Criar animais nativos faz parte da Cultura

Bom senso

Criar animais silvestres em casa faz parte da cultura brasileira, diz conselheiro do Ibama.

Uma proposta de resolução que define critérios para que o Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) elabore uma lista sobre quais os animais silvestres poderiam ser criados e comercializados como animais de estimação está causando divergências no Conselho Nacional de meio Ambiente (Conama).

“O assunto é polêmico, porque alguns acham que não deve haver nenhuma resolução sobre a criação de animais de estimação silvestres e outros acham que não deve haver nada a esse respeito”, diz o conselheiro e presidente da Câmara Técnica de Biodiversidade, Fauna e Recursos Pesqueiros (CTBio) do Conama, Paulo Nogueira Neto. “Outros, como eu, acham que deve ser permitida a criação com uma série de restrições, para não haver abuso”,

Na avaliação dele, criar animais silvestres como de estimação já faz parte da cultura do brasileiro. “Milhões de brasileiros têm animais nativos em casa: papagaio, periquito, além daqueles que são legitimamente criados nos criadouros”.

De acordo com ele, é justamente para evitar abusos e prejuízos, tanto para seres humanos quanto para animais, que se pretende estabelecer critérios e determinar quais animais podem e quais não podem ser criados em cativeiro.

Um dos requisitos que deve ser seguido é a questão dos maus-tratos, bem como se os animais se adaptam ou não à vida fora do seu ambiente natural.

“Digamos que uma pessoa queira criar andorinhas. Não pode ser permitido. Uma andorinha nunca pode entrar nessa lista porque ela não suporta cativeiro, é um animal essencialmente migrador, que precisa de muitos espaços, é um animal que vai em busca do calor, então, não serve”, diz Nogueira. “A andorinha não pode nunca entrar numa lista, porque ela vai sofrer, é contra a ecologia dela, digamos assim. Então, são pequenos detalhes mas que podem fazer muita diferença”.

Segundo ele, o objetivo da resolução é diminuir o tráfico de animais silvestres. “Para nós é essencial que o tráfico diminua, porque damos alternativa: se a pessoa pode comprar um animal legalmente, sadio, manso, que nasceu em cativeiro e aceita bem as pessoas, vai preferir esse animal a um animal todo estropiado, às vezes com ossos quebrados e de qualquer jeito”.

Para algumas entidades ambientalistas, no entanto, não deveria haver resolução, pois elas acreditam que não deve ser permitido que animais silvestres sejam criados em cativeiro.

“Esse não é um uso que deve ser dado à fauna silvestre, tanto em função de não ser correto você manter o animal preso quanto pelo fato de esses animais cumprirem funções ecológicas relevantes no meio”, afirma a assessora jurídica da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e representante das entidades ambientalistas do Sudeste no conselho, Cristina Chiodi.

“A gente entende que essa resolução está criando um uso da fauna que não existe na lei. É um uso da fauna como animal de estimação que deveria ser regulamentado não por essa resolução, até porque, a gente entende que esse tipo de uso está em dissonância com o disposto na Constituição Federal”.

A resolução foi aprovada pela CTBio em reunião realizada esta semana. Mas um pedido de prazo para análise da proposta, feito pela presidente da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos (CTAJ) do Conama, impediu que ela fosse votada na câmara. Até que ela apresente um parecer, o assunto não pode ser votado e ir à plenária.

(Fonte: Ana Luiza Zenker / Agência Brasil)

Escrito por Ana Luiza Zenker , em 13/8/2007

Criação de Animais como Pet

Muita Celeuma

Criação de animais silvestres como de estimação gera impasse no Conama.

Agência Brasil)

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) está estudando uma proposta de resolução que define critérios para criação e comercialização de animais silvestres como animais de estimação.

Esta semana, na reunião em que o assunto foi debatido, a proposta não chegou a ser votada pela Câmara Técnica de assuntos Jurídicos (CTAJ) do órgão.

A resolução foi apresentada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) entre 2003 e 2004.

“O objetivo da resolução é definir alguns critérios para que o Ibama e os órgãos estaduais de meio ambiente possam autorizar a criação de animais para pet (nome usado para animal de estimação em inglês)”, afirma o diretor de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, Rômulo Mello.

A proposta de resolução já havia sido aprovada nas Câmaras Técnicas de Biodiversidade, Fauna e Recursos Pesqueiros (CTBio) e de Assuntos Jurídicos do Conama, e estava na pauta da plenária do conselho no início de julho.

No entanto, ela não foi votada, pois Organizações Não-governamentais (ONGs) ambientalistas que estão representadas no conselho pediram vistas da medida. Em outras palavras, solicitaram um prazo para analisar a proposta e elaborar um parecer sobre ela.

Por causa disso, o presidente da CTBio, Paulo Nogueira Neto, determinou que o assunto voltasse a ser discutido nas câmaras.

Na reunião desta semana, as ONGs apresentaram propostas de modificações na resolução. “Elas entendiam que os critérios que estavam na proposta original não seriam suficientes. A gente precisaria de mais algumas garantias para que não houvesse nenhum tipo de prejuízo à fauna”, afirma a assessora jurídica da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e representante das entidades ambientalistas do Sudeste no conselho, Cristina Chiodi.

Mais do que achar necessários critérios rígidos para a definição dos animais silvestres que poderão ser criados e vendidos como animais de estimação, algumas entidades são contrárias à resolução, pois temem que, caso ela seja aprovada, aumente do tráfico de animais.

“A gente entende que essa liberação pode facilitar as pessoas mal intencionadas que fazem o tráfico. Elas vão poder ter outros instrumentos para regularizar esses animais”, diz Chiodi.

Para João Luís Ferreira, assessor técnico do Conama e da CTBio, o tráfico não deve aumentar com a resolução. Ao contrário. Ele vê na proposta uma forma de nortear a fiscalização do Ibama e dos órgãos estaduais do meio ambiente.

“Fica mais claro para todos os entes da federação sobre como proceder. Por exemplo, o Ibama fica comprometido a disponibilizar uma lista com os animais que podem ser criados, então chega um fiscal no campo e vai fazer uma apreensão; ele tem a lista em mãos, vai olhar para a espécie de ave, ou de mamífero e dizer: esse aqui você não pode criar, então, você vai ser multado”, avalia. “A partir do momento em que ele não tem isso em mãos, fica muito subjetiva a fiscalização e ele pode incorrer em erro”.

Na reunião da CTBio e da CTAJ, algumas propostas apresentadas pelas ONGs foram parcialmente acatadas. Apesar do consenso obtido na CTBio, a resolução ainda não vai a plenário.

“Foram levantados questionamentos sobre se o Conama tinha o poder de fazer normas para regulamentar o comércio desses animais, sobre fauna em geral”, disse Ferreira.

Por conta desses questionamentos, a presidente da CTAJ pediu vistas da resolução e deve apresentar um parecer sobre o assunto na próxima reunião da câmara. Por isso, não há previsão para que a proposta de resolução volte à pauta da plenária do Conama.

(Fonte: Ana Luiza Zenker / Agência Brasil)

Escrito por Ana Luiza Zenker, em 13/8/2007