Criação de Híbridos do Tarin

Hibridação Tarim x Canário – Histórico

J.Bernardino

Consultor Técnico COBRAP – www.cobrap.org.br

Membro do Grupo – Sítio dos Carduelis – carduelis@grupos.com.br

A idéia da cor vermelha nos canários começou por volta 1920. Um alemão, Dr. Duncker foi quem desenvolveu o primeiro trabalho direcionado à obtenção de um canário de cor de fundo vermelha, à partir da hibridação Canário x Tarim. Segundo esse estudioso, os híbridos receberiam um fator vermelho do Tarim e um amarelo do Canário, o que produziria uma cor acobreada. E que o acasalamento de dois hibridos poderia produzir pássaros com características do Canário com a cor do Tarim. As fêmeas F1 mostraram-se estéreis e o processo teve que ser modificado, utilizando-se os machos F1 férteis com Canárias. Houve um retrocesso, com perda de cor. Ai sugeriu-se o uso Canárias Brancas Dominantes, com a intenção de que o lipocromo amarelo fosse mascarado e o vermelho não fosse afetado. Foram obtidos hibridos cobres e cinzentos de ambos os sexos e o fator branco dominante mascarou tanto o fator vermelho, como o amarelo. Numa terceira tentativa, usaram-se fêmeas Brancas com a intenção de aparecerem apenas vermelhos portadores de recessivo. Os machos F1 desse acasalamento eram cobres e as fêmeas cinzentas como as do Tarim.

As fêmeas F3 mostraram-se finalmente férteis e foram retrocruzadas com machos F1. E repetindo-se os cruzamentos utilizando-se sempre os exemplares mais vermelhos e às vezes novamente com o Tarim, obtiveram-se aves de cor vermelho-laranja aceitáveis. Essas aves tinham a estrutura do canário e o vermelho do Tarim e também, o amarelo do Canário. E após anos de seleções, por volta de 1930, o Sr. Henninger da alemanha, conseguiu finalmente um canário capaz de extrair da alimentação uma substância corante vermelha para as penas. O fator vermelho está sobre um autossoma e tem hereditariedade dominante incompleta, ou seja, se cruzamos um amarelo com um vermelho, termos um tom alaranjado.

Bibliografia : Manual de Julgamento – Canários de Cor – OBJO – edição 2001.

Como Criar Canários – Frans Kop – Tradução do Livro Original Holandês “HET KWEKWN VAN KANARIES” Copyright 1985 por Frans H.M.Kop – Edição 1989 – FOB(federação Ornitológica do Brasil).

Vejam como evoluimos

Desmistificação

Vejam como evoluímos, em 1954 , conforme a reportagem abaixo realizada em Santos o Ramon que deveria ser um expert em curió, afirmou que : São indomesticáveis, não procriam em viveiros ou gaiolas. O pior é que esse sentimento perdurou por mais uns anos quando iniciou-se a reprodução deles em ambientes domésticos. Vencemos essa batalha , hoje são centenas de criadores espalhados por todo o Brasil com tendência crescente, sendo que no mínimo 50, de grande porte que produzem cerca de 10.000 filhotes por ano (estimativa) – um exemplo para o mundo de como preservar suas aves nativas; tudo sem dizer da alta qualidade que hoje está se conseguindo , verdadeiras máquinas de cantar. Parabéns a todos aqueles que criam curiós, especialmente ao Marcílio Picinini o maior criador do Brasil.

Nov 1954 Seção Fauna –

“Misturando-nos entres os proprietários e torcedores, ouvimos disparatados palpites. Naquele entusiasmos contagiante, uma coisa era notória: o concurso de curió reunindo pessoas das mais variadas camadas sociais , nivelavam-se para trocar bravatas. Todos queria exaltar as qualidades dos competidores empenados. Buscamos falar com Alceu Amaral – Presidente da Entidade , mas vimo-lo tão atarefado que desistimos. Procuramos , então um diretor que pudesse prestar alguma informação. Fomos atendidos pelos senhores Ramon Sanches e Lázaro Nascimento que prontamente puseram-se a nossa disposição. Foi assim que conseguimos os dados que a seguir vamos relatar para delícia daqueles que se interessam pelo assunto. Quisemos saber como se consegue um curio, se caçado ou criado, etc. Coube ao Ramom fazer uma longa exposição sobre o assunto. “O curió é um pássaro selvagem , valente e brigador. Machos da mesma espécie estão em luta constante e a maviosidade de seu gorgeio tem por finalidade atrair a fêmea. Alimenta-se sobretuto de alpiste , não desprezando misturas para aves encontradas no comércio. Indomésticáveis não procriam em viveiros ou gaiolas . As variedades que caçam nas armadilhas são o pardo, o pintado e o preto, sendo que todos são da mesma espécie , variando a plumagem de acordo com a idade”.

Escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 2/9/2003