Ibama vai pedir novas sindicâncias

Mãos limpas

26/06/2007 – Ambiente Brasil

Ibama vai pedir novas sindicâncias sobre fiscais presos pela Polícia Federal

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lamentou nesta segunda-feira (25) que tenham sido inocentados 12 dos 22 fiscais do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis suspeitos de crimes de corrupção e venda de licenças no Rio de Janeiro. “Infelizmente esses processos acontecem assim, mas tanto o Ibama quanto a própria ministra, quando analisam esses fatos, pedem novas diligências, novas sindicâncias. Isso é uma rotina na nossa prática”, afirmou.

A ministra lembrou que nos últimos quatro anos foram presos 116 servidores do Ibama, dos quais mais de 24 foram demitidos. “Se formos comparar esse processo a períodos anteriores, você há de convir que tivemos um avanço significativo em relação a essas demissões. Infelizmente, as comissões de sindicância, às vezes, não levam a resultados satisfatórios e cabe ao presidente do Ibama e à ministra em última instância pedir novas averiguações. O tempo todo nós fazemos isso”, reiterou.

Marina assegurou que o titular do Ibama, Basileu Margarido Neto, tomará essa decisão tão logo seja encerrado o processo administrativo, “até porque tivemos falhas no processo que são primárias. Não foi ouvido sequer o delegado que foi responsável pelo inquérito. Isso com certeza haverá de ser acolhido pelo presidente do Ibama”, manifestou a ministra.

Os fiscais do Ibama foram presos pela Polícia Federal em novembro do ano passado e denunciados pelo Ministério Público na Operação Euterpe, que investigava fraudes na liberação de licenças ambientais. O ponto de partida da Operação foi a investigação do crime de extração de palmito na reserva do Tinguá, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Uma das espécies de palmito é conhecida pelo nome Euterpe.

Os fiscais do Ibama foram acusados de emitirem pareceres técnicos favoráveis a empreendimentos localizados, em sua maioria, em áreas de preservação ambiental, em troca de dinheiro. Eles respondem pelos crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, prevaricação, peculato, pesca ilegal e violação de segredo funcional, entre outros.

Em relação à greve dos funcionários do Ibama, Marina Silva afirmou que o ministério já conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados a Medida Provisória 366/07 que cria o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a partir da cisão do próprio Ibama. A ministra aguarda agora a manifestação do Senado sobre a matéria. (Agência Brasil)

Escrito por Agencia Brasil , em 27/6/2007

A Fábula de “Mary – Taka”

Aos pés do meu portão, solitária, triste,

A pobre “Mary-Taka” não se entrega, resiste,

Quase sem forças, exposta à própria sorte,

Com sede, com fome, é o pasto para a morte.

Eu, passando, por acaso, dela me avizinho,

Com cuidado, apanho-a com amor e carinho,

Faço-lhe um afago, estimulo os seus movimentos,

Quero tirá-la dali, aliviar os seus tormentos.

Horas se passam e o pássaro toma prumo,

Alimentada, o corpo quente, busca o seu rumo,

As asas fortes só querem retornar à liberdade,

Mas, antes, vai me dizer toda a Verdade.

“Mary”, por favor, antes de ir, me conte,

O que houve? Para um amigo nada se esconde,

Vejo seu bando toda tarde passar em algazarra,

Parecem unidos, fazem da vida verdadeira farra.

E de repente, você sozinha, abandonada,

Contrariando o que aprendi, quase nada,

A respeito do bem-querer na natureza,

O seu destino me traz grande surpresa.

“Mon`ami”, primeiro quero lhe agradecer,

Pois estava a um fio de minha vida perder,

Quando você apareceu e tão logo me socorreu,

Por muito pouco esta pobre ave não morreu.

Agora, a sua pergunta com pesar eu respondo,

Existe um culpado, que não é ave, não escondo,

O bicho homem transformou o planeta Terra

Num deserto sem fim, parece até praça de guerra.

Falo da guerra surda, suja, devastadora,

Da moto-serra impune e cruel agressora,

Que sem piedade e sem avaliar o perigo,

Destrói a flora e põe a fauna ao desabrigo.

O meu bando enfrenta o sufoco dessa agressão,

Resultado de tal loucura, sem freio, sem direção,

Você chama de algazarra, de farra, a nossa falsa alegria,

Esses gritos são de revolta diante de tanta patifaria.

Não temos mais uma árvore segura para dormir,

Voar, voar… sem ter para onde ir,

Vem o cansaço, a fome, a sede, a queda,

A solidariedade, por tudo isso, deixou de ser regra.

Assim, como eu, muitos ficam pelos caminhos,

Não há mais rosas, predominam os espinhos,

Como podem as maritacas os seus pares socorrer,

Se mal sabem por quanto tempo, ainda, irão sobreviver?

Talvez, este fato venha a ficar na história,

Sirva de alerta para quem, como você, tem memória,

Não foi simples acaso que nos colocou frente a frente,

A sintonia com Deus tem efeito permanente.

Poeta Alceu Sebastião Costa

Membro da Ordem da Confraria dos Poetas do Brasil.