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Tangará, Um futuro campeão

Quem sabe???

Tilso Guimaraes escreveu em 12/12/2005 19:53

Este ano, com a ajuda de alguns abnegados, tendo à frente os passarinheiros Pedro, José Maria, Sidney, Hélio, Pega Leve, Marcos Gêmeo, e mais alguns outros que no momento me fogem a memória, foi finalmente re-criado o clube dos passarinheiros de Teresópolis-RJ.

Em função deste acontecimento, apesar de terem sido efetuados poucos torneios, devido as normas do Ibama, foi percebido que apesar de todas as dificuldades iniciais, o torneios tiveram forte afluência de passarinheiros e amigos de toda região serrana. E como é natural em nossa região, a roda de Trinca-Ferro arrebentou.

Tomando-se como comparação os torneios do ano anterior, pensávamos que os mesmos seriam equilibrados, tendo em vista que no ano passado nenhum pássaro despontou com alguma regularidade, ou melhor, tivemos bons pássaros mas estes tiveram comportamentos oscilantes, de um torneio para o outro.

Este ano, no entanto, o controvertido amigo Sérgio que muitos o criticam, mas esquecem de observar que ele possui o melhor -“olho da serra”- na observação de Trincas, que para mim nada mais significa do que o amigo entende de passarinho. E foi com esta visão, mais uma vez, que o companheiro pegou um pássaro morto e desacreditado, ou melhor, mal cuidado e levou para sua casa. Deixou o bicho sossegado na parede até fazer e completar sua muda, ao mesmo tempo, deu os cuidados de praxe que ele sabe dar -(profilaxia, alimentação, etc…..)- e o melhor de tudo, observou e descobriu o jeito do seu novo amigo trinca . E não deu outra, com o carinho do Sergio lá na frente o pássaro abriu, e como sempre, e na devida época lá foi o amigo com seu pássaro se apresentar na roda.

No primeiro torneio, meio assustado o Trinca do amigo passou dos 150 cantos, diferente dos amigos de São Paulo que enaltecem seus pássaros, os nossos “amigos” não perderam a oportunidade de meter o sarrafo -(fogo de palha, vamos ver na próxima, e por aí vai…….)-. Na segunda vez passou os 200 cantos, o maior problema era o Sergio morrer do coração. Para que isto não acontecesse, creio eu, na terceira para alegria de “todos” o Trinca pifou, era justamente o que a turma queria -(eu não disse, já diziam que ia vender por tanto, agora mal vale um centavo, e ver agora………)-. Deixa pra lá, Sergio, tocou em frente! No torneio seguinte, mais 200 cantos, e no outro também passou dos 200. O trinca está dando uma base de 25 cantos/minuto, de fato, e não na canetada, como em alguns lugares.

Acho mais do que merecido, primeiro porque demonstra mais uma vez o trabalho e conhecimento deste companheiro em relação a esta variedade de pássaro – o TRINCA-; segundo porque é bom para a nossa Teresópolis-RJ; e por fim, melhor ainda para o novo clube de nossa cidade, que re-inicia seus atividades com um novo pássaro fazendo e trazendo sucesso para o clube, seu proprietário e a nossa cidade.,

Para terminar mando, de público, meus parabéns ao amigo, não deixando antes de mencionar que o futuro -TRINCA- talvez um novo campeã, quem sabe, chama-se – TANGARÁ.

Abs.

Tilso Guimarães

Teresópolis-RJ

Escrito por Tilso Guimarães, em 12/12/2005

Peito de Aço

Um curió macho

“PEITO DE AÇO” nasceu em Saturno-ES há 15 anos. Veio ao mundo capixaba em tempo de seca e em noite de lua. A seca temperou a personalidade do passarinho. Fê-lo combativo, forte, brigador. A lua tornou-o romântico, o cantador mais cotado das freguesias nacionais. É madeira de dar em doido. Dentro de um escafandro é capaz de cantar debaixo d´água. Faça calor, sol, chuva, sereno ou temporal do grosso – “Peito de Aço” está sempre modulando seus trinos de guerra. Além de gostar de boa música (cá pra nós, ele ainda prefere um bom forró) o Curió é francamente de briga. Valentia chegou nele e parou. É um Tenório Cavalcanti que tem o bico por “lourinha”, pesa 100 gramas e, como capa preta, possui as penas pardo-laranja. Se “Lampião” topasse com o Curió iria adorá-lo e oferecê-lo de presente a Maria Bonita. Há passagens interessantes nas memórias de “Peito de Aço”. Certa vez ele pegou pelo pé 14 curiós nos tabuais de Quatis. Foi pancadaria da grossa, meus amigos, penas para todos os lados. O passarinho parece ter sangue de jagunço, tal a valentia do seu bico. Um sanhaço andou falando mal do “Peito de aço” e teve de mudar de opinião, porque o curió foi-lhe aos gorgomilos. Posso garantir a vocês que ele dá duas oitavas além de Yma Sumac, a grande cantora peruana, e é mais tinhoso que o Heleno, no gramado, quando o time dele está perdendo. O fraco do curió é um namoro rendoso. Se uma fêmea sobrevoa a sua gaiola, ele fica todo ancho, arrepiado e canta, então, a sua melhor modinha. Nessas ocasiões, o curió é capaz de bicar até o dedo do seu amigo Zeferino, um pernambucano bom no rapé e que não vende “Peito de aço” por dinheiro algum deste mundo. Um dia qualquer “Peito de aço” morrerá longe do seu querido sertão, longe das tiriricas. Zeferino observará silêncio na gaiola e pensará: “Peito de aço” calado? Não pode ser”. Suspenderá a flanela azul que costuma cobrir a gaiola e verá o estimado bichinho esticado, frios, ausente a voz de ouro das vinte e quatro horas. Será sepultado junto às raízes da velha mangueira, em cujos galhos Zeferino pendura diariamente a gaiola da ave cantadeira.

Ubiratan de Lemos

© O CRUZEIRO, 21 de agosto de 1954.

Escrito por Ubiratan de Lemos, em 27/11/2005