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Saber Criar nós Sabemos. Agora,

É muita pressão

Vejam abaixo artigo publicado na Revista AO n. 129 que saiu no início mar/2006

Aloísio Pacini Tostes – Ribeirão Preto SP

Dezenas de milhares de passeriformes nativos estão sendo produzidos por todo o Brasil em criadouros registrados. É motivo de orgulho para nós que estamos envolvidos em todo o contexto. Provamos que estamos aptos e que correspondemos a confiança depositada pelas autoridades públicas. Os criadouros ai estão e existe fartura de filhotes, cada vez de qualidade melhor. Bicudos e curiós, na realidade podem ser espécies em extinção, exclusivamente na natureza por que não se consegue preservar seus habitats, uma atribuição indelegável do governo, pois a população dessas aves aumenta a cada ano nos criadouros domésticos. Nesse importante mister, o IBAMA poderá seguramente contar conosco para os re-povoamentos, basta ocorrerem os investimentos oficiais indispensáveis. Agora, como tem sido complicado e penoso buscar energia para continuar trabalhando com tranqüilidade para avançarmos no sentido de melhorar os procedimentos e otimizar a produtividade. Não deveria ser assim, pois aqui no Brasil, estamos dando exemplo para o mundo produzindo espécies nativas, em larga escala, para atender a demanda, que é grande, sem que haja necessidade de retirada na natureza. Ao contrário de muitos outros países que estabelecem cotas para captura, depois as legalizam para a venda, inclusive para exportação auferindo lucros com a depredação. No tocante à regulamentação brasileira, temos a Lei 5.197 que diz, em seu item 6B, que o Poder Público deverá estimular a implantação de criadouros. Lógico, o fundamento da legislação é que, a atividade deverá gerar vidas, empregos e riquezas, utilizando de forma sustentada um recurso natural que no fim trará uma efetiva preservação das espécies envolvidas. Podemos assegurar que é isso que está acontecendo e aumentando de forma gradativa, e melhor, para muitos pássaros, não estamos mais precisando de animais silvestres para montar plantel matrizeiro, utilizamos apenas pássaros domésticos. Não há interesse porque há uma crescente seleção genética na busca da perfeição e indivíduos que não sabe a origem não servem para a reprodução. O que temos sentido, então, é que o espírito da Lei não está sendo seguido, as imposições são muitas e as incompreensões são maiores ainda. Não temos visto, nem sentido, ações de incentivo, pelo contrário, o que tem ocorrido é o desestímulo crescente. Será que alguém supõe que a Lei só vale para quem produzir animais para o abate, para serem consumidos ou comidos, ora o nosso segmento produz aves para serem preservadas, admiradas e amadas por aqueles que assim desejarem e legitimamente produzidas em ambientes domésticos. De um lado e de outro, a mídia por exemplo, só divulga trafico, porque não analisa todos os ângulos da notícia, se preocupa, apenas, em causar impacto na opinião pública, para poder vender seus anúncios. Falar em morte, bandidos, traficantes, infelizmente dá audiência é isto que importa para eles. Quando estivemos como convidados na Câmara Federal, saímos de lá decepcionados, queríamos falar sobre a atividade, explicar como fazer e o lado positivo da criação e da efetiva preservação das espécies envolvidas, mas o assunto que valia era o tráfico, falar disso nunca foi nossa praia, nem sabemos como, é assunto de polícia, da falta de educação de nosso povo, da miséria e da consciência das pessoas. Aí, vem mais essa, a Gripe das Aves, é de doer tanto alarmismo espalhando o pânico, e pior a gente tem que acreditar que um gato comeu um cisne lá na Alemanha e morreu contaminado pelo vírus, vamos agora eliminar os gatos, é preciso. Na Europa não entra mais aves, óbvio que só as legais com origem comprovada, nem com quarentena, o tráfico continua deitando e rolando. Já vai acontecer por aqui, na América, uma andorinha morta em um vendaval será acusada de estar contaminada com o vírus e de ter estado em contato com um cisne negro lá no norte, e assim por diante. Não pode isso, não pode aquilo, tem que apresentar relatório disso e daquilo, são muitas as exigências em cima dos criadores que só querem criar os passarinhos com tranqüilidade necessária. Porque criar e saber criar, nós sabemos e muito bem, agora suportar toda essa pressão está se tornando insuportável. lagopas@terra.com.br

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 11/3/2006

As Trombetas

Porque será que será

José Filho escreveu em 27/2/2006 02:26

Disse o Chico: – O que será que será?

Digo Eu: – Porque será que será?

Que quando saio para passear com meus curiós só sinto-me à vontade no meio dos passarinheiros, quando estou fora deles sinto os olhares de curiosos e transeuntes queimando minha alma como se dissessem, olha um vagabundo com uma gaiola na mão, olha um criminoso destruindo a natureza, olha um marmanjo dessa idade brincando com passarinho como se fosse criança, coitadinho do bichinho preso na gaiola e volta e meia para confirmar minhas suspeitas, ouço alguem falar: – Cuidado olha que o IBAMA te pega !!!

Porque será que será?

Que o próprio IBAMA órgão responsável pelo controle da criação de passariformes, não cumpre as leis vigentes, não fazem suas obrigações de funcionários públicos, não procuram fazer valer efetivamente os direitos dos criadores regularizados nos tratam como marginais e infratores, nos atendem mal, nos jogam piadinhas fazem comentários indiscretos e ameaças deixando os menos letrados em sobressalto, eles próprios incompetentes e seus sistemas inoperantes nos impedem de manter nosso plantel atualizado coforme prevê a IN 01 e depois nós é que somos tratados com desconfiança, nós é que temos que dar o ônus da prova em função dos seus próprios erros, fazer requerimentos e mais requerimentos, reclamar, pedir implorar e ver que a coisa não anda por pura má vontade de quem de direito ou melhor de quem de dever.

Porque será que será?

Que uns criam gatos, cachorros, pombos, coelhos, papagaios, periquitos, peixes, galinhas, marrecos, etc; outros cultivam flores, samambaias, gramas, trepadeiras, cáquitos, oriza sativa, etc; alguns colecionam selos, botões, carros, tampinhas, óculos, calçados, amantes, etc; muitos jogam dama, xadrez, sinuca, biribol, jogo da velha, praga nos outros, etc; outros tantos gostam de dar dinheiro para pastores, padres, políticos, prostitutas, mendingos, menores abandonados, pro leão, etc; vários vivem de falar da vida alheia, falar de futebol, economia, política, saúde, etc; e nós somente nós passarinheiros somos tão mal vistos assim?

Porque será que será?

Que dizem que na prisão o filho chora e a mãe não vê,

que dizem que criamos passarinhos presos

que nos pedem para que soltemos nossas aves

seria porque não sabem que um condenado depois de muitos anos sem conseguir fugir resigna-se e aceita o presídio como seu habitat ou não sabem que quem nasce em cativeiro não consegue fácil adaptação à liberdade, a diferença é evidente e inconteste que gaiola não é prisão, na prisão o filho chora e a mãe não vê mesmo, na gaiola o filho chora e a mãe escuta, vê, alimenta, limpa suas fezes, aquece, ensina, cria. A prisão é um mundo infernal totalmente diferente da gaiola que é quase sempre um mundo sofisticado, civilizado, higiênico, com muito mais conforto, alimentação e saúde do que uma ave caipira solta consegue na natureza.

Porque será que será?

Que a nação brasileira até hoje não respeita um criador de passarinhos, que gera emprego, riquezas, traz divisas para o país com a produção de utensílios, medicamentos, alimentos, e que poderia gerar muito mais com a exportação da produção dos nossos criadouros comerciais e de quebra preserva da extinção as espécies nativas.

Aposto que todo bom passarinheiro compartilha desse mesmo pensamento, até quando? Até quando vamos aceitar passiva e pacíficamente este rótulo negro que nos é imposto por pura ignorância da população brasileira, temos que popularizar a criação de aves nacionais em cativeiro, desmistifica, desrotular, elevar, sublimar a criação de passarinhos, fazer o povo nos ver com outros olhos e só conseguiremos isso com muita união da classe e voz ativa em todos os setores do país, no congresso em palestras, fóruns e principalmente com muita força na mídia em geral, televisão , rádio, revistas, jornais, temos que estimular os estudantes de veterinária das faculdades brasileiras a aprofundarem-se mais no campo das aves de pequeno porte, só assim lutando em todas as frontes de batalhas, conseguiremos vercer essa guerra e fixar nossa bandeira orgulhosa e imponente no ponto mais alto do conceito social que é o nosso merecido lugar como verdadeiros ecologistas que somos com o sentimento de apego e preservação da avifauna brasileira que carregamos abafado no peito porque somos mal interpretados por falta de divulgação adquada das nossas atividades e objetivos.

Porque será que será que esse nosso grito de liberdade ainda está abafado e nossa bandeira mofando pelos cantos? Até quando essa situação vai perdurar? Avante companheiros vamos à luta!!!

Até quando? Até quando vamos

Escrito por José Filho, em 2/3/2006