaxia cuidadosamente elaborados, que visam prevenir a instalação de doenças nos plantéis e proteger o consumidor, usuário final do produto avícola.

Existe grande interdependência entre as etapas do controle sanitário, uma vez que os programas de vacinação e de biossegurança por si só, não asseguram 100% de eficácia. Cabe ressaltar que o homem é um dos fatores importantes na disseminação e transmissão de doenças para as aves.

A implementação de um programa de biossegurança, implica no cumprimento de normas e procedimentos que devem contar com a colaboração e participação de todos, devendo ser ressaltado que o constante aperfeiçoamento do programa é de vital importância.

É necessário conscientização e treinamento de todos os funcionários (com qualquer grau de responsabilidade na produção) quanto a necessidade de isolamento das instalações e implantação rigorosa das medidas que reduzam a probabilidade de introdução de doenças na granja.

Existem importantes aspectos que devem ser considerados em um programa de biossegurança, como:

Isolamento das instalações

O isolamento das instalações compreende aspectos macro e micro.

O Macroisolamento refere-se à localização geográfica da granja e à presença de barreiras sanitárias como reflorestamento e matas naturais de árvores não frutíferas, entre as unidades avícolas, que funcionam como filtro natural.

É necessário estabelecer os limites da granja e dos núcleos, através de barreiras físicas como cercas de tela para evitar o livre acesso. Compreende-se por núcleo a unidade com área física adequadamente isolada, de manejo comum, constituída de um ou mais aviários.

Todas as aberturas de acesso, como portões e portas, devem ser mantidas fechadas, adotando-se critérios rígidos para o controle do trânsito.

Devem ser respeitadas as distâncias mínimas entre a granja e outros estabelecimentos avícolas com objetivos de produtividades diferentes (Tabela 1).

Tabela 1. Distâncias mínimas a serem mantidas entre estabelecimentos avícolas

Estabelecimentos Distância mínima (m)

Entre granja e abatedouro 5.000

Entre bisavozeiro e avozeiro 5.000

Entre matrizeiros 3.000

Entre núcleos e limites periféricos da propriedade 100

Entre núcleo e estrada vicinal 500

Entre núcleos de diferentes idades 500

Entre recria e produção 500

Fonte: Instrução Normativa nº 4/1998, Ministério da Agricultura e Abastecimento.

As distâncias mínimas a serem consideradas entre os aviários do núcleo devem ser, no mínimo, o dobro da largura dos aviários. Em função da existência de barreiras naturais como reflorestamento, matas naturais e da topografia do local, essas distâncias podem sofrer modificações a critério do médico veterinário oficial responsável pelo estabelecimento avícola. As proximidades dos aviários devem ser mantidas limpas e com gramados aparados.

O Microisolamento abrange os cuidados dentro da granja.

É de fundamental importância restringir e monitorar visitas, entrada de veículos e equipamentos nas áreas internas do estabelecimento avícola. Quando for inevitável, deverão ser cumpridas rigorosamente as medidas previstas no programa de biossegurança. Os visitantes devem seguir as mesmas normas adotadas para o pessoal interno. A determinação desses limites delimita áreas distintas na granja, considerando os graus de contaminação, como:

– a área limpa que é constituída pelo acesso aos núcleos, vestiários e portões, por onde se faz o transporte de ração, aves e equipamentos;

– a área suja, que compreende a região externa da granja e o acesso de saída dos núcleos, pela qual se procede a retirada de camas e aves de cada núcleo.

Instalações

Em um programa de biossegurança também se define as áreas principais de atuação nas instalações da granja, como:

– área de apoio central: é o local onde inicia o acesso à granja. Nela estão localizados rodolúvio, rampa de lavagem e desinfecção de veículos, fumigadores, banheiros, sala de ovos, lavanderia, sala de armazenagem de maravalha e local de transferência das aves;

– área de apoio de núcleos: é formada pela construção que deve existir em cada núcleo, com os respectivos vestiários, sala de ovos (que deve manter-se em temperatura média de 20° C e umidade de 70%), fumigadores e silos.

Acesso à granja de matrizes

– funcionários e visitantes: como já mencionado, visitas devem ser restringidas.

. as pessoas que pretenderem entrar na granja deverão evitar contato com outros plantéis, pelo menos três dias antes da visita;

. os funcionários e visitantes podem entrar somente em um núcleo por dia;

. funcionários, visitantes ou técnicos, só poderão ter acesso à área limpa da granja, após tomarem banho completo e trocarem roupas e calçados previamente desinfectados e fornecidos pelo estabelecimento, na entrada de cada núcleo da granja;

. as pessoas devem se dirigir aos aviários pelo acesso limpo da granja. Ao saírem deverão fazê-lo pelo corredor da área suja, após novo banho e troca de roupas e calçados;

– veículos: carros particulares não poderão entrar na granja.

. veículos da granja para adentrarem à área limpa devem ser lavados com água sob-pressão, (inclusive a cabine) e desinfectados. A passagem pelo rodolúvio é obrigatória;

. o rodolúvio consiste em uma caixa com desinfetante em quantidade suficiente para atingir toda a roda do veículo, localizado na entrada da granja. Deve estar protegido da chuva. A solução desinfetante deve ser trocada semanalmente;

– equipamentos: rigorosos cuidados de limpeza e desinfecção devem anteceder a introdução de todos e quaisquer materiais e equipamentos na granja. Da mesma forma, todos os materiais ao saírem dos núcleos devem ser fumigados. Trocas de equipamentos entre granjas devem ser evitadas;

– trânsito interno: o fluxo de acesso aos aviários deve ser rigorosamente observado, considerando a idade e a situação sanitária das aves (visitar primeiro as mais jovens). Havendo suspeita de enfermidade em um lote, somente o funcionário do aviário e o veterinário responsável pela granja, poderão ter acesso a ele;

. todos os procedimentos utilizando veículos, como a entrega da ração, transporte de pintos e retirada das aves, esterco e cama, devem ser realizados após tomadas as respectivas medidas de limpeza e desinfecção, respeitando o fluxo entre a área limpa e suja.

. a entrega de ração deve ser feita no silo localizado na entrada da granja de onde será levada para os respectivos núcleos por graneleiros internos da granja.

. o carregamento das aves para descarte deve ser realizado por caminhões internos da granja até a área de transferência, localizada a pelo menos um quilômetro da área de apoio central da granja. Nesse local procede-se a transferência das aves para outro caminhão que as levará para o abatedouro.

. a retirada de esterco e maravalha deve ser realizada pelo corredor externo. Todo o material utilizado para o carregamento deve ser fornecido pela granja. Após efetuado o carregamento, a carga deve ser lonada.

. certamente existirão diversas situações no dia a dia de trabalho na granja, cuja tomada de decisão necessitará do uso de coerência e bom senso, visando sempre proteger o plantel dos riscos de contaminação.

– limpeza de desinfecção: esse item abrange os cuidados de limpeza e desinfecção extensivos a todas as construções da granja (banheiros, sala de ovos, aviários), bem como os equipamentos existentes nos respectivos locais. Os procedimentos de limpeza e desinfecção devem ser realizados diariamente.

. nos banheiros, lavar e desinfectar após a entrada (pela manhã) e após a saída dos funcionário (à tarde) e na sala de ovos, após a saída dos ovos do dia. Recomenda-se fazer inicialmente uma limpeza a seco para facilitar a posterior lavagem e desinfecção;

. nos aviários com aves alojadas, a poeira de locais como telas, ninhos e lâmpadas, deve ser removida pelo menos uma vez por semana;

. bebedouros devem ser limpos e desinfectados diariamente.

. após a saída do lote, os aviários deverão ser imediatamente limpos, fazendo-se a desmontagem dos equipamentos e retirada da cama. Aconselha-se umedecer a cama antes de retirá-la para diminuir a formação de poeira;

. comedouros e silos deverão ser esvaziados e as sobras de ração eliminadas;

. todos os equipamentos móveis deverão ser retirados, lavados e desinfectados;

. varrer o aviário, limpar ventiladores, painéis, motores e demais equipamentos para a retirada de pó. Após essa limpeza, é recomendado a passagem de lança chamas no piso e muretas, para queimar as penas restantes no aviário;

. a vegetação e o gramado próximo ao aviário devem ser aparados;

. na seqüência, proceder à lavagem do piso, paredes, teto, vigas e cortinas, com água sob pressão e detergente. Nesse momento também devem ser feitas limpeza e desinfecção das calçadas externas, do silo, da caixa d¢ água e das tubulações;

. após a secagem, proceder à desinfecção do aviário e recolocação dos equipamentos e cama. Para finalizar, proceder à fumigação, deixando o aviário fechado com as cortinas levantadas por 24 horas.

Mesmo após a avaliação laboratorial comprovando a eficácia da desinfecção, recomenda-se fazer um vazio sanitário de, pelo menos, 15 dias, antes de alojar outro lote. Os desinfetantes mais utilizados no processo de desinfecção são: formol, iodo, amônia quaternária, fenóis, cresóis e cloro (Tabela 2). Recomenda-se fazer o rodízio periódico do princípio ativo do desinfetante utilizado.

Tabela 2. Desinfetantes e seu uso.

Locais de uso Formol Iodo Amônia

Quaternária Fenóis e

Cresóis Cloro

Caixa de água – + + – ++

Encanamentos – + + – ++

Piso + + + + –

Paredes + + + + –

Telhados + + + + –

Telas + – + + –

Equipamentos + – + – +

Pedilúvios e Rodolúvios – + + + –

Matéria Orgânica – – – + –

Recomendado (+); Muito recomendado (++); Não recomendado (-).

Manejo sanitário

A implantação de uma política de idade única no mesmo núcleo é fundamental, para o êxito das medidas de biossegurança.

– respeitados os procedimentos de banho, troca de roupa e calçados e do fluxo de acesso aos núcleos, o funcionário deverá imergir os calçados no pedilúvio (recipiente com desinfetante para a desinfecção dos calçados), colocado na porta de todos os aviários, antes de entrar no aviário;

– noções básicas de higiene pessoal devem ser estimuladas entre os funcionários;

– a rotina diária dentro do aviário deve contemplar a limpeza dos bebedouros, retirada de aves mortas ou machucadas e coleta de ovos.

– a coleta dos ovos no aviário deve ser feita com bastante freqüência (no mínimo 7 vezes ao dia), utilizando-se bandejas de plástico que são mais higiênicas. Quanto antes forem colhidos e fumigados os ovos após a postura, menores as chances de contaminação;

– a desinfecção dos ovos visa eliminar microorganismos na casca e, com esse procedimento, manter a população de microorganismos tão baixa quanto possível;

– o processo de fumigação com formol e permanganato de potássio, ou com paraformoldeído, ainda é o método úmido de higienização de ovos mais utilizado. Ambos devem ser executados observando-se o tempo de exposição e correta temperatura (de 25° C a 35° C) e umidade relativa do ar (acima de 75%);

– o funcionário deve providenciar sistematicamente o destino dos resíduos da produção (aves mortas, estercos, restos de ovos e embalagens). As aves mortas deverão ser incineradas, enterradas em fossa séptica revestida e coberta com laje de concreto ou utilizar a compostagem;

– a monitoria, quanto à presença de parasitas no plantel, deve ser um procedimento contínuo. Os vermes intestinais (helmintos) devem ser controlados através da administração de vermífugos. O controle da coccidiose pode ser feito através da adição de quimioterápicos na ração, durante o período de cria e recria;

– os aviários e os locais para armazenagem de alimentos ou ovos, devem ser mantidos isentos de insetos e roedores, não sendo permitido o acesso de animais silvestres ou outros animais domésticos;

– as instalações avícolas devem possuir proteção de tela para evitar acesso de pássaros. Essas aves podem ser “reservatório” de diversas enfermidades;

– o controle de roedores deve ser constante. Quanto mais limpo e organizado o setor, menor a possibilidade de proliferação dos ratos. Esse controle pode ser feito pelo método mecânico, através do uso de armadilhas e pelo método químico, administrando-se raticidas;

– o controle de insetos, especialmente de moscas, devem merecer um cuidado especial: para se reduzir a proliferação de moscas, deve-se manter o esterco seco. Para tanto, o funcionário do aviário deve estar atento, corrigindo imediatamente possíveis vazamentos de bebedouros ou de encanamentos. A administração de produtos químicos, como os larvicidas na ração, deve ser racionalizada para evitar o desenvolvimento de resistência à droga. O uso de adulticidas (produtos para combater moscas adultas), deve ser limitado à locais com excessiva presença de mosca, mas não deve ser aplicado sobre a cama.

Outros procedimentos

– cuidados com a água: a água fornecida na granja, deve ser abundante, limpa, fresca, isenta de microorganismos patogênicos. Captada em uma caixa d¢ água central para posterior distribuição. Para controlar o nível microbiológico da água, faz-se necessário monitorá-la freqüentemente e proceder à administração de um desinfetante que usualmente é o hipoclorito de sódio. A cloração da água é feita pela adição de um a três ppm de cloro à água de bebida. A avaliação dos níveis de cloro deve ser feita semanalmente, com o uso de clorímetro da água obtida nos bebedouros. Importante ressaltar que a água usada para vacinação das aves, não pode ser clorada;

– cuidados com a maravalha: é importante conhecer as condições de fabricação, armazenagem e transporte da maravalha adquirida de terceiros. Amostras da maravalha acondicionados em sacos plásticos e identificadas devem ser remetidas para exame microbiológico a cada nova carga;

– cuidados com a ração: cuidados com a qualidade das rações fornecidas às aves são imprescindíveis, tanto da qualidade nutricional quanto das características microbiológicas. No programa de biossegurança, a grande preocupação é evitar fontes de contaminação da ração. Para tanto, recomenda-se a não utilização de rações com adição de produtos de origem animal como farinhas de carne, vísceras, penas, ossos e peixes. Esses ingredientes têm apresentado alta freqüência de contaminação com agentes patogênico, principalmente os causadores de salmoneloses e clostridioses.

É necessário que a matéria-prima que irá compor a ração seja monitorada sistematicamente. As rações fornecidas às aves devem ser submetidas a um efetivo processo de descontaminação. Esse processo pode ser através da mistura de ácidos orgânicos (propiônico, fórmico ou acético) na ração, ou pelo tratamento térmico (peletização da ração). Independente do método utilizado, deve-se avaliar em cada partida de ração os níveis de contaminação por fungos e bactérias.

Vacinação

As técnicas para imunização das matrizes devem ser estabelecidas com base nos resultados do monitoramento sorológico do plantel e resultados da avaliação da própria performance do desempenho da sua progênie. O êxito de um programa de vacinação depende de fatores como estado sanitário e nutricional das aves, condições ambientais e de manejo do plantel. Cabe ao médico veterinário responsável pela granja a elaboração do programa de vacinação, que seja compatível com as condições locais (desafios regionais a campo), baseado nos resultados laboratoriais e técnicos.

. diversos fatores podem interferir na eficácia das vacinas tais como, tempo necessário para imunização, duração da imunidade, exposição às enfermidades, títulos vacinais entre outros. Avaliação dos resultados do programa de vacinação deve ser feito através de exames laboratoriais e monitoria sorológica dos lotes;

. o esquema de vacinação deve atender às condições reais de cada empresa, de acordo com o desafio sanitário da região, portanto deve ser específico para cada situação e flexível para atender às demandas que se apresentarem durante o período de produção. Dessa forma, é impossível definir um programa único de vacina que atenda genericamente às diferentes situações;

. seja qual for a situação, o programa de vacinação deve dar condições imunológicas às reprodutoras de transmitirem suficiente imunidade materna para sua progênie, contra doenças como Gumboro, bronquite infecciosa e Newcastle. A vacinação para essas enfermidades devem ser realizadas nas fases de cria e recria com vacinas vivas, mas na fase de produção a vacina deve ser inativada. A vacinação para encefalomielite aviária, deve ser feita antes do início da postura. Dependendo do desafio regional, as matrizes devem ser vacinadas contra coriza infecciosa;

. é conveniente lembrar que todas as aves devem ser vacinadas contra a doença de Marek no primeiro dia de vida;

. além de um bom esquema de vacinação, é necessário observar certos cuidados no manejo de vacina. A vacinação incorreta ou inadequada pode ser tão prejudicial quanto não vacinar. Para que seja realizada com sucesso são necessários certos cuidados, tais como: planejar a vacinação com antecedência, seguir corretamente o cronograma de vacinação, observar o prazo de validade das vacinas, manejar a vacina corretamente quanto à via de aplicação, diluição, conservação (conserva-las a 4 ºC), evitar incidência direta do sol e evitar estressar excessivamente as aves. Recomenda-se vacinar em horários com temperaturas amenas. Aves doentes não devem ser vacinadas;

. todos os aviários devem ter uma ficha de controle com o histórico do lote onde devem constar informações sobre as vacinações;

Monitoramento Sorológico

O controle sorológico de um plantel tem por objetivo determinar os níveis de imunidade materna, determinar imunocompetência, avaliar e reajustar o programa de vacinação, diagnosticar surtos de doença e avaliar a biossegurança na granja. Deve-se ressaltar que para a comercialização nacional e para exportação de produtos avícolas faz-se necessário o monitoramento oficial dos plantéis avícolas (realizado em laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura) para salmoneloses, micoplasmoses e Newcastle.

A rotina do monitoramento sorológico deve considerar:

– os exames laboratoriais para o monitoramento do plantel são basicamente sorológicos e bacteriológicos. Isolamentos virais, exames histológicos e outros devem ser realizados sempre que se julgar necessário;

– recomenda-se não usar vacina preparadas com adjuvante oleoso, durante as quatro semanas que antecedam o teste sorológico e verificar a validade dos antígenos e soros controle;

– o responsável técnico pela granja deve estabelecer um cronograma da coleta de materiais para os exames. Esse cronograma deverá seguir a ordem cronológica do plantel de acordo com o exame requisitado. O número de amostras a serem colhidas deverá ser determinado pela prevalência da doença;

– na primeira semana de idade é recomendado o exame bacteriológico para Salmonella sp nas aves mortas e suabe de cama do aviário. A partir da quinta semana, proceder sistematicamente exames bacteriológicos (suabes cloacais, suabes de arrasto no aviário e pool de fezes frescas);

– os exames sorológicos para Salmonella sp compreendem aglutinação rápida ( SAR. Caso ocorra reação positiva, deverá ser complementada com soro aglutinação lenta em tubo. Persistindo a positividade sorológica, realizar isolamento bacteriológico. No incubatório, fazer o diagnóstico bacteriológico de ovos bicados e mecônio;

– exames sorológicos das principais doenças virais como Newcatle, Gumboro, bronquite Infecciosa, entre outras, devem ser realizados sistematicamente;

– o monitoramento das micoplamoses nos plantéis de matrizes consiste em exames sorológicos através de soro aglutinação rápida (SAR) e inibição da hemoaglutinação (HI) e Elisa. O isolamento do agente pode ser realizado a partir de suabes de traquéia ou da fenda palatina e dos sacos aéreos e articulações.

Considerações finais

Conforme apresentado, o Programa de Biossegurança é constituído por diversas ações interdependentes, cujo sucesso depende da realização consciente e rigorosa de cada detalhe, devendo contar com a colaboração e o comprometimento de todos.

Entendemos que sendo o Brasil grande produtor e exportador de aves, é cada vez maior a necessidade da implementação de medidas de biossegurança no setor produtivo, não só visando a obtenção de melhores resultados de produção, mas principalmente para agregar valor ao produto, uma vez que problemas sanitários graves podem comprometer a exportação dos produtos avícolas.

* MSc em Patologia Animal – Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves

FONTE:

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

Caixa Postal 21 – CEP 89700-000 – Concórdia-SC

Tel: (49) 442-8555 Fax: 442-8559

E-mail: sac@cnpsa.embrapa.br

Escrito por Fátima Regina Ferreira Jaenisch, em 2/9/2003

Quem me Viu Nascer

Repressão

A vida de passarinheiro brasileiro é feita à base de sobressaltos e espanto. Sempre que me perguntam qual a grande dificuldade na criação de pássaros e costumo dizer que com os pássaros não há problema nenhum… O grande problema sempre esta com os homens que gostam dos pássaros ou nos homens que não gostam dos homens que gostam dos pássaros. De 28 a 30 de junho, na Secretaria de Meio Ambiente, aqui em São Paulo, realizou-se o II Workshop Nacional “Animais Silvestres, Normatização e Controle” patrocinado pela secretaria do Meio Ambiente, Trovan SP, Governo do Estado de São Paulo e a Renctas. Participantes: Renctas, Policia Florestal do Estado de São Paulo, Ibama de São Paulo e Brasília, Zoológicos, Interpol, Ministério Publico Federal, Policia Federal, Agencia Reuters, Conama, Policia Florestal do Rio de Janeiro e TV Globo. Evidente que o que mais falaram foi sobre suas especialidades; ou seja a repressão… E sabem quantos criadores de pássaros foram convidados? Nenhum… E é fácil saber o porque! Primeiro porque durante todo o evento desfilaram gráficos, planos e fitas, projetos megalomaníacos, todos com o dito padrão globo de qualidade, mostrando apreensões e maus tratos aos pássaros… Enfatizavam sempre que todo criador de pássaros é traficante de aves… E embalados pela craque de varias ONG´s (Olho Na Grana´s) patrocinadas, sabe-se lá por quem, qual objetivo e o mandante, imolaram o Ibama, fizeram denuncias sem comprovação, expuseram técnicas de combate ao trafico e principalmente exibiram o seu lado prepotente de resolverem à seus modos a milenar cultura de convívio de homens e animais… Por eles não terminavam com tudo? Não prendiam todos… Talvez porque perderiam seus empregos… Perderiam também o local para a exibição de seus talentos e vaidades de salvadores da pátria… E a julgar pelas aparências quem sabe…A possibilidade de um dia serem contratados pela rede globo.

Interessante notar que um desses senhores disse que conhecia os traficantes… Só não disse porque não os prendia ou porque não era preso por prevaricação… Em nenhum momento mostraram uma criação bem sucedida… Exemplos de outros paises que empregam e lucram com seus animais… Não falaram em “Multiplicar para preservar” Nenhum projeto educacional… Ou solução a médio e longo prazos. Desde quando pancada resolve?…Será que os domesticos um dia não foram silvestres…Só pode quem viu primeiro… Tudo é relacionado a uma formação cultural, que vem dos primórdios do mundo, uma vez que em 60% dos domicílios existe algum bichinho, (pássaros em 20%) não será por um auditório de radicais renitentes e justiceiros amparados em interpretações pessoais de leis e portarias, redigidas também não se sabem por quem e regidas por qual interesse, irão nos impor suas teorias… Imposição de minoria é ditadura mesmo. Gozado…Isto prolifera justamente em tempo de democracia… O mais interessante e que no domingo seguinte a Globo mostrava um bichinho de estimação, vindo dos Estados Unidos (Só não contaram sua origem), autorizado pelo Ibama, e que custava a bagatela de 500 reais ou dólares… Que beleza…Sendo importado e caro você pode ter um pedacinho da natureza dentro de sua casa… Como já acabaram com sua fauna…Porque não preservarem a nossa…Ou porque não mandamos pelo menos as doenças…E claro que um erro não justifica o outro… Pela quantidade de pássaros importados que temos por aqui, logo estaremos também importando os nossos pássaros… Importado pode… Vamos resolver os problemas de empregos deles… Já que nos exploram há tão poucos séculos… Com certeza já estão criando nossos pássaros em maior quantidade que nossos… Aves já são o terceiro produto da Bélgica… Lá têm status de fazendeiros, industriais. Já imaginaram os bilhões que já importamos de aves, acessórios, medicamentos e alimentos… E nos? Podemos criar? (Como disse o Aloísio) E se for pra comer… Pode? Vocês deixam!… Que maravilha… País abençoado… Sempre resolvendo o problema dos outros… E os renitentes… Caíram de pau no Ibama, em suas portarias, e nos coitados de seus técnicos que se viram com as “generosas verbas destinadas ao meio ambiente. Coitados… Já pensaram se tivessem as mesmas que esses replicantes… Porque será que a mesma policia ali presente não investiga de onde vem tanto dinheiro para prover tão numerosa platéia… Será que não é de trafico também… Cara de pau é assim mesmo… Além do teste de DNA que fizeram nos pássaros de um criador, uma criatura verde-renitente-radical gritava com os olhos esbugalhados: E quem viu eles nascerem? Ou seja; para criar passarinhos você precisa de um onguinho para conferir o nascimento do bichinho (Imaginem… Que culpa teve a parteira que fez tão ilustre parto). Porque senão …Há !…Você e um traficante!

Vocês sabem da historia do periquito australiano? Que em seu habitat natural ele tem a cor verde dominante? Que desde que foi domesticado há cerca de 200 anos foram criando mutações e variações até atingirem as inimagináveis colorações que hoje alegram milhões de lares no mundo inteiro… Lá pode… Você sabia que o fator vermelho dos canários que também cantam e encantam por ai afora veio do pintassilgo da Venezuela? Lá pode!… Você sabia também que o tarin aqui no Brasil tem mais proteção que os nossos pássaros… Vale a tradição de cuidar mais das coisas dos outros que das nossas… Precisavam ver o fricote por causa dos leões… Um ongão enorme que dizia haver recolhido não sei quanto de imposto de renda e agora ficava vendo se o Ibama sabia peso de Elefante Africano, vindo em Circo de Dono de fora, que fica sentado em mesa de Mogmo da Amazonia manipulando teleguiados… Imaginem os milhares de tarins que nasceram aqui e agora sem comprovação de origem (Não o viram nascer) estão como ilegais e logo só darão problemas para os criadores… Pois o Tarin precisa dizer onde nasceu… você sabia que a grande inteligência que criou o tal de CITES para proteger a fauna mundial criou também casos interessantes: Na Itália tem um tal de Kakakire (Psitacidio) que choca com enorme facilidade… Em qualquer lugar… De tão fácil dizem que até o macho bota… Colocaram o bicho no tal de CITES… Os repressores italianos, que devem ser parentes dos daqui, então começaram a perseguir os criadores de Kakakire… A Associação dos criadores resolveu então doar alguns milhares (milhares… Isso mesmo) para o pais de origem… Já que necessitavam tanto… Era de graça e a única condição exigida era que o país pagasse o transporte… Sabem o final da historia… O governo recusou agradecendo o convite porque infelizmente eles não tinham mais o ambiente onde viviam os bichos… Tudo já tinha sido destruído… Como aqui também será… Ou será que as serras “amarelas” estão brincando na Amazônia… Já tomaram posse… Não são daqui… Podem… Esses mesmos cérebros estão promovendo a mesma coisa com o tarin… Quem viver vera!.. Ainda bem que cuidam só do meio ambiente… Já pensaram se cuidassem de todo o ambiente!… Estaríamos fritos. O canário belga começou a ser criado domesticamente no século XIV, é hoje um produto global e de grande valor… Tá certo… Pelo menos nesta área já estamos sabendo que o atraso é de 5 séculos… Quem sabe daqui a outros cinco agente consiga vender ou ate mesmo devolver alguns animais para eles…Mesmo que sejam alguns pardais ou biquinhos de lacre… E filhotinho de ong… Será que lá tem mercado pra eles também ou vamos ter que engolir esta praga por aqui mesmo. Lá pássaro é recurso natural… É crescimento sustentado. Deve gerar empregos, riquezas e divisas… Por aqui coisa de vagando… Traficante…Para pau mandado gerar noticias policiais…Manchetes de Jornais…Horário nobre… É de doer… Vejam esta: Um meio de comunicação norte americano em visita ao Brasil, por acaso visitou o criadouro do Mestre Marcilio e, admirado de tanta produção, filmou e levou a fita para os States… Lá um programa de Televisão sobre técnicas de preservação, editou e em rede de costa a costa, mostrou a criatividade do Brasileiro em criar pássaros dito “Selvagens”. Ficaram encantados e resolveram premiar o nosso caboclo cientista. Vieram reporteres, trouxeram uma revista com a reportagem, troféu e chegando para a homenagem perguntaram pelas autoridades: Cadê o prefeito? E o padre? O delegado? E a midia? Cadê os meios de comunicacão de voces? Onde!.. Ong…etc… Nosso cientista, meio sem jeito, respondeu: Gente que cria pássaros no brasil não tem reconhecimento… Aqui sou um perseguido… Quantas e Quantas vezes já não foram aborrecer o Marcilio por questões absurdas… Porque não levam tão competente equipe de filmar trafico para filmar seus filhotes e mostrar o que e possível fazer com excelente recurso natural… Inclusive auferir honestamente rendimentos… E preservar… Porque não os seus… Temos tantos exemplos…Jacaré…Tartaruga…Capivara…Curiós… A única voz inteligente, dotada de bom senso, veio através da Policia Florestal na pessoa do Capitão Nomura… Deu ate para começar a acreditar que este país ainda e um país possível… Neste jogo em que sempre a emoção vence a razão, temos que reconhecer que nossa possibilidade de dialogo deve passar pelos florestais… Ao Ibama, sem verbas, sem estrutura… É como uma isca viva para saciar ongs famintas, resta nosso apoio e reconhecimento pelo tanto que com tão pouco fizeram… Aos políticos que patrocinam tão interessante e numeroso agrupamento ideológico, devera restar nosso desprezo já nas próximas eleições… Precisamos nos unir… Vamos também formar uma ong e partir para a luta… Deve ser uma beleza… Deve dar bastante grana… Precisavam ver como eram tratados pelas autoridades: Nossos parceiros! Queridos colegas… Só faltaram beijinhos…Ou troca de bicos…Já estão até saindo em patrulha juntos…Mas é assim mesmo…São dois puleiros… Um dos que gostam e outro dos que não gostam… É a fome com a vontade de comer… Como e duro e triste ver sua pátria ser vendida. E pior… De graça… Pra não dizer que com poucos agrados… Ou para uns poucos… Quero deixar registrado aqui um e-mail que recebi da amiga Isa que não viu o onguista do Paraná cuidando de seu quintal:

O Zéca dos passarinhos, brasileiro, casado, desempregado. Detido por fiscais, espancado e engaiolado por tentar vender um casal de pardais na feira de Duque de Caxias. Crime contra a natureza, inafiançável. Foi visto numa cela infecta e comendo o pão que o diabo amassou.

José da Silva, descascador de arvores, brasileiro, casado, desempregado. Detido pela policia e engaiolado por descascar arvores para fazer chá para a mulher que tinha doença de chagas. Crime contra a natureza, inafiançável. Foi visto numa cela infecta e promiscua de delegacia comendo o pão que o diabo amassou.

Henri Philippe Reichstul, de origem estrangeira, Presidente da PETROBRAS, responsável pelo derramamento de 1 milhão e trezentos mil litros de óleo na Baia de Guanabara, matando milhares de peixes e pássaros marinhos; responsável pelo derramamento de cerca de 4 milhões de litros de óleo no Rio Iguaçu, destruindo a flora, a fauna e comprometendo o abastecimento de água em várias cidades da região. Crime contra a natureza. Encontra se em liberdade. Pode ser visto jantando nos melhores restaurantes do Rio e Brasilia. Não concordar já é um bom começo…

Escrito por Geraldo Magela Belo, em 2/9/2003