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Vamos ajudar a preservar as espécies

Escrito em 1983

ADERBAL JUREMA

É um terra palpitante a defesa da fauna e da flora brasileira. Ainda há poucos dias o Presidente João Figueiredo foi ao Pantanal para dar, com sua presença, ênfase ao combate aos caçadores clandestinos e traficantes de fronteira que estão dizimando a fauna daquela região.

Todos os Clubes e Associações de Criadores de Bicudos e Curiós do Brasil estão com o Presidente nesse bom combate, que não deve parar, pois sabemos que os contrabandistas internacionais de peles de jacaré, de felinos e plumas de aves silvestres estão agindo sem descanso na ambição de dólares e mais dólares.

Bicudos e curiós, graças a Deus, estão fora desse mercado, pois são aves canoras e que não se adaptam em climas frios. São espécies ecologicamente tropicais e que só atingem a plenitude do canto nos climas quentes e temperados.

Em verdade, os maiores contrabandistas de bicudos e curiós são os desmatadores e os espargidores de inseticidas. Pássaros dos brejos irrigados por água corrente, onde vicejam o capim navalha ou o pé de arroz nativo, bicudos e curiós estão sempre ameaçados pela extinção criminosa das nossas reservas florestais.

Mesmo o reflorestamento não cria “habitat” para essas admiráveis espécies de aves canoras, porque “eucalyptus” não da sombra nem grão… 0 movimento vitorioso dos Clubes e Associações, incentivando os seus associados a reproduzirem, em cativeiro, bicudos e curi6s, e a única esperança, para nós, amantes do canto melodioso do curió e do canto aflautado do bicudo, de preservação das espécies.

0 anilhamento compulsório dos nascidos em cativeiro ou adquiridos já adultos foi uma providência oportuna e inteligente do IBDF. Advertimos, porém, com a nossa experiência, que tudo isso só frutificará se fizermos uma campanha educativa, em todo o País, sem atitudes radicais ou falta de conhecimento do problema, que exige compreensão e amor das autoridades e de todos os criadores de bicudos e curiós do Brasil.

Escrito por Aderbal Jurema, em 29/3/2004

Alerta, criador de pássaros

A preocupação com a preservação

Aderbal Jurema

Os primeiros criadores de aves canoras no Brasil foram os índios. Eles domesticavam os papagaios, os tucanos, os pássaros pretos, carregando-os como enfeites sobre os ombros. Gostavam de ouvir o canto da araponga e fizeram as primeiras gaiolas para criar curiós. Alias, a palavra curió, na língua tupy, quer dizer \”Amigo do homem\”.

Passaram-se os anos e chegamos ao Império, quando na veste real sobressaia o peito de tucano. Nas casas grandes do Nordeste, quem não tinha um curió cantador nos seus alpendres não era um fazendeiro de bom gosto. Isso acontecia também com os senhores de engenho. Joaquim Nabuco, no seu livro tão decantado \”Minha Formação\”, assim descreveu a sala de visitas do Engenho Massangana, hoje patrimônio nacional, em Pernambuco:

“Nas paredes algumas gravuras coloridas representando o episódio de Inês de Castro, entre as gaiolas dos curiós afamados, pelos quais seu marido costumava dar o preço que lhe pedissem…\” (Liv.cit.pg.184-Inst.de Progresso Editorial S.A.-São Paulo, 1949).

Agora, na República, o flagelo do desmatamento e da pulverização com inseticidas vem dizimando, sem dó nem piedade, as nossas aves silvestres. Aqui, no Centro-Oeste e no Sul elas só estão sobrevivendo graças aos criadores abnegados que as reproduzem em cativeiro.

O IBDF, inteligentemente, entrou em contato com asses criadores, hoje agrupados em Associações e Clubes devidamente registrados, e regulamentou o assunto de forma prática, conseguindo o controle da criação de bicudos e curiós através de registro, relacionamento e anilhos.

Tudo isso, pois, vai muito bem orientado no sentido de preservar a fauna. Cumpre, assim, ficarmos alertas e prevenidos contra os inimigos dos pássaros.

Escrito por Aderbal Jurema, em 29/3/2004