Peito Seco

Uma questão de higiêne

PEITO SECO

Esperamos que esta breve abordagem numa linguagem vulgar contribua para que alguns amigos consigam entender sobre este malfadado problema.

A região mais carnuda do pássaro é o peito. Por isto, quando algum amigo percebe que uma linha esta sendo formada longitudinalmente no peito do pássaro, logo conclui corretamente que o pássaro está emagrecendo ou perdendo massa muscular ou massa peitoral.

Daí surgem as denominações: PEITO SECO, PEITO FACA, PEITO em QUILHA, etc …… que descrevem o quadro de Caquexia, com perda de massa peitoral, enfraquecimento geral do pássaro, até que nos últimos dias o pássaro permaneça parado no comedouro, antes que venha a ocorrer a sua morte.

O PEITO SECO é um fenômeno que poderia ser desejado por muitos humanos, se considerarmos que o pássaro EMAGRECE COMENDO. Mas no lugar de tranqüilidade, qualquer passarinheiro fica preocupado ao notar que o seu pássaro está emagrecendo, mesmo observando que ele se alimenta o dia inteiro.

Se o pássaro está comendo, como ele pode emagrecer ??

O intestino tem um papel muito importante no processo digestivo das aves, pois é ao longo deste que os nutrientes presentes no alimento ingerido são absorvidos pelo organismo do pássaro. Esta absorção ocorre através da mucosa do intestino (parede interna).

Ocorre que a presença de agentes patogênos (causadores de doenças) provocam lesões e ulceras na mucosa do intestino impedindo que os nutrientes permaneçam sendo absorvidos nestes pontos que a mucosa está destruida.

Em geral estes agentes patogênicos tem nome conhecido entre os passarinheiros: oocisto da Coccidiose; bactérias da Salmonela; Vermes; etc …….

Por fim, é a destruição da mucosa intestinal que impede que o pássaro não aproveite os “nutrientes” do alimento ingerido, e diante da necessidade de se manter vivo, o organismo busca suprir da massa muscular do corpo do pássaro, ocasionando o conseqüente emagrecimento.

Notem até aqui a resposta para este tópico: “o pássaro está comendo e emagrecendo, pois os nutrientes do alimento ingerido, não estão sendo absorvidos na mucosa intestinal”.

Como se combate o PEITO SECO ?

Antes de qualquer outro comentário, cumpre observar que este fenômeno só ocorre em pássaros que vivem em gaiolas e ambientes mal higienizados. Portanto, se você observar a ocorrência de emagrecimento de algum pássaro, procure revisar com urgência o manejo que você vem praticando.

A ocorrência de PEITO SECO nunca está relacionada com um único agente patogênico, mas, sim com ações conjuntas entre vários. Por isto não é incomum que o Médico Veterinário prescreva mais de um medicamento que buscam controlar a presença de bactérias, oocistos, vermes e outros agentes patogênos.

Portanto PEITO SECO é um quadro de doença grave, e a possível cura deve ser investigada por um Médico Veterinário.

Por outro lado, se este mesmo Médico não tiver o cuidado de colher material para identificar os agentes geradores dos transtornos, decidindo prescrever no chute alguns medicamentos, não pague os honorários e o denuncie no CRMV.

Fazemos este alerta, pois temos visto isto ocorrer e pássaros sendo levados a óbito.

É desta forma que também queremos alertar para as mentiras propagadas em algumas bulas de medicamentos, pois não há um medicamento isolado que consiga trazer solução para todo o problema. Esta consideração vale para medicamentos nacionais e importados.

Em alguns casos, é verdade que a utilização levanta momentaneamente o pássaro, mas não implica em concluir que os transtornos estão sanados. Geralmente os agentes permanecem em estado latente, para surgir em nova oportunidade e com muito mais força.

Assim, caso você veja uma bula em que apareça a expressão “COMBATE O PEITO SECO”, não gaste o seu precioso dinheiro !!! Prefira utilizar o serviço veterinário para salvar o seu pássaro. Aliado a isto, reveja as condições de higiene no manejo praticado com os pássaros, as quais estaremos comentando a frente.

Como evitar que não ocorra PEITO SECO nos seus pássaros ??

Notamos que a maioria passarinheira está acostumada com os conceitos básicos de limpeza e pouco familiarizados com os conceitos de higiene e desinfecção. Vamos primeiro checar algumas definições:

Limpeza: Remoção de toda sujeira (orgânica e inorgânica) e materiais estranhos dos objetos e superfícies.. É tipicamente realizado com água e ação mecânica.. Detergentes podem ser utilizados para auxílio no processo.

Portanto, na limpeza se remove os resíduos de fezes, o limbo dos bebedouros e resíduos dos comedouros. Aqui está os procedimentos onde utilizamos água e sabão/detergente.

Desinfecção: É o processo de inibição ou destruição de microorganismos produtores de doenças, (exceto esporos de bactérias). Geralmente envolve o uso de substâncias químicas, calor e/ou radiação UV e é dividido em três categorias: alto, intermediário e baixo nível de desinfecção.

Higienização: Um processo de redução no número de microorganismos em um objeto inanimado para níveis seguros, mas pode não destruir organismos produtores de doenças.

Esterilização: Um processo de destruição de todas as formas de vida microbial, incluindo bactérias, fungos, vírus e esporos.

Este procedimento nunca é adotado num Criatório.

Boas Práticas que devem ser seguidas na manutenção de pássaros de gaiola

O primeiro aspecto a ser destacado é que:

– oocistos de Coccidiose permanecem vivos e inativos por até 6 meses em locais secos;

– bactérias da salmonelose permanecem vivas e inativas por até 8 meses em locais secos;

– esfregar buchas ou escovas com água e sabão não é suficiente para remover estes agentes patogenos;

– desinfetantes como as quilononas (Lavi Fen, Amonex, etc…) destroem as bactérias, fungos e germes, tem tempo de atuação rápido (máximo 3 minutos) e não são corrosivos aos metais.

– desinfetantes não destroem os oocistos da Coccidiose. Sómente o calor, acima de 120ºC consegue destruir o oocisto;

– água fervente (90ºC) e água sanitária não destroem o oocisto da Coccidiose;

– o combate do oocisto deve ser feito com fornos na temperatura máxima (geralmente os domésticos atingem no minimo de 150º C) por 15 minutos, ou as chamas de maçarico (Vassoura de Fogo) onde em uma única passada, é suficiente para destruir tudo por onde a chama é passada.

Deixando os entretantos e indo para os finalmentes

Parabéns para os que tiveram paciência para chegar até aqui. Pode ter sido entedioso para alguns, mas, não se esqueçam de que eu tive muito mais trabalho em escrever tudo isto.

Vamos falar de medidas práticas e que eliminam as doenças de qualquer pássaro de gaiola. Afirmarei com experiência, pois vivo sem doenças em todo o meu plantel há 5 anos.

Poleiros, Bebedouros, Banheira, Comedouros

Deve-se te-los em duplicata. Semanalmente, são substituídos para receberem limpeza e após isto a higienização. Nas peças plásticas, após a limpeza, devem ser imersos em soluções desinfetantes..

Para cada tipo de desinfetante, deve-se considerar a solução indicada pelo fabricante e o tempo mínimo necessário para que a desinfecção seja obtida.

Exemplos:

Soluções de Kilol ou Água sanitária: tempo mínimo de 20 minutos

Soluções de Amonex, Lav Fen: tempo mínimo de 3 minutos

Gaiolas

Procure forrar o fundo da gaiola com papel absorvente da umidade das fezes. As bobinas de papel para embrulho é uma opção muito econômica para este fim.

Troque este forro todos os dias.

A cada 3 ou 4 meses, faça limpeza e desinfecção destas gaiolas. Isto é recomendado inclusive para as gaiolas de passeio, que muito temem em estragá-las com este procedimento.. Eu particularmente prefiro um verniz riscado do que manter meus pássaros doentes.

Tanques, pias,equipamentos e locais de limpeza

Faça uma higienização mensal destes locais e dos equipamentos que tendem a se tornar depósitos de agentes patogênos. Inclua-se as buchas, escovas, espátulas, etc ……

Ambiente que moram os pássaros

A cada 3 ou 4 meses, faça limpeza e higienização das paredes, tetos, pisos, prateleiras e todos os locais em que as gaiolas costumam ser colocadas. Aqui vale o mesmo para o local onde está o prego da parece.

Um procedimento que venho utilizando, sem que isto danifique a pintura da parede, é a utilização da Vassoura de Fogo.

Com as medidas simples que acabamos de citar, nunca teremos um quadro de doenças banais, tal qual ocorrem nos surtos de Coccidiose, Salmonelose, Mycoplasmose, etc ………..

Saudações de um sicaliense,

Ivan de Sousa Neto

 

Criação de jacarés

Manejo Sustentado

Criação de jacarés em cativeiro tem apoio de cooperativa no Pantanal

A instalação de um frigorífico para abate de jacaré, em Mato Grosso, impulsionou a atividade. Além de garantir um dinheirinho a mais, ela ainda ajuda na manutenção da espécie.

O Pantanal é uma das maiores planícies de inundação do planeta. Com 140 mil quilômetros quadrados de extensão, é notável pela riqueza e abundância da vida silvestre.

No final da década de 80, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estabeleceu regras e determinou sistemas de manejo adequados para a região. Jacaré é animal silvestre, protegido por lei.

Gastão Sharp e Gentil Gusmân, pecuaristas e fundadores da única cooperativa de criadores de jacaré de Mato Grosso, que fica no município de Cáceres, contam que no começo tudo era muito caro e difícil. Para viabilizar o negócio, tiveram que ir se adaptando.

“Com o tempo, nós fomos vendo que tinha uma série de dificuldades operacionais dentro do Pantanal, como alimentação. A gente dava gado nosso para o jacaré sobreviver. Ou seja, uma carne cara, em vez de conseguir miúdos nos frigoríficos. Então resolvemos em 1991 montar a cooperativa, trazendo estes animais para serem confinados em galpões fechados, com assistência técnica e outras coisas que faltavam”, conta Gusmân.

Com a cooperativa perto da cidade, eles fizeram acordos com frigoríficos que agora fornecem os restos de carne bovina para alimentar os jacarés. O custo diminuiu e o negócio começou a dar lucro.

Sistema – O sistema de produção mais usado no Pantanal ainda é o chamado ranching, ou recria em confinamento. Nesse sistema, técnicos do Ibama fazem um levantamento nas fazendas dos criadores credenciados e determinam quantos ovos cada um pode coletar.

Os ovos são colocados em incubadoras e depois que os jacarezinhos nascem, vão para tanques, onde permanecem até mais ou menos o terceiro ano de vida. Com cerca de quatro quilos, estão prontos para o abate.

Marcos Coutinho, biólogo que coordena o programa de crocodilianos do Ibama, explica que a recria em confinamento ainda é o melhor jeito de criar jacaré do Pantanal, mas o produtor tem que estar sempre atento aos custos.

“A grande vantagem do sistema ranching é que você tem os animais em confinamento e aí isso facilita uma estabilidade no fornecimento do produto. A desvantagem é que você tem que tratar todo dia, tem assistência veterinária, custo de produção, energia elétrica, alimentação que é o custo maior, todo esse manejo representa ônus que no final do dia tem que ser balanceado com a produção”, explica Coutinho.

Tanques – Nos tanques da cooperativa, ficam os jacarés de 20 criadores credenciados. Os ovos são coletados nas fazendas dos cooperados e levados para lá. São 11 galpões com 64 baias cada um.

Funcionários se revezam na manutenção dos tanques e no preparo da ração. Quando estão prontos para o abate, os animais são encaminhados para o frigorífico mantido pela cooperativa, o único da América Latina específico para jacaré.

Em julho do ano passado do ano passado, o frigorífico conseguiu o SIF, o Selo do Serviço de Inspeção Federal. A carne agora pode ser vendida para outros estados e até para o exterior. Para incentivar o consumo, o Sebrae elaborou até um livro de receitas.

Produtor independente – Selden Silva é hoje um dos únicos produtores independentes do município de Cáceres. Ele prefere manter os jacarés em tanques próprios. Há mais de dez anos na atividade, nem acha a tarefa tão difícil. “Jacaré quase não dá trabalho, de manhã lava todinho o tanque e na parte da tarde dá de comer porque jacaré gosta de comer é à noite”, diz.

Entre os jacarezinhos, há a presença de um jacarezão. Silva afirma que o animal está com ele desde o começo, é o mascote. “Esse foi o começo e o fim dele vai ser aqui, de velho. Quando ele quer, bota a cabeça aqui pra fora, os outros montam nele, ele é manso. Esse não vai para o abate de jeito nenhum.”

Silva mantém atualmente cerca de 8 mil animais. Na hora de abater, manda para o frigorífico da cooperativa. Assim, aproveita tanto a pele, quanto a carne. (Fonte: G1)

Escrito por G1, em 12/4/2009