Postagens relacionadas com Ornitofilia

Necessária Transação Legal

Procedimentos legais

Nosso comprometimento é, deve ser e tem que ser, com a preservação. A sociedade permite que nós exerçamos nossas atividades de realizações de torneio e outras, porque entende que estamos efetivamente reproduzindo as aves em ambientes domésticos. A ação dos efetivos criadores é que tem facilitado sobremaneira esse entendimento. Isto porque eles é que tem suprido a demanda do mercado com seus filhotes nascidos domesticamente. Tudo é importante, a ação das autoridades, dos clubes, das federações e dos sócios, cada um fazendo a sua parte. Mas o trabalho exercido nos criadouros é a base de tudo, sem isso, nada existiria. Teríamos forçosamente que parar com o nosso hoby. Será que alguém tem dúvida disso? Nossa responsabilidade, então, é grande. Temos a obrigação de assegurar aos nossos descendentes a oportunidade de conhecer, de ouvir e de possuir um pássaro, bem como manter a biodiversidade na natureza. Nós passarinheiros não podemos renunciar a isto, não podemos delegar essa tarefa a ninguém, a missão é nossa. Precisamos, sim, da ajuda constante dos técnicos do IBAMA, dos políticos, dos outros preservacionistas e da sociedade em geral. Os técnicos nos apoiando e os políticos produzindo legislação cada vez mais adequada e atualizada, e os preservacionistas vigilantes quanto às agressões à natureza. Cada um respeitando o trabalho do outro e todos fazendo sua parte, sem nenhum radicalismo ou sensacionalismo. Qual é o objetivo de tudo isto, e o que é que queremos, não é evitar a extinção das espécies? No ritmo de destruição ambiental como a atual, como estará a Terra daqui a duzentos anos ou daqui a mil anos… Quantos bilhões de pessoas seremos e que espaço teremos em nosso planeta… Numa visão exclusivamente real, vale a pergunta: como estarão, na oportunidade, o meio-ambiente, e os animais, principalmente aqueles que não estiverem sendo cuidados? Solução: “Parques Nacionais e Criação Doméstica”. Precisamos adotar cada vez mais isto. Será que existe outra saída? Nunca é demais falar nisso. Todo aquele que reproduz, pequeno ou grande deve merecer os maiores elogios e respeito. Por isso é que a atividade exercida por esse criador deve ser muito facilitada. O que ele precisar em termos de legislação, de informações, de apoio, de incentivo e de reconhecimento, lhe deve ser oferecido. Isto está acontecendo? Talvez, em parte. Muita coisa precisa ser colocada, ainda, em prática, para que tudo isso seja efetivamente ofertado, a quem merece. Ai, a responsibilidade já é da própria sociedade como um todo, ela é que tem a obrigação de apoiar as pessoas que se dispõem a exercer o trabalho de reprodução de qualquer tipo de animal. Assim, os que tem a função, de representar os interesses de todos, precisam, a todo tempo, não descurar disso. Achamos, por exemplo, que já era hora do poder público, do Brasil, prestar homenagem, dais mais importantes, a Marcílio Picinini o mestre de todos nós, que além de estar reproduzindo milhares de filhotes por ano, passa, ainda, todas as informações aos outros interessados que o procuram, ensinando a sua correta tecnologia. Ele provou que se pode procriar bicudo e curió, com qualidade, assim como se cria canário-do-reino adotando as formas mais avançadas de manejo. Hoje são centenas de criadouros espalhados pelo Brasil, em número sempre crescente. Um exemplo para qualquer País. Isto é de fácil constatação. Ficamos sabendo que há no exterior movimentos para homenagear Marcílio. Vamos deixar isto acontecer? Será uma vergonha. De outro lado temos a função da imprensa, que também é muito importante. Será que ela está tendo também a visão de futuro? Seu papel de bem informar e de passar para a opinião pública mensagens positivas e esclarecedoras. E a ação de alguns organismos internacionais que exigem dos países, às vezes, atitudes não muito bem transparentes quanto às questões do meio-ambiente.

Será que eles tem nos ajudado sempre? O que nos interessa, sobretudo, é: o que está se fazendo, no Brasil, a favor da criação e de tratar igualmente o criador da ema, da arara, da capivara, do macaco, do jacaré, da tartaruga, dos peixes, das aves e em especial dos pássaros canoros. Cada povo que cuide de seus bichos. Nós brasileiros devemos cuidar dos nossos, em primeiro lugar. Se algum País quiser nos ajudar, sem nenhum compromisso nosso no sentido de cumprir exigências descabidas, ótimo. Contudo, não adianta só reproduzir, é preciso transferir, transacionar, abastecer o mercado e poder suprir todas as necessidades da demanda, inclusive do exterior, se vier. É preciso exercer repovoamento, quando for o caso e quando necessário, buscando os exemplares na criação doméstica. É preciso, ter facilidade para comercializar legalmente, para transportar, para remeter e tudo o mais. Logicamente, com respeito às normas e as limitações permitidas na lei, sem exageros de interpretações radicais. Como é que um criador de São Paulo pode remeter um filhote de curió para outro passarinheiro em Porto Alegre? Tem que haver um meio racional, não restritivo. Não há outra forma melhor, para combater a caça predatória e tráfico ilegal do que a comercialização de filhotes domésticos e registrados que tem muito mais qualidade. Mas é preciso que isto esteja claro e que os procedimentos estejam definidos por quem de direito. Não podemos deixar de dizer, como sempre dissemos, que somos visceralmente contra todo tipo de predação à natureza. Não estamos querendo nenhuma facilidade para transacionar aves “de origem desconhecida” . Não queremos é burocracia. Para que? Para dificultar a vida do criador. Transferir de dono uma ave é muito simples. Já imaginou se toda a vez ele tiver que ir até a sede de seu clube, às vezes em outra cidade, pegar a assinatura do presidente no CTP, ir até o escritório do poder público, às vezes em outra cidade, pegar outro certificado, pagar as despesas no Banco, ir até o veterinário para o necessário atestado sanitário. E tudo o mais, é muita dificuldade. O pior é que mesmo fazendo isto o criador ainda encontra o obstáculo da desinformação dos responsáveis por cada uma das funções. É de doer. É inviável e desestimulante Melhor dar um “jeitinho” ou criar exótico, tipo periquito ondulado, canário-do-reino, entre outros. Para eles tudo é facilitado. Não dá para entender. Porquê? Somos ou não somos brasileiros, vamos ou não proteger os nossos animais, como prioridade. Proteger numa visão ampla, quer dizer: coibir a caça predatória, punir os comerciantes ilegais, responsibilizar os que agridem de todas as formas o meio-ambiente. Quer dizer, também, apoiar, incentivar, facilitar as ações e homenagear todos aqueles que lutam, que dão o melhor de si e que dedicam a sua vida à nobre causa de reproduzir aves domesticamente. Esse tipo de preservacionista precisa, também, urgentemente desse tipo de reconhecimento.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003

Momento Turbulento

Seriedade

Estamos passando dias complicados; muita confusão, de um lado os meios de comuniçáo, cada vez mais noticiando matérias oriundas de quase todas as regioes do Brasil, sobre o meio ambiente e os respectivos escandalos decorrentes da mostra de aves mortas e mal tratadas e a nefasta açao de traficantes. Dizem que sao milhoes de aves traficadas no mundo inteiro e que sao bilhoes de dólares movimentados. Demonstrando uma preocupante situaçao, embora se saiba que esses numeros sao projeçoes e estao superestimados em muito. De outro lado, o clamor publico e a necessária vigiläncia da sociedade organizada e do poder publico com as questoes do meio ambiente; notadamente o ministerio publico e o terceiro setor (ongs). É muita gente envolvida, uns por interesses escusos (traficantes, corruptos, sacripantas, etc…) outros por reais e autenticas razoes e no meio disso tudo estão os mantenedores, colecionadores, reprodutores, criadores, marchants, sociedades, federações. O grande problema, na realidade, é separar o joio do trigo, separar o que é tráfico, o que é legal, ou o que pode ser legalizado; essa é a questao. Isso tudo tem dado muito trabalho, sem contar o desgaste que vem causando, especialmente junto daqueles que agem com seriedade e que em muitos momentos estão sendo questionados na sua boa fé ou confundidos com aproveitadores. São muitos os problemas, a saber: o que fazer com as aves apreendidas e socorrë-las imediatamente em favor de sua integridade física; uma política pública tipo um plano de manejo sustentado de nossa aves; a demora na aprovação dos projetos de criadouros comerciais, notadamente daqueles que eram criadouros amadoristas; a marcação e o cadastro dos animais sem registro que não podem ser soltos na natureza, mas que precisam ser separados do tráfico; como fazer para que os criadores adotem o sistema Renaves para dar aparëncia as suas atividades; a efetiva estimulação, como está na Lei, por parte do Poder Público, e da implantação dos criadores ditos industriais. Tem-se ainda que responder aqueles conhecidos como radicais e que são contra a manutenção de aves em ambientes domésticos sob qualquer pretexto, mesmo que seja para reprodução; ressalte-se que não se pode questionar se é certo ou errado, sem levar em conta a questão legal, reproduzir aves em ambientes domésticos levantando a hipótese de que isso seria um tipo de crueldade, ou de atraso como alguns supoem. Se assim for, precisaríamos rever muitos outros valores e conceitos que uma sociedade pode ter. Basta dizer que o mercado de Pet é o terceiro que mais cresce no mundo, são 22% dos lares brasileiros que detém aves correspondendo a 9 milhões de pessoas. Os passos estão sendo dados incessantemente busca da verdade; aí é que se precisa de um pouco de racionalidade para poder tratar a questão com muita isenção, o que nem sempre acontece, são incompreensões e prepotëncias de toda sorte, ás vezes, servidores públicos de muito setores que são pagos para zelar pelos altos interesses da sociedade, confundem-se e passam a tratar os problemas com subjetivismo que não ajuda em nada no respectivo saneamento. As tentativas de solução são muitas, o IBAMA, por sua vez, para por fim a distribuição indiscriminada de anilhos publicou instruções normativas e chamou para si essa tarefa, vencendo agora no dia 31.12.02, o prazo para cadastramento dos passeriformes junto ao Órgão; esperamos que a atitude surta efeito e que os Clubes e as Federações que agem com seriedade possam atuar com o respeito de todos e exerçam suas atividades com tranquilidade; está para sair uma normativa nova e por certo irá aprimorar e atualizar os respectivos procedimentos. Já o ministério público está atuando, agora com mais ënfase procurando agir preventivamente, uma vez que punir depois o crime feito, ãs vezes não repara o mal causado ao ambiente. A atuação das Ongs, especialmente a Renctas , tem sido incessante e provocado inúmeros seminários de conscientização da sociedade, em especial a audiëncia pública junto à Câmara Federal, onde vários segmentos puderam expor suas atividades; a atuação das Ongs, desde que não haja radicalismo e sim o bom senso, é muito salutar e fundamental para que se tenha uma justa cobrança de procedimentos às autoridades é preciso, todavia que essa cobrança não fique apenas na denúncia/punição e para para efetivas açoes. Recentemente, a instituição na Cämara Federal de uma CPI sobre o Trãfico de Animais e Plantas Silvestres, provavelmente o evento mais importante nesses últimos anos, que visa buscar a transparëncia de toda esta celeuma; estamos depositando todas as esperanças em que a Comissão efetivamente encontre a verdade e possa indicar caminhos para uma nova e boa regulamentação que vise uma solução profícua e duradoura para todo o segmento que trabalha com a reprodução de aves. A verdade de tudo é que , mesmo com todos esses problemas, pelo menos no nosso segmento o de criadores de passeriformes, estamos dando um exemplo para o mundo, somos hoje , mais de duzentos reprodutores de pássaros, notadamente de curiós, bicudos e canários da terra, que estão livres da extinção, por isso, são milhares reproduzidos , cerca de 15.000 espécimens no total do ano. Importante dizer que todo esse trabalho iniciou-se há poucos anos, agora é que estamos tomando pé de toda a situaçáo, estamos ainda nos organizando, nos estruturando para o futuro. Não precisamos mais capturar animais na natureza para exercer a procriação deles, o estoque existente, em poder dos criadores, é mais do que sufuciente para assegurar as respectivas atividades. Doravante, com ajuda da Internet, do controle informatizado, teremos que mostrar o nosso trabalho, e com prazer, ou todos sucumbiremos. Acreditamos, na verdade, que daqui para a frente não haverá espaço para o engodo, para a mentira, ou se reproduz de forma efetiva com seriedade e com muita dedicação ou não se terá mais condições de se manter uma ave nativa em seu poder. Vamos, no entanto, investir no positivo, resguardando o que há na natureza, estimular a reprodução domestica dos que assim estão, para suprir a demanda e em conjunto com as autoridades, buscar sair desse momento turbulento que estamos, acreditanto que somos muito capazes de promover a preservação da avifauna nativa de nosso Brasil.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003