Postagens relacionadas com Artigos

Economista tem paixão por curiós

Criação

Rio Branco – Acre, domingo, 3 de agosto de 2003O economista que tem paixão por curiós

Criador de pássaros em cativeiro tem propostas para ecoturismo e repovoamento das matas

TATIANA CAMPOS

Pavarotti, Curisco, Paulistinha, Maria Bonita, Shirley, Maria Teresinha. Ao todo são mais de 50 curiós, devidamente “batizados”. Eles ocupam os espaços privilegiados da casa, como a varanda, corredores e até o quarto principal. Não gostam de pessoas com óculos, chapéus, vassouras e são terri torialistas, nada de vizinhos ao seu lado. Os pássaros do economista Celso Garcia Lima têm uma missão que vai além do canto mavioso: ajudar o dono a repovoar as matas com a espécie, uma maneira de pedir desculpas à natureza pela ação predatória do homem. Essa é a proposta que o criador quer levar ao Ibama.

Celso arrisca uma estimativa de quantas pessoas criam curiós em casa. A média, segundo ele, chega a duas mil. Porém, conhece apenas três que “tiram” o pássaro em cativeiro, o que muitos julgam uma tarefa impossível dada a sua dificuldade.

A criação de curiós em cativeiro, na qual o economista é o pioneiro, com a devida autorização do Ibama, é uma prática recente no Estado. Teve início em 1997. Vale lembrar que pegar o pássaro na mata é crime inafiançável, com penalidade prevista pela lei ambiental. Todos os passarinhos de Celso são anilhados pelo órgão.

“A criação em cativeiro tem suas vantagens. Além de aumentar a expectativa de vida dos pássaros, que pode chegar até 40 anos, enquanto na mata é de apenas 10, o canto deles se torna mais bonito pela alimentação e cuidados que recebem”, explica Celso, que é apaixonado pelos curiós desde os 14 anos.

Pássaro tem alto valor comercial

Para ter um curió macho em casa basta ter cuidados com alimentação à base de alpiste, água e higiene da gaiola, um dos passos mais importantes da criação. Já para criar os pássaros em cativeiro, com procriação da espécie, é necessária uma série de medidas.

Segundo Celso, a primeira é ter dedicação. O curió acorda às 5 horas. É preciso também que seja criado num lugar tranqüilo, ter cuidado com as crianças para que não mecham com os pássaros. A compra de vitaminas fora do Estado e muita higiene também são importantes.

“Eu tive que me virar sozinho em muitas coisas para cuidar melhor dos meus curiós. Aprendi a cozinhar uma broa de milho, que eles gostam, e até a costurar para fazer a proteção das gaiolas”, comenta o criador.

Celso não cria os pássaros com objetivos comerciais e diz que no Estado a pratica não tem muito retorno financeiro, o que dita o preço do passarinho, que em geral varia de R$ 100 a R$ 3 mil, são o canto e a valentia.

Em cada região, um canto diferente

A temporada de procriação dos curiós começa em agosto e dura toda a época das chuvas: o inverno amazônico. Celso tira 40 filhotes a cada ano. Quem comercializa tira mais de 50.

Em cada região do país o curió tem um canto específico. No Acre, Celso conta que os cantos mais bonitos são dos pássaros de Xapuri, Cruzeiro do Sul e Rio Branco. Ele gravou um CD em estúdio com o canto de seus curiós. Em outros estados acontecem torneios entre os pássaros, que competem para mostrar qual tem mais fibra (mais valentia) e canta mais bonito. “A nossa vontade é trazer essa prática para o nosso Estado também”, ressalta o criador.

No Acre, a exploração do pássaro e o contrabando para outras regiões e países parecem não estar tão descontrolado como em outros estados, segundo Celso. “No Pará, chegam a pegar 300 curiós de uma vez. Aqui temos a disque-denúncia do Ibama, e peço para os que verem esse tipo de crime denunciar. A fiscalização, pelo o que eu acompanho, tem sido eficaz.

Curiós atraem ecoturistas

Celso ressalta que os curiós têm um potencial turístico muito forte e são capazes de atrair turistas estrangeiros. “A prova de que é uma saída para o ecoturismo é que já existe em Rondônia um hotel aonde os gringos vão para ver e filmar o pássaro”, diz.

Outra proposta do criador é de criar uma parceria com o Ibama para que cada criador solte na mata uma quantidade de curiós, a fim de repovoar a natureza com o pássaro. “Antes, esses pássaros vinham nas janelas das casas. Eram comuns até mesmo na cidade. Hoje, ele não corre mais risco de extinção, mas não está numa condição muito boa”, explica.

SERVIÇO – Os interessados em criar o pássaro em cativeiro podem procurar o criador. “O investimento inicial é de aproximadamente R$ 500. Eu posso dar algumas orientações. Tenho livros e vídeos sobre os curiós”. O contato dele é 224-3549.

Escrito por Tatiana Campos, em 2/9/2003

DOCUMENTO – Sofismas ou Verdades

Um necessário esclarecimento

REGULAMENTO DE CANTO DO BICUDO 20 ANOS (1982 a 2002)

“UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA”

Documentos publicados no Jornal dos Passarinheiros

Nossa posição sobre estes assuntos:

Interessante a citação da estória para que possamos direcionar o nosso futuro, para sempre buscar a verdade e assim podermos sair de um clima de dúvidas, onde muitos sofismas acabam por se tornar guias em nossos procedimentos. Precisamos, sim, relembrar o passado onde muitos amigos e eméritos passarinheiros que já se foram e que muitas saudades nos deixaram.

Citar os excelentes Bicudos de Canto e Fibra que se teve oportunidade de ouvir, inúmeros pássaros com cantos excepcionais e que serviram de base para o que temos hoje de melhor. Em suma, o passado nos ensina para que cada vez mais procuremos acertar. Vamos juntando as informações, aqui e ali, ouvindo as pessoas, ouvindo as opiniões, escutando, analisando e discutindo para que sempre e cada vez mais encontremos as melhores direções.

Quando falamos ao coletivo temos essa obrigação, ou corremos o risco de sermos desmoralizados ou desconsiderados. Nessa nossa tarefa de buscar a verdade, nunca poderemos, mesmo que inadvertidamente, partir de premissas falsas ou sofismas. Procurei sempre buscar entender as várias nuances que há na modalidade Canto de Bicudo, com as particularidades dos Flautas, dos Regionais e do padrão Alta Mogiana, aqueles que dão gargalhada, que dão alteada e aqueles que não emitem essas notas.

Nos torneios sob a minha supervisão, combati a discriminação e sempre valorizei os Bicudos de alta qualidade de canto, dentro de um regulamento que contempla o canto padrão com o maior número de notas possível. Isto é, estão contidos na frase que elegemos como modelo todos os tipos de canto de variados pássaros que cantam o estilo Alta Mogiana, sejam eles oriundos do Ribeirão, do Uberaba ou do Goiano. Foi o que fiz, com muita segurança, a partir da ajuda da análise dos sonogramas dos cantos.

O sonograma baseado no espectro das notas é insofismável. A partir dele poderemos obter sempre a verdade; não há como se equivocar, ali está a base da discussão: a prova evidente que leva à certeza de nossas convicções. Na atual conjuntura não se pode mais nominar notas pelo ouvido, dizendo que é tal ou qual, sem que haja prova, só porque alguns mais eloqüentes supõem que sejam essas ou aquelas.

Esse não é o caminho, precisamos discutir muito. Dizer que um Bicudo termina o Canto onde ele deveria começar, em uma gargalhada, é uma proposição sui gêneris. Naturalmente, isso só acontece quando o pássaro interrompe o canto abruptamente. Não se pode propagar que um disco editado possa ser base para argumentação nesse sentido, porque contraria princípios básicos do Canto de Bicudo, e qualquer bicudeiro sabe que a gargalhada é uma nota de divisão de canto; ou ainda poderá estar no começo desde que tenha características próprias, diferenciando-se com uma tonalidade ou uma emissão própria da frase musical. É difícil para mim. Disco, por melhor que seja, é disco, o Bicudo cantando é outra coisa. Creio que muita gente concorda comigo sobre isto.

Ademais, não se pode dizer que um Bicudo é o padrão Alta Mogiana. O padrão é um, os Bicudos é que devem cantar dentro deste padrão. Vamos enaltecer os pássaros que cantam neste molde, sem engolir notas numa ou noutra frase, preferencialmente emitindo gargalhada em todas as frases que cantar e, se possível, sempre com alteadas. Este é um campeão, como muitos que já o foram.

O mais interessante é que, na temporada passada, um Bicudo (Botafogo) que não seguia o padrão sugerido foi o Campeão. Aí está o exemplo marcante de que nossa administração foi imparcial, valorizando aquele que melhor se apresentou e, não como está sendo divulgado pela atual Diretoria da Febraps, que nós valorizávamos somente o Canto Goiano. Querem criar polêmica??? Ou não conseguem aceitar que talvez outros Bicudos com outras linhas de Canto poderão ganhar no futuro? Porque não querem criar outra estaca, a do Goiano??? Talvez medo de perder por sua supremacia em qualidade de Canto???

Os tempos mudaram. Hoje, com a globalização, não temos que simplesmente aceitar, para a satisfação pessoal de alguns ou mesmo para impor um padrão onde visa o comércio de CDs ou de determinados Cantos. Vamos deixar que os pássaros falem por si só, como dizia, em outras palavras, São Francisco de Assis: “não basta ouvir os pássaros, temos que entender o que querem nos dizer”.

Gravar um CD de um determinado Bicudo e depois, com o passar do tempo, ir adequando seu Canto ao “bel prazer” não é preservar o Canto. É desmistificá-lo, é por interesses próprios ou escusos que se justifica tal procedimento. Nós queremos simplesmente a verdade dona de todas as situações, queremos a liberdade de escolher nossos Bicudos e seus mais diversos dialetos, preenchendo a lacuna que nos faz tão dedicados aos nossos mais sublimes anseios: Quem de nós não imaginou o melhor dos Cantos??? Quem de nós não acordou sobressaltado por perder um Bicudo… Quem não chorou pela morte ou fuga de um pássaro, seja ele qual for, independente da qualidade de Canto ou Fibra??? Nós somos amantes incondicionais, lutamos pela preservação de nossa fauna e flora, somos conscientes do benefício que estamos realizando em criar em cativeiro, pois é assim que podemos preservar para gerações futuras. Vejam, meus amigos, sou um apaixonado pelo Canto do Bicudo, tenho o direito Universal de querer o melhor para eles e para nós.

Quanto à modalidade Flauta, não se pode falar em padronização, que seria contra o próprio princípio do Canto; há uma infinidade deles, da maior qualidade, que não podem ser excluídos; se mais tarde houver um determinado Flauta que se sobressaia e que haja grande número de expositores com esse tipo de Canto de Bicudo, justificando assim que se eleja uma estaca, poder-se-ia através de um acordo com os expositores criar-se o Canto Flauta do bicudo X, aí sim estaria de acordo com a padronização para esse Flauta, sem desprezar os outros.

Na minha gestão valorizei o Canto Flauta, criei a Categoria Canto Pardo Flauta, tão esquecido nas Diretorias anteriores, por perceber que os pardos tinham direitos iguais em se apresentarem num Torneio. E mais: como um criador de Canto Flauta poderia competir em estaca única com padrões diferentes ao serem julgados? Dois pesos, duas medidas??? É o que querem fazer com o Canto Clássico, colocando dois padrões diferentes para serem julgados da mesma forma, ou quase da mesma forma, onde se valoriza primeiro o padrão do “dono do CD” e depois do expositor.

Para melhorarmos a qualidade de julgamento do Canto Flauta, poderíamos retirar a subjetividade que há hoje para o profissional, no caso o juiz. Produziríamos um check list como guia. Só faríamos isso, contudo, depois de um amplo debate (como foi realizado em Franca, berço dos Flautas). Os “Flautistas” interessados participaram e deram sua colaboração na Convenção do Canto Flauta, sob o patrocínio da AFAB (Associação de Franca), COBRAP e a supervisão do Sr. Aloísio Pacini Tostes. Eu e tantos outros que estiveram presentes neste grandioso debate, deixamos claro o quão importante é discutirmos objetivos para reavaliarmos nossos conceitos no aperfeiçoamento do conhecimento em Canto de Bicudo, independente da Categoria.

Quem sabe não seria o caso de fazermos um debate com todas as modalidades, promover uma ampla discussão sobre o Canto do Bicudo: como está sendo feita pela Diretoria da COBRAP. Lanço o desafio, vamos nos reunir em várias cidades, as mais expressivas em Canto, onde há todas as correntes, independente de qualquer cunho oficial ou pessoal. Precisamos falar, provar, aceitar sugestões e tirar uma resultante que seja oriunda da canalização das discussões, em busca do atendimento das ansiedades da maioria e correta interpretação do Canto do Bicudo.

Quanto ao Canto Especial: a modalidade teria sido extinta dos torneios por falta de estaca??? Por falta de juiz? Por economia na compra de Troféus? Por desinteresse? Desinformação sobre canto de bicudo? Negligência e até irresponsabilidade para com o nosso meio ornitológico por parte de pessoas que dirigem a nossa classe? Algumas destas indagações foram alegadas para tomar tal decisão e estrategicamente colocar a culpa no Diretor de Canto, como foi feito em carta publicada pelo jornal da FEBRAPS (Uma no Cravo outra na Ferradura). Me causa estranheza a notícia ter sido reportada somente dias após o meu afastamento. Alegações de falta de tempo ou mesmo muitas atividades não justificariam tal atitude; algo já estava sendo planejado. Por Quem??? Só o tempo o dirá. Quero deixar claro que não tenho ressentimento aos responsáveis, mas penso que poderia ser de outra forma … às claras, como é minha maneira de agir.

Vamos discutir e chegar a um acordo, sem sofismas, que são mentiras que parecem verdades. Nosso objetivo é crescer e contar com o apoio de todos os criadores de Bicudos. Tenho por costume aceitar as críticas ao trabalho que realizei, pois este ainda não terminou, e quero continuar a aprender cada vez mais, pois ainda me considero um aprendiz.

Se hoje estamos sendo criticados, queremos ter a oportunidade de defender nosso ponto de vista. Não podemos ter divergência entre nós, somos muitos e temos grande trabalho pela frente.

Com base nas exposições acima, e na responsabilidade de ministrar a Convenção de Canto do Bicudo em São José doRio Preto, na condição de diretor da COBRAP, junto ao presidente Aloísio Pacini Tostes e demais componentes, nesta data festiva de 17 de maio de 2003, aproveito o momento para concretizar, frente ao grande número de bicudeiros presentes, oriundos de várias regiões deste imenso Brasil, um sonho que hoje torna-se realidade… O CLUBE DO BICUDO, de reconhecimento nacional, para que possamos consolidar nossos objetivos. Que Deus, com sua infinita sabedoria, possa nos guiar nesta empreitada gigantesca, trazendo benefícios incalculáveis para nossos Bicudos, fator primordial de nossos anseios.

Dr. Antonio Ferdinando de Menezes

Diretor de Canto de Bicudo da COBRAP

Escrito por Antonio Ferdinando de Menezes, em 2/9/2003