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Processo de repovoamento de bicudos

Precisamos fazer

O processo de repovoamento de bicudos – publicado no AO 126

Aloísio Pacini Tostes – Ribeirão Preto SP

Também chamado de reintrodução, executar o repovoamento dentro das regras e monitorado é um tanto complicado, mas exeqüível, só depende de muita determinação dos envolvidos. Temos primeiro que buscar local adequado onde outrora havia populações de bicudos livres e que ainda haja extensos alagados e segurança da conservação da fauna e flora existentes, a fim de que não se estabeleçam futuras ameaças aos indivíduos objetos do empreendimento e de seus eventuais descendentes. Ali, deverá existir muita água limpa e perenemente o capim navalha do bicudo aquele que viceja bem no centro do brejo, essencial para a alimentação básica das aves e que depende da exposição de muita umidade em sua raiz. Definida com precisão a subespécie da região escolhida, procurar-se-ia entre os criadores registrados aqueles que as produzem para fornecimento de exemplares para o projeto, “em pureza” e não consangüíneos, que logicamente serão submetidos à exames para detecção de eventuais enfermidades. Não se poderá de forma alguma promover-se soltura de animais afetados por qualquer tipo de anormalidade com respeito a sua saúde. Determinado o local, depois de escolher-se um biólogo e um representante dos criadores que conheçam bem o comportamento e os hábitos desse pássaro, bem como ONG que se interessa pela questão. Todos esses aspectos serão submetidos e aprovados pelas autoridades locais e IBAMA. Deve-se saber com segurança, de onde sairão o aporte de recursos financeiros para a consecução do empreendimento. Com a aprovação de todo o projeto pelo IBAMA, pode-se, daí partir-se para a efetivação da pretensão, baseada em no máximo três casais por temporada num total de 5 anos e portanto 15 casais. Os bicudos objetos tem que ser jovens e deverão estar em processo de acasalamento no mínimo 60 dias antes da levada para o campo.

Em seguida seria de se produzir um viveiro com as seguintes características:

a) Dimensões: 4 X 3.4 X 3 m, de forma a caber em um caminhão médio facilitando o transporte;

b) Arquitetura: duas meias-água, desmontáveis em partes parafusáveis umas às outras;

c) Material: todo em metal (alumínio ou metalon);

d) Cor: Verde escuro assemelhando ao tom da vegetação local;

e) Tela: 6mm de metal

f) Piso: direto no chão adentrando todas laterais a meio metro no solo;

g) Divisão: em dois módulos (para o macho e para a fêmea);

h) Laterais: móveis de forma a se poder retirá-las;

i) Proteção: proteger a peça contra o vento canalizado através de lonas apropriadas;

j) Portas: Quatro em cada módulo, sendo que uma em cada módulo deve permitir a entrada da pessoa do tratador (para facilitar o manuseio), bem como outra ficará aberta no momento da soltura de cada a ave;

k) Comedouros: 4 peças iguais (duas a serem penduradas por fora);

l) Bebedouros: 4 peças iguais (duas a serem colocadas no chão pelo lado de fora);

m) Telhas: adaptar-se telhas de barro para sombra, proteção contra chuvas e dormitório;

n) Som: Deverá haver um instrumento sonoro, à pilha, que emita o som do canto do bicudo macho (gravado anteriormente), para servir de referência à fêmea a fim de prevenir eventual desnorteamento;

o) Disposição: Deverá vestir uma pequena árvore no próprio brejo e que pode ser podada para um melhor ajustamento; e

p) Segurança: Não permitir entrada de roedores e répteis e tomar todo o cuidado com a vizinhança de predadores em especial de gaviões e corujas.

Após a colocação do viveiro no local escolhido, soltar o macho e a fêmea separados um do outro até que um esteja aceitando a presença do outro sem desavenças. No início, alimentá-los também com sementes usadas domesticamente para, aos poucos, ir substituindo-as pelo capim navalha e outras sementes naturais existentes na região.

Com segurança de haja sementes de capim navalha em abundância nessa época que naturalmente é a adequada à reprodução na natureza, depois de quinze dias passados no viveiro, em dia ensolarado, soltar somente a fêmea pela parte da manhã, após tê-la deixado com pouca comida. Nesse momento, ter-se-á o cuidado de deixar uma porta aberta possibilitando a entrada e saída dela na peça, sem que seja forçada a isso. Ministrar comida e água nos cochos e recipientes que estão do lado de fora e observar o seu comportamento, em especial, na aproximação ao viveiro onde está o macho, ainda preso. Caso ela inicie um processo de se alimentar na natureza e beber água pelo lado de fora ou de dentro, há a constatação positiva de sua reação. Neste mesmo dia, da soltura, no período da tarde é salutar que a fêmea seja fechada, por segurança. No outro dia de manhãzinha se tornará a soltá-la e o movimento deverá se repetir por 8 dias no mínimo. O macho neste período deverá estar cantando intermitentemente, caso não esteja, ligar o som com o respectivo canto para ajudar na orientação. Uma vez comprovado que ela está ambientada com a rotina de voar pelas redondezas, estar por perto e alimentando-se de sementes, deve iniciar-se o processo de soltura do macho. O procedimento é o mesmo, liberá-lo na parte da manhã junto com a fêmea já treinada no entre e sai da peça. Daí em diante, observa-se o casal, se depois de uma semana estão juntos e sempre por perto do viveiro, é sinal que há boas perspectivas e que está dando certo. Temos, então que torcer para que eles entrem em processo de nidificação de preferência por dentro do viveiro. A alimentação complementar tem que ser dada até que se tenha a certeza que estão praticamente dispensando a oferta, esta certeza pode até demorar um pouco. Então, repetir-se-ia o processo com os outros dois casais com o objetivo de possibilitar maiores chances de sucesso. É o máximo que se recomenda por temporada anual de choco na natureza, até porque é um complicado procedimento de manejo a ser cumprido.

Do mesmo passa o biólogo e o criador devem montar um acampamento por perto, possuir um binóculo para acompanhamento e demais acessórios (ninho artificial de sisal ou bucha, alimentos, fármacos de emergência). Ficarão observando as aves por um período nunca inferior a três meses, até que provavelmente haja produção de filhotes e eles possam sobreviver no ambiente sem a interferência humana. Todo o projeto só se completaria após 5 anos de monitoramento e com a respectiva avaliação dos respectivos resultados. Caso tudo corra bem, nesse período, daria para devolver à natureza cerca de 15 casais. Esse tipo de ação é necessária e uma obrigação, temos todos que tornar viável a existência de todas as nossas aves nos ambientes naturais, temos sim, que pelo menos começar assegurar a sua conservação, o efetivo processo de repovoamento é possível, basta querer.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 29/9/2005

A morte de Tubinha

Muita saudade

É com o misto de tristeza e alegria que passo algumas informações sobre o Curió TUBINHA, senão vejamos:

TUBINHA: Filho de TUBA (já falecido) e ATRIZ (já falecida)

CRIADOURO: FUNDO DO VALE (CRUZEIRO- SP)

PROPRIETÁRIOS: Márcio Magina e Joaquim Camisote

DATA DO NASCIMENTO: 07.02.2001

DATA DO FALECIMENTO: 11.09.2005 ( 04 anos, 07 meses e 04 dias vividos)

DADOS INFORMATIVOS (PERFORMANCE 2003 e 2004)

O TUBINHA, que era de propriedade do Sr. Célio, participou, em 2003, de 04 torneios na Categoria Canto Livre, com Repetição, sem nenhum sucesso. Apesar de ser um Curió altamente repetidor, não mostrava serviço nessa categoria, passando a ser apelidado de “ficha branca”, por não marcar nenhum ponto, nos torneios dos quais paarticipou. Como tinha um canto agradável e com repetição, aceitei a proposta de venda de seu proprietário e resolvi comprar.

No quinto torneio de 2003 resolvi colocar o Tubinha para disputar o Torneio na Categoria Fibra,(roda) apesar das contestações dos que conheciam o Curió, por acharem que era um crime colocar um pássaro de bom canto em roda, e, como não teve sucesso no Canto Livre, jamais teria na roda, por ser estilo totalmente diferente. Mero engano de todos, menos meu. Qual a grande surpresa, o Tubinha conquistou o primeiro lugar do Torneio e, daí pra frente foi só sucesso.Em 2003, dos nove torneios realizados, participou no Canto Fibra (roda) em apenas cinco, pois dos outros quatro participou no Canto Livre. Mesmo assim, ainda obteve o SEGUNDO LUGAR GERAL, no ano, com pouquíssima diferença do primeiro.

Em 2004, o Tubinha participou dos doze torneios realizados, no Canto Fibra (roda) e pontuou em onze deles, só não pontuando no primeiro, por haver saído de muda recente, tendo atingido em quatro desses torneios as pontuações de 06:28.5; 06:06.2; 05:13.4 e 05:02.1, minutos.

O TUBINHA, conquistou, o título de Campeão paraense, 2004, na Categoria CANTO FIBRA PRETO, obtendo 134 pontos, seguido do Curió FEDOR com 59 pontos, AREVELIA com 58 pontos, TEMPESTADE com 56 pontos e PUMA com 56 pontos.

O destino estava traçado para o Tubinha em 2005. Não participou bem nos dois primeiros torneios e do terceiro não participou mais. Exatamente, no dia 11 de setembro, dia do torneio, para o qual estava preparadíssimo, não suportou um ataque fulminante, falecendo as 05:30 h, aproximadamente. Eu não estava em Belém, pois me encontrava, a serviço, em Brasília, tendo deixado o poderoso Tubinha com o amigo Cami, que ao constatar o falecimento foi acometido de elevada pressão, necessitando de cuidados médicos. Todos os que conheciam o Tubinha e seu potencial, ficaram atônitos, com a notícia, não sabendo de que forma deveriam dar-me a notícia. Querendo acompanhar a evolução do Tubinha, na roda, liguei a um amigo que estava no local do torneio, para saber do resultado, tendo obtido como resposta que o Tubinha não estava bem e que não havia nem participado do torneio. Surpreso, indaguei, o que aconteceu? E a resposta não podia ser outra: Ö TUBINHA MORREU. Quase eu morro também. Foi algo inacreditável.Só vendo pra crer. Segundo o veterinário que fez a autópsia, foi constatado um coagulo sanguíneo na cabeça e que o curió sofreu dois ataques, tendo no primeiro ficado com os pés encaracolados, sem condições de sustentar-se no poleiro. Pergunto! O que teria acontecido?

Foi-se o Campeão paraense de 2004. Foi-se o curió querido, não só por mim, seu proprietário, mas por muitos que o admiravam e estimavam. Resta, agora, apenas saudade, faltando-me estímulo para continuar a jornada, em busca de um outro curió que possa substituir o amado TUBINHA.

É muito doído, mas o conforto e a solidariedade, recebidos dos amigos, tem amenizado um pouco o sofrimento e a dor que sinto. Espero ser forte para suportar a perda, na certeza de que ele está em um bom lugar e que outro poderá substituí-lo.

Desculpe esse choro, o que somente agora tive a coragem e o controle emocional de relatar.

Belém do Pará, 29 de setembro de 2005.

ASTROGILDO NUNES PIEDADE

Saudoso proprietário do TUBINHA.

Escrito por Astrogildo Nunes Piedade, em 29/9/2005