Biocombustíveis grande ameaça

Exagero no consumo

Folha de São Paulo – Reportagem Claudia Trevisan 02.07.07

Trecho de Reportagem:

Biocombustíveis são maior ameaça à diversidade da Terra

A ambição brasileira de criar um mercado mundial para o alcool em parceria com os EUA encontrou um opositor de peso em um dos pioneiros do movimento ambientalista: o americano Lester Brown, 72, com influência, no Forum Economico Mundial ou na Academia de Ciencias da China. Ele diz que o uso do milho por usinas de alcool desencadeou uma disputa de proporções épicas entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.

O aumento da demanda por milho para fabricação de alcool tem levado à inflação de alimentos em todo o mundo, diz Brown, com efeitos pervesos para a população mais pobre. A posição é semelhante à do ditador cubano Fidel Castro e do presidente venezuelano, Hugo Chavez, que vêem nos biocombustíveis uma ameaça à oferta de alimentos no mundo. A tecnologia brasileira de fabricação de de álcool a partir da cana de açúcar não escapa das críticas do ambientalista. “Se eu tivesse que identificar a mais importante ameaça à diversidade biológica da Terra, ela seria a demanda crescente por biocombustíveis” disse Brown em entrevista por telefone. O ambientalista afirma que a Terra não terá como acomodar milhões de chineses com o mesmo padrão de consumo dos norte-americanos . Se crescer a 8% ao ano,afirma, a China terá em 2031 renda per capita igual a dos Estados Unidos hoje. Caso os chineses do futuro consumam como os americanos de hoje, o país asiático terá 1,1 bilhão de carros em 2031,mais que os 800 milhões existente no mundo. Para alimentar sua frota e seu crescimento, precisará de 99 milhoes de barris de petroleo/dia mais que a produção mundial atual, de 85 milhoes de barris/dia.

Escrito por Cláudia Trevisan, em 27/7/2007

Sono reconfortante

Sedução

A noite desta 3a. para 4a. feira não me ofereceu o costumeiro sono reconfortante.

Talvez o calor abafado de final de primavera, prenúncio da aproximação do verão, tenha me expulsado da cama um pouco antes do usual. Embora me dando conta do atípico, deixei seguir a rotina seqüencial de praxe. Pronto para sair a campo no atendimento aos clientes, fui seduzido pela orquestra dos pássaros, mais afiada do que em toda minha vida até então pudera notar. Era algo divino e celestial, pelo que posso intuir do que seja divino e celestial, eis que só o que vem de Deus poderia ensejar embevecimento tão diferenciado.

Uma sensação de edificante magia se apoderou do meu ser e me transportou para um indescritível cenário de paz. Nos meus ouvidos ressoavam acordes dos chilreios doces e ternos do coral de aves canoras, que pareciam despertas de um sono letárgico e estranho. Tudo me parecia fora do comum e ao mesmo tempo me punha nu diante da magnitude da criação. Tivesse eu o dom da arte da poesia e da música para poder suplantar Bethoven na sua nona sinfonia, de vez que, diferente dele, eu ali estava agraciado pela perfeição do sentido da audição. Aliás, a sensação era a de que todo o meu ser fora tomado do equilíbrio e harmonia de um monge tibetano.

De fato, aquela cantoria toda, tão concatenada quanto diversificada, me projetava um grau de espiritualização reservada aos mestres de primeira grandeza, reclusos em seus longínquos templos de retiro e meditação. Contrastando com a realidade cruel do dia a dia, Alguém que gosta de mim me privilegiava com alguns bons momentos de sintonia com o misterioso mundo mágico da Sua criação de alados e empenados, exímios e inigualáveis cantores. E eu, pobre mortal, cônscio da minha pequenez, ora me curvo diante da sabedoria e bondade divinas, confortado uma vez mais por ter tanto a agradecer e tão pouco a pedir, e me penitencio por ignorar a grandeza de Deus expressa em coisas tão singelas e próximas como o canto dos pássaros. Obrigado, Senhor meu Deus! “

Poeta Alceu Sebastão Costa